Tibetanos imolam-se enquanto Pequim celebra regime comunista
por A-24, em 11.11.12
Um jovem tibetano imolou-se pelo fogo neste sábado frente a um mosteiro budista no Noroeste da China, noticiou a agência estatal Xinhua, no último episódio de uma vaga de protestos dramáticos que coincide com o 18º Congresso do Partido Comunista em Pequim.
Não são conhecidos pormenores desta acção – são aliás raras as referências na imprensa chinesa aos protestos no Tibete –, sabendo-se apenas que o jovem se chamava Gonpo Tsering e que tinha 18 anos.
Terá sido o 17º tibetano a regar-se de gasolina e a atear fogo às suas roupas em pouco mais de uma semana, sete dos quais nos dois dias que antecederam o início da grande celebração do regime comunista em Pequim, na quinta-feira, segundo cálculos da AFP. No mesmo dia, centenas de estudantes tibetanos juntaram-se numa vigília em Xining, capital da província ocidental de Qinghai em homenagem aos que se imolaram, noticiou a revista Time.
Tibete ausente do Congresso comunista
Mas apesar da nova vaga de protestos contra o domínio chinês, o Tibete não foi, nos dois primeiros dias do congresso do PCC, tema de qualquer dos discursos. E não está previsto que seja. Ontem, contudo, o Governo voltou a advertir que não aceitará qualquer intervenção externa no Tibete, região autónoma com governo próprio que luta pela independência desde que foi formalmente integrado no território chinês, em 1950.
Um grupo internacional com chancela das Nações Unidas pedira autorização para entrar no território e investigar as acusações de violação dos direitos humanos por parte das autoridades chinesas. O Governo de Pequim negou-lhe autorização de entrada, noticiava a Reuters.
A alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pedira às autoridades chinesas que deixassem entrar na região a equipa de observadores independentes. "Desejamos que pessoas de todas as áreas do país e de fora vão ao Tibete para o visitar, estudar e viajar. Essa é a verdade. Mas outras pessoas não são tão bem-vindas", respondeu ontem Qiangba Puncog, secretário da assembleia regional tibetana.
A China considera as pessoas que se imolam "criminosas" e acusou o líder tibetano no exílio, o Dalai Lama, de ser responsável pelas mortes ao incitar os protestos. "O chamado problema das auto-imolações foi criado por outros países. Dizem que o Tibete está a arder, o Tibete não está a arder. É falso, podem vir ver", disse Qiangba Puncog,
Desde Março de 2011, imolaram-se no Tibete e em regiões do Sudoeste chinês onde vive população tibetana 68 pessoas, muitas delas monges e monjas, em protesto pela presença chinesa - 56 morreram.