Velhas quesílias
por A-24, em 29.10.14
O Brasil foi explorado tantos anos por Portugal agora continuará sendo pelo PT! Não é a toa que a sigla de Portugal é PT! #EuVoteiAecio45
— Luana Piovani (@LuanaPiovaniTV) October 26, 2014
Olá Luana,
Eu gosto muito do Brasil. Tive a felicidade de viver aí durante quase meio ano e fiz muitas amizades. Para além de que brasileiro é meio português, mesmo. Ou como diria um amigo meu brasileiro, brasileiro é português à solta. Agora, eu não sei que versão da história é que vocês dão aí no Brasil. Na versão da história que eu conheço, o Brasil era Portugal, pelo que dizer que o Brasil — que não existia — era explorado por Portugal, faz tanto sentido como dizer que o Alentejo é explorado por Portugal, ou que Minas Gerais é explorado pelo Brasil. Ou seja, não faz sentido nenhum. Quanto à historinha do ouro, a coisa é assim: se você tem um relógio, não pode dizer que o roubou a si mesma. O relógio é seu. Portanto, quando Portugal foi à Terra de Vera Cruz extrair ouro, e já agora deixar umas quantas coisas construídas (conta-se que os Romanos, tirando o facto de terem construído estradas, aquedutos, ordem pública, irrigação, saneamento, instituições jurídicas, não fizeram nada), foi, em boa verdade, ao seu território dispor dele, da mesma forma que quando você está em sua casa vai até à sua sala de jantar e arranja os castiçais como bem entende. Sim, é verdade, atacamos os índios nativos, mas você saberá pelos seus antepassados que Piovani não é apelido de índio nativo, é apelido de italiano colonizador. Portanto, você não se enquadra na categoria de índios nativos que se podem queixar de terem sido expoliados, até porque os seus antepassados eram colonizadores. Ainda assim, não vamos com isso dizer que os Piovanis exploraram o Brasil, ou vamos?
Assim sendo, aproveita essa cara laroca e continua a fazer novelas da Globo, que história não é seu forte. Um beijo, tá?
Adenda: existem rumores de que a conta será fake. Tal seria em prejuízo de Luana Piovani, mas não altera em nada o conteúdo da missiva, até porque muita gente partilha dos disparates implícitos no tweet.