Zé Pedro. “Vivi tudo intensamente, ao limite e até não poder mais”
por A-24, em 03.08.12
Entre uma agenda recheada de concertos porque o Verão é mesmo assim, o Zé Pedro aceitou encontrar-se connosco no café do Centro Cultural de Belém. Numa entrevista na segunda pessoa, o guitarrista dos Xutos & Pontapés assume um passado intenso e de excessos, conta a sua recuperação e, acima de tudo, a grande paixão que tem pela música.
Já passou mais de um ano desde que fizeste o transplante de fígado. Significou o início de uma nova vida?
O transplante não era uma coisa que estivesse longe do horizonte. O problema de saúde mais grave que tive foi em 2001, quando fui parar ao hospital. Nessa altura deixei de bom grado os consumos exagerados que tinha até então. Foi óptima a recuperação que tive desde aí, mas sempre a viver na sombra desse transplante. Este foi o culminar de um ciclo de recuperação que consegui levar a bom porto, mas sempre soube que mais dia ou menos dia iria ser preciso fazer o transplante do fígado. Felizmente correu tão bem que não tive nem em 2001 nem em 2011 a necessidade de parar alguma coisa da minha actividade.
A partir de 2001 foste obrigado a viver a vida de outra forma?
Fui acima de tudo obrigado a adaptar- -me a uma nova vida. Também já estava cansado dos excessos. Não renego nada do que fiz no passado e não tenho nada para emendar. Acho que vivi tudo intensamente, vivi até ao limite, até não poder mais. Felizmente foi-me dada a oportunidade de uma segunda vida, que estou a aproveitar o máximo possível e estou--me a dar muito bem. Não me custou nada abandonar o álcool e as drogas e ainda bem que foi assim. Consegui ultrapassar tudo e o meu corpo acompanhou a minha cabeça e esse desejo de transformação. Esta nova vida é muito mais positiva. Se continuasse viciado em drogas e em álcool, seria um velho completamente decadente. Não me apetecia nada estar a viver agora uma série de coisas, temos de as viver nas alturas certas. Hoje vivo com grande tranquilidade, a fazer aquilo de que gosto e rodeado das pessoas de que gosto.
É mais difícil dar um concerto sóbrio? É diferente. O rock&roll e os Xutos & Pontapés são as coisas mais importantes na minha vida. Pensamos sempre que estamos a controlar muito bem as drogas, mas o álcool e as drogas ultrapassam- -nos. Nos últimos meses antes de ir parar ao hospital (2001), o consumo exagerado de drogas e de álcool tinha ultrapassado o gosto que tinha de tocar, de dar espectáculos e de fazer música.
Agora dá mais gozo?
Tiro muito mais gozo e não tenho dúvida nenhuma de que esse foi um dos pontos fundamentais para largar tudo.
Tenho a noção de que a década de 80 foi mais complicada em termos de droga e de álcool para as bandas portuguesas...
São sempre problemas transversais. Antigamente não havia informações nenhumas, não se sabia as repercussões que muitos dos consumos iriam ter na vida futura. A biografia de Keith Richards explica isso muito bem. Eles consumiam exageradamente produtos sem saber as consequências que isso viria a ter na cabeça e nos comportamentos de quem consumia nessa altura. Agora a informação é maior, mas o negócio da droga rende milhões ou triliões, quase tanto como o negócio das armas. Por isso, é um negócio que nunca vai desaparecer, porque não há interesse em que desapareça porque há nações que vivem disso. São negócios altamente rentáveis.
Por teres passado por essa experiência, dás conselho aos mais jovens?
É impossível dizer aos mais jovens para não se drogarem. Há alturas em que, se calhar, tem de se experimentar. Acho estúpido que uma pessoa nunca tenha apanhado uma bezana na vida. As coisas têm de ser experimentadas, pode-se experimentar um charro. Hoje há mais informação, as pessoas podem-se proteger muito mais e, por isso, podem tomar cautelas perante determinados perigos que esses consumos poderão trazer, ao contrário do que acontecia na minha geração.
Nessa altura, também o assunto era mais tabu...
Sim, agora as coisas são mais abertas, há mais oportunidades de falar com pessoas que conhecem esses perigos, de recorrer a técnicos que podem ajudar de uma maneira ou de outra. Apesar de estar afastado das drogas, dá- -me a sensação de que há a introdução cada vez maior de drogas químicas, o que torna os processos mais complicados, pois estas actuam em pontos viciantes do cérebro e este fica muito mais facilmente viciado do que com simples drogas naturais, como a erva, onde é possível sair desse ciclo muito mais facilmente. Infelizmente, há pessoas cada vez mais novas a consumirem haxe e erva, o que é muito prejudicial porque estão numa altura de formação do cérebro e isso vai afectar a sua formação natural. Vivemos numa sociedade viciante, temos de assumir isso, e há pessoas com o cérebro mais virado para o vício.
Concordas com a liberalização das drogas leves?
Concordo com a liberalização de todas as drogas porque implicaria ter uma informação maior sobre tudo. Se existisse essa liberalização é porque existiria uma consciência grande da sociedade em relação a um produto inevitável. Ao mesmo tempo, iria aliviar o tráfego das drogas e haveria um maior controlo de tudo. Claro que não é um processo que possa ser feito de um dia para o outro e isso não quer dizer que começássemos todos a fumar charros. É como dizer que, com a liberalização do aborto, todas as mulheres começassem a abortar. É ridículo. A liberalização das drogas seria uma maneira mais controlada e, se calhar, mais consciencializada de consumir.
Os Xutos & Pontapés já fizeram 33 anos de carreira. Estás arrependido de alguma coisa ou terias feito algo diferente?
Não me arrependo de nada. A banda teve o percurso que teria de ter num país como o nosso. Somos um país pequeno que não tem uma indústria à volta das bandas como nos Estados Unidos. Cá, o percurso das bandas é muito mais solitário, mas temos conseguido aguentar a formação quase original há 33 anos – o João Cabeleira é o elemento mais recente e está, pelo menos, há 30 anos na banda, acho que é brutal. Queremos continuar como estamos, temos a nossa independência, a nossa criatividade sem pressões nenhumas do exterior.
Por estarem há tanto tempo juntos, não se cansam uns dos outros?
Cansamos, não é só paraíso, mas esse conflito é saudável porque todos temos o objectivo de levar os Xutos & Pontapés o mais longe possível, porque é essa a nossa vida.
Esses conflitos não estão relacionados com os projectos paralelos que cada um tem?
Não, hoje em dia todos temos trabalhos paralelos, principalmente eu, o Tim e o Kalu. O primeiro a ter um trabalho paralelo a sério foi o Tim, com os Resistência, e foi um trabalho em que ele próprio sentiu necessidade de estar presente. Acho que seria frustrante se algum de nós o tivesse impedido de entrar nos Resistência ou no Rio Grande ou nos Cabeças no Ar. Foi benéfico para a banda porque trouxe experiências novas do trabalho dele com outros músicos e ele próprio descarregou uma série de necessidades musicais que tinha e que não tinha espaço nos Xutos & Pontapés.
São um grupo que agrada a várias gerações. Como é possível?
Esse é o desejo de todos os músicos do mundo. Não há segredo nenhum para isso, há talvez uma atitude que os Xutos & Pontapés têm e que, felizmente, conseguem chegar a uma série de gerações. O melhor elogio que nos podem dar é alguém dizer que formou uma banda porque o primeiro concerto a que assistiu foi o nosso. Enquanto isso acontecer, a banda continua a ter intervenção junto das camadas novas. É muito bom termos refrões que cheguem às pessoas e que sejam cantados, há letras que foram escritas há uma série de tempo e fazem sentido na cabeça das novas gerações.
O alinhamento dos concertos continua a apostar nas músicas mais antigas…
Todos os anos mudamos de alinhamento porque felizmente temos repertório e êxitos bastante grandes que podem entrar e sair conforme o alinhamento que queremos. Tentamos sempre mostrar coisas novas que não são tão visíveis de álbuns anteriores.
Uma das músicas que foram compostas por ti é a “Submissão”, mas deixou de entrar nos alinhamentos...
Já voltei a cantar. Houve um período em que não cantei porque estava num período de recuperação e os meus colegas não me deixavam cantar para não me esforçar muito. Hoje em dia já canto, tenho todo o gosto em cantar, porque é uma música de que gosto muito.
“Não sou o único” também foi composta por ti. Esperavas este sucesso?
Não. Essa música pertenceu, se não me engano, ao “Circo de Feras”, que foi um álbum recheado de grandes êxitos, e o “Não sou o único” passou na altura um bocadinho despercebido. Acabou por ser recuperado pelos Resistência e ganhou muita notoriedade. Houve uma altura em que muitas pessoas pensavam que era uma música dos Resistência e não nossa.
Os concertos ao vivo continuam a ser uma aposta da banda?
Os Xutos & Pontapés sempre foram uma banda de palco, embora hoje em dia tenhamos condições de trabalho que nunca tivemos antes. Temos uma óptima sala de ensaios, um estúdio onde podemos gravar aquilo que queremos. Mas o nosso habitat natural é em cima do palco.
Uma das músicas que deixaram de tocar foi o “Eira nem beira”, por associarem o refrão “Senhor engenheiro” a José Sócrates?
O “Eira nem beira” tem, acima de tudo, um problema para tocarmos ao vivo, porque precisamos de um baterista. O Kalu não consegue ou não quer ou não se sente confortável a tocar bateria e a cantar. Há algumas músicas que o Kalu canta em disco e não são tocadas ao vivo por causa desse problema. Na altura tínhamos alguém que o substituía e entrava exclusivamente nessa música para tocar bateria enquanto o Kalu cantava. Mas os Xutos & Pontapés não são uma banda política e, na altura em que o “Eira nem beira” saiu, houve uma tentativa muito grande por parte dos media de tornarem a música um hino político. Os Xutos e as bandas rock têm uma intervenção social e não uma intervenção política. A música, apesar de ter sido escrita durante o período de governação de José Sócrates, não é uma arma apontada a Sócrates. Aliás, entendo a música como um pedido de ajuda a quem nos está a governar, e não o atirar uma pedra a quem nos governa. Nessa altura calhou a Sócrates, se fosse noutra altura a letra teria o mesmo sentido. Hoje teria o mesmo sentido para o primeiro-ministro ou para outra pessoa qualquer que nos governa.
Poderia ser dedicada a Miguel Relvas?
(Risos) Nunca quisemos dar a nenhuma das nossas letras uma conotação política. Cada um de nós tem as suas convicções políticas, mas em conjunto trabalhamos numa base social. E muitas das nossas letras têm esse alerta social. É o caso, por exemplo, do desemprego.
Qual é a música que gostas mais de tocar ao vivo?
É muito difícil dizer, porque há músicas que fazem muito sentido tocar ao vivo, mas depois ou cansam ou tornam-se menos apetitosas. Quanto a mim, o “Remar remar” é uma espécie de bandeira de luta por tudo o que passámos. A música foi lançada numa altura em que não tínhamos editora nem tínhamos espectáculos. O grande trunfo que os Xutos & Pontapés têm para conseguirem uma tão longa vida é terem sabido aguentar muito bem os tempos difíceis e os tempos mais complicados que atravessámos ao longo destes 33 anos. O “Remar remar” é o sinónimo muito grande dessa vontade de continuar a remar contra a maré.
Ainda te lembras do Rock Rendez Vous?
Lembro. Lembro muito bem.
Que recordações tens?
Para mim era a minha casa de fim-de- -semana. Antes de ir para qualquer sítio passava sempre pelo Rock Rendez Vous, independentemente da banda que tocasse. Foi um clube que iniciou o boom do rock português. Não tenho dúvida nenhuma de que o impulso que as bandas em Portugal ganharam se deveu à existência deste espaço. Os Xutos & Pontapés foram a banda que mais tocou e que mais gente trouxe a esse espaço. Fomos a única banda que gravou lá um álbum.
Qual foi o momento mais alto da tua carreira?
Um deles foi tocar com os Rolling Stones, que é a minha banda de referência. Foi o Keith Richards que quase me meteu uma guitarra na mão e me influenciou a ser guitarrista. Pisar um palco com os Rolling Stones foi extremamente emocionante. Pode não ter sido o momento mais alto da carreira dos Xutos, mas foi talvez o mais emocionante para mim enquanto músico.
Quando é que decidiste tornar-te músico profissional?
É difícil em Portugal tomar a decisão de que vamos ser músicos profissionais, pelo menos na área de música moderna e de pop/rock. Quando comecei a tocar guitarra – e já comecei tarde, por volta dos 20 anos –, achei que a música faria sentido na minha vida. Ouvi sempre muita música, ainda hoje continuo a ouvir, continuo ansioso por tentar descobrir coisas novas, e isso deu-me sempre uma motivação muito grande para estar em cima do palco. Os Xutos & Pontapés, antes de terem os “Contentores” e a “Minha casinha”, tiveram sete anos a dar concertos. Foi uma coisa que se foi enraizando dentro de mim a partir do momento em que comecei a tocar.
Nunca pensaste seguir outra profissão?
Iria sempre fazer qualquer coisa ligada à música. Comecei por ser jornalista no “Diário de Lisboa” sobre música, ainda escrevi algumas crónicas. Fiz também alguns programas de rádio como colaborador.
Por iniciares a carreira aos 20 anos, os teus pais não criticaram a tua decisão?
Somos sete irmãos e, felizmente, os meus pais sempre abriram as portas para seguirmos aquilo que o nosso coração mandava. Claro que ficaram preocupados, principalmente o meu pai, pois a minha mãe, pelo menos, sempre se mostrou mais aberta e achava que tinha uma veia artística bastante forte. Sempre acreditaram em mim e deram-me alento para continuar e para acreditar que os Xutos poderiam fazer sentido na minha vida.
Por falar em passado, viveste os primeiros anos de vida em Timor. Como foi a vinda para Portugal?
Os meus pais já faleceram. O meu pai era militar e acompanhei-o para Timor e para a Guiné, são os dois sítios onde me lembro de ter estado; já as minhas irmãs mais velhas nasceram em Moçambique. Fui para Timor muito novo, com três ou quatro anos e, por isso, não me lembro do passado anterior. O que fez com que chegasse a Hong Kong e tivesse a noção, pela primeira vez, de que existia uma cidade com arranha-céus e luz eléctrica. Não tinha noção do que era e foi uma descoberta brutal, por ver que afinal havia outra coisa. Na altura, não havia televisão em Timor e havia histórias de que havia outro mundo além daquele, mas não fazia ideia do que era.
Foi então uma boa surpresa?
Foi uma óptima surpresa. A partir daí, tornei-me bastante curioso e, quando cheguei a Lisboa, andava a absorver tudo o que era novo. Lembro-me da primeira vez que vi um autocarro, nunca tinha visto nenhum na vida e achei fascinante.
Por o teu pai ser militar tiveste uma infância ou uma adolescência mais rígida?
Não. Houve um equilíbrio extraordinário em termos de educação entre o meu pai e a minha mãe. O meu pai era uma pessoa extremamente culta e introduziu-nos muitos apetites por cultura. Comecei a ouvir discos com o meu pai e ele punha-me a tentar descobrir os vários instrumentos musicais. Esse legado devo-o a ele.
Viveste parte da tua vida nos Olivais…
Quando fui para lá viver, os Olivais eram um bairro de subúrbio. Lembro-me de quando fui para lá viver e queríamos ir ao Martim Moniz, tínhamos de fazer um planeamento, um preparativo, como se fosse uma missão arriscada.
Quais são os teus projectos futuros?
Neste momento tenho trabalho com os Xutos, não só a dar concertos como também a trabalhar em material novo. Contamos lançar um novo álbum de originais no próximo ano ou no ano seguinte, conforme estiver pronto o material. Tenho ainda uma banda paralela, “Os Ladrões do Tempo”, o que me dá muito gozo e vamos tocar no dia 30 de Agosto no Ritz Club. Já temos, pelo menos, metade do disco gravado e em princípio iremos lançá-lo no início do próximo ano.
Está previsto o regresso do Palma’s Gang?
Não está previsto. Infelizmente e naturalmente, fomo-nos afastando. Houve uma tentativa de junção no primeiro Super Bock, quando actuámos no festival. Mas cada um tem as suas vidas e eu vivo grande parte da minha vida no Porto, e isso também me afasta um bocadinho de poder estar presente em outros sítios. Simplesmente, o facto de poder tocar músicas do Palma foi para mim um prazer enorme. Conseguimos gravar um disco no Johnny Guitar, fomos a única banda a gravar um disco nesse espaço, foi óptimo, e acho que ficou um bom registo do melhor momento do Palma´s Gang.
Por falar em Johnny Guitar, tens saudades desses tempos?
Não, o Johnny Guitar foi tão bem vivido que só tenho boas memórias desse tempo. Foi um bar extraordinário que acompanhei, a que me dediquei de corpo e alma, e fez todo o sentido na altura. Já várias vezes me propuseram abrir um outro Johnny Guitar e isso nem sequer me passa pela cabeça. As coisas têm sentido em determinadas alturas da vida, a vida tem de ser jogada para a frente, não se pode estar a viver de memórias passadas. Ajudámos muitas bandas, conheci muita gente e saímos todos de cabeça levantada em relação ao que se passou naquele clube de Santos. Hoje em dia existem outros clubes a fazer muito pelas bandas portuguesas, como o Music Box, o Santiago Alquimista e o Ritz Club.
Falámos só em futuros projectos profissionais e em termos pessoais. A ideia de quereres ser pai ainda se mantém?
Sim, tenho muitos sobrinhos, e isso também me deu apetite para ser pai. Mas pode ser que ser em breve consiga ter uma criança. Não é uma prioridade exagerada, mas quando se encontra o amor da nossa vida temos a necessidade de construir alguma coisa mais sólida.
Já agora como vês a actual crise?
O problema não é o país, é o mundo. Não há um interesse muito visível, de quem possa resolver a crise, de a querer resolver. Assistimos a guerras entre o euro e o dólar, a interesses americanos a chocar com os chineses, e nós estamos no meio. São interesses mundiais e Portugal sofre com isso. A austeridade portuguesa é imposta pela troika. Para mim não é este o melhor caminho a seguir e fico chocado quando, no meio de uma crise como esta, ouvimos falar em desfalques e não aparecem culpados.
Passos Coelho é a melhor pessoa para governar o país?
Os políticos deixam muito a desejar. Conheci pessoalmente Passos Coelho e foi uma pessoa de que gostei, mas também tinha tido esperança em José Sócrates e o país caminhou por onde caminhou. Podem ter boas intenções, não duvido, mas ficam envolvidos numa teia de que não conseguem sair. Não é o primeiro-ministro que consegue mandar, há muita coisa à volta que manda e de forma muito mais forte do que qualquer decisão tomada por um primeiro-ministro.
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