O Estado Islâmico (EI) instituiu uma força policial do sexo feminino, cuja missão é garantir uma sociedade shariah-compliant e gerenciar bordéis abastecido com mulheres iázidis que foram forçadas à escravidão sexual.
O grupo diz-se ser chamada Brigada Al-Khansa. A unidade só de mulheres esconde declaradamente armas de aplicação, tais como armas de fogo e facas sob seus revestimentos de corpo inteiro islâmicos. Eles são baseados fora de Raqqa, que tem sido descrita como a capital do ISIS, na Síria.
As mulheres muçulmanas britânicas que viajaram para a região orgulhosamente ostentavam nas redes sociais um comportamento primitivo exibido pelas patrulhas do sexo feminino ISIS em Raqqa, detalhando como elas realizam espancamentos sem motivo e asseguram que as meninas iáziges mantenham um comportamento adequado, enquanto escravizadas, relata o Daily Mail.
A patrulha da polícia já teria batido muitas vezes a mulheres que não vestem correctamente o véu islâmico, e outros que estavam usando sapatos que não eram apenas negros.
Al-Khansa empresta seu homônimo de um poeta que viveu no mesmo tempo que o profeta Mohamed, de acordo com a escritura islâmica. Al-Khansa traduzido do Inglês como "mãe de muitos mártires."
Separadamente, os militantes ISIS continuaram se aproximando de uma base aérea síria no leste do país. Na quinta-feira, os relatórios afirmaram que dezenas de soldados sírios e jihadistas do ISIS foram mortos em combate. A base aérea tem sido usada como uma plataforma para ataques contra cidades ISIS-ocupados e aldeias em toda a região. Caso a queda base aérea nas mãos de ISIS, os jihadistas guerreiros santos espera enfrentar muito menos resistência em suas operações regionais futuras.
No último ano, o total de meios recebido pelo grupo radical Estado Islâmico com restastes por pessoa por eles raptadas situa-se entre 35 e 45 milhões de dólares, afirmam peritos da ONU, que realizam a monitorização pelo cumprimento das sanções em relação às organizações terroristas.
Segundo dados dos especialistas, o número de raptos cometidos pelos radicais com vista a receber resgate continua a aumentar sem parar. Além do Estado Islâmico, outras organizações terroristas recorrem a semelhantes ações, nomeadamente a Al-Qaeda e os movimentos a ela ligados.
Segundo declarou Yotsna Lalji, perito sobre sanções contra os extremistas, numa reunião do comitêDA antiterrorista do CS da ONU, no período entre 2011 e 2013, a Al-Qaeda na Península da Arábia recebeu 20 milhões de dólares em resgate e a Al-Qaeda nos países do Magrebe muçulmano: 75 milhões nos últimos quatro anos. No total, segundo os peritos, no período entre 2004 e 2012, foram pagos resgates aos terroristas da ordem dos 120 milhões de dólares.
Do lado da União Europeia, será a altura para deixar de apoiar o terrorismo. Esse papel continuará a ser desempenhado pelo Qatar e por eméritos doadores públicos e privados. Em Maio último, o Qatar ofereceu cinco milhões de dólares ao governo islamista do Hamas. A solidariedade pretendeu apoiar os esforços de reconciliação com a Fatah (com os brilhantes resultados que se conhecem), partido que lidera a Autoridade Palestiniana na Cisjordânia. De acordo com Ismail Raduan, Ministro das Doações e Assuntos Religiosos do Hamas, a oferta do governo do país do Golfo Pérsico pretendeu apoiar a “reconciliação comunitária” e está destinada a apoiar as famílias que perderam os seus entes queridos nas quase eternas lutas armadas que opõem a Fatah e o Hamas.
Em Março deste ano, no seguimento da ilegalização da Irmandade Muçulmana, um tribunal egípcio baniu toda e qualquer actividade do Hamas no país e confiscou todos os seus bens. O Hamas é acusado de interferir nos assuntos internos egípcios e, na altura, alguns dos seus líderes tinham Cairo como base. As autoridades egípcias acreditam que a organização terrorista do Hamas que governa a Faixa de Gaza, desempenha um papel importante noaumento da violência vivida na Península do Sinai.
Desde Julho que o exército do Egipto destruíu mais de 100 túneis que ligam Gaza ao Egipto e que servem para contrabandear alimentos, materiais de construção mas também armas e terroristas. A lua-de-mel entre o Hamas e o Egiptou acabou de forma abrupta quando os militares removeram o Presidente Morsi e acabaram com o governo da Irmandade Muçulmana. Hoje o Hamas que é visto como é um apoiante dos atentados terroristas, um risco acrescido para as forças de segurança e civis, procura defender-se das acusações como um ataque à causa palestiniana e um favor a Israel.
A revista "Forbes Israel" fez uma lista dos dez grupos terroristas mais ricos do mundo e em primeiro lugar da tabela está o Estado Islâmico, com um volume de negócios anual de cerca de 1,6 mil milhões de euros.
Sobre como o califado liderado por Abu Bakr al-Bagdadi conseguiu tanto poder económico em tão pouco tempo, a "Forbes Israel" diz que "a resposta - como muitas questões no Médio Oriente - é o petróleo, e muito".
Actualmente o Estado Islâmico controla 60% das reservas de petróleo na Síria e no Iraque. Conquistou sete reservas de petróleo e gás, incluindo a maior refinaria do país. Outras fontes de rendimento dos extremistas islâmicos são "sequestro e resgate, impostos, assaltos a bancos e saques".
No segundo lugar da lista fica o Hamas. O grupo palestiniano que controla a Faixa de Gaza consegue arrecadar 800 milhões de euros, através da "cobrança de impostos, tributos e taxas, ajuda financeira e doações (principalmente do Qatar)".
"Na verdade, qualquer organização que tem 'um país' e controla um determinado território, a sua capacidade de gerar receitas da actividade económica que ocorre nesse mesmo território é enorme", explicou à "Forbes Israel" Eyal Ofer, economista palestiniano.
Neste caso, o grupo árabe consegue controlar entre 10 a 15% da actividade económica em Gaza.
Em terceiro ficam as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O grupo comunista, formado em 1964, ganha cerca de 480 milhões de euros por ano.
O Hezbollah, baseado no Líbano, segue logo a seguir na quarta posição com 400 milhões de euros de rendimento anual. Para além do financiamento do Irão, a produção e o tráfico de droga enchem os bancos do grupo xiita.
Os talibãs, a Al-Qaeda, Lashkar-e-Tayba (Afeganistão e Paquistão) e o Al-Shabab (da Somália) preenchem os próximos lugares da lista da "Forbes Israel".
Finalmente, os grupos terroristas "menos ricos" são o Real IRA (Real Irish Republican Army) e o Boko Haram. Mesmo assim, facturam cerca de 40 milhões de euros todos os anos.
Da lista apenas as FARC e o Real IRA não são islamitas.
Sandro foi bombardeado, sucumbindo aos ferimentos que o guiaram à glória divina através da cópula com setenta e dois/duas virgens num refastelamento hepático em local sagrado não passível de transmissão de doenças venéreas debilitantes.
O mais confortante na morte é saber que o corpo fica mas o pénis segue connosco para o outro mundo, fiel companheiro nas horas de abandono corpóreo, impoluto por infecções em forma de couve terrenas, como uma segunda oportunidade numa máquina de jogos com moeda adicional introduzida por Deus Ele próprio.
Na morte em combate, o cérebro e o pénis, as duas partes que chegam ao outro mundo, sofrem uma mutação para a paz absoluta adquirida pelo tamanho de revólver Pfeifer Zeliska 28mm, ele próprio um pénis mais pénis que o próprio pénis. E é o fim da austeridade, disso ninguém tem dúvidas.
Sandro pode beneficiar de setenta e dois/duas virgens mas nunca beneficiará do aumento de salário mínimo proposto pelo Doutor António Costa, que apresentou uma espécie de teaser para a agenda para a década, só para começar, que 10 anos é o período normal para governar sem passar por novas eleições.
A Casa Pia de Lisboa poderá vir a beneficiar de uma taxa de turismo como forma de filtrar os pé-rapados que chegam à cidade para depois dar com a língua nos dentes. Sobretudo, é fundamental que a instituição não se transforme num antro jihadista, que 72 virgens não são particularmente fáceis de encontrar aí em qualquer sítio.
Nisto das segundas oportunidades, é preciso perceber que dar a outra face é o caminho para a redenção, como o Doutor Ferro Rodrigues bem demonstra.
É uma verdade indesmentível: nunca tantos tiveram acesso a cuidados de saúde, água e educação como agora. O mundo evoluiu muito, criando, no entanto, grandes desigualdades sociais. E são essas que estão na origem de alguns conflitos, embora os ‘confrontos’ mais radicais se fiquem a dever a questões religiosas.
Na Arábia Saudita, por exemplo, as mulheres são apedrejadas se forem apanhadas a conduzir. Estará o Ocidente interessado em permitir o mesmo?
A cada dia que passa aumenta a distância entre o mundo ocidental e o oriental, havendo como que uma espécie de pré-aviso de guerra santa. Não que a maioria dos muçulmanos se reveja nos fundamentalistas que estão a ganhar espaço em países como o Iraque e Síria. Mas parece que os novos ‘bin ladens’ não vão querer parar nos seus califados e tudo farão para vergar a forma de vida ocidental.
Nessa cruzada não são só os católicos que estão em perigo, bem pelo contrário. É a forma de vida mais libertina que está debaixo de fogo de homens que matam sem dó nem piedade.
Como se enfrenta alguém que tem tanto ódio? É permitindo que as suas ‘reivindicações’ se alastrem à Europa? Deixando que mulheres se vistam de burcas e não tenham direitos fundamentais aos olhos da nossa cultura?
França e Bélgica deram o pontapé de saída na discussão que se adivinha bem mais acalorada nos próximos tempos. Os dois governos proibiram o usos de burcas e outras vestimentas que cubram o rosto das mulheres. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem já veio dar razão às medidas adoptadas pelos dois países, utilizando argumentos pouco consentâneos com os princípios democratas. Mas é uma medida necessária no combate ao terrorismo – nunca se sabe quem se esconde por baixo de um pano?
Será a segurança uma das razões por detrás desta medida? Parece-me que não, apesar de concordar com ela. Parece-me óbvio que estamos perante uma tentativa de dizer que nas nossas sociedades as mulheres têm os mesmo direitos que os homens, ninguém é dono de ninguém e a liberdade é um bem muito precioso. Só que ninguém o poderá assumir. Há coisas que se fazem, mas não precisam de ser ditas. Repare-se, por exemplo, na medida preparada pelo Governo norueguês no combate aos mendigos profissionais do Leste: proibir a mendicidade... Quantos noruegueses estão nessa situação? Sete...
O apelo do Estado Islâmico – “jihadi cool” -- acabará apenas no dia em que for militarmente destruído, ou quando um novo “califa” optar pela banalidade da moderação.
O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (ISIS) não parece fazer sentido para os ocidentais. O ISIS avançava no terreno. Porque é que, com a perseguição às comunidades religiosas no Iraque e a decapitação de jornalistas, deu aos governos ocidentais o pretexto para intervir? E agora, sob as bombas, porque é que não se faz de vítima inocente como o Hamas em Gaza?
A tendência natural é para pensar que o ISIS é simplesmente demente e apocalíptico. Talvez seja. Mas nem por isso deixa de ter razões para fazer o que faz. O ISIS não enfrenta Israel, mas inimigos fracos. Interessa-lhe, portanto, não a reputação de vítima, mas a fama de potência violenta e implacável, adequada para desmotivar qualquer resistência. Por outro lado, o ISIS é o resultado de enxertos de gente de procedência vária. O terror é-lhe útil. Cria o que Tucídides chamava a “comunhão na culpa” entre a sua tropa heteróclita. Limita contactos com o inimigo e, em consequência, as mudanças de campo frequentes nas guerras da região. E a intervenção ocidental, desde que limitada, ajuda-o a retratar os seus adversários como fantoches americanos.
O ISIS sabe também que o Ocidente não são só aviões, drones, e mísseis. O poder do Ocidente é feito de consumos e de costumes. Para o projecto do ISIS de retornar aos tempos proféticos, essas coisas não são menos letais. Convém-lhe uma muralha da China feita de sangue, que exclua quaisquer intercâmbios. Os shoguns do Japão no século XVII, para se protegerem da influência ocidental, também optaram pela pornografia dos sacrifícios humanos, martirizando sistematicamente todos os missionários e convertidos. Resultou: a ilha manteve-se mais ou menos isolada até uma armada americana, no século XIX, forçar as portas.
Com o ISIS, não haverá cenas como a da visita de Jane Fonda a Hanói em Julho de 1972. Todos os ocidentais sabem que o seu destino no Estado Islâmico é acabar de joelhos no deserto, com um pijama cor-de-laranja. Sejam jornalistas ou “trabalhadores humanitários”, cristãos ou muçulmanos (como o convertido Peter Kassig), de direita ou de esquerda – é indiferente. Para o califado, somos todos a mesma coisa, todos igualmente capazes de introduzir o vírus de uma civilização materialista no reino do profeta.
Como é que então o ISIS atrai jovens combatentes no Ocidente? A imprensa ocidental não tem parado de se pasmar. Mais uma vez, sem razão. Os jovens recrutas ocidentais do ISIS aderem, não apesar da barbárie, mas precisamente por causa da barbárie. No Ocidente, os revolucionários e os tradicionalistas ficam-se por escrever teses de doutoramento ou falar ao megafone em manifestações autorizadas. O ISIS, não. O ISIS tornou reais o niilismo e a selvajaria que no Ocidente estão geralmente confinados à elaboração intelectual ou aos jogos electrónicos. Para quem pretenda desligar-se da moderna civilização ocidental, até para perversamente poder satisfazer um dos anseios dessa mesma civilização, o de sobressair e ser notado, o ISIS faz sentido.
A sedução do extremismo e da intolerância não nos deveria surpreender. A perseguição aos judeus não afastou ninguém dos Nazis e as denúncias do Gulag nunca perturbaram a popularidade de Estaline no Ocidente. O Nazismo só perdeu o encanto quando perdeu a guerra, e a União Soviética, quando os sucessores de Estaline renegaram os seus crimes. O apelo do Estado Islâmico – “jihadi cool” — acabará apenas no dia em que for militarmente destruído, ou quando um novo “califa” optar pela banalidade da moderação. No que diz respeito à história da humanidade, o ISIS não é uma nova lição: é uma revisão de matéria dada
Uma das análises mais correctas sobre o que se estava a passar no mundo resulta de um livro de Samuel P. Huntington, de 1996, intitulado The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order. Nesse livro demonstra claramente como se estava a formar uma nova ordem mundial para o séc. XXI e que nessa nova ordem um dos factores mais decisivos era o Ressurgimento Islâmico. A seu ver a civilização islâmica estava a tornar-se cada vez mais influente a nível mundial, não apenas pela sua maior capacidade de conversão de novos crentes, mas ainda pelo maior crescimento demográfico das suas populações.
Para Huntington a influência mundial da civilização islâmica só não era maior porque o islamismo radical não tinha um Estado religioso forte que pudesse servir de sustentáculo às suas pretensões. A esmagadora maioria dos Estados árabes não apoiava uma versão radical do islamismo, preferindo estar de bem com o Ocidente, e a única excepção, o Irão, baseava-se na corrente xiita do Islão, minoritária em face dos sunitas, o que levava a que não fosse seguido pelos militantes islâmicos radicais.
Por isso o Ocidente ficou descansado com o aumento da influência islâmica no mundo, uma vez que as guerras eram travadas entre os próprios Estadoa arábes, ainda que o ataque ao Kuwait tenha pela primeira vez obrigado a uma intervenção, dado que pôs em causa os interesses ocidentais. Mas Bush pai teve a inteligência de deixar Saddam Hussein no poder, uma vez que bem sabia que o seu derrube só serviria para aumentar a influência do Irão e dos movimentos islâmicos radicais na região.
Bush filho, com uma inteligência rudimentar, e movido por uma questão pessoal, quis derrubar Saddam Hussein, seguindo a estratégia de iluminados como Wolfowitz que achava que o Iraque tinha que ser conquistado, uma vez que "nadava num mar de petróleo". Consta que terá respondido o seguinte a quem o interrogava como é que depois os americanos sairiam do Iraque: "É simples. Não saímos". Nessa estratégia teve o apoio ainda mais desastrado de Blair, Asnar e do nosso Durão Barroso, que juntos criaram um enorme sarilho.
Obama, que é inteligente e tinha a vantagem de se ter oposto desde o início a este disparate, não conseguiu, porém, ver que Wolfowitz tinha razão num ponto: é que depois de se ter entrado no Iraque já não era possível sair de lá. A saída dos EUA do Iraque, associada a um apoio às primaveras nos outros países arábes, foi um campo fértil para os militantes islâmicos radicais, que conseguiram nos territórios sírios e iraquianos aquilo que desde sempre ambicionavam: a reconstrução do califado. Ora, esse Estado islâmico vai ser seguido pelos militantes radicais de todo o mundo e pode ter um sucesso muito mais rápido que o califado original, cujos exércitos chegaram em 80 anos desde a península arábica em 632 até Poitiers em 711. E esse Estado todos os dias proclama o seu ódio aos ocidentais, como se vê pelas execuções que sistematicamente são exibidas.
É manifesto, por isso, que o Ocidente está a ser constantemente desafiado para a guerra, só que já não tem coragem de mandar tropas para o terreno e os ataques aéreos podem fazer mossa, mas não alterarão a situação. Quanto a Portugal, é o ridículo de sempre. Mal li aqui que o Ministro da Defesa afirmava que Portugal vai participar na coligação contra o Estado islâmico, julguei que se estava a planear uma cruzada, ao velho estilo do "Por El-Rey e São Jorge aos Mouros!". Mas afinal o Ministro explicou que "a seu momento se verá" de que forma Portugal participará, tendo em conta que a colaboração pode acontecer de várias formas, designadamente através "de treino, de inteligência, de formação" ou humanitária. Quanto a tropas no terreno, cruzes canhoto. Está visto assim que o Ocidente não vai ter a mínima hipótese de ganhar esta guerra.
José Milhazes Não obstante os terroristas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante terem também ameaçado a Rússia e o próprio Presidente Putin, este não se apressa a juntar à coligação internacional que luta contra o ISIS, pois parece recear que o objectivo dos Estados Unidos e seus aliados seja derrubar o regime sírio de Bashar Assad à sombra do combate aos jihadistas.
Numa conversa telefónica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o Presidente russo defende que, nas operações contra o ISIS na Síria se “deve respeitar o Direito Internacional” e os bombardeamentos aéreos nesse país só deverão realizar-se com o “consentimento do governo sírio”.
Tendo em contra que Washington e os seus aliados deram ouvidos a Putin quando este evitou a invasão da Síria a troco da entrega das armas químicas por Damasco à comunidade internacional, poder-se-ia pensar que também desta vez será possível chegar a um acordo, mas tal não deverá acontecer. Isto porque, ao espezinhar o Direito Internacional na Ucrânia com a anexação da Crimeia e o apoio aos separatistas do leste do país, o Kremlin perdeu o direito de dar lições de moral aos outros, se é que já não tinha perdido esse direito quando da guerra na Chechénia ou da invasão da Geórgia.
E, pelos vistos, os EUA e os seus aliados irão resolver os problemas da Síria e do ISIS à sua maneira, enquanto que a Rússia irá continuar a sua política no país vizinho, embora com mais êxito. O conflito entre Kiev e os separatistas pró-russos está a caminho do congelamento, o que permitirá a consolidação dos poderes nas regiões separatistas e a criação de uma situação como a que existe na Transdnistria em relação à Moldávia. Isto se Putin não avançar ainda para a conquista de corredores para ligar a Rússia à Transdnístria e à Crimeia.
Nesta situação, é difícil esperar uma coordenação de acções entre a Rússia e a NATO face a qualquer problema mundial, a não ser que a Terra seja invadida por extraterrestres. E mesmo assim...
O Estado Islâmico avança com desordem e sem atender a fronteiras. É a facção mais extrema do islamismo radical. Ocupa zonas do Iraque e da Síria. É uma cópia conceptual dos califados de há quase mil anos. Os Estados Unidos e a França bombardeiam as imprecisas posições dos novos terroristas, que degolaram vários cidadãos ocidentais e ameaçam voltar a fazê-lo, espectáculos filmados que se retransmitem através das redes globais. As pessoas que viviam no Curdistão iraquiano e sírio atravessam massivamente a fronteira com a Turquia — mais de 130.000 nos últimos dias.
Esta guerra é uma profunda aberração. Os curdos lutaram durante mais de trinta anos contra a Turquia. Paradoxalmente, é agora a Turquia a acolher por razões humanitárias milhares de curdos procedentes da Síria e do Iraque. Esses curdos não são bem-vindos pelos que na Turquia lutaram contra Ankara. A mobilidade forçada de grandes dimensões é sempre conflituosa. Mas o facto da Turquia aceitar centenas de milhares de curdos indica até que ponto o Estado Islâmico é concebido como um perigo para a estabilidade na zona e para a sobrevivência de etnias, culturas e antigas religiões que, como a cristã, povoam aquelas terras desde há quase vinte séculos.
A agência de refugiados da ONU pede desesperadamente ajuda para mitigar dentro do possível este drama humano de bárbaras dimensões. Se o Estado Islâmico controlar a cidade de Kobane terá um enclave para dominar toda a região. Está em marcha uma coligação que agrupa mais de trinta países, incluindo vários estados muçulmanos. Os bombardeamentos americanos e franceses atingem os fundamentalistas, mas Tony Blair pediu a entrada de forças terrestres se se quer derrotar definitivamente o Estado Islâmico.
Obama venceu duas eleições prometendo sair do Afeganistão e do Iraque, e agora volta à guerra para destruir um grupo terrorista que está a formar um novo estado, apagando as fronteiras entre a Síria e o Iraque e enviando centenas de milhares de refugiados para a Turquia.
A política, sobretudo a internacional, é imprevisível. Mas há que dizer que a guerra iniciada em 2003 contra Saddam Hussein, justificada pelas inexistentes armas de destruição massiva, foi um erro cujas consequências estamos todos a pagar. A alegria com que se lançavam bombas sobre Bagdade retornou na forma da amargura de centenas de milhares de mortos, deslocados e desesperados. Está tudo pior que em 2003. Os efeitos da tristemente célebre cimeira dos Açores continuarão a fazer-se sentir e o seu cabal apuramento só poderá ser medido dentro de pelo menos mais uma década.