De barco ou comboio, Portugal quer exportar maisPor cada comboio de mercadorias podiam retirar-se 34 camiões das estradas, diz um administrador do grupo Mota-Engil numa análise sobre as trocas comerciais entre Portugal e Espanha.
Nas cargas de curta distância Portugal tem margem de progressão e pode ainda melhorar, sobretudo nos portos de Leixões (na imagem), Aveiro e de Lisboa / Rui Duarte Silva
As ligações de Portugal ao exterior são eficientes e favorecem a economia exportadora? Apesar da ferrovia apresentar vários estrangulamentos que podem comprometer a competitividade da economia, as vias marítimas funcionam. O balanço é favorável.
Estas são algumas linhas de conclusão do primeiro painel sobre as ligações de Portugal ao exterior das V Jornadas Empresariais da Fundação AEP/ Serralves, que decorrem esta quinta-feira na Fundação de Serralves. Durante a sessão, Luís Marques, administrador do Grupo Rangel, detetou fragilidades dos portos nacionais na receção de navios e no limite à capacidade, mas destacou a centralidade de Sines - que coloca Portugal nas rotas de tráficos internacionais - e a capacidade dos restantes portos como vantagens competitivas de Portugal.
Nas cargas de curta distância Portugal tem margem de progressão e pode ainda melhorar, sobretudo nos portos de Leixões, Aveiro e de Lisboa. O porto de Lisboa sofre de alguns constrangimentos nos seus acessos.
Nas ligações ferroviárias, Miguel Lisboa, administrador da Takargo, do grupo Mota-Engil, identificou constrangimentos vários que retiram atração a este modo de transporte. Em Portugal não se pode falar numa rede ferroviária, mas num conjunto de linhas sem coerência interna. A generalidade das ligações ferroviárias encontram-se saturadas com velocidades médias reduzidas e manutenções deficientes e, no caso da zona sul, a situação ainda é mais grave por não ser possível o transporte de mercadorias.
Miguel Lisboa verifica que a margem de progressão do transporte ferroviário se encontra sobretudo no mercado ibérico e admite que neste espaço geográfico a ferrovia pode retirar tráfego ao transporte rodoviário. Além-Pirinéus torna-se mais difícil ser competitivo. porque como verificou o administrador da Takargo o transporte rodoviário, ao reforçar a capacidade, ganha em preço e reduz o custo logístico.
Dificuldades além-Pirinéus
Avaliando a troca de mercadorias entre Portugal e Espanha, Miguel Lisboa verificou que o transporte ferroviário representa apenas 4% dos 23 milhões de toneladas que circulam entre os dois países e que por cada comboio de mercadorias podiam-se retirar 34 camiões das estradas.
Se a ferrovia ganhasse 10% de quota ao transporte rodoviário duplicaria 12 vezes as 40 mil toneladas por ano de transporte entre Portugal e Espanha. É portanto na ferrovia que se detetam os maiores constrangimentos e é isso que impede a eficiência das empresas usando este meio de transporte.
Além-Pirinéus, é possível, também, a ligação dos corredores portugueses às linhas europeias, mas aí o transporte ferroviário terá grandes dificuldades em impor-se ao transporte rodoviário ou transporte marítimo.
O administrador da Takarga deixou ainda um aviso sobre as concorrências do mercado nacional, dizendo que com um operador público como a CP Carga, que tem 90% do mercado e apresenta resultados operacionais negativos de 110 milhões de euros, é impossível haver um mercado liberalizado, saudável e competitivo.
Estas jornadas abriram com uma aula de geopolítica de 40 minutos do professor Jaime Nogueira Pinto, que identificou os riscos iminentes no mundo atual citando a ameaça do Estado Islâmico e a indefinição da fronteiro russo-ucraniana.
Nos dois casos referiu que os serviços secretos ocidentais revelaram negligência e as elites ocidentais europeias arrogância e pouca proatividade. Segundo Jaime Nogueira Pinto, a linha da NATO na Europa deverá recuar para a fronteira da Polónia e dos estados bálticos em vez de chegar à Rússia, como acontece neste momento.
Jaime Nogueira Pinto finalizou apontando como "deveras importante" o acordo comercial celebrado entre a China e a Rússia para o fornecimento de gás, assinado em março de 2014, e que envolve a construção de um gasoduto no valor 50 mil milhões de dólares, por entender que é um sinal de aproximação política e que pode ter outro significado para além da sua dimensão comercial. Expresso
A final da Champions serviu de pretexto para a operadora ferroviária espanhola Renfe estrear em Portugal o seu Train and Breakfast, um produto turístico sobre carris que corresponde a um hotel em movimento. Trata-se, à semelhança dos cruzeiros, de um comboio com carruagens-cama e restaurante, que só é utilizado para viagens de lazer, podendo os seus ocupantes pernoitar a bordo e visitar as cidades onde este parar. O Talgo VII é uma composição idêntica às que diariamente ligam Lisboa a Madrid e à fronteira francesa de Hendaya, mas de qualidade superior e dotada com serviços a bordo específicos para o turismo. O primeiro comboio passará a fronteira de Vilar Formoso na manhã de sábado com destino a Lisboa, para que os seus passageiros assistam à final da Liga dos Campeões no Estádio da Luz, a disputar por Real Madrid e Atlético de Madrid. Tratando-se de um hotel sobre carris, ficará estacionado em Santa Apolónia, podendo os seus clientes regressar a bordo após as comemorações - seguramente que uns chegarão primeiro, mais tristes, do que outros, porque viajarão juntos adeptos dos dois clubes madrilenhos. De manhã cedo, e com os passageiros ainda a dormir, a composição arranca com destino ao Porto, onde os espanhóis vão dispor de um dia para visitar a cidade. Nessa noite regressarão a Madrid, aonde chegarão na segunda-feira de manhã. Esta será a primeira viagem-cruzeiro do Train and Breakfast com Portugal por destino, depois de em Espanha ter realizado apenas uma outra, entre Madrid e o parque natural de Doñana (Sevilha). Para o Verão, segundo a Renfe, estão programadas viagens a Santiago de Compostela, podendo a composição ser fretada para percursos sobre carris à vontade dos clientes. O Talgo VII é formado por um número variável de carruagens com compartimentos Gran Clase que incluem camas (transformadas em assentos durante o dia) e casa de banho privativa com WC e duche. A composição que viajará para Lisboa e Porto é composta por 18 carruagens-cama e duas carruagens-restaurante. Tal como num hotel, o pequeno-almoço está incluído na estadia, podendo os clientes almoçar ou jantar no restaurante por um preço adicional de 20 euros. A viagem total para os espanhóis que farão o cruzeiro ferroviário a Portugal é de 380 euros por três noites. A Renfe pediu à Refer a homologação desta composição para circular nas linhas da Beira Alta e do Norte, de modo a que, no futuro, possa fazer mais viagens deste tipo, se forem criados mais produtos turísticos que incluam cidades portuguesas no roteiro. Para este fim-de-semana, além deste comboio, a CP e a Renfe organizam mais cinco comboios especiais, também com carruagens-cama, entre Madrid e Lisboa, para transportar adeptos para a final. Os comboios com adeptos do Atlético de Madrid vão partir da estação madrilenha de Atocha e sairão na gare do Oriente, enquanto os do Real Madrid partirão de Chamartín com destino a Santa Apolónia. Estas composições regressarão a Madrid a partir da meia-noite, um em cada meia hora.
A China inaugurou esta quarta-feira a linha ferroviária de alta velocidade mais extensa do mundo. Com mais de dois mil quilómetros, liga Pequim à cidade de Guangzhou, no Sul.
O primeiro comboio a percorrer a nova linha deixou a capital chinesa na manhã desta quarta-feira, dia em que se comemora o aniversário do líder chinês Mao Tsetung. A velocidade dos comboios será de 300 quilómetros/hora, inicialmente, o que leva a que uma viagem que antes demorava 22 horas se faça agora em apenas dez.
Ao longo dos 2298 quilómetros de extensão da linha há 35 estações, e o Governo chinês tem um projecto para continuar a expandir a sua rede de linhas de alta velocidade por todo o país, construindo ao todo cerca de 16 mil quilómetros de linhas até 2015, diz o site Bloomberg.
Este enorme investimento, e construção em ritmo acelerado, tem tido os seus percalços. No ano passado, 40 pessoas morreram num acidente com um comboio de alta velocidade perto da cidade de Wenzhou, no Leste do país. Esta linha tinha sido inaugurada dois anos antes, com grande fanfarra, no âmbito das comemorações dos 60 anos da Revolução Chinesa (1949-2009).
O Governo não aceitou a proposta de compra da TAP apresentada pelo empresário Germán Efromovich. O facto de não terem sido apresentados os meios financeiros adequados está na base da decisão, anunciada pelos secretarios de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, e do Tesouro, Maria Luís Albuquerque. Isto apesar de o Governo considerar positiva a proposta e de considerar que abria boas perspetivas de expansão para a companhia aérea portuguesa.
Os governantes deixaram claro que a privatização é para ser retomada "oportunamente".
Nos últimos dias, foram várias as vozes que se manifestaram contra a venda da companhia aérea portuguesa. Os partidos da oposição defenderam mesmo o cancelamento da privatização, alegando a falta de transparência de todo o processo.
"Até hoje todas as privatizações foram bem-sucedidas"
Hoje de madrugada, à saída do Conselho Nacional do PSD, em Lisboa, Passos Coelho não quis pronunciar-se sobre a TAP, já que não conhecia ainda o teor da proposta estudada pelos conselheiros financeiros sobre a única proposta de compra entregue dentro do prazo, a de German Efromovich, dono do grupo Synergy.
A cerca de quatro horas de se iniciar o conselho de ministros em que iria ser apreciada disse: "O que eu posso garantir é que até hoje todas as privatizações que foram realizadas pelo Governo foram bem-sucedidas, quer dizer, cumpriram-se no tempo que estava previsto, houve um leilão muito competitivo, as propostas atingiram níveis financeiros muito bons, reconhecidamente bons quer estejamos a olhar com olhos nacionais, quer com olhos não nacionais".
"De um modo geral, conseguimos atrair para Portugal investimento externo de que precisávamos. Até hoje foi assim, não tenho nenhuma razão para supor que vá ser de outra maneira nas próximas operações", acrescentou segundo a agência Lusa.
Numa altura em que seria necessário estimular o uso dos transportes públicos pelas mais variadas razões, acontece o oposto. Causas: Aumento excessivo dos bilhetes e passes e o desemprego galopante, que deixa as pessoas em casa. Ainda não se sabem os aumentos previstos para Janeiro, mas a continuar a escalada dos preços e do desemprego, 2013 será um ano com ainda menos passageiros nos transportes.
"O Metro de Lisboa perdeu 14,8% de passageiros no terceiro trimestre, o que significa menos 6,2 milhões de pessoas transportadas entre Julho e Setembro, um período em que se registaram também quedas expressivas no transporte fluvial e ferroviário.
Os dados trimestrais do Instituto Nacional de Estatística apontam para reduções homólogas no número de passageiros de 11,9% no transporte fluvial e 13,2% no modo ferroviário.
O Metro do Porto registou também uma diminuição de 3,1%, bastante abaixo da perda registada em Lisboa.
Os sistemas de Metropolitano de Lisboa e do Porto transportaram um total de 47,7 milhões de passageiros em julho, agosto e setembro, o que significa uma descida de 12,2% face ao mesmo período de 2011, acentuando as variações negativas de 7,7% no primeiro trimestre e 10,8% no segundo.
No transporte fluvial, a travessia do rio Tejo, que representa 72% do total (7,9 milhões de passageiros), teve menos 15,1% de passageiros do que o trimestre homólogo de 2011.
Os comboios transportaram 31,4 milhões de passageiros no terceiro trimestre (-13,2%), agravando a tendência decrescente iniciada no segundo trimestre de 2011.
Na rede suburbana, que movimentou 88% do total de passageiros (27,6 milhões), registou-se uma quebra homóloga de 4,2 milhões de passageiros (-13,2%).
O transporte interurbano de passageiros registou uma descida de 12,9%, totalizando 3,7 milhões de pessoas transportadas.
Os 42 mil viajantes internacionais representaram uma variação homóloga negativa de 12,5%.
Numa altura em que seria necessário estimular o uso dos transportes públicos pelas mais variadas razões, acontece o oposto. Causas: Aumento excessivo dos bilhetes e passes e o desemprego galopante, que deixa as pessoas em casa.
Ainda não se sabem os aumentos previstos para Janeiro, mas a continuar a escalada dos preços e do desemprego, 2013 será um ano com ainda menos passageiros nos transportes."
Já que o governo português não sabe promover os nossos destinos, bem hajam estes ingleses
James Massey, director de marketing da Monarch, adiantou que a campanha, subsidiada pela Associação de Promoção da Madeira e pela ANAM, empresa concessionária dos aeroportos da Região Autónoma, será toda ela feita através de meios de grande divulgação e exposição pública na zona de Londres e dos West Midlands de onde partem os cinco voos semanais da companhia para a Madeira.
A campanha de promoção inclui anúncios em grandes jornais, como os diários “Independent”, “Guardian”, “Daily Telegraph”, “Metro”, “Daily Mail”, “Daily Express” e “Daily Mirror”, e semanários, privilegiando ainda as plataformas online, nomeadamente os formatos para os Smartphones. Além dos meios escritos, a publicidade dos destinos de Sol da Monarch para este Inverno, em que se incluem a Madeira, Tenerife e Fuerteventura (Canárias) e Larnaca (Chipre), estará visível nas áreas de recolha de bagagem no Aeroporto de Gatwick, em Londres, e será colocado um painel interactivo, em 3D, na zona de Convent Garden (zona visitada diariamente por 7,5 milhões de pessoas), spots em rádios e um anúncio no boletim meteorológico do Channel 5, patrocinando um sketch humorístico, que os responsáveis da Monarch estimam seja visto diariamente por cinco milhões de pessoas.
“A campanha está desenhada para todas as classe sociais, já que a oferta hoteleira da Madeira é de grande qualidade em todos os segmentos, especialmente para os britânicos que pretendem fugir ao tédio dos dias sem sol e sem pessoas nas ruas”, disse James Massey durante uma conferência de imprensa em que esteve também presente a secretária regional da Cultura, Transportes e Turismo, Conceição Estudante.
O “preço da cura para o tédio” – a campanha apresenta-se como forma de remédio – é um bilhete de avião para a Madeira, que está disponível desde cerca de 120 euros, ida e volta, assinalou James Massey.
A Monarch tem feito nesta semana a apresentação dos seus voos às entidades regionais relacionadas com a hotelaria e as agências de viagens madeirenses.
Actualmente, no que respeita às ligações aéreas regulares do Reino Unido, a Madeira é servida pela TAP, com um voo diário de Londres, e pela Easyjet que tem cinco voos semanais, também da capital britânica.
A companhia low cost já teve dez voos, mas a verdade é que nos últimos meses tem vindo a descer dramaticamente a oferta e a aumentar os preços.
Porque existe uma assinalável comunidade de madeirenses na Inglaterra, a Monarch manifestou interesse em criar pacotes especiais para esse tipo de tráfego regional, numa iniciativa que foi bem acolhida pelas autoridades regionais madeirenses.
Os voos da Monarch para o Funchal, três voos por semana de Londres-Gatwick e dois por semana de Brimingham são realizados em aviões A320 e estão à venda na internet (www.monarch.co.uk) e através das agências de viagens.
O Económico divulga hoje uma notícia preocupante sobre o decréscimo de utilização de comboios e de metropolitano pelos portugueses.
Traduzindo as percentagens, ficamos a saber que no primeiro trimestre de 2012, quando comparado com o de 2011, houve menos 3 milhões de passageiros que recorreram ao transporte ferroviário e 4,3 ao metro, em Lisboa e no Porto.
Como é de crer que apenas uma percentagem relativamente baixa tenha passado a utilizar o automóvel (também decresceu o seu uso, e muito, segundo outras estatísticas), só se pode concluir que a razão está na conjugação de aumento de preços dos transportes, diminuição geral do poder de compra e desemprego a crescer em flecha.
Ou seja: para além de muitos portugueses terem deixado de se deslocar para trabalhar, vão certamente menos às suas terras, não passeiam pelas cidades com os filhos durante os fins-de-semana, têm mais pais e avós reformados colados à casa, aos bancos dos jardins, quando muito ao bairro.
Não estamos a falar de peanuts: num país com menos de 11 milhões de habitantes, os números acima indicados são assustadores. Só daqui a algum tempo seremos capazes de avaliar as consequências sociais e psicológicas que decorrem de tudo isto. E não serão boas.
John Cleese, o ex-Monty Python especialista nas "maneiras tolas de andar", deu ontem o mote, com uma maneira muito tola - ou muito esperta, de fazer inveja aos milhares de pessoas que se amontoaram nos aeroportos europeus, por causa da nuvem de vapor e cinza emitida pelo vulcão Eyjafjalla, na Islândia.
Já que o seu avião ficou preso em Oslo, ele pegou num táxi e pôs-se a caminho, por estrada, rumo a Bruxelas. A corrida fica-lhe por 30 mil coroas (cerca de 3700 euros). "Vai ser interessante. Não estou com pressa", disse o actor à AFP.
Os principais aeroportos europeus - Londres, Paris, Frankfurt e Amesterdão - estiveram ontem fechados ao tráfego aéreo, e Madrid foi afectado indirectamente, o que fez com apenas 12 mil voos se realizassem na Europa, em vez de 28 mil previstos. O movimento transatlântico foi afectado, pois é para estes aeroportos que os aviões se dirigem, e o mesmo aconteceu com as viagens de e para a Ásia. Foi a maior perturbação do tráfego aéreo na Europa desde o 11 de Setembro de 2001.
Por isso, não se desconte o caso de Cleese como uma mera excentricidade - de Bruxelas planeava apanhar o comboio Eurostar que o levaria para Londres. Os passageiros procuraram desesperadamente alternativas por terra. A empresa de táxis londrina diz ter sido requisitada por clientes que queriam ir para Paris, Milão, Zurique e Salzburgo, relata a Reuters.
Eurostar tomado de assalto
Os comboios europeus foram tomados de assalto. O Eurostar, o comboio que liga Londres a várias cidades do continente, atravessando o túnel da Mancha, foi alvo de uma verdadeira corrida, que esgotou os bilhetes, apesar da oferta ter sido reforçada (todos os 58 comboios em operação estiveram a funcionar).
Ontem, a sexta-feira negra dos transportes europeus, a Eurostar transportou 46.500 passageiros - dos quais dez mil ganhos só por causa do encerramento dos aeroportos, disse um porta-voz da empresa. Hoje e amanhã conta transportar 15 mil passageiros suplementares.
Segundo a organização para a segurança da navegação aérea europeia Eurocontrol, o tráfego aéreo continuará "consideravelmente perturbado" hoje. E é provável que assim continue durante "vários dias", avançou a associação de gestão do tráfego aéreo Canso. Ninguém pode prever durante quanto tempo o vulcão Eyjafjalla continuará em erupção, mas, mesmo que parasse já, a nuvem de cinzas que já emitiu não se desvaneceria instantaneamente. E continuaria a afectar os países por onde os caprichos das correntes atmosféricas os levassem.
As autoridades italianas consideravam ontem a possibilidade de encerrar sábado o aeroporto de Milão. É provável que a nuvem chegue até ao Norte de Itália e aos países que ficam à mesma latitude, mas poupar os que ficam mais a sul dessa linha, estimou ontem em Bruxelas Kenneth Thomas, um especialista da Eurocontrol, citado pela AFP.
"Se as previsões se mantiverem, Roménia, Hungria, Eslovénia e Croácia estão na mesma linha que o Norte de Itália, em direcção a leste", precisou. "Mas parece improvável que todos os aeroportos europeus sejam atingidos. A Côte d'Azur, por exemplo, não deve ser afectada", disse.
A nuvem do vulcão islandês não é especialmente problemática por si - criou todo este caos porque a Europa do Norte é a zona "mais densa e mais complexa" do mundo em termos de tráfego aéreo", disse à AFP Stéphane Durand, presidente do Sindicato Nacional dos Controladores Aéreos franceses. Os aeroportos de Roissy (França), Londres, Amesterdão e Frankfurt estão entre as principais plataformas aeroportuárias do planeta. Londres e os seus três aeroportos (Heathrow, Gatwick, Stansted) é 12.º em termos de movimento de aparelhos (466 mil), mas o segundo em número de passageiros (66 milhões), atrás de Atlanta, nos EUA (88 milhões).
Incerteza na Polónia
A natureza implacável da Islândia é bem conhecida: esta ilha gelada fica em cima da fronteira da placa tectónica euroasiática com a placa norte-americana, onde está sempre a ser criada crosta terrestre. Fenómenos como este não são nada de novo - a erupção das fissuras de Laki em 1783 terá até causado um surto de fome no Egipto, e um Verão de chuva ácida em toda a Europa, por causa de uma nuvem de cinza vulcânica muito mais densa do que esta. Só que foi a primeira a ser vivida desde que a aviação comercial tomou conta dos céus europeus.O funeral do Presidente polaco Lech Kaczynski, marcado para domingo, em Cracóvia, pode sofrer várias baixas entre os chefes de Estado e outros dignitários estrangeiros que deveriam comparecer, devido às restrições aéreas.
Ao fim da tarde, as autoridades encerraram todos os aeroportos. A família do Presidente não deseja adiar mais as cerimónias fúnebres, e nenhum chefe de Estado disse, até à hora de fecho desta edição, que não iria. Mas as suas deslocações podem estar em causa - por exemplo, a do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Quanto ao primeiro-ministro da Noruega, que foi aos EUA para participar na cimeira nuclear convocada por Barack Obama, também ficou em terra, em Nova Iorque, impossibilitado de voltar a Oslo. Mas Jens Stoltenberg, sem poder apanhar um táxi, como John Cleese, pôs uma foto online, na sua conta do Flickr, em que o mostra a mexer no seu iPad acabadinho de comprar, com o título: "O primeiro-ministro está a trabalhar no aeroporto".
A sustentabilidade de 30 cidades em 30 países europeus, onde vivem 75 milhões de pessoas, surge agora num ranking elaborado pela Siemens e revista "The Economist", apresentado de manhã na conferência de Copenhaga. Nesta lista encabeçada pelas cidades da Escandinávia, mais concretamente por Copenhaga, e fechada por Kiev, Lisboa surge em 18º lugar.
Copenhaga, que ambiciona ser neutra em emissões de dióxido de carbono em 2025, foi a líder nas oito categorias avaliadas: dióxido de carbono, energia, edifícios, transportes, água, resíduos e uso da terra, qualidade do ar e “governância” ambiental. De um total de 100 pontos, conseguiu 87,31. A seguir surgem Estocolmo, Oslo, Viena e Amesterdão. Lisboa obteve 57,25 e Kiev 32,33 no “European Green City Index”.
Este grupo de 30 cidades - onde se incluem Viena, Amesterdão, Budapeste, Istambul, Roma, Paris e Londres – tem feito o trabalho de casa em prol do Ambiente. Mais de metade dos cidadãos que vivem nestas cidades (62,5 por cento) vai para o trabalho a pé, de bicicleta ou de transportes públicos; 24 cidades têm medidas para reduzir o lixo que produzem e dois terços promovem meios de transporte mais “verdes”.
“As cidades europeias são líderes no desempenho ambiental”, comentou James Watson, editor da The Economist Intelligence Unit, lembrando que têm emissões per capita de gases com efeito de estufa mais baixas do que a média da União Europeia.
Oslo emite apenas 2,19 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por habitante (quando a média europeia é de 5,2; já a de Lisboa é 7,5 toneladas) e em Estocolmo, 68 por cento dos habitantes vai para o trabalho a pé ou de bicicleta. Na verdade, por cada quilómetro quadrado de superfície, a cidade tem quatro quilómetros de ciclovias. Bruxelas também serve de exemplo devido ao seu programa “vizinhança sustentável”, onde os moradores formam grupos e candidatam projectos a financiamento.
Amesterdão distingue-se por aquilo que consegue fazer ao seu lixo. A cidade recicla 43 por cento dos resíduos municipais, quando a média é de 18 por cento.
A cidade onde se respira melhor é Vílnius, com 20 metros quadrados de espaços verdes por morador e baixos níveis de emissões de gases com efeito de estufa.
Não obstante os bons exemplos, ainda há muito que estas 30 cidades devem fazer. Apenas 7,3 por cento da energia consumida vem de fontes renováveis (quando a meta da União Europeia é de 20 por cento em 2020), um em cada quatro litros de água consumidos nas cidades perde-se em fugas e menos de um quinto do lixo acaba reciclado.
“As cidades podem usar este estudo para definir as prioridades das suas acções, a fim de reduzir a sua pegada de carbono”, disse Reinhold Achatz, responsável pela unidade de investigação da Siemens.