Victor Yanukovich aposta na força
por A-24, em 20.02.14

Segundo dirigentes da oposição ucraniana, os confrontos começaram com provocações de adeptos do actual poder e da polícia para provocarem um motivo para empregar a força contra a oposição e desalojá-la da capital. Alguns analistas afirmam mesmo que Victor Ianukovitch não controla a situação e que os confrontos foram provocados pelos siloviki (serviços secretos e polícia) para justificar o emprego da força.
As autoridades acusam as “forças radicais da oposição” de terem provocado o reinício dos confrontos, acusando os líderes da oposição parlamentar de terem deixado de controlar a situação.
Seja como for, a situação na Ucrânia entrou numa nova fase de confronto civil que pode levar a uma guerra civil e à desintegração do país, com consequências imprevisíveis não só para a Ucrânia, mas também para a Rússia e União Europeia. Basta recordar que esse país tem no seu território quatro centrais nucleares.
Os EUA e a União Europeia tiveram algum tempo para obrigar o poder e a oposição a chegarem a um acordo, mas nada conseguiram. Agora, Moscovo, na pessoa de Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, acusa os EUA e UE de serem os principais culpados pela situação criada e aumenta cada vez mais o número dos analistas políticos russos que defendem que, no mínimo, se os EUA e a UE podem ingerir-se na situação interna na Ucrânia, a Rússia também pode.
A realização dos Jogos Olímpicos de Sochi moderou as posições de Moscovo face à Ucrânia, mas essa iniciativa está a chegar ao fim. Por isso, se até agora, os enviados russos à Ucrânia faziam o seu trabalho silenciosamente, agora podem actuar abertamente.
Se me perguntam se a Rússia irá intervir militarmente ou não na Ucrânia, eu já não respondo que isso não será impossível, mas continuo a considerar isso um cenário pouco provável, pois isso seria o fim de muitas das estruturas pan-europeias. Além disso, uma intervenção militar russa no país vizinho pode significar o fim da própria Rússia.