De acordo com os números do World Bank Development Indicators (Indicadores de Desenvolvimento do Banco Mundial), dentre as 45 nações soberanas da Europa, os países pequenos são quase duas vezes mais ricos que os países grandes. A diferença da riqueza per capita entre os 10 maiores e os 10 menores é de 84% quando se considera toda a Europa, ou 79% quando se considera somente a Europa Ocidental.
Trata-se de uma diferença abismal. Para colocar um pouco de perspectiva, uma diferença de riqueza de 79% é a diferença entre a Rússia e a Dinamarca. Isso é impressionante quando se considera as similaridades históricas e culturais dentro da própria Europa Ocidental.
Mesmo entre as nações de mesmo idioma, as diferenças são gritantes: a Alemanha é mais pobre, em termos per capita, do que as pequenas nações que também falam alemão (Suíça, Áustria, Luxemburgo e Liechtenstein); a França é mais pobre, em termos per capita, do que as pequenas nações que falam francês (Bélgica, Andorra, Luxemburgo, Suíça novamente, e, é claro, Mônaco). Até mesmo a Irlanda, que foi durante séculos devastada pelos ingleses belicistas, é hoje mais rica do que seus senhores do Reino Unido, que possui um território 15 vezes maior.
O Exército Suíço está a preparar planos de contingência para a ocorrência de agitação violenta por toda a Europa. Uma nação mais conhecida pelos seus bancos, relógios e chocolates, teme um influxo maciço de refugiados Europeus num futuro próximo. Em Setembro último as forças militares Suíças levaram a cabo exercícios com o nome de'Stabilo Due', que incluía cenários envolvendo instabilidade violenta por toda a Europa.
A Suiça tem mantido uma posição abertamente neutra há décadas, havendo também recusado fazer parte da zona euro quando lhe foi apresentada essa oportunidade.
O maior receio de Berna é provavelmente a desorganização dos exércitos das nações vizinhas que se seguiria à instabilidade geral; a crise da zona euro e a severas medidas de austeridade dentro da União Europeia estão a forçar os estados-membros a cortar de modo significativo nos orçamentos dos seus militares. Se os protestos se continuarem a alastrar por toda a Europa, as forças polícias e as forças armadas locais podem-se revelar mal preparadas para conter os tumultos.
O ministro de Defesa Suíço Ueli Maurer afirmou:
Não coloco de parte que venhamos a precisar do exército nos próximos anos.
O Ministério de Defesa Suíço avançou com as medidas que visam modernizar o exército do seu país, apesar da oposição política. Com o seu orçamento multi-bilionário e com um exército composto por 200,000 soldados, o país tem também planos de comprar caças‘Saab Gripen’. John R. Schindler, professor de assuntos em torno da segurança nacional na "US Naval College" escreveu um artigo para o site da "XX Committee"onde se lê:
O Ministro Maurer, fazendo-se acompanhar sussurradores provenientes da liderença mal informada na Suiça, está a tentar sensibilizar a nação para o facto da crise fiscal Europeia . . . poder vir a ser muito pouco agradável.
O Chefe das Forças Armadas Suiças, o Tenente-General André Blattmann, revelou também planos para colocar quatro batalhões adicionais de forças militares (1,600 soldados) para proteger os pontos estratégicos por todo o país. Espera-se queBlattmann apresente o plano em Dezembro.
O professor Schindler prevê que, "se o próximo Anders Brievik viesse a atacar muçulmanos, e não Europeus, as coisas poderiam ficar feias duma forma inimaginável," o que poderia dar início a levantamentos muçulmanos por toda a Europa.
No entanto, a Suiça encontra-se em oposição total às políticas multiculturais, um pensamento agora comum em outros países Europeus. Em 2009 a Suiça aprovou um referendo nacional banindo a construção de minaretes islâmicos. E embora a crise económica global tenha forçado as nações Europeias a fazer cortes nas suas forças militares, a Suiça tem mantido níveis relativamente consistentes de gastos com a defesa militar.
Uma vez que a guerra civil se aproxima da Europa, os Suíços estão mais do que correctos em manter o seu exército pronto. Nenhuma nação sobrevive por muito tempo quando ela fragiliza uma dos meios de proteger a sua soberania.
É muito raro haver greves em território suiço .... sabem porquê ?
A Suíça tem, durante muitas décadas, gozado de grande acalmia no que se refere a relações laborais, pois resolve as questões de forma amigável.
Um acordo, de 1937, assinado entre o sindicato dos metalúrgicos e os empregadores do ramo, estabeleceu/regulou como se deveriam resolver as disputas entre as partes.
Por um lado, os sindicatos comprometeram-se a não usar a greve como arma para resolver queixas e problemas. Por outro lado, os empregadores concordaram em aceitar a arbitragem externa para resolver as reivindicações salariais.
Como resultado, as greves são muito raras, muito embora, e de forma ocasional, os trabalhadores possam parar (de trabalhar) por algumas horas, normalmente como parte de uma campanha.
Qualquer outro tipo de greve, mais longo, é uma prática muito rara.
O movimento sindical suíço
Cada funcionário tem o direito de decidir se quer pertencer ao sindicato, ou não. Os sindicatos são financiados através das contribuições dos membros da associação sindical, não são financiados pelo Estado, ou tão pouco por partidos políticos.
Em 2004, cerca de 25% dos trabalhadores em território suíço pertenciam a um sindicato. No Reino Unido, 29% dos trabalhadores são sindicalizados. A média da União Europeia é de 26%. Nos EUA, apenas 13% do total de trabalhadores está associado a um sindicato.
A Federação Suíça de Sindicatos (Gewerkschaftsbund / União Sindical Suisse), e a Travail Suisse são os dois maiores agregadores de organizações sindicais. A Federação Suiça agrega 16 organizações sindicais (fundamentalmente, indústria e construção), e a Travail agrega 13 organizações sindicais.
Existem orgãos sindicais independentes destas duas redes/agregadores, nomeadamente, o sindicato de professores e funcinários administrativos.
Os sindicatos na Suíça contribuem para o actual sistema de segurança social, incluindo seguros de doença, acidente e desemprego (aliás, tal como conhecia na suécia - e tudo isto está fora do Estado, pois o subsidio de desemprego estatal é miserável, e igual para todos a partir de um limite muito baixo ... a A-kassa).
O sistema de democracia directa dá aos sindicatos suiços um papel importante na vida política do país, e este está presente à mesa de todas as discussões se assim o entender. No sistema suíço, há representação de todos os grupos de interesse, incluindo claro, os sindicatos.
Os sindicatos são convidados a contribuir, com seu conhecimento e experriencia para a discussão, assim como apresentar propostas para novas políticas.
Os sindicatos também podem apresentar propostas e estas propostas ser submetidas ao voto de toda a população.
............................. Isto, meus amigos, é democracia.
Muito diferente da FdP comuna tuga, cuja estratégia é : quanto pior, melhor!
Os eleitores suíços rejeitaram, liminarmente, a introdução de um salário mínimo no país que, a ter sido aprovado, seria o mais alto em todo o mundo.
Segundo as primeiras projecções, apenas 23% dos eleitores que neste domingo foram às urnas votaram a favor da iniciativa – uma percentagem bastante inferior ao que apontavam as sondagens. "Este é um voto da razão", reagiu Christophe Darbellay, líder do Partido Democrata-Cristão, ouvido pelo jornalLe Temps, indicando que esta era "uma proposta nefasta sobretudo para quem queria proteger".
A proposta da União Sindical Suíça (USS) previa que ninguém na Suíça pudesse ganhar menos do que 22 francos (18 euros) por hora, o que para um trabalhador a tempo inteiro (42 horas semanais) equivaleria a uma remuneração mensal de 4000 francos (3270 euros).
Um valor que é muito acima do que é pago em qualquer outro país do mundo – no Luxemburgo, que detém o salário mínimo mais alto da UE, a remuneração é de 1921 euros –, mas que a USS assegurava ser o mínimo para que um trabalhador possa “viver com dignidade” face ao elevado custo de vida no país, sobretudo nas grandes cidades. Os sindicatos sublinhavam ainda que a medida teria um impacto reduzido, já que apenas 9% dos trabalhadores recebem abaixo dessa fasquia.
Os eleitores foram, no entanto, mais sensíveis aos argumentos do Governo e das confederações patronais, para quem a imposição desta medida levaria ao aumento do desemprego (que na Suíça é apenas de 3,2% da população activa) e à perda de competitividade da economia suíça. Alguns sectores, em particular a agricultura, avisaram mesmo que não tinham condições para pagar salários tão altos, pelo que se a medida fosse aprovada, corriam risco de extinção.
O Partido Socialista, que apoiou a iniciativa dos sindicatos, reconheceu que o voto demonstra que os suíços continuam a preferir que os salários sejam determinados pelas convenções colectivas de trabalho. Mas a deputada Ada Marra dizia ao Le Temps que a discussão teve o mérito de forçar os grandes retalhistas "como o Aldi, o Lidl ou a H&M a adaptar os salários" que pagam aos seus trabalhadores. Público
Os três partidos - a começar da esquerda para a direita - são os Verdes, os Social-Democratas e o Partido Liberal Verde, todos eles de Esquerda. Quanto à Direita, bem se vê como são minoritários entre estes jornalistas - e o SVP, nacionalista, etnicista, que quer liberdade de expressão para os «racistas», nem sequer está presente.
Isto no país onde há mais dez anos o SVP, nacionalista, anti-imigração, que quer liberdade de expressão para os «racistas», é precisamente o partido mais votado... o que mais uma vez confirma, sem margem para dúvidas, o imenso, e crescente, fosso ideológico entre o homem do povo e a elite político-cultural que controla os mé(r)dia dominantes e a cultura. Um exemplo ainda mais flagrante é este - a esmagadora maioria dos professores das universidades da maior potência do Ocidente, EUA, é de Esquerda e, ultimamente, está ainda mais à Esquerda:
O caso suíço atesta, sem margem para dúvida, que mesmo tendo à partida contra si a prática totalidade da imprensa, mesmo assim o Nacionalismo do SVP/UDC avança e vence referendos, o que mostra, mais uma vez, que acima de todo o condicionamento cultural esquerdista, lavagem cerebral universalista e evangelização anti-racista, está o visceral, vital e primordial instinto do Povo em defesa do sagrado Nós - e, por isso, a Democracia, que é o poder do povo, constitui a maior aliada potencial do Nacionalismo.
A minha filha S. é economista e vive na Suíça há três anos, onde trabalha. A Suíça é um pequeno país com 5 milhões de habitamtes, do tamanho da nossa região Norte, com uma má qualidade de vida, onde se trabalha bem, e se ganha ainda melhor.
A S. chega no próximo Sábado a Portugal para passar uma semana de férias. Ficou hoje assente por mail que a vou buscar ao aeroporto.Da última vez que cá esteve, e não foi há muito tempo, falávamos precisamente de férias. Dizia ela, com uma certa admiração que os suíços só gostam de passar férias na Suíça. Ao contrário de ti - respondi eu - que estás lá há três anos e, nesse período, já foste passar férias ao Brasil, ao Egipto, à Tailândia, e várias vezes em Portugal.
Aproveitei para lhe explicar que era uma questão de cultura. A Suíça foi um dos maiores centros do protestantismo e a cultura protestante, masculina, é paroquial. Os suíços gostam em primeiro lugar daquilo que é deles, acham que o seu país é o melhor do mundo e tudo o que existe no estrangeiro é mau por comparação.
Nós, de cultura católica, somos ao contrário. A felicidade nunca está connosco e nas nossas coisas, está sempre no exterior, quase sempre lá longe, no estrangeiro. Um português, desde que tenha dinheiro, quer é passar férias no estrangeiro, nas Maldivas, na Tailândia, quer lá agora passar férias em S. Pedro da Cova ou na Ericeira. E, então, se for uma mulher portuguesa....É uma característica feminina - uma mulher nunca está feliz com o que tem. Os homens conformam-se mais com aquilo que têm.
Tu, aliás, és um excelente exemplo. Em três anos na Suíça conheceste mais mundo do que um suíço, nas tuas condições, irá provavelmente conhecer em toda a sua vida. Do ponto de vista económico a atitude cultural dos suíços é favorável ao seu próprio enriquecimento. Valorizam as suas próprias coisas e gostam de consumir as suas próprias coisas, e só em última instância importam do estrangeiro. Nós, pelo contrário, gostamos em primeiro lugar é do que não é nosso, de consumir aquilo que é estrangeiro, e só em última instância aquilo que é nacional. Andamos sempre enrascados financeiramente.
Esta diferença cultural também mostra por que é que um regime de liberdade comercial funciona para os suíços mas é ruinoso para nós. Abram-se as fronteiras na Suíça ao comércio internacional e os suíços vão consumir, em primeiro lugar, aquilo que é suíço. Nenhum problema existe. Faça-se o mesmo em Portugal e os portugueses vão consumir, em primeiro lugar, aquilo que é estrangeiro. Ficamos arruinados. A teoria económica que é boa para os suíços é ruinosa para nós. Também mostra que o regime de governação económica que é adequado para a Suíça pode ser ruinoso para nós. Como se dúvidas ainda existissem.
O voto a favor de um endurecimento do direito de asilo, a 9 de junho, é o primeiro de uma série de referendos sobre o acolhimento de estrangeiros. Tradicionalmente aberta aos imigrantes, a Confederação poderá, por pressão da crise, redefinir a sua identidade e fechar-se sobre si própria.
Nas carruagens de primeira classe não há um único lugar livre. São sete da manhã de uma quinta-feira no comboio que liga Zurique, o centro financeiro suíço, a Berna, a capital. Em quase todos os países esta seria, simplesmente, a imagem de um comboio cheio. Na Suíça não. Nesta ilha de prosperidade europeia, os comboios e os engarrafamentos em algumas estradas tornaram-se, para muitos suíços, sintomas evidentes de que alguma coisa está mal, de que as costuras do Estado-Providência estão a rebentar.
Definitivamente, sentem que neste pequeno país não há lugar para todos e que, portanto, chegou o momento de pôr ordem nas fronteiras. É um discurso que se ouve na rua, mas também nos gabinetes oficiais, onde agora se faz eco de uma agenda política defendida há anos pela extrema-direita.
Imigrantes são o motor da economia
Ontem, em referendo, os suíços aprovaram com uma larga maioria (79%) um endurecimento da sua lei de asilo. Tradicionalmente, em comparação com outros países da UE, a Suíça sempre foi um país muito generoso no que diz respeito ao acolhimento de refugiados políticos. O referendo realizado ontem é apenas um passo numa bateria de iniciativas com que a classe política quer dar resposta à crescente ansiedade dos cidadãos. A medida mais badalada, e que irritou Bruxelas, foi a ativação da chamada cláusula de salvaguarda, através da qual a Suíça restringiu as autorizações de permanência de longa duração dos trabalhadores da União Europeia, incluindo os espanhóis.
Nos próximos 18 meses, mais três referendos decidirão sobre a entrada de estrangeiros no país e contribuirão para redefinir a identidade de um país em que os imigrantes (23% da população, a maioria dos quais europeus, com os alemães à cabeça) foram historicamente os motores da economia.
A questão da cláusula de salvaguarda foi sobretudo uma medida simbólica. Afetará apenas três mil trabalhadores da UE que, em qualquer caso, poderão pedir autorização de curta duração até que, no próximo ano, expire a restrição. Tratou-se, como reconhecem os próprios governantes, de acalmar a população e de demonstrarem que são capazes de tomar decisões para controlarem a entrada e saída de trabalhadores, inclusivamente contra Bruxelas.
Tormenta passou ao lado da Suíça
Os problemas financeiros dos países da União contribuíram, em boa medida, para exacerbar os medos. A dura tormenta que fustiga com força o resto da Europa voltou a passar ao largo da Suíça, onde a economia está bem — previsão de crescimento de 1,2% —, o desemprego é quase insignificante — cerca de 3% —, e o exercício da sua muito especial democracia direta ainda lhe garante uma estabilidade política invejável. A sociedade suíça teme que hordas de trabalhadores estrangeiros mais ou menos qualificados venham estragar-lhes a festa.
Os idiomas estrangeiros confundem-se nas grandes cidades suíças. O espanhol, como o de Juan Crevillén, ouve-se com muita frequência. Crevillén é um jovem arquiteto que, desde há dois anos, trabalha num ateliê de Zurique. Aqui, ganha três mil euros líquidos por mês, mas avisa quem está a pensar em emigrar que a vida na Suíça é muito mais cara.
O patronato suíço não quer restrições de entrada. Para eles, quanto mais concorrência, melhor. Thomas Daum, presidente da União Patronal Suíça, defende que 2014 é um ano chave em que, com as suas votações, os suíços redefinirão a sua identidade. Daum considera que o pior ainda está para vir e que a ativação da cláusula de salvaguarda foi um mal menor. “Durará apenas um ano. A grande questão é o que vai acontecer nos próximos meses, nas próximas votações contra a imigração.
Medo dos estrangeiros nas zonas rurais
O nosso mercado laboral não é pequeno, não basta para que a nossa economia funcione”, afirma Daum. As grandes empresas farmacêuticas, a banca e a produção de maquinaria para exportação, principais pilares da economia, simplesmente não funcionariam sem a mão-de-obra dos que vêm de fora.
Os grandes argumentos utilizados pelos que que pedem que a entrada de estrangeiros seja limitada desmoronam-se de repente. Os comboios não andam cheios porque há mais gente, mas sim, em parte, porque o serviço melhorou. Que a presença de estrangeiros propicia o dumping social, ou seja, a queda dos salários, é coisa que o patronato nega e que os sindicatos consideram que, a acontecer, deveria ser resolvido com mais inspeções.
E que há mais criminalidade — ao contrário do que acontecia antes, os suíços já não deixam as portas das suas casas abertas — é possível. No entanto, verifica-se que é nas zonas rurais, onde quase não há roubos nem ataques, que o discurso do perigo dos estrangeiros está mais arreigado, o que demonstra, uma vez mais, que o poder da perceção perante o da realidade.
Infrastruturas não se adequaram
É precisamente fora das cidades que triunfa a extrema-direita populista, a maior força no parlamento e, provavelmente, a principal responsável de que o debate sobre a imigração esteja, nos últimos tempos, a par com o segredo bancário, na agenda política da Suíça.
No entanto, é verdade que, todos os anos, a população suíça aumenta várias dezenas de milhares de pessoas, num país com apenas oito milhões de habitantes e que algumas infraestruturas não se adequaram ao tamanho da população.
“Houve um crescimento demográfico importante nos pulmões económicos do país que, por exemplo, não foi acompanhado por uma política imobiliária e os preços dos apartamentos subiram. E também se culpam os estrangeiros por esse facto”, diz Cesla Amarelle, professora de direito migratório na Universidade de Neuchâtel e deputada socialista. No comboio de regresso a Zurique há lugares vagos nas carruagens. Já não é hora de ponta.
Um pouco de democracia direta, à maneira helvética, não faria mal à União Europeia. O exemplo suíço mostra, designadamente, que, quando são os próprios cidadãos a tomar as rédeas da política, o Estado e a dívida se tornam menos pesados.
Nos confins da esquerda, ouve-se um apelo a “mais Suíça”: é algo novo e original. Na origem deste novo entusiasmo de Berlim e Bruxelas pela Confederação Helvética, encontra-se o referendo suíço sobre a “iniciativa Minder” – uma iniciativa popular contra as remunerações abusivas, cujo instigador se chama Thomas Minder, patrão de uma empresa familiar suíça e senador.
Não vamos analisar a fundo aqui esta última iniciativa popular: na medida em que permite aos acionistas decidir diretamente qual a remuneração dos seus dirigentes, trata-se de uma medida retificativa pertinente para restabelecer a ligação entre propriedade e controlo [no seio da empresa].
A mesma questão de ordem estrutural coloca-se no que diz respeito às relações entre os cidadãos e os responsáveis políticos. Numa democracia, os eleitos devem agir em nome do povo. O cidadão é rei. Na prática, as coisas passam-se como entre o pequeno acionista e uma grande sociedade de capitais: é ingrato e difícil para o eleitor tomar decisões sobre as atividades multidimensionais dos seus representantes no Governo e no parlamento.
Assim, colocam-se duas questões de fundo. De uma maneira geral, que efeitos tem a democracia direta na Suíça? E os métodos de democracia direta (o referendo e as iniciativas populares) deverão ser recomendadas aos outros países da Europa, designadamente em matéria de política europeia?
Autonomia dos cantões e comunas
Em mais nenhum lugar, a democracia direta está tão desenvolvida como na Suíça. E o mesmo se pode dizer do “federalismo financeiro”, que, na sua versão helvética, se caracteriza por uma autonomia relativamente ampla dos cantões e das comunas. Na Suíça, são organizados várias vezes por ano, a nível local, referendos financeiros obrigatórios e facultativos. As iniciativas populares permitem que os cidadãos incentivem ou revoguem livremente as decisões políticas. E todas as transferências de soberania a uma escala superior têm de ter o aval direto da população.
Os resultados são bastante eloquentes: as coletividades territoriais são menos esbanjadoras, quando os cidadãos podem decidir por si qual a utilização do seu próprio dinheiro. A sua parcimónia tem por efeito aliviar a pressão fiscal. E a dívida também recua, graças aos referendos financeiros, que permitem que sejam os próprios cidadãos e não os governos a assumir a gestão dos fundos públicos.
Mas nem por isso a “solidariedade” passa para segundo plano. Apesar de, globalmente, os cantões que praticam a democracia direta redistribuírem menos, isso não significa de modo algum que o nível de redistribuição seja insuficiente para os pobres. A desigualdade social não é mais forte nos cantões que praticam a democracia direta. Pelo contrário, tudo leva a crer que, nesses cantões, as transferências sociais são mais racionais.
Tudo isto leva a um aumento da produtividade económica, graças a serviços públicos de melhor qualidade e a uma política financeira mais sã do que nas democracias unicamente representativas.
Felix Helvetia! A opinião pública limita a dívida, ao promover o respeito pelas obrigações fiscais, a eficácia e a subsidiariedade: não é precisamente disso que toda a Europa precisa hoje?
O modelo helvético será exportável?
A organização de referendos europeus, por exemplo sobre a introdução das euro-obrigações, sobre o reforço do mecanismo de apoio aos países em dificuldades ou sobre uma maior harmonização fiscal, não iria alterar em nada o “défice democrático” da UE. Em primeiro lugar, porque a democracia pressupõe um demos, um povo europeu capaz de conceber e exprimir uma “solidariedade” europeia e uma opinião pública. Coisa que, para já, não se divisa. Por outro lado, este tipo de consultas poderia facilmente levar as “maiorias” a constituir reservas de transferências ou benefícios específicos em detrimento de outros – segundo a divisa: “somos nós que decidimos e são vocês que pagam”.
O défice de democracia europeu começa ao nível dos Estados-membros. E a democracia direta tem aqui uma função importante, ao defender a descentralização do processo de tomada de decisões e das responsabilidades. O Governo e o parlamento representam o povo. É grande o risco de os chefes de Estado e de Governo, reunidos no Conselho Europeu, tomarem decisões que transferem a soberania dos Estados-membros para a escala europeia e que deixam assim de ter em conta os interesses dos seus cidadãos.
É esta a razão pela qual as grandes transferências de competências e de direitos soberanos para a escala supranacional não devem ser decididas pelos governos, ao sabor de reuniões de crise noturnas, e devem, sim, ser legitimadas diretamente – portanto, pela via do referendo.
Sobre as questões europeias, seria bom recorrer à democracia direta, nos domínios em que a Suíça a pratica frequentemente: os cidadãos devem poder decidir, a nível local, o que acontece ao seu dinheiro e dizer em que medida querem ser garantes das dívidas de outrem.
A União Europeia no seu conjunto poderia beneficiar dessa helvetização – desde que o processo assumisse a forma de um programa de reformas ambicioso das instituições políticas.
Cláusula de salvaguarda sobre a livre circulação de pessoas pode ser accionada já em Abril. País está preocupado com o "boom" de emigrantes oriundos do sul da Europa.
A medida já é aplicada a oito países do leste da Europa e a Suíça pondera agora estendê-la aos do sul, incluindo Portugal, Espanha e Itália na lista de países com limitações de entrada no país.
A cláusula de salvaguarda sobre a livre circulação de pessoas está prevista no acordo assinado com a União Europeia, em 1999, e a decisão do Conselho Federal deverá ser tomada até Abril, avançou esta terça-feira o diário francês “Les Echos”.
Para accionar a cláusula, o número de pedidos de autorização de residência tem de ser 10% acima da média dos últimos três anos, o que deverá acontecer já a 31 de Maio, devido às “chegadas maciças” de imigrantes oriundos dos três países em causa.
O conselheiro federal [ministro] Didier Burkhalter já confirmou que essa possibilidade está a ser ponderada: “A questão de impor a cláusula a todos os Estados membros da UE está em discussão”, disse à televisão suíça RTS.
Prazo de um ano
A acontecer, a medida deverá ter um prazo de apenas um ano, acrescentou Didier Burkhalter. Quando a medida foi aplicada pela primeira vez, em Abril de 2012, Bruxelas nao poupou o Conselho Federal de críticas, o que poderá levar a Suíça a ponderar a decisão desta vez.
Desde Abril de 2012 que a Suíça concede apenas 2000 vistos de trabalho por ano a cidadãos da Polónia, República Checa, Hungria, Estónia, Lituânia, Eslováquia e Eslovénia, um terço daquilo que permitia anteriormente.
Os media suíços falam de uma “explosão” de emigrantes - entre Janeiro e Agosto de 2012 havia mais de 12300 portugueses a viver no país, um número semelhante ao registado em 2011 – e o jornal “Les Echos” escreve que “a Suíça já não quer mais acolher a miséria da Europa”.
Há cerca de 20 anos, a 6 de dezembro de 1992, os eleitores suíços rejeitaram por referendo a adesão do país ao Espaço Económico Europeu. Esta votação acabou com todas as perspetivas de adesão à UE, mas não impediu a assinatura de diversos acordos bilaterais entre a União e a Confederação Helvética. A 2 de dezembro, numa reunião dos seus partidários, o líder do UDC (União Democrática do Centro, direita tradicionalista), Christoph Blocher, afirmou que “a situação é tão perigosa como em 1992”. Segundo este, o Conselho federal, o executivo suíço, tenciona fazer com que o país entre na UE. Press Europe