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A-24

Jardim anuncia demissão após 37 anos no poder

por A-24, em 04.12.14
DN

Presidente do governo regional quer deixar cargo em janeiro ao novo líder do PSD/M. Candidatos querem eleições antecipadas
Quando Alberto João Jardim chegou, em 1978, a líder do Governo Regional da Madeira o mundo ainda tinha duas Alemanhas, o presidente norte-americano era Jimmy Carter e Portugal vivia o seu primeiro Governo Constitucional. Ontem, o político eleito, por via democrática, há mais tempo no poder em todo o mundo, anunciou a sua saída: Demite-se a 12 de janeiro.
Uma coisa Jardim já sabia: que perdia o trono do partido na ilha (é seu há 40 anos), pois há eleições internas no PSD/Madeira em dezembro. Porém, o seu mandato no governo prolongava-se até outubro de 2015, data em que ocorrem as legislativas regionais.

Romper o isolamento

por A-24, em 18.10.14
Victor Freitas

A condição arquipelágica e o turismo, como motor da nossa economia, colocam no setor dos transportes a trave mestra do sucesso ou insucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento e crescimento económico para a Madeira e o Porto Santo. As negociações entre Açores e Lisboa para a liberalização dos transportes aéreos demonstram, de forma cabal, o insucesso do processo que a Madeira seguiu em 2005. Um governo PS cá irá reatar negociações com Lisboa e colocar em cima da mesa a questão, por nós levantada desde o início, de um teto máximo no valor das passagens para os residentes. Não pode existir descontinuidade e isolamento Constitucional numa lógica penalizadora dos Madeirenses em que um residente pode ter de pagar em determinados períodos mais de 400 euros para ir a Lisboa, enquanto um Açoriano pagará no máximo 134 euros.
Todos pudemos constatar a importância de termos uma linha marítima regular entre a Madeira e o Continente. O PS-Madeira, assumindo responsabilidades governativas a partir de 2015, irá repor a linha marítima, porque entendemos que é fundamental para a visão que temos do desenvolvimento da nossa Terra. Iremos baixar os preços das viagens para o Porto Santo porque são inadmissíveis os preços hoje praticados. Tornam proibitivas as deslocações de e para o Porto Santo. O Porto Santo vive uma situação de asfixia económica e social que só pode ser quebrada com transportes marítimos de baixo custo.
Hoje pagamos tudo mais caro na Madeira. O elevado custo do transporte de mercadorias é a principal razão. O diferencial fiscal em matéria de IVA, que tinha exatamente por objetivo compensar os Madeirenses pelos custos de transportes, desapareceu. Pagamos mais caro do que qualquer congénere nacional para ter acesso aos bens de consumo. A política de transporte de mercadorias terá de ser revista para que os preços ao consumidor final estejam em linha com o todo nacional. Só assim, com uma verdadeira política de transportes, poderemos ter um verdadeiro projeto de desenvolvimento para a Madeira.
É um facto incontornável: vivemos numa ilha, em duas ilhas, e relativamente distantes do continente português. Onde uns vêm um entrave outros vêm um mar para navegar, ou um céu para voar. A forma como encaramos as situações e como as resolvemos tem muito a ver com o ponto de vista e com a ambição que temos para a nossa Terra.

PS, independentes e CDS acabam com domínio do PSD na Madeira

por A-24, em 30.09.13
O PSD, que mantinha há 39 anos a fidelidade dos eleitores madeirenses, perdeu domingo sete municípios na Madeira, quatro deles para os socialistas, dois para grupos de cidadãos e um para o CDS-PP.

Os socialistas venceram no Funchal (em coligação com o BE, PND, MPT, PTP, PAN), em Machico, em Porto Moniz e no Porto Santo, dois grupos de cidadãos conquistaram Santa Cruz e São Vicente e o CDS-PP venceu em Santana.
Os sociais-democratas mantiveram apenas as quatro câmaras - Calheta, Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Ribeira Brava.
DN-Funchal

O cómico Jardim e o seu império de tachos IV

por A-24, em 20.06.13
21 - O governo regional da Madeira acaba de anunciar que vai gastar 2,2 milhões de euros na construção dos balneários e das bancadas no Campo de Futebol dos Prazeres. Para o estrela da Calheta, uma equipa da 3ª divisão. O anúncio foi feito dias depois de a troika ter detectado um desvio nas contas da Madeira na ordem dos 277 milhões de euros.
22 - Já depois de anunciada a agravada austeridade para a Madeira, a Câmara Municipal do Funchal, uma das mais endividadas do país, gastou 11500 euros num coktail/jantar. Tudo à grande.
23 - Igreja inaugurada na Madeira custou ao estado 2,6 milhões, aos quais devemos adicionar as isenções de impostos de que beneficiaram em toda a obra, e posteriormente, no seu usufruto. Esta quantia ascenderá a mais uns milhões... pagos pelo povo, para não variar.
24 - Museu da baleia, milhões suspeitos e obra fechada. Obra de equipamento lançada pelo governo regional com preço-base de 1,6 milhões de euros custou quase 12 milhões e teve um financiamento comunitário de cerca de um milhão. A construção do museu no Caniçal foi adjudicada ao consórcio formado pela empresa madeirense Avelino Farinha & Agrela . A obra foi considerada pela oposição um exemplo de "má gestão dos dinheiros públicos", tendo o PCP requerido um inquérito parlamentar à respectiva derrapagem financeira, que foi rejeitado pelo PSD-Madeira. 

4.500 OBRAS INAUGURADAS POR JOÃO JARDIM, EM 33 ANOS, mas não se vislumbram hospitais, nem escolas, nem infraestruturas de apoios sociais, úteis a um região pobre. Não impulsionou a economia... Apenas constrói para ricos? Madeira ou Dubai??

O cómico Jardim e o seu império de tachos III

por A-24, em 19.06.13
Alberto J. Jardim serve para combater os que são contra ele e que o criticam... declaradamente uma forma de auto-promoção.

11 - Túnel de 27 milhões para servir um parque industrial com 44 lotes de terrreno quase todos por ocupar... ou seja ás moscas.

12 - Obras numa praia custaram 3 milhões de euros, para colocar pouco mais de cem metros de areal dourado, colocado artificialmente, esgotam milhões... o que daria esse dinheiro para fazer nos areais de tantos KM de praias naturais?

13 - Igreja inaugurada na Madeira custou ao estado 2,6 milhões, aos quais devemos adicionar as isenções de impostos de que beneficiaram em toda a obra, e posteriormente, no seu usufruto. Esta quantia ascenderá a mais uns milhões... pagos pelo povo, para não variar. Os cortes têm que ser feitos mas apenas se assiste a esbanjamento, agravado pelo facto de ser realizado em nome de um credo que não é de todos... num estado supostamente democrático, somos forçados a apoiar financeiramente um credo.

14 - 6 milhões de euros envolvidos em favorecimentos pessoais de amigos. 

15 - 4 mil euros por 1 computador.

16 - 3 milhões em enfeites de Natal
17 - Museu da Baleia no Caniçal que começou por ser adjudicado pelo governo regional por 1,5 milhões de euros e "já vai em 11,5 milhões, ou seja, sete vezes mais", escreveu o jornal i.
18 - Matadouro municipal da Ribeira Brava. Foi construído na década de 90 e disponível apenas um ano e meio. “Pertence a uma série de dez matadouros que foram construídos num período em que já era evidente a diminuição da produção de carne regional”, aponta o mesmo jornal.
19 - A empresa que gere os parques empresariais - Madeira Parques Empresariais - está a gastar cerca de 250 mil euros (sem IVA) para consolidar taludes no Parque Empresarial de São Vicente, nas Ginjas. Uma obra que faz aumentar o custo para os 2 milhões e 439 mil euros.
Cinco anos depois de ter sido criado, não tem nenhuma empresa ali sediada.
“O que dizemos é que o processo de multiplicação de berbicachos é proporcional ao processo de endividamento da região”, afirmou Edgar Silva, lamentando que “o endividamento da região, mais do que servir a população da Madeira, tenha servido para satisfazer o triângulo do betão”“o triângulo do betão é constituído por Alberto João Jardim, Jaime Ramos e Santos Costa”, respectivamente presidente do governo regional, deputado e secretário-geral do PSD-Madeira, e secretário regional do Equipamento Social.
20 - Meio milhão para uma rotunda? Sim, na Madeira. A construção da rotunda do Estreito da Calheta está a custar 461 mil euros. A inauguração está quase à porta.

O cómico Jardim e o seu império de tachos II

por A-24, em 18.06.13
Alberto J.Jardim dispara em todas as direcções, irracional e devastador, eis a sua obra:

1- Construiu 2 heliportos (2 milhões+700 mil euros) a poucos km um do outro pois o espaço é pequeno e o dinheiro é muito... já os voos foram zero. 

2- Estádios sem valor oficial, o ultimo pavilhão desportivo custou 5,2 milhões para um clube de 2ª divisão mas com infraestruturas de luxo; 5 milhões de euros por ano são oferecidos pelo governo aos 3 clubes profissionais. Existe 1 estádio por cada 20 mil habitantes e foram construídos 12 nos últimos anos.

3- Piscina de 2 milhões de euros, com 25 m2, obra que deu lugar a expropriações despesista, no entanto está quase sempre fechada.

4- Fóruns sem comércio e sem clientes com infraestruturas para uma grande cidade mas está ás moscas. (70 milhões).


5- Marinas sem barcos o caso da Marina do Lugar de Baixo, que já terá custado 105 milhões de euros, "tem capacidade para 291 embarcações" mas "está às moscas". Para agravar todos os invernos esta marina é semi destruida pelo mar, situaçao que não foi acautelada por incompetência, o que resulta em manutençoes anuais despesistas, para uma marina deserta... cujo único utilizador são as ondas que a destroem e os técnicos que persistemente a reconstroem.

6- Túneis colossais para desviar transito de vilas sem transito, o Túnel no Seixal (Madeira) feito para desviar o trânsito de uma freguesia com 700 habitantes, rompeu um lençol freático que desde há cinco anos corre directamente para o mar. Água doce que até então ficava retida no solo.

7- Escolas básicas com conservatório de música, A Escola Básica da Ribeira Brava vai construir um Centro de Apoio Psico-Pedagógico e um Conservatório de Música. A obra está orçada em aproximadamente cinco milhões de euros e está preparada para acolher cerca de 300 alunos. A infra-estrutura contemplou, ainda, a construção de um campo polidesportivo exterior, zonas de recreio, jardins, parque de estacionamento coberto e no exterior.

8- Ainda na polémica Marina, sorvedouro de dinheiro, surge a necessidade de construir uma barreira de protecção das ondas, que vai custar 6,9 milhões de euros». 1,3 milhões de euros é o «valor das obras de recuperação já executadas na Marina do Lugar de Baixo, devastada pela ondulação. Mais 4,5 milhões de euros para consolidar a escarpa sobranceira à Marina do Lugar de Baixo, de onde se têm soltado pedras.

9 - Campo de golfe que usa 7 milhões de empresa pública para construir campo de golfe .O governo regional da Madeira autorizou uma transferência de fundos da falida Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo para a da Zona Oeste para financiar o Campo de Golfe . Bloco defende a extinção de todas as Sociedades de Desenvolvimento: “Apenas contribuem para o aumento da dívida da região”.
10 - Para o jornal madeira saem do orçamento 5 milhoes de euros/ ano, segundo

O cómico Jardim e o seu império de tachos I

por A-24, em 17.06.13
Na Ilha da Ma(ma)deira

(território que reivindica [?] o direito à independência



MAS QUE NUNCA MAIS RESOLVE EXERCÊ-LO:

seria um descanso para quem o sustenta!)
... curioso como neste País não existe incompatibilidades ... tudo é permitido..... a promiscuidade na função pública é mais nojenta que nos bordeis ....

... como alterar isto ? ...... que entidade superior pode acabar com o compadrio? ....... Quem estará a votar nesta gente? ..... só pode ser a clientela ....

Veja a lista
Alberto João Jardim - Presidente do Governo Regional
Andreia Jardim - (filha) - Chefe de gabinete do vice-presidente do Governo Regional
João Cunha e Silva - vice-presidente do governo Regional
Filipa Cunha e Silva - (mulher) - é assessora na Secretaria Regional do Plano e Finanças
Maurício Pereira (filho de Carlos Pereira, presidente do Marítimo) assessor da assessora
Nuno Teixeira (filho de Gilberto Teixeira, ex. conselheiro da Secretaria Regional) é assessor do assessor da assessora
Brazão de Castro - Secretário regional dos Recursos Humanos 
Patrícia - (filha 1) - Serviços de Segurança Social
Raquel - (filha 2) - Serviços de Turismo
Conceição Estudante - Secretária regional do Turismo e Transportes
Carlos Estudante - (marido) - Presidente do Instituto de Gestão de Fundos Comunitários
Sara Relvas - (filha) - Directora Regional da Formação Profissional
Francisco Fernandes - Secretário regional da Educação
Sidónio Fernandes - (irmão) - Presidente do Conselho de administração do Instituto do Emprego
Mulher - Directora do pavilhão de Basket do qual o marido é dirigente
Jaime Ramos - Líder parlamentar do PSD/Madeira
Jaime Filipe Ramos - (filho) - vice-presidente do pai
Vergílio Pereira - Ex. Presidente da C.M.Funchal
Bruno Pereira - (filho) - vice-presidente da C.M.Funchal, depois de ter sido director-geral do Governo Regional.
Cláudia Pereira - (nora) - Trabalha na ANAM empresa que gere os aeroportos da Madeira
Carlos Catanho José - Presidente do Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira
Leonardo Catanho - (irmão) - Director Regional de Informática (não sabia que havia este cargo)
João Dantas - Presidente da Assembleia Municipal do Funchal, administrador da Electricidade da Madeira e ex. presidente da C.M.Funchal
Patrícia Dantas de Caires - (filha) - presidente do Centro de Empresas e Inovação da Madeira.
Raul Caires - (genro e marido da Patrícia) - presidente da Madeira Tecnopólo
Luís Dantas - (irmão) - chefe de Gabinete de Alberto João Jardim
Cristina Dantas - (filha de Luís Dantas) - Directora dos serviços Jurídicos da Electricidade da Madeira (em que o tio João Dantas é administrador)
João Freitas, (marido de Cristina Dantas) - director da Loja do Cidadão

Há tantos burros mandando
em homens de inteligência,
que às vezes fico pensando,
se a burrice não será uma ciência.

Antiga sinagoga na Madeira descoberta um século depois

por A-24, em 03.04.13
Judeus Bnei Anussim deslocaram-se à Madeira para celebrar o Seder de Pessach, a páscoa judaica, num acto raramente vivido nas últimas décadas na ilha.
A Sinagoga do Funchal, localizada no centro da capital madeirense, é desconhecida da generalidade dos madeirenses. Não faz parte dos guias turísticos, nem sequer é edifício classificado, apesar das invulgares características hoje apenas patentes na fachada principal e que denunciam ter sido projectada por Ventura Terra, o arquitecto da Sinagoga de Lisboa e autor do plano de urbanização e modernização da cidade de Funchal, também executado no primeiro quartel do século XX.
"Esporadicamente vêm aqui alguns judeus, para visitar a sinagoga", revela Catarina Dantas, arquitecta e actual proprietária, com seu irmão Rodrigo, do edifício com número de porta 33, à Rua do Carmo. No seu interior não há vestígios do outrora lugar de culto. Ao nível do rés-do-chão estão instaladas uma loja de decoração, no espaço antes ocupado por uma lavandaria, e uma pastelaria, a Estrela do Carmo.

"Porquê Estrela do Carmo? Dizem que é por causa da estrela que existe numa janela do prédio", conta Agostinho Ramos, sócio do estabelecimento comercial que comprou "há uns 30 anos com Agostinho Ribeiro". "Mas este bar já existe há uns 50 anos", frisa, confessando ignorar o significado da estrela, a Estrela de David, símbolo do judaísmo que domina a vidraça de uma das janelas da antiga sinagoga.
O período de construção, entre 1912 e 1914, reforça a hipótese de ter sido concebida pelo arquitecto Miguel Ventura Terra, pois coincide com a sua passagem pela Madeira, alguns anos depois de ter inaugurado a Sinagoga Judaica de Lisboa, de semelhante alçado. Com uma importante diferença: enquanto a Sinagoga Shaaré Tikva ("Portões da Esperança" em hebraico), situada na Rua Alexandre Herculano, foi construída num pátio amuralhado, porque na época a lei estabelecia que os templos não católicos não poderiam ter a sua fachada para a rua, a sinagoga do Funchal, construída já depois da implantação da I República, tem a fachada principal para a via pública, na Baixa citadina. Já nessa época, a Rua do Carmo, cuja origem está relacionada com a igreja dos carmelitas, a Igreja do Carmo, dedicada a Nossa Senhora do Carmo, ia desde o Largo do Phelps, junto à igreja, até à Rua do Anadia.
Além das paredes mestras originais, a fachada é o que resta do antigo templo judaico, cujo interior sofreu alterações, nomeadamente a adaptação do piso térreo ao comércio e os pisos superiores a moradias, com licença de habitabilidade emitida pela Câmara do Funchal em 1951. Mas a construção da sinagoga, contígua ao antigo Reid"s Carmo Hotel, onde foi o Grémio dos Industriais de Bordados da Madeira e mais tarde o Cine Jardim, decorreu no início da segunda década do século passado.
Ventura Terra, arquitecto da sinagoga e do novo Funchal 
É nesse período, mais precisamente a 13 de Fevereiro de 1913, que Ventura Terra se desloca ao Funchal, convidado pelo município para "modernizar" a cidade. Em entrevista ao Heraldo da Madeira, o "ilustre homem do risco" deu a sua primeira impressão sobre a cidade, que considerou "ser bastante confusa, com ruas horrivelmente calcetadas, muito irregulares e acidentadas, uma cidade completamente destituída dos requisitos que faziam a formosura e a comodidade dos sistemas de viação das cidades modernas".

O arquitecto, profundamente influenciado pelo urbanismo dos boulevards de Paris onde havia estudado, efectuou um "plano de melhoramentos" para a capital madeirense, dividido em três fases: ao primeiro traçado fez corresponder aquilo que o Funchal permitia fazer, ao segundo correspondiam ruas largas e avenidas, era a transição para a terceira proposta, uma cidade a ser construída em 50 a 100 anos. As obras começam em 1912, com a construção do primeiro troço da Avenida Arriaga, mesmo antes do plano definitivo ser entregue à Câmara do Funchal, o que só viria a acontecer em 1915.
Embora não conste da lista de obras emblemáticas de Ventura Terra (1866-1919) - várias vezes distinguido com o Prémio Valmor e autor da reconversão do edifício das Cortes na Câmara dos Deputados e Parlamento, Palácio de S. Bento, do Teatro Politeama, Banco Lisboa & Açores, Palacete Valmor, Maternidade Alfredo da Costa e Sinagoga Shaaré Tikvá, em Lisboa -, a existência da sinagoga do Carmo é vagamente referenciada por membros da comunidade judaica no estrangeiro.
"Sabemos que aqui existiu, mas consideramos inimaginável que nunca tenha sido objecto de estudo e que não seja do conhecimento público local", confessou ao PÚBLICO Marvin Meital, responsável pela celebração do Seder de Pessach, uma das raras vivências colectivas da páscoa judaica das últimas décadas ocorrida esta semana na Madeira.
Dirigido por Marvin, hazan ou cantor litúrgico do judaísmo preparado para guiar a recitação das orações nas sinagogas, o Seder congregou num hotel do Funchal 20 judeus, na maioria provenientes de Israel, com ligação à comunidade Bnei Anussim. Para ao jantar desta celebração que foi apoiada pela Shavei Israel, a organização judia sediada em Israel, foi trazido "a matzá [pão ázimo] e outros alimentos kosher [que obedecem à lei judaica], a que [se juntaram] legumes adquiridos no mercado local", revela.
Enquanto para o judaísmo, a festa de Pessach evoca a libertação do povo de Israel no Egipto, no cristianismo a Páscoa representa a libertação de todos os que estavam separados de Deus pelo pecado, regenerados pela morte e ressurreição de Cristo, sublinha aquele professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, doutorado em Linguística e Línguas Neolatinas. "Foi uma vivência familiar, com a participação das crianças, em que também se reflectiu sobre as amarguras da actual escravidão e os caminhos para a gloriosa liberdade", revela Marvin, dois dias depois do Seder celebrado segunda-feira no Funchal, durante uma visita à antiga sinagoga acompanhada pelo PÚBLICO.
"Desconheço por completo a existência dessa sinagoga", confessa Jorge Valdemar Guerra, autor do rol de judeus e seus descendentes, editado pelo Arquivo Regional da Madeira em 2003. Na publicação deste manuscrito existente no arquivo da família Ornelas Vasconcelos, aquele atento estudioso da história da Madeira aborda "o papel, de alguma forma relevante, desempenhado pelos judeus na economia insular - já particularmente activos na ilha por meados de Quatrocentos - e depois prosseguido, agora sob a nova capa, pelos cristãos-novos após a sua forçada conversão".
Guerra faz também menção às "vicissitudes sofridas por uma significativa parcela daquela comunidade, considerada criptojudaica pelo Tribunal do Santo Ofício", em consequência da visita inquisitorial realizada em 1591/2 à ilha da Madeira. À perseguição terão então procurado escapar alguns novos cristãos que se refugiaram num recôndito sítio de São Vicente, baptizado como Achada dos Judeus, onde deixaram inscrições em hebraico. Em finais do século XVI foram arrolados 94 cristãos-novos, registando-se 37 prisões por judaísmo entre 1591 a 1601. Em 1618 o seu número não passou de cinco.

A "arianização" na Madeira e a memória sepultada
Três séculos depois, elementos da comunidade alemã de origem hebraica, estabelecidos e integrados na Madeira, viram-se também confrontados com intolerável perseguição, desta vez exercida por compatriotas seus motivados pela "lei da protecção do sangue alemão e da honra alemã", promulgada pelo Governo do III Reich em Setembro de 1935. O drama - quase desconhecido - da "arianização" na Madeira e das tentativas de resistência impotentes, ocorridas nos alvores da II Guerra Mundial, foi revelado por Anne Martina Emonts numa investigação publicada na revista madeirense Islenha, em 2000, tendo sido recuperado por Helena Marques no romance O Bazar Alemão, editado em 2010.
"Foi algo terrível, pérfido, que afectou várias pessoas, mas que atravessou silenciosamente a história. Quando conheci a investigação, senti que tinha o dever moral de escrever sobre isso, de contar a forma como as situa? ?ões políticas e sociais afectam os indivíduos banais, mesmo num lugar remoto e paradisíaco como uma ilha no meio do Atlântico", afirma a escritora e jornalista, que neste livro cruza a história real dos Beckmann com personagens fictícias, tendo por cenário a cidade onde também viveu.
Os túmulos das personagens alvo da "arianização", assim como de algumas das pessoas que as ajudaram em tempos difíceis, encontram-se no cemitério judaico, existente na Rua do Lazareto, sobre a falésia do Toco, no Funchal. Rui Santos, num bem documentado estudo sobre este cemitério, publicado em 1992 na referida revista Islenha, identificou 38 sepulturas entre 1854 e 1976, ano em que ocorreu o último enterramento, com D. Joana Abudarham da Câmara.
A instituição deste cemitério, por iniciativa de personalidades de relevo desta comunidade, principalmente da família Abudarham, "denota o progresso da sociedade portuguesa no que diz respeito à tolerância religiosa, fruto, essencialmente, da política do Marquês de Pombal e, mais tarde, dos liberais vintistas que extinguiram o infame Tribunal do Santo Ofício, responsável pela perseguição, tortura e morte de muitos judeus, ao longo de mais de dois séculos", considera Nélson Veríssimo, historiador e docente da Universidade da Madeira.
A verdade é que hoje, pelo estado de abandono a que está votado, com viçoso matagal a encobrir as sepulturas e muitas lápides danificadas ou irrecuperáveis, poder-se-ia "afirmar constituir infeliz exemplo da falta de civismo", lamenta o historiador. Devido à degradação do cemitério, a Câmara do Funchal propôs a transladação do espólio para uma ala própria no Cemitério de S. Martinho, mas o projecto "não avançou devido ao desinteresse da comunidade judaica e da embaixada de Israel", revelou o vereador Costa Neves.
A continuar este estado lamentável do cemitério classificado, desde 1993, como Património Cultural da Região, "perder-se-ão, por completo, testemunhos ímpares da memória de muitos homens notáveis que, por circunstâncias diversas, se fixaram e morreram na ilha da Madeira", adverte Nélson Veríssimo. Aqui, sublinha, "pode documentar-se a procura do Funchal como estância terapêutica ou como refúgio à perseguição nazi e à Segunda Guerra Mundial".

Madeira atinge recorde de 25 mil desempregados

por A-24, em 22.03.13
O desemprego na Madeira atingiu 24.976 indivíduos no final de Fevereiro, o que representa a um aumento de 19,2% face aos 20.961 desempregados registados no mês homólogo do ano passado.
As 24.976 pessoas inscritas no Instituto do Emprego da Madeira em Fevereiro de 2013 representam mais 2,1%, ou seja, mais 504 pessoas relativamente aos 24.472 que estavam registados no final do mês anterior.
Numa escalada imparável que fez multiplicar quase cinco vezes o número dos desempregados entre Janeiro de 2003 e Janeiro de 2013, ao passar de 5.209 para os quase 25 mil actuais, a taxa de desemprego atingiu no final do passado mês de Fevereiro uma taxa recorde próxima dos 20%, acima da média nacional. A população activa da Madeira era de 127.484 indivíduos, segundo o Censos 2011. 
Quando Alberto João Jardim assumiu a presidência do governo regional, há 35 anos, havia 9.465 madeirenses sem trabalho. Desde então este número veio a decrescer, devido sobretudo ao forte impulso de investimentos públicos, financiados pelo Orçamento de Estado e pela União Europeia, e só voltou a ser atingido no final de Dezembro de 2008, com 9.302 inscritos no Centro regional de Emprego.
A partir de 2009, aumentou numa média de mais 4.500 desempregados por ano. Atingiu um total de 9.932 indivíduos no final de 2009, de 14.432 em 2010, de 16.430 em 2011, de 20.067 em 2012 e de 24.472 desempregados em Dezembro de 2012.
Público

Faleceu o pintor do retrato da esquina do Apolo no Funchal

por A-24, em 31.01.13

N.P. Uma notícia que só interessa a quem conhece
aquela cidade e algumas das suas personagens marcantes.


Faleceu ontem Joaquim da Luz, artista plástico que pintava com base em retratos, na esquina do Apolo, no Funchal, Madeira.


Chegou à Madeira em 1987 e fez da esquina entre o Café Apolo e a Avenida Arriaga o seu "atelier ao ar livre". Ganhava a vida retratando pessoas, mas após mais de duas décadas anos a pintar nesta esquina do Funchal, tornou-se ele também parte do retrato de uma cidade cosmopolita.
Dizia que "a rua era a maior galeria do Mundo". E foi ali que fez centenas e centenas de amigos.


No Facebook há já gente a lembrar Joaquim da Luz. É o caso do desenhador madeirense, neste caso de BD, Roberto Macedo Alves, que escreve: "A sua obra continuará a inspirar-nos. Esperemos que façam algo emblemático nessa esquina para recordar este Artista que era monumento vivo e referência na cidade".