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A-24

O que se passa entre o PS e Sócrates

por A-24, em 10.12.14
João Marques de Almeida


Sócrates tem um grande poder: as vitórias do PS nas legislativas e de Guterres nas presidenciais dependem dele. Se ele quiser, Costa e Guterres perdem. A sucessão de visitas mostra que o PS sabe disso
Há alguma coisa de estranho nas visitas dos dirigentes do PS ao antigo PM, José Sócrates. Claro que se pode sempre usar o argumento da “amizade”, como todos têm feito. Não será necessário escrever um ensaio sobre a amizade, e sobretudo sobre a amizade em política, para perceber que há qualquer coisa mais do que a amizade. E a maior surpresa veio com as declarações do actual líder socialista, António Costa. Vai, obviamente, “visitar um amigo”, mas só durante as “férias do Natal”. Se é mesmo um “amigo”, e a se a visita é a “título pessoal”, não arranjará António Costa algum tempo, nem que seja num Domingo, para ir visitar um amigo? E por que razão, o líder do PS sentiu necessidade de anunciar a visita com semanas de antecedência? A outra visita surpreendente foi a de Guterres. Não a visita, mas a sua duração: “vinte minutos.” Quem vai a Évora, pode ficar um pouco mais. Por exemplo, Silva Pereira, um “verdadeiro amigo”, ficou uma hora e meia. Como se explica os 70 minutos de diferença? Pelos respectivos níveis de amizade?
A estratégia do PS em relação ao “caso Sócrates” tem sido a seguinte: até ao julgamento, Sócrates deve ser considerado inocente; e a “amizade pessoal” exige “solidariedade” numa hora difícil para um “amigo”. Formalmente, tudo bem e estou absolutamente de acordo. Mas a história está longe de acabar aqui. Os próximos episódios políticos são as eleições legislativas em Setembro/Outubro de 2015 e as presidenciais em Janeiro de 2016. E os casos de que Sócrates é acusado aconteceram durante o período em que liderava um governo socialista. No período em que, parafraseando o discurso de António Costa no Congresso do seu partido, “o PS tinha uma maioria, um governo e um Presidente.” Não foi depois de Sócrates ter abandonado São Bento. Ou seja, o que estará em causa é o comportamento de Sócrates como chefe de um governo, e não como um cidadão na sua vida privada. E esta é a diferença que pode ser fatal para o PS.
Além de terem mostrado a sua “solidariedade”, o que terão dito os dirigentes do PS a Sócrates em Évora? E que mensagens estará António Costa a enviar com o anúncio da sua visita? Todos nós sabemos que José Sócrates é um “animal feroz” (eu só o sei porque ele o anunciou aos portugueses numa entrevista; como nenhum dos seus camaradas alguma vez o desmentiu, presumo que seja verdade). Mas há uma coisa que sei: os “animais ferozes” não gostam de ser mal tratados. E Sócrates está absolutamente convencido que foi mal tratado. As suas cartas não são apenas “cartas de ódio”, são também “cartas de ameaças” ao seu partido. Sócrates tem um grande poder: as vitórias do PS nas eleições legislativas e de Guterres nas presidenciais, dependem dele. Se ele quiser, Costa e Guterres perdem. E a sucessão de visitas mostra que o PS sabe isso. A visita de Guterres foi, na minha opinião, a declaração de que é, pelo menos, pré-candidato presidencial. Sócrates decidirá se também será candidato. Calculo que em Évora, os amigos de Sócrates lhe dirão qualquer coisa como “tem calma e não prejudiques o partido.”
Estamos perante um jogo muito complicado e perigoso. O PS precisa do silêncio de Sócrates para ganhar. Mas Sócrates tem que fazer barulho e de escrever cartas para o PS não se concentrar demasiado em Lisboa – em São Bento e em Belém – esquecer que Évora existe. Sócrates continuará a recordar regularmente que Évora também é Portugal. Quanto tempo poderá este jogo durar? E quanto tempo o país aguentará?
Há ainda outras questões por responder. Conseguirão os socialistas domar o “animal feroz”? Até agora não o conseguiram, e já enviaram os pesos pesados. A segunda questão é bem mais perturbante: estão a prometer alguma coisa a Sócrates em troca do seu silêncio?

A coerência de Mário Soares

por A-24, em 08.12.14
Rui Ramos

Custa talvez a reconhecer que o Mário Soares da Fonte Luminosa em 1975 é o mesmo da prisão de Évora em 2014. Mas é. Ele não mudou. E vai entrar na história com tudo isso.

Para muita gente, Mário Soares é uma dificuldade. Como é possível que o político que confrontou Vasco Gonçalves na Fonte Luminosa em Julho de 1975 seja o mesmo que defendeu José Sócrates diante da prisão de Évora em Novembro de 2014? A propósito, menciona-se a idade ou contradicções. Ora, Soares envelheceu certamente, mas não mudou. Há, na sua vida, uma coerência que convém reconhecer. Não é uma coerência doutrinária, como a que celebrizou Álvaro Cunhal, mas uma coerência prática, que explica, entre outras coisas, porque é que, tendo sujeito o país à austeridade em 1983, ao lado do PSD, a contestou em 2013, ao lado do PCP.  

O “enfant terrible” da democracia


O que nos impede de perceber Mário Soares é a vontade de o elevar acima de controvérsias e divisões. Há muito tempo que Soares parece pronto para ficar na história. É o último político em actividade que conheceu os barões assinalados da I República, como António Sérgio ou Jaime Cortesão. Está em fotografias com Norton de Matos em 1949 ou com Humberto Delgado em 1958. A ditadura salazarista prendeu-o, deportou-o e exilou-o. Depois de 1974, venceu e perdeu eleições, foi primeiro-ministro, foi presidente da república. Mas Soares, por mais avançado nos anos, nunca se dispôs a ficar-se pelo papel do velho estadista consensual. Com efeito, mais do que o clássico “pai fundador” do actual regime, ele foi acima de tudo o seu “enfant terrible”: o “sapo” que muitos tiveram de engolir, a pedra no caminho de quase todos. Soares enfrentou e contestou toda a gente: em 1975, Álvaro Cunhal; em 1980, o general Eanes, mas também Francisco Sá Carneiro; em 1994, Cavaco Silva e António Guterres; este ano, Passos Coelho e António José Seguro.

Não houve ninguém em Portugal, da direita à esquerda, que não tivesse tido Soares como adversário num momento ou noutro. Todas as correntes de opinião o acusaram, incluindo o partido que fundou: a direita nacionalista selecionou-o como principal responsável civil da descolonização de 1974; o PCP culpou-o pelo fracasso do PREC em 1975 (Álvaro Cunhal nunca lhe perdoou); muitos dos seus correligionários socialistas lamentaram a sua negligência ideológica e o seu favorecimento da direita, em 1978 (governo com o CDS), em 1983 (governo com o PSD) ou em 1987 (quando proporcionou a primeira maioria absoluta de Cavaco Silva); e a direita passou a encará-lo como um dos seus adversários mais radicais na fase final do governo de Cavaco Silva (1994-1995) e agora durante o último programa de ajustamento (2011-2014). Estes rancores têm uma razão: toda a gente, em certo momento, pensou que podia contar com Mário Soares, apenas para ficar desiludida com ele.

Oposicionista sem quixotismo

Mário Soares contestou todas as grandes propostas e situações de poder do seu tempo. Foi esse o papel histórico deste filho-família, literato e advogado da Baixa de Lisboa. Antes de 1974, combateu a ditadura salazarista, mas também a hegemonia que o PCP procurou exercer sobre a oposição. Depois de 1974, resistiu à aliança do PCP com o militarismo progressista, combateu o “eanismo”, e contrariou o reformismo liberal que a direita tentou protagonizar. Em geral, embora sem sempre, conseguiu polarizar conjugações de forças variadas para contrariar o que pareciam ser movimentos irresistíveis.

Soares parece ter concebido a oposição como um ponto de partida vantajoso. Em 1969, foi sondado por marcelistas liberais para se aproximar da ditadura, provavelmente em troca de um tratamento privilegiado. Recusou, para não deixar ao PCP o monopólio da resistência. Em 1974, aconselhou ao general Spínola que encaixasse o PCP no I Governo Provisório, mais uma vez para não deixar os comunistas aproveitar a oposição. Em 1978, quando o general Eanes forçou a sua demissão de primeiro-ministro, declarou que se sentia “livre como um pássaro”. Todos julgaram que ironizava. Era provavelmente mesmo assim. Fundamentalmente, Soares percebeu que numa sociedade plural e complexa, todo o poder suscita dúvidas e resistências, criando oportunidades de acção política.


Através dos seus protestos e impugnações, Soares marcou o desenvolvimento do actual regime: primeiro, impediu o estabelecimento de uma ditadura militar influenciada pelos comunistas, e ajudou à fundação de uma democracia pluralista, com uma economia de mercado, enquadrada pela NATO e pela União Europeia; desde então, identificou-se com todos os que contestavam a adaptação do Estado e da sociedade portuguesa à globalização e à integração monetária europeia.

Inicialmente, Soares acreditou que o seu Partido Socialista, fundado em 1973, seria um pequeno partido, fiel da balança entre uma grande Democracia Cristã e um grande Partido Comunista, como na Itália. Nada se passou assim. Em vez disso, o PS tornou-se em 1975, não só o maior partido, mas o único partido verdadeiramente nacional, com votos no sul e no norte. Em 1976, quando formou governo, discutiu-se a sua vocação “mexicana”. De facto, Soares acabou por passar os primeiros vinte anos do regime sobretudo na oposição, mesmo quando foi primeiro ministro ou presidente da república: no governo, entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, confrontou o presidente, o general Eanes; na presidência, entre 1986 e 1996, chocou com o governo chefiado por Cavaco Silva.

Soares tem assim pouco a ver com as figuras tutelares de outros regimes portugueses, como Fontes Pereira de Melo durante a Monarquia Constitucional ou Salazar sob o Estado Novo. Soares foi acima de tudo um político de oposição. Por isso, para além dos filiados no seu partido, reuniu à sua volta sobretudo personalidades em transição, desgarrados das suas famílias partidárias de origem: antigos marcelistas, ex-CDS, ex-comunistas, ex-PSD.

A tendência de Soares não foi tanto a de constituir um poder dominante, mas para reagir aos poderes tendencialmente dominantes em cada momento. Foi assim que se afirmou, que adquiriu poder e influência. Porque nunca o fez quixotescamente, para perder. No Verão de 1975, teve uma epifania numa praia do Oeste, cheia de famílias e de automóveis: num país com uma classe média veraneante, o comunismo não era possível. Kissinger julgou-o destinado a ser um Kerensky. Ele sempre soube que era possível ganhar. Em 2011, perante uma população envelhecida e uma Europa dividida, ter-se-á convencido de que a rejeição da Troika seria outra causa auspiciosa. E não hesitou em misturar-se com os seus antigos inimigos na Aula Magna, nem em permitir-se os maiores excessos verbais.

Se nunca foi um Dom Quixote, também nunca foi simplesmente um irrascível, dominado pelo simples gosto de contrariar. Em 1970, no exílio, evitou isolar-se e estendeu a mão a toda a gente, incluindo o PCP, que o atacara ferozmente no ano anterior. Nunca perdeu o instinto de sobrevivência política. Em 1974, conseguiu definir uma plataforma política abrangente: fim da guerra em África através da negociação com as guerrilhas, pluralismo partidário (“valor essencial”), e “abertura à Europa”. “Socialismo”, sim, mas com “rosto humano” e realista. Foi-lhe assim possível, em 1975, conspirar ao mesmo tempo com a igreja católica, a diplomacia americana e os moderados do MFA.

Republicano, laico, socialista e… político

Alguém perguntará: e o que é que ele era de facto? Mário Soares fez questão de se definir: “homem de esquerda”, ou mais detalhadamente, “republicano, laico e socialista”. Era, com efeito, de esquerda, sem os alçapões biográficos de François Mitterrand. Vinha de uma família republicana, com uma passagem pelo partido comunista no imediato pós-guerra. Mas aprendeu, na oposição ao salazarismo depois de abandonar o PCP, que não devia excluir ninguém em princípio. O seu republicanismo, numa época em que a forma republicana já não dividia, e o seu laicismo, extirpado de rigores anti-clericais, nunca o limitaram nos seus contactos, como haviam limitado os velhos republicanos de 1910. Tratou com católicos e monárquicos sem problemas de consciência. Também não estava condicionado, como os sociais democratas do norte da Europa, por uma máquina sindical pesada (em 1974, aliás, o PS quase não existia para além de um grupo de amigos). Pôde fazer política com todo o virtuosismo e desassombro, capaz de charme mas também de brutalidade, implacável num momento e magnânimo no outro.

Acima de tudo, Mário Soares é um político. “Desde criança que fui atingido pela política”, escreveu este ano de 2014 no prefácio ao seu livro mais recente, “Cartas e Intervenções Políticas no Exílio”. Em 1950, no seu primeiro livro, “As Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga”, examinou a questão do “primado da luta política sobre todas as outras actividades”. A política que o “atingiu” não foi uma qualquer política, mas a política de uma sociedade democrática e aberta. Na primeira “Carta de Paris” publicada no  jornal “República” em 1971, explicou aos seus leitores portugueses que os debates, conflitos, antagonismos e “complicadas coligações dos partidos” da França eram uma fonte de dinamismo e até de força. Pouca gente, num país com uma cultura anti-política, partilhada igualmente pelos tecnocratas da ditadura e pelos revolucionários da oposição, era capaz de conceber a política dessa maneira. Ele foi.

A Podridão do Regime

por A-24, em 08.12.14
Via História Maximus


"Não vale nada um povo que não sabe defender a honra da sua Pátria." - Friedrich von Schiller (1759-1805)


A gravíssima crise de regime a que temos assistido nos últimos tempos em Portugal já era de esperar há muito para quem é conhecedor daquilo que já aconteceu durante a Primeira República Portuguesa.
A fórmula política que foi imposta aos portugueses em consequência do 25 de Abril de 1974 não passa de uma cópia actualizada da já malograda Primeira República e por isso mesmo um desastre à espera de acontecer. O rotativismo partidário, a corrupção em larga escala e a todos os níveis da máquina do Estado, a incompetência, a cobardia, a traição, a mentira compulsiva e todos os restantes elementos nefastos que acabaram por culminar no colapso da Primeira República estão hoje presentes na actual versão da República que só ainda não colapsou ou foi derrubada pela força por não existirem condições internacionais (ainda...) que permitam tal aventura. 
Nunca escondi o facto de ser totalmente avesso ao actual regime e por isso espero e anseio ardentemente para que os ventos políticos na Europa mudem o mais rapidamente possível de forma a permitir as condições necessárias no plano internacional para a derrota e destruição definitiva do regime de traição e corrupção ilimitada que hoje governa Portugal.
Se os portugueses ainda não perceberam, então é hora de perceberem que a raiz do mal no regime republicano e já anteriormente no regime da monarquia liberal (a verdadeira origem de quase todos os males...) foi desde sempre os partidos políticos. Um partido, tal como o nome o indica, representa uma parte da Nação e não o todo. Mais grave ainda do que isto é o facto de os partidos existirem apenas para se combaterem perpétuamente uns aos outros numa luta fratricida e extremamente dispendiosa para os bolsos do contribuinte. O resultado desta situação é que raramente os partidos conseguem chegar a acordo seja no que for e mais raramente ainda defendem o interesse nacional, pois acima de tudo está a defesa dos interesses do partido e dos seus respectivos militantes.
Por outro lado, os partidos políticos funcionam como empresas e tal como qualquer empresa o seu objectivo é ter lucro. A forma de obter este lucro é mediante a corrupção, nomeadamente favorecendo determinadas empresas, sociedades de advogados e bancos que em troca de determinados favores financiam campanhas eleitorais e garantem prémios chorudos aos políticos que as beneficiam. 
O jogo "democrático" ou jogo dos partidos apesar de ser teoricamente atraente e até mesmo sedutor, na prática é extremamente prejudicial aos interesses colectivos da Nação e à sociedade civil como um todo, pois enfraquece a mesma e torna-a permeável a inúmeros vícios. O alto capital apátrida e internacionalista entretanto agradece e esfrega as mãos de felicidade com esta situação, pois quanto mais decadente ficar a sociedade civil e quanto mais fracas ficaram as instituições nacionais, mais fácil é para o mesmo dominar uma Nação e escravizar os seus habitantes.
Como é que os portugueses passaram de um povo guerreiro que em tempos se destacou pela tenacidade com que empreenderam a Reconquista e posteriormente a fantástica epopeia dos Descobrimentos, para um povo que arrisco chamar de letárgico, é coisa que não consigo compreender e sinceramente duvido que alguém seja capaz de tal.
Orlando Braga escreveu há poucos dias atrás que "a irracionalidade da nossa sociedade só poderá ser superada com muita violência"[1], hoje, mais do que nunca sou obrigado a concordar com este pensamento não por ser um psicopata, pois decerto que não o sou, mas porque já percebi que na História normalmente o que nasce afogado em sangue, morre afogado em sangue. O actual regime que governa Portugal foi erguido sobre a pilha de mais de um milhão de cadáveres que resultaram da "descolonização exemplar", quando cair e há-de cair, é provável que deixe atrás de si outro banho de sangue.
Resta-nos então esperar que soprem ventos de mudança do resto da Europa e que o actual regime continue a apodrecer a rápida velocidade de forma a que quando chegar a hora de "atravessar o Rubicão" o mesmo possa ser facilmente removido, com o mínimo de danos colaterais possíveis e que os seus agentes, servos de Mamon e vassalos de Lúcifer, sejam devidamente julgados e condenados à única pena adequada a patifes da sua laia. 
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Notas:
[1] BRAGA, Orlando - A irracionalidade da nossa sociedade só poderá ser superada com muita violência. Algol Mínima, 21 de Novembro de 2014. Link: http://www.algolminima.blogspot.pt/2014/11/a-irracionalidade-da-nossa-sociedade-so.html

A Herança de Sócrates

por A-24, em 06.12.14
via Viriatos da Economia

- Dívida Pública aumentou 90.000 milhões de euros entre 2005 e 2010.
- Nacionalizou o BPN, com o contribuinte a pagar, aumentando o seu buraco em 4.300 milhões em 2 anos, e fornecendo ainda mais 4.000 milhões em avales da CGD que irão provavelmente aumentar a conta final para perto de 8.000 milhões, depois de ter garantido que não nos ia custar um euro.
- Derrapagem de 695 milhões nas PPPs só em 2011.
- Aumentou custo do Campus da Justiça de 52 para 235 milhões.
- A CGD emprestou 300 milhões a um amigo do partido para comprar ações de um banco privado rival, que agora valem pouco mais que zero.
- Injectou 450 milhões no BPP para pagar salários dos administradores.
- Desbaratou 587 milhões do OE de 2011 em atrasos e erros de projeto nas SCUTs Norte.
- Desapareceram 200 milhões de euros entre a proposta e o contrato da Autoestrada do Douro Interior.
- Anulou e deixou prescrever 5.800 milhões em impostos.
- Perdeu 7.200 milhões de fundos europeus pela incapacidade do governo de programar o seu uso.
- Enterrou 360 milhões em empresas que prometeu extinguir.
- Contratou 60.000 milhões em PPPs até 2040.
- Usou Reformas para financiar a dívida de SCUTs e PPPs.
- Deu de mão beijada 14.000 milhões aos concessionários das SCUTs na última renegociação.
- Deixou agravar o passivo da Estradas de Portugal em 400 milhõesem 2009.
- Deu 270 milhões às Fundações em apenas dois anos.
- Pagou à EDP, em rendas excessivas, 3.900 milhões tirados à força da vossa fatura da eletricidade.
- Deixou os sindicatos afundar as EPs em 30.000 milhões de passivo para os camaradas sindicalizados com salários chorudos e mordomias, pagos pelo contribuinte.
- Aprovou um TGV que já nos custou 300 milhões só em papelada, e vai custar outro tanto em indemnizações
- Mais todos os milhões enterrados no Aeroporto fantasma de Beja, totalmente inoperacional, inaugurado à pressa antes das eleições para fechar logo de seguida.

Ainda o congresso do PS

por A-24, em 04.12.14
Via Palavrossaurus Rex

O XX Congresso Nacional do PS não o foi. Ao Fantasma terrível do Detrito 44 somou-se o Fantasma do Vazio e o Fantasma de quantas vozes foram postas em silêncio. Muita roupa ficou por lavar. A lama continua e continua a boa consciência falaciosa deste partido destroçado de egoísmo, cegueira e todas as metástases de egolatria semeadas no passado. 
Notoriamente, apesar de perpassado por alguma juventude emocionalóide e seus arrancos taurinos e entradas de leão, o PS não tem qualquer pensamento, não tem capacidade de auto-revisitação e de autocrítica, não tem qualquer espécie de autoridade. Passou uma péssima imagem de petrificação mental e amotinamento retórico, à maneira dos "Congressos" em Cuba e na Coreia, os quais, antes de acontecerem, já se sabe quem invectivarão, já se sabe a que conclusões chegarão e que ódios oficiais serão renovados, num imobilismo atroz que chega a ser mesmo doloroso. 

Definitivamente, este Partido não está pronto para o Século XXI. A travessia do deserto promete ser brutal para estes Militantes Fóssis, caso tenhamos Povo com memória, sentido de exigência e espírito crítico, com a intuição de que qualquer caminho sólido de melhoria de condições de vida e bem-estar se fará pelo lado difícil, exigente e duro; um Povo com a noção de que a herança destes socialistas foi um País depauperado e endividado, a braços com mais uma ingerência externa, dívidas contraídas nos anos da Festa Despesista a cobrar nos anos da mais Amarga Austeridade.

Jardim anuncia demissão após 37 anos no poder

por A-24, em 04.12.14
DN

Presidente do governo regional quer deixar cargo em janeiro ao novo líder do PSD/M. Candidatos querem eleições antecipadas
Quando Alberto João Jardim chegou, em 1978, a líder do Governo Regional da Madeira o mundo ainda tinha duas Alemanhas, o presidente norte-americano era Jimmy Carter e Portugal vivia o seu primeiro Governo Constitucional. Ontem, o político eleito, por via democrática, há mais tempo no poder em todo o mundo, anunciou a sua saída: Demite-se a 12 de janeiro.
Uma coisa Jardim já sabia: que perdia o trono do partido na ilha (é seu há 40 anos), pois há eleições internas no PSD/Madeira em dezembro. Porém, o seu mandato no governo prolongava-se até outubro de 2015, data em que ocorrem as legislativas regionais.

Política Nacional: O bando dos seis do BE

por A-24, em 03.12.14
Observador

João Semedo saiu para dar provas de que não ia ficar tudo na mesma. Catarina Martins continuou como porta-voz, mas ao seu lado estão agora mais cinco pessoas, incluindo Pedro Filipe Soares, o desafiante, que se mantém como líder da bancada. Foi esta a solução encontrada pelos dirigentes do BE para ultrapassar o impasse em que o partido mergulhou na IX convenção da semana passada, que culminou com um empate técnico entre a lista de Catarina Martins e João Semedo, e a lista de Pedro Filipe Soares. E serão estas seis pessoas que daqui para a frente vão dirigir a Comissão Política do Bloco de Esquerda e tomar todas as decisões, em conjunto.

As funções que cada um dos elementos desempenhará no novo modelo de coordenação deverão ser definidas esta semana, quando a comissão permanente se começar a reunir. Eis os novos coordenadores do Bloco de Esquerda:

Catarina Martins

Apresentação pública da Moção Unitária em Construção do BE
Com a saída de João Semedo, que não vai integrar a Comissão Política, mantendo apenas o cargo de deputado e de dirigente eleito para a Mesa Nacional, Catarina Martins passa a ser o símbolo da continuidade. No final da reunião da Mesa Nacional, a agora porta-voz do partido (um partido que, em todo o caso, nunca reconheceu a figura do líder) disse que a solução encontrada era uma resposta ao “apelo de João Semedo na convenção para enterrar a disputa interna e construir um Bloco unido”.

Formada em Teatro, Catarina Martins tornou-se deputada pelo Bloco de Esquerda em 2009 e foi o nome escolhido em 2012, juntamente com João Semedo, para suceder a Francisco Louçã na coordenação do partido. Ao longo destes dois anos coordenou o BE ao lado de Semedo segurando a bandeira da paridade, sempre sublinhando o orgulho de o Bloco de Esquerda ser o primeiro partido português a instituir a paridade de género em todos os órgãos de direção. Um modelo que, de certa maneira, cai agora por terra. Passa agora a ser porta-voz do partido, um degrau relativamente à frente dos restantes cinco elementos da direção permanente, para fazer jus ao facto de o seu projeto político ter sido o mais votado na convenção.

Não tem origem política em nenhuma das três correntes fundadoras do Bloco de Esquerda (até porque ingressou já tardiamente no partido), mas é uma das promotoras da atual tendência Socialismo, que foi criada em 2013 para agregar várias sensibilidades – do PSR à Política XXI, passando pelos aderentes que não estavam previamente ligados a nenhuma corrente. Desta, só a UDP ficou de fora. Ideologicamente é mais próxima de Francisco Louçã e Fernando Rosas. E no trabalho de preparação das moções à convenção, Catarina Martins orgulhou-se de dizer que históricos da UDP, como Mário Tomé, Manuela Tavares e Pedro Soares, também se dispuseram ao seu lado.

Pedro Soares

À falta de João Semedo, e para cumprir a regra da paridade, Pedro Rodrigues Soares (não confundir com Pedro Filipe Soares) foi o nome masculino proposto pela moção U para integrar esta comissão de apoio à porta-voz.

Foi eleito deputado do Bloco de Esquerda em 2009, função que exerceu até 2012. Ideologicamente, esteve ao lado da UDP no processo de formação do Bloco, mas, a par de outros históricos desta corrente como Mário Tomé e Manuel Tavares, não subscreveu a tendência Esquerda Alternativa criada recentemente por Luís Fazenda e Pedro Filipe Soares e, para esta convenção, optou por ficar ao lado de Catarina Martins e João Semedo na elaboração da moção U.

É formado em Geografia e professor no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Um histórico dirigente bloquista que volta agora para a ribalta, fazendo par com Catarina Martins na representação daquela lista na comissão permanente.

Pedro Filipe Soares

BE/Convenção: Pedro Filipe Soares diz que "participação recorde" mostra "vontade de mudança"

Foi o desafiador, na convenção do Bloco de Esquerda. Não saiu vencedor, mas também não se pode dizer que tenha sido derrotado. Com o empate que conseguiu na eleição da Mesa Nacional, impediu que a lista de Catarina e Semedo vencesse e que, assim, os dois continuassem como coordenadores do partido. O modelo de coordenação a dois, aliás, nunca foi bem acolhido pela ala da UDP (onde Pedro Filipe se encontra) que antes teria preferido uma solução com vários porta-vozes, semelhante àquela que agora foi aprovada. Ou seja, não tendo sido eleito coordenador, pode dizer-se que conseguiu levar avante o seu plano B.

Licenciado em Matemática Aplicada à Tecnologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, foi investigador na Universidade de Aveiro, sempre nas áreas da matemática e engenharia eletrónica, pelo que, em política, é destacado o seu pensamento lógico e calculado. É deputado na Assembleia da República desde 2009, líder da bancada parlamentar desde 2012 e, apesar do clima de divergências internas, vai continuar a ser o líder do grupo parlamentar neste novo ciclo bloquista. Mais uma vitória.

Juntamente com o histórico e fundador do BE Luís Fazenda, formou em 2013 uma tendência interna – a Esquerda Alternativa – para fazer frente à tendência Socialismo, criada pelos então coordenadores. Foi com base nessa tendência que construiu a moção E, com que desafiou os coordenadores na convenção de 22 de novembro. Ideologicamente, vem da ala fundadora da UDP, que, apesar de ser hoje uma associação política externa ao BE, é uma das alas de maior peso dentro do partido.

Mariana Mortágua

É precisamente a presidente da UDP (associação política), o que faz com que, assumidamente ou não, esta corrente possa vir a ganhar mais peso dentro da direção bloquista. Joana assinou a tendência Esquerda Alternativa quando Fazenda e Filipe Soares a criaram, colocando-a na ala oposta à da sua irmã, a deputada Mariana Mortágua.
Tem sido dirigente e membro da Comissão Política do BE, e nas eleições legislativas de 2009 chegou a ser cabeça de lista do BE no círculo de Évora. Mas nunca teve papéis de relevo mediático no partido. O facto de ser presidente da direção nacional da UDP desde 2010 e de agora estar num cargo de topo da direção do partido faz com que esta corrente exerça cada vez mais influência no seio do Bloco. Em termos de formação ideológica, diz-se profundamente marxista. Joana Mortágua é um rosto importante do partido que tem estado nos bastidores. Até agora.

Adelino Fortunato

Economista de profissão, é atualmente professor de Economia da Universidade de Coimbra e um dos primeiros subscritores da moção B (‘Refundar o Bloco na lutacontra a austeridade’), que conseguiu eleger sete dirigentes na última convenção. Tem sido a tradicional oposição à direção, servindo por vezes de refúgio para alguns descontentes (Daniel Oliveira chegou a alinhar pela moção B). Na última convenção, em 2012, elegeu 19 membros para a Mesa Nacional.

Candidato do Bloco de Esquerda à presidência da Câmara Municipal de Sesimbra nas autárquicas do ano passado, a moção B (assim como a R) acabam por ser favorecidas neste modelo de coordenação conjunta uma vez que é a única forma de ganharem assento.

Não está ligado a nenhuma corrente fundadora do partido – PSR, Política XXI ou UDP – mas tem tido um percurso político sempre ligado à esquerda. É o dirigente efetivo designado pela lista B para a comissão permanente, mas em função do seu trabalho na Universidade poderá ser substituído em determinadas ocasiões pelo suplente, o historiador João Madeira, que tem sido o principal rosto da moção B nos últimos anos.

Nuno Moniz

Natural dos Açores, é o rosto mais jovem do grupo e talvez o menos conhecido dos eleitores. Número dois da lista R (‘Reinventar o Bloco’) à Mesa Nacional, apareceu agora como o número um dessa lista para integrar a coordenação da Comissão Política do partido. Doutorando em Ciências da Computação na Universidade do Porto, é mestre em Engenharia Informática e tem sido sobretudo entre os jovens e no ativismo universitário, especificamente no norte do país, que tem feito ouvir a sua voz.

Não tem origem política em nenhuma das correntes fundadoras do Bloco de Esquerda e não faz parte de nenhuma das duas tendências que se criaram dentro do Bloco, nem da Socialismo (onde está Catarina Martins), nem da Esquerda Alternativa. Nuno Moniz deverá ser o membro da direção que fará a ponte com os eleitores mais jovens do BE, uma fatia da população que sempre foi importante para a estatística do Bloco.

Bloco ingovernável?

Como vai esta direção de tantas vozes pôr em prática o projeto político desenhado pela moção U (encabeçada por Catarina Martins e João Semedo), que foi o projeto mais votado na convenção, é a pergunta para um milhão de euros. Mas a direção bloquista relativiza essa questão. “Só seria fácil dirigir um partido com opiniões diferentes se houvesse uma pessoa a mandar em tudo”, afirma um dirigente ao Observador, realçando o facto de o BE não ser um partido “igual aos outros”, que “afunila no topo”.

“Isto não é o PS”, realça outro dirigente, para quem as várias sensibilidades existentes dentro do partido não traduzem “diferenças de fundo nem impossibilitam a colaboração” entre todos na condução diária do Bloco.”Temos opiniões diferentes, claro, mas isso é bom porque significa que vamos ter um grande debate”, diz um dirigente, desvalorizando as dificuldades de entendimento que se avistam no horizonte. A frase dita por Catarina Martins é agora repetida por todos: “A diversidade no Bloco não é defeito, é feitio”.

A proposta de dar posse a uma comissão permanente com representantes das várias listas eleitas foi avançada pela própria Catarina Martins e não esbarrou com qualquer oposição por parte dos dirigentes eleitos pela lista de Pedro Filipe Soares, sendo que só os membros das listas B e R, minoritárias, levantaram dúvidas e propuseram “pequenas” alterações. A proposta acabou por ter uma aprovação de 93% dos 79 dirigentes da Mesa, sem votos contra e com poucas abstenções.

Se antes o Bloco de Esquerda era uma espécie de “bando dos quatro“, numa referência aos fundadores Francisco Louçã, Luís Fazenda, Fernando Rosas e Miguel Portas, a verdade é que esses tempos já lá vão. “Hoje em dia, a grande maioria dos aderentes já não tem origem em nenhuma das quatro correntes fundadoras”, explica ao Observador um dos membros da direção. Razão pela qual o novo modelo de coordenação foi pensado para ir ao encontro dessa “nova realidade”. Em vez de quatro, agora são seis, em representação de três visões diferentes para o rumo do Bloco de Esquerda.

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por A-24, em 30.11.14
João Miguel Tavares no Público
Existe uma admirável coincidência entre os fazedores de opinião que estão a demonstrar uma hiper-sensibilidade às falhas do segredo de justiça e uma notável abnegação na defesa da presunção de inocência, e aqueles fazedores de opinião que durante anos e anos defenderam José Sócrates contra os ataques ad hominem e o julgaram vítima de infames conspirações. Quando vejo Miguel Sousa Tavares ou Clara Ferreira Alves mais entretidos a discutir fugas de informação e timings de detenção do que a possibilidade muito real de um ex-primeiro-ministro ser corrupto, eu sei que eles estão menos a defender Sócrates do que a defenderem-se a si próprios, e àquilo que andaram a escrever ao longo dos anos.
Ainda ontem, no DN, Ferreira Fernandes dizia o seguinte: “Em 2009, escrevi: ‘Prendam-no ou calem-se.’ A turba, com muita gana mas sem prova, chegou primeiro do que a opinião pública – e depois?” E depois, caro Ferreira Fernandes, é que ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios – e boa parte da opinião pública preferiu engolir as teses surreais de Sócrates, mantendo-se impassível diante do sufoco evidente do poder judicial às mãos do poder político. Viram, ouviram e leram. Mas preferiram ignorar. É uma escolha, claro. Só que convém assumi-la, até para que ninguém a esqueça

Sócrates na comunicação social francesa

por A-24, em 30.11.14
Mário Amorim Lopes

Não, o título deste artigo não é da autoria de um gangster neoliberal de direita, cuja profissão de fé passa por liquidar Sócrates na praça pública. É do Libération, esse mesmo, de Jean-Paul Sartre. A sublime ironia disto tudo é impossível de ser quantificada.


José Sócrates nas capas d' O Diabo. Ninguém se importou.

por A-24, em 29.11.14