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A-24

A guerra contra o Estado islâmico

por A-24, em 11.10.14
Luís Menezes Leitão

Uma das análises mais correctas sobre o que se estava a passar no mundo resulta de um livro de Samuel P. Huntington, de 1996, intitulado The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order. Nesse livro demonstra claramente como se estava a formar uma nova ordem mundial para o séc. XXI e que nessa nova ordem um dos factores mais decisivos era o Ressurgimento Islâmico. A seu ver a civilização islâmica estava a tornar-se cada vez mais influente a nível mundial, não apenas pela sua maior capacidade de conversão de novos crentes, mas ainda pelo maior crescimento demográfico das suas populações.


Para Huntington a influência mundial da civilização islâmica só não era maior porque o islamismo radical não tinha um Estado religioso forte que pudesse servir de sustentáculo às suas pretensões. A esmagadora maioria dos Estados árabes não apoiava uma versão radical do islamismo, preferindo estar de bem com o Ocidente, e a única excepção, o Irão, baseava-se na corrente xiita do Islão, minoritária em face dos sunitas, o que levava a que não fosse seguido pelos militantes islâmicos radicais.

Por isso o Ocidente ficou descansado com o aumento da influência islâmica no mundo, uma vez que as guerras eram travadas entre os próprios Estadoa arábes, ainda que o ataque ao Kuwait tenha pela primeira vez obrigado a uma intervenção, dado que pôs em causa os interesses ocidentais. Mas Bush pai teve a inteligência de deixar Saddam Hussein no poder, uma vez que bem sabia que o seu derrube só serviria para aumentar a influência do Irão e dos movimentos islâmicos radicais na região.


Bush filho, com uma inteligência rudimentar, e movido por uma questão pessoal, quis derrubar Saddam Hussein, seguindo a estratégia de iluminados como Wolfowitz que achava que o Iraque tinha que ser conquistado, uma vez que "nadava num mar de petróleo". Consta que terá respondido o seguinte a quem o interrogava como é que depois os americanos sairiam do Iraque: "É simples. Não saímos". Nessa estratégia teve o apoio ainda mais desastrado de Blair, Asnar e do nosso Durão Barroso, que juntos criaram um enorme sarilho.

Obama, que é inteligente e tinha a vantagem de se ter oposto desde o início a este disparate, não conseguiu, porém, ver que Wolfowitz tinha razão num ponto: é que depois de se ter entrado no Iraque já não era possível sair de lá. A saída dos EUA do Iraque, associada a um apoio às primaveras nos outros países arábes, foi um campo fértil para os militantes islâmicos radicais, que conseguiram nos territórios sírios e iraquianos aquilo que desde sempre ambicionavam: a reconstrução do califado. Ora, esse Estado islâmico vai ser seguido pelos militantes radicais de todo o mundo e pode ter um sucesso muito mais rápido que o califado original, cujos exércitos chegaram em 80 anos desde a península arábica em 632 até Poitiers em 711. E esse Estado todos os dias proclama o seu ódio aos ocidentais, como se vê pelas execuções que sistematicamente são exibidas.

É manifesto, por isso, que o Ocidente está a ser constantemente desafiado para a guerra, só que já não tem coragem de mandar tropas para o terreno e os ataques aéreos podem fazer mossa, mas não alterarão a situação. Quanto a Portugal, é o ridículo de sempre. Mal li aqui que o Ministro da Defesa afirmava que Portugal vai participar na coligação contra o Estado islâmico, julguei que se estava a planear uma cruzada, ao velho estilo do "Por El-Rey e São Jorge aos Mouros!". Mas afinal o Ministro explicou que "a seu momento se verá" de que forma Portugal participará, tendo em conta que a colaboração pode acontecer de várias formas, designadamente através "de treino, de inteligência, de formação" ou humanitária. Quanto a tropas no terreno, cruzes canhoto. Está visto assim que o Ocidente não vai ter a mínima hipótese de ganhar esta guerra.

Aliança impossível de EUA com a Rússia no combate ao “Estado Islâmico”

por A-24, em 03.10.14
José Milhazes

Não obstante os terroristas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante terem também ameaçado a Rússia e o próprio Presidente Putin, este não se apressa a juntar à coligação internacional que luta contra o ISIS, pois parece recear que o objectivo dos Estados Unidos e seus aliados seja derrubar o regime sírio de Bashar Assad à sombra do combate aos jihadistas.
Numa conversa telefónica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o Presidente russo defende que, nas operações contra o ISIS na Síria se “deve respeitar o Direito Internacional” e os bombardeamentos aéreos nesse país só deverão realizar-se com o “consentimento do governo sírio”.

Tendo em contra que Washington e os seus aliados deram ouvidos a Putin quando este evitou a invasão da Síria a troco da entrega das armas químicas por Damasco à comunidade internacional, poder-se-ia pensar que também desta vez será possível chegar a um acordo, mas tal não deverá acontecer. Isto porque, ao espezinhar o Direito Internacional na Ucrânia com a anexação da Crimeia e o apoio aos separatistas do leste do país, o Kremlin perdeu o direito de dar lições de moral aos outros, se é que já não tinha perdido esse direito quando da guerra na Chechénia ou da invasão da Geórgia.
E, pelos vistos, os EUA e os seus aliados irão resolver os problemas da Síria e do ISIS à sua maneira, enquanto que a Rússia irá continuar a sua política no país vizinho, embora com mais êxito. O conflito entre Kiev e os separatistas pró-russos está a caminho do congelamento, o que permitirá a consolidação dos poderes nas regiões separatistas e a criação de uma situação como a que existe na Transdnistria em relação à Moldávia. Isto se Putin não avançar ainda para a conquista de corredores para ligar a Rússia à Transdnístria e à Crimeia.
Nesta situação, é difícil esperar uma coordenação de acções entre a Rússia e a NATO face a qualquer problema mundial, a não ser que a Terra seja invadida por extraterrestres. E mesmo assim...

O avanço do Estado Islâmico

por A-24, em 02.10.14
Rui Herbon

O Estado Islâmico avança com desordem e sem atender a fronteiras. É a facção mais extrema do islamismo radical. Ocupa zonas do Iraque e da Síria. É uma cópia conceptual dos califados de há quase mil anos. Os Estados Unidos e a França bombardeiam as imprecisas posições dos novos terroristas, que degolaram vários cidadãos ocidentais e ameaçam voltar a fazê-lo, espectáculos filmados que se retransmitem através das redes globais. As pessoas que viviam no Curdistão iraquiano e sírio atravessam massivamente a fronteira com a Turquia — mais de 130.000 nos últimos dias. 
Esta guerra é uma profunda aberração. Os curdos lutaram durante mais de trinta anos contra a Turquia. Paradoxalmente, é agora a Turquia a acolher por razões humanitárias milhares de curdos procedentes da Síria e do Iraque. Esses curdos não são bem-vindos pelos que na Turquia lutaram contra Ankara. A mobilidade forçada de grandes dimensões é sempre conflituosa. Mas o facto da Turquia aceitar centenas de milhares de curdos indica até que ponto o Estado Islâmico é concebido como um perigo para a estabilidade na zona e para a sobrevivência de etnias, culturas e antigas religiões que, como a cristã, povoam aquelas terras desde há quase vinte séculos.
A agência de refugiados da ONU pede desesperadamente ajuda para mitigar dentro do possível este drama humano de bárbaras dimensões. Se o Estado Islâmico controlar a cidade de Kobane terá um enclave para dominar toda a região. Está em marcha uma coligação que agrupa mais de trinta países, incluindo vários estados muçulmanos. Os bombardeamentos americanos e franceses atingem os fundamentalistas, mas Tony Blair pediu a entrada de forças terrestres se se quer derrotar definitivamente o Estado Islâmico.
Obama venceu duas eleições prometendo sair do Afeganistão e do Iraque, e agora volta à guerra para destruir um grupo terrorista que está a formar um novo estado, apagando as fronteiras entre a Síria e o Iraque e enviando centenas de milhares de refugiados para a Turquia.
A política, sobretudo a internacional, é imprevisível. Mas há que dizer que a guerra iniciada em 2003 contra Saddam Hussein, justificada pelas inexistentes armas de destruição massiva, foi um erro cujas consequências estamos todos a pagar. A alegria com que se lançavam bombas sobre Bagdade retornou na forma da amargura de centenas de milhares de mortos, deslocados e desesperados. Está tudo pior que em 2003. Os efeitos da tristemente célebre cimeira dos Açores continuarão a fazer-se sentir e o seu cabal apuramento só poderá ser medido dentro de pelo menos mais uma década.

Aliança impossível de EUA com a Rússia no combate ao Estado Islâmico

por A-24, em 28.09.14
José Milhazes


É difícil esperar qualquer coordenação de acções entre a Rússia e a NATO face a um problema mundial, a não ser que a Terra seja invadida por extraterrestres. E mesmo assim...
Não obstante os terroristas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante terem também ameaçado a Rússia e o próprio Presidente Putin, este não se apressa a juntar-se à coligação internacional que luta contra o ISIS, pois parece recear que o objectivo dos Estados Unidos e seus aliados seja derrubar o regime sírio de Bashar Assad à sombra do combate aos jihadistas.
Numa conversa telefónica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o Presidente russo defende que, nas operações contra o ISIS na Síria, se “deve respeitar o Direito Internacional” e os bombardeamentos aéreos nesse país só deverão realizar-se com “o consentimento do governo sírio”.
Tendo em conta que Washington e os seus aliados deram ouvidos a Putin quando este evitou a invasão da Síria a troco da entrega das armas químicas por Damasco à comunidade internacional, poder-se-ia pensar que também desta vez será possível chegar a um acordo, mas tal não deverá acontecer. Isto porque, ao espezinhar o Direito Internacional na Ucrânia com a anexação da Crimeia e o apoio aos separatistas do leste do país, o Kremlin perdeu o direito de dar lições de moral aos outros, se é que já não tinha perdido esse direito quando da guerra na Tchechénia ou da invasão da Geórgia.
E, pelos vistos, os EUA e os seus aliados irão resolver os problemas da Síria e do ISIS à sua maneira, enquanto a Rússia irá continuar a sua política no país vizinho, embora com mais êxito. O conflito entre Kiev e os separatistas pró-russos está a caminho do congelamento, o que permitirá a consolidação dos poderes nas regiões separatistas e a criação de uma situação como a que existe na Transdnistria em relação à Moldávia. Isto se Putin não avançar ainda para a conquista de corredores para ligar a Rússia à Transdnístria e à Crimeia.
Face a esta situação é difícil esperar uma coordenação de acções entre a Rússia e a NATO face a qualquer problema mundial, a não ser que a Terra seja invadida por extraterrestres. E mesmo assim…

Perseguições, combates, receios e espiritualidade

por A-24, em 01.09.14
A Batalha

Forças iraquianas e curdas desactivam quatro barris repletos de explosivos colocados numa das comportas da barragem da cidade iraquiana de Mosul, no Norte do Iraque. Unidades de engenharia do exército iraquiano apoiadas por peshmerga (combatentes curdos) desactivaram os engenhos explosivos após violentos combates contra os terroristas do Estado Islâmico. Os jihadistas colocaram as bombas antes de serem forçados a retirar-se da zona da barragem, ocupada desde o início do mês de Agosto.

O próximo objectivo dos combatentes curdos passa por avançar para a planície de Ninive e para a zona montanhosa de Sinjar. A ofensiva militar curda está a ser coordenada com o apoio militar dos EUA, através do apoio aéreo. Durante o último fim-de-semana, o Pentágono informou que a força áerea norte-americana realizou 25 ataques aéreos contra mais de 30 objectivos.
Boa parte dos peshmergas são veteranos, habituados a combater as forças armadas iraquianas ao longo dos tempos. Com o objectivo de deter o avanço do Estado Islâmico, os EUA e alguns dos seus aliados europeus (Reino Unido e França) estão a armar as milícias locais curdas ao mesmo tempo que passaram à acção, através da decisão de intervir no terreno com bombardeamentos selectivos. A estratégia é defendida com a necessidade de dar uma resposta urgente aos pedidos de auxílio por parte das autoridades regionais do Curdistão. Estão em estudo outras formas de ajuda como o envio de armas e um apoio mais visível no envio de ajuda humanitária para a região do Norte do Iraque. Os curdos lideraram no terreno a resistência aos avanços do grupo terrrorista sunita e desempenharam um papel fundamental na evacuação (ainda que incompleta) dos yasidis refugiados no monte Sinjar. As forças curdas são tidas como a melhor opção para deter o avanço dos jihadistas, impedindo o envolvimento de tropas ocidentais no terreno. Washington não pretende enviar de novo soldados para combater no Iraque, três anos depois de ter retirado de uma guerra que durou quase uma década. Com um aliado resistente e conhecedor do terreno, os ataques aéreos têm servido para debilitar estruturas do Estado Islâmico e a ajudar a balança militar a inclinar-se um pouco mais para o lado curdo. No entanto, esta opção contém também riscos políticos e que se relacionam com o facto de num futuro próximo, os curdos pretenderem ver reconhecido o Curdistão como um estado independente, colocando em risco a visão idílica de um Iraque federal, democrático, pluralista e unificado.

O povo que o ISIS está a perseguir

por A-24, em 11.08.14
Etnicamente, são curdos. Os yazidis, porém, seguem uma religião que tem no Anjo Pavão a principal figura. Chama-se Melek Taus. Mas o Alcorão identifica-o com o mesmo nome da figura do Satanás.

Pela fome e desidratação, se permanecerem no alto, ou pelas armas, caso optem pela tentativa de fuga. Cerca de 40 mil yazidis, encurralados no meio da cordilheira de montanhas de Sinjar, ficaram com esta dúvida na cabeça: como morrer. Na quarta-feira, era este o retrato desenhado pela imprensa internacional, após militares jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, na sigla inglesa) cercarem milhares de pessoas na região noroeste do Iraque. A razão? Por pertencerem a uma minoria étnica e religiosa.
Os binóculos do mundo, por estes dias, têm-se focado, sobretudo, no conflito armado que israelitas e palestinianos mantêm na Faixa de Gaza. Ou nos desenvolvimentos das notícias vindas da queda do voo MH17, da Malaysia Airlines, no leste da Ucrânia. Enquanto tudo isto se passava, o ISIS, no Iraque, ia reforçando a perseguição ao povo yazidi — numa ofensiva que começou em junho.


Tanto que, esta sexta-feira, Barack Obama, presidente dos EUA, autorizou o início de ataques aéreos no noroeste do Iraque. “Para salvar milhares de cidadãos iraquianos, presos numa montanha sem comida e água, e que enfrentam uma morte quase certa”, resumiu o líder norte-americano, ao anunciar a decisão. Obama referia-se aos yazidis, uma minoria étnica e religiosa que, no mundo, não contará com mais de 700 mil pessoas.
Entretanto, a Federal Aviation Administration, entidade que gere as operações aéreas norte-americanas, também já proibiu todos os voos de entrarem no espaço aéreo iraquiano.

Quem são os yazidis?

Etnicamente, são curdos. Fundado no século XI, este povo, contudo, segue uma religião que mistura e adota elementos de várias crenças — incluindo a cristã e a islâmica –, sobretudo originárias da antiga mesopotâmia. As principais são o Sufi Islão e o Zoroastrimo, uma religião que chegou a ser maioritária no império persa e cujas origens data do século VI antes de Cristo.
Os yazidis acreditam num Deus que é representado por sete anjos. Um deles, chamado Melek Taus, ou Anjo Pavão, foi expulso do Céu e enviado por Deus para a Terra quando se recusou a curvar perante Adão, no paraíso — pois fora criado a partir da Sua iluminação, enquanto Adão nascera a partir do pó. Os yazidis encaram isto como um sinal de divindade. Os sunitas não.
Uma das razões está no outro nome pelo qual Melek Taus é conhecido: Shaytan. O mesmo que o Alcorão utiliza para se referir à figura de Satanás. Daí que muitos grupos extremistas islâmicos encarem os yazidis como um povo adorador do diabo. Entre os séculos XVII e XVIII, recordou o The Guardian, o povo yazidi foi alvo de 72 massacres. Em 2007, aliás, cerca de 800 morreram após um ataque bombista executado numa aldeia no noroeste do Iraque.

Onde estão no mundo?
Estima-se que hoje existam pouco mais de 700 mil yazidis. A vasta maioria — cerca de 500 mil — estava localizada perto das montanhas de Sinjar, a cerca de 80 quilómetros de Mosul, principal cidade no noroeste do Iraque.
Pelo menos até junho, quando o ISIS deu início aos ataques para formar um Estado Islâmico que reúna as populações sunitas da Síria e do Iraque. Na Síria estarão atualmente cerca de 15 mil yazidis, enquanto menos de 10 mil deverão estar divididos entre a Geórgia e a Arménia. Em território europeu, cerca de 50 mil estarão hoje a viver na Alemanha, sobretudo oriundos da Turquia.

As prendas islâmicas

por A-24, em 07.08.14
A Batalha

No Iraque, o grupo terrorista sunita Estado Islâmico exige às famílias em Mosul que procedam à circuncisão das raparigas. Caso não o façam, sofrerão castigos severos. A decisão, do Califa Abu Bakr al-Baghdadi, de todas as mulheres serem excisadas, servirá para prevenir a imoralidade e promover comportamentos islâmicos entre os muçulmanos. A mutilação genital feminina é entendida pelo Estado Islâmico como “uma prenda ao povo de Mosul.” Apenas na cidade síria de Homs, nos últimos dias, contam-se mais de 700 mortos, em consequência dos combates entre as tropas leais ao governo sírio e os rebeldes que lutam entre si e contra o regime de Bashar al-Asad. Em Damasco, os combates não cessam e no distrito de Jobar a força aérea tem intensificado os bombardeamentos, desconhecendo-se o balanço de mortos e feridos. O enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Iraque, Nickolay Mladenov, acusou o Estado Islâmico de “executar horríveis actos terroristas” e solicitou ao Conselho de Segurança que peça ao grupo sunita que acabe com as operações, pois “o seu crescimento converteu-se numa ameaça completa à paz e à segurança do Iraque e de toda a região.”
Nickolay Mladenov não descobriu como levar o grupo terrorista a ver a luz da razão, mas sustém que a solução para as ameaças “não pode ser encontrada na caixa de ferramentas das operações militares.” A verdade é que não irá descer dos céus uma solução pacífica que liberte parte da Síria e cerca de um terço do território do Iraque das vontades assassinas dos terroristas. No plano político, o impasse continua no Iraque. As autoridades revelam-se incapazes de formar um governo que seja aceite por todos os grupos religiosos e que conte com a cooperação do governo do Curdistão iraquiano. A organização juvenil do Movimento Jihadista Salafista da Jordânia acaba de jurar fidelidade ao Estado Islâmico e acusar de “ilegítima” a cúpula dirigente da al-Qaeda. A organização jordana que representa perto de seis mil membros criticou os clérigos extremistas Abu Mohamed al-Maqdisi (erudito salafista e mentor de Abu Musab al-Zarqawi) e Abu Qatada pelas críticas proferidas contra o Estado Islâmico e sublinhou que “o correcto e a obrigação de todos é apoiar o Estado islâmico.” Os clérigos têm afirmado por diversas ocasiões que a declaração do califado por parte do Estado Islâmico aprofundará os combates internos entre as facções jihadistas. A verdade é que o Reino da Jordânia, para além da ameaça externa, possui dentro da sua sociedade as sementes do terror em forma de juramentos de fidelidade a um grupo que tem como principal condão ter colocado a al-Qaeda como uma organização moderada. Com estes presentes todos, o que de mal poderá ainda acontecer?

Mais notícias sobre os militantes da "religião da paz"

por A-24, em 25.07.14

Estado Islâmico ordena mutilação genital feminina


O grupo jihadista Estado Islâmico ordenou que todas as mulheres e crianças da cidade iraquiana de Mossul, norte do país, se submetam à mutilação genital feminina, denunciou hoje o número dois das Nações Unidas no Iraque.

De acordo com a coordenadora das Nações Unidas no Iraque Jacqueline Badcock, o fatwa (decreto islâmico) em causa aplica-se a mulheres entre os 11 e os 46 anos. Nesse intervalo de idades, Mossul, a segunda maior cidade do país, tomada pelos insurgentes do Estado Islâmico em junho, e arredores contam cerca de quatro milhões de mulheres, segundo a mesma fonte da ONU.
Contudo, alguns bloggers afirmavam que a informação comunicada por Badcock é ficcional e serve unicamente para injuriar os jihadistas do Estado Islâmico. Uma correspondente da estação televisiva, sediada no dubai, Al AAan TV, Jenan Moussa, afirmou no Twitter que os seus contactos em Mossul não tiveram qualquer notícia do fatwa, contava a BBC.
O Iraque enfrenta atualmente os insurgentes sunitas liderados pelo do Estado Islâmico, que já tomaram alguns bastiões importantes no nordeste do país e avançam na Síria. Em junho, os jihadistas afirmavam estar a criar um Califado Islâmico, cobrindo o território que controlam no Iraque e na Síria.
Com este decreto, os insurgentes submetem as mulheres de Mossul aos incontáveis perigos de uma prática a cujo fim em todos os países apelava uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas de dezembro de 2012.
Entre os perigos da prática estão hemorragias, possíveis problemas ao urinar, infeções, infertilidade e o aumento das probabilidades de morte do recém-nascido, aquando do parto de uma mulher que foi submetida a mutilação genital.

Iraque 2014

por A-24, em 21.06.14
Bernardo Pires de Lima

É o velho problema do absolutismo de uma tese: chega a um ponto que cega o promotor. Tony Blair sabe que eliminar Saddam não chegou para fazer do Iraque o oásis do Médio Oriente e conhece bem as causas que fizeram de uma guerra rápida um pós-guerra traumático: falta de planeamento, desbaathização persecutória, desmembramento das forças de segurança, descrédito da cadeia de intelligence ocidental, falta de credibilidade dos iraquianos no exílio que influenciaram a invasão. Depois veio o pico da guerra civil em 2006/7, nova vaga de tropas americanas destacadas, muito dinheiro e armas a comprar a acalmia xiita-sunita e uma retirada negociada por Bush e cumprida por Obama, com o Afeganistão e Wall Street em brasa. O Iraque foi, então, entregue aos seus, alguns mais ocupados com perseguições étnicas do que em negociar compromissos 


Campeonato do Mundo, visto do Iraque

por A-24, em 19.06.14
Via O Insurgente

O campeonato do Mundo de futebol é um evento verdadeiramente global. No Iraque, por exemplo, apesar da falta de bons talentos locais, o futebol é o desporto-rei. Senão veja-se as imagens de soldados iraquianos (imagens gentilmente cedidas pela ISIS).


(cuidado, imagens chocantes, de pouco interesse futebolístico)

Nesta primeira imagem de soldados iraquianos a serem transportados para o lugar onde serão executados, nota-se a camisola de Kaká, jogador brasileiro que desta vez não foi chamado por Scolari.


Já nesta imagem, em que a ISIS expõe os prisioneiros iraquianos capturados, consegue-se vislumbrar claramente a camisola de Jordi Alba, jogador do Barcelona presente neste Mundial, Ibrahimovic, que ficou de fora eliminado por Portugal e aquilo que parece ser a camisola 7 do Real Madrid da estrela portuguesa Cristiano Ronaldo.


Mas Cristiano Ronaldo não é o único jogador apreciado no norte do Iraque. Apesar da má época, a camisola de Nani também é vista nas costas deste soldado iraquiano que caminha para a vala onde irá ser executado.


O adversário português de segunda-feira também está representado. Aqui, onde os terroristas da ISIS executam os soldados iraquianos, nota-se a camisola de Ozil.

Finalmente, apesar de não ser mais usado pela selecção espanhola, também Raul encontra fãs entre os soldados iraquianos.