Uma opinião sobre os "excessos da polícia"
por A-24, em 31.05.12
A violência policial é uma infeliz realidade. Já a utilização do termo “skinhead” e a associação ao racismo parecem-me uma tentativa de distorcer um problema que não se limita a afectar a população negra. Quem conhece a realidade dos bairros sociais do Porto, como eu conheço, sabe que na maior parte das vezes a violência policial é dirigida contra brancos, que constituem a maioria dos habitantes dos guetos da cidade. Estamos perante uma dupla crise da força policial em Portugal. Em primeiro lugar pela falha constante em assegurar a segurança dos cidadãos perante o crescente clima de criminalidade e impunidade. Em segundo lugar porque continuam a aparecer histórias – e são inúmeras as que se desconhecem – de abusos da autoridade, incluíndo uma absoluta prepotência em rusgas e operações stop e espancamentos dentro e fora das esquadras. E a sádica ironia está no facto de que se os telefones das esquadras são lentos a responder aos pedidos de auxílio, já as listas telefónicas têm, aparentemente, uma sinistra e frequente utilização. É também curioso que o Estado, que fecha os olhos à efeméride de algumas zonas da cidade correrem o risco de transformação num mini-Big Brother, ergue a voz contra a videovigilância nas esquadras, como se “direitos” de meia dúzia de comerciantes fossem superiores à necessidade de fiscalizar a acção dos gorilas no seio da PSP, da GNR ou da PJ. Tenho a certeza absoluta que os bons polícias, que decerto são muitos e sofrem na pele a descredibilização provocada pelas “ovelhas negras”, seriam os primeiros a agradecer a medida.
In O Insurgente