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A-24

Allez les Bleus et vive la France!

por A-24, em 11.12.14
Raquel Vaz-Pinto via Malomil

A França é a nação anfitriã do próximo Campeonato da Europa em 2016. E há uma grande expectativa que les bleus consigam repetir os feitos do Europeu de 1984 e do Mundial de 1998 quando Michel Platini e Zinedine Zidane lideraram a equipa francesa à vitória … em casa. Tudo indica que a França já fez a sua «estrada de Damasco» e depois de anos muito tumultuosos voltou à ribalta. Foi difícil levar a cabo a renovação da sua selecção depois de uma geração de ouro que «terminou» em 2006 com a derrota na final face à Itália. Aliás é sempre difícil levar a cabo uma renovação depois de uma geração excepcional (mesmo com imenso talento individual) sendo a Espanha de hoje o caso mais evidente. Em relação à França assistimos a exibições decepcionantes que culminaram com o seu afastamento na fase de grupos no Mundial em 2010. Foi pública a divisão do grupo, a contestação relativa ao episódio Anelka e a relação difícil com o treinador Raymond Domenech. O «escândalo» de ter ficado em último lugar do grupo na África do Sul foi tão grande que ficou célebre a conversa entre o capitão Thierry Henry e o Presidente francês de então Nicholas Sarkozy sobre o «fiasco francês».
Mas a julgar pela presença em massa do público francês nos jogos de preparação (a França como anfitriã está automaticamente qualificada), e dos quais o último em Marselha, no Stade Vélodrome, face à Suécia a 19 de Novembro é um excelente exemplo, diria que os anos tumultuosos e infelizes são águas passadas. Do ponto de vista do «regresso do público» o momento de viragem foi a vitória francesa em casa, em 2013, face à Ucrânia no caminho para a «Copa» no Brasil. Os franceses conseguiram anular a vantagem de dois golos dos ucranianos e acabaram por vencer por 3 a zero.








O nacionalismo francês e o orgulho na sua selecção nacional voltaram a estar na moda. Esta vaga nacionalista é, obviamente, potenciada e instrumentalizada pela elite política com o intuito de projectar a imagem de uma França «poderosa» além-fronteiras.
No entanto, esta mensagem de apoio à selecção não é consensual na vida política francesa quando incluímos a Frente Nacional. Sem dúvida que a actual líder, Marine Le Pen, tem um discurso muito mais inteligente que o seu pai mas a questão mantém-se para os seus correligionários: esta selecção representa a França? O que é a identidade francesa face à imigração? Há um modelo? Os filhos de imigrantes nascidos em França são «verdadeiros» franceses?


Mas na formulação destas perguntas os franceses da Frente Nacional não estão sozinhos a nível europeu. Ainda neste fim-de-semana a Suíça teve mais um referendo onde a questão da imigração foi um tema forte. Não deixa de ser curioso que uma das maiores vítimas de uma política mais restritiva será a … selecção suíça. Se olharmos para os jogadores que venceram a Lituânia no último jogo relativo à qualificação para o Campeonato da Europa temos: Jacques Moubandje (nascido em Douala, Camarões), Johan Djourou (nascido em Abidjan, Costa do Marfim), Gökhan Inler (filho de pais turcos), Haris Seferovic, Granit Xhaka, Xherdan Shaqiri, Blemi Dzemaili, Valon Behrami e Admir Mehmedi (ascendência de países resultantes do fim da Jugoslávia). E se olharmos para outros jogadores igualmente importantes temos ainda Ricardo Rodriguez e Philippe Senderos que têm também nacionalidade espanhola. O impacto da «imigração» tem sido muito positivo e a Suíça fez a Argentina tremer nos oitavos-de-final no Brasil. Tendo em conta este factor há quem imagine o que seria a selecção suíça sem os «imigrantes».

E há quemfaça o exercício ao nível das várias selecções nacionais e mesmo quem o faça relativamente a jogadores de origem africana. O que seriam as selecções sem os seus jogadores filhos de imigrantes ou naturalizados? Há muitos exemplos mas poderíamos olhar para os italianos Angelo Ogbonna (pais nigerianos) ou Mario Balotelli (nascido em Palermo de pais ganeses). A Bélgica seria também uma selecção com baixas de peso tendo em conta o capitão Vincent Kompany, Romero Lukaku, Kevin Mirallas, Moussa Dembélé, Marouane Fellaini e Axel Witsel. A estes nomes apontados teríamos que juntar o agora titular Radja Nainggolan da Roma. E os campeões do Mundo? A Alemanha ficaria sem Mezut Özil, Shkodran Mustafi, Sami Khedira, Lukas Podolski e Miroslav Klose (agora retirado da selecção). Mas é, sem dúvida, Jérôme Boateng, um dos centrais indiscutíveis da selecção alemã e do Bayern de Munique, que melhor ilustra esta questão já que o seu irmão Kevin-Prince Boateng optou pela selecção ganesa.


Como podemos ver a imigração é um factor a ter em conta no futebol. Para alguns destes imigrantes ou dos seus filhos o futebol é uma forma de melhorarem a sua vida. Para os poucos que são talentosos o futebol ao mais alto nível permite-lhes ter uma vida que muito dificilmente conseguiriam alcançar. Jogadores de famílias abastadas como Andrea Pirlo ou Gian Luca Vialli são a excepção à regra num mundo onde a maioria dos jogadores tem um background humilde e muito difícil. Estes jogadores, tal como Atlas era responsável por carregar o mundo sobre os seus ombros, têm a seu cargo toda a família. Para além do seu talento e do mérito de o trabalharem, há outros factores importantes na «curta» carreira de um futebolista tais como o seu agente ou os clubes onde joga. A forma como os jogadores gerem a sua carreira é um tema fascinante ao qual voltarei mais tarde.
E a selecção francesa? Se olharmos para a selecção que deu o primeiro título internacional à França, em 1984, liderada por Michel Hidalgo temos, entre outros, Jean Tiganá, nascido em Bamako, Mali e naturalizado francês, Luis Fernández nascido em Espanha e … Michel Platini, filho de imigrantes italianos. Mas foi a diversidade da equipa campeã do mundo em 1998 (e que voltou a ser campeã europeia em 2000) que foi colocada no centro das atenções. Desde logo, o herói Zinedine Zidane era filho de argelinos e muçulmano não praticante. E também tínhamos, por exemplo, Marcel Desailly, Lilian Thuram, Christian Karembeu, Patrick Vieira, Thierry Henry e David Trezeguet. Ficaram famosas as declarações de Jean-Marie Le Pen insurgindo-se contra uma selecção que era «artificial», ou seja, não suficientemente «branca» para ser francesa. A vitória categórica dos bleus na final contra o Brasil fez calar a Frente Nacional mas não por muito tempo.

 
A selecção continuou a fazer parte da discussão política e a Frente Nacional a fazer dela um exemplo do que não deveria ser considerado francês. Esta posição levou os jogadores a apelarem ao voto em Chirac em 2002 contra Jean-Marie Le Pen. Em 2006 as críticas voltaram ao centro das atenções tendo Le Pen acusado o treinador Domenech de sub-representar os «brancos». Tendo em conta os anos difíceis vividos pela selecção até 2013 houve igualmente polémica nas estruturas federativas francesas sobre a possibilidade de estabelecer quotas para jogadores árabes e negros com dupla nacionalidade. Esta controvérsia que na altura envolveu o seleccionador Laurent Blanc foi muito intensa e, em alguns aspectos, ainda está por resolver. Um exemplo desta tensão verificou-se durante o Campeonato do Mundo no Brasil relativamente à Argélia. Esta equipa fez um campeonato extraordinário tendo claudicado nos oitavos-de-final perante a Alemanha por duas bolas a uma. Não só os festejos dos sucessos argelinos levaram Marine Le Pen a afirmar que «temos que parar a imigração» e aqueles envolvidos nas celebrações «têm de escolher: ou são argelinos ou são franceses… não podem ser ambos», mas se a Argélia tivesse derrotado a Alemanha encontraria… a França nos quartos-de-final. Esta possibilidade que lembrou o desastre do jogo entre as duas selecções em 2001 levou a medidas extras de segurança.
Mas foram as recentes declarações de Willy Sagnol, antigo internacional e agora treinador do Bordéus, que fizeram «rebentar» novamente os estereótipos e o racismo no futebol francês. As reacções mais fortes vieram do jogador francês com mais internacionalizações na selecção nacional masculina: Lilian Thuram. Este jogador, nascido em Guadalupe, foi um defesa fabuloso na selecção (e nos vários clubes por onde passou) e desde que se reformou tem-se dedicado ao combate ao racismo através da sua Fundação. Segundo Thuram há muito para fazer em França e, em especial, em tempos de maior vulnerabilidade económica. Asondagem efectuada este ano pela Comissão Nacional Consultiva de Direitos Humanos demonstrou que o número de franceses que admitiam ser bastante ou um pouco racistas tinha aumentado de 22% em 2012 para 35%. A estes dados temos que acrescentar a popularidade eleitoral da Frente Nacional que inclui, pela primeira vez, lugares no Senado e há mesmo quem advogue a candidatura de Marine Le Pen a presidente em 2017.
O contexto francês é preocupante mas não é o único a nível europeu. Para além do caso suíço há muitos outros países onde há problemas sérios de racismo a nível do futebol: desde a Itália à Hungria. E apesar da campanha da UEFA e da promoção de tolerância zero em matéria de racismo há muito por fazer. Andrea Pirlo escreve na sua autobiografia como Mário Balotelli tem sido vítima de insultos racistas nos campos de futebol italianos e como a sua figura é em si mesma um «antídoto ao racismo» (pp. 131-134).




E o que pode ser feito? Durante a controvérsia sobre a possibilidade de se impor quotas no futebol francês a jogadores negros e árabes com dupla nacionalidade Arsene Wenger foi claríssimo: «o futebol nacional tem de ser identificado pela sua cultura e pela qualidade da educação, não com as origens dos jogadores». E se há selecção onde encontramos talento e mérito é, sem dúvida, a francesa.

 

Apesar da enorme falta que Franck Ribéry vai fazer (faria em qualquer selecção no mundo) temos jogadores como Blaise Matuidi, Mathieu Valbuena, Karim Benzema, Yohan Cabaye, Patrice Evra (agora na Juventus depois de oito anos no Man. United) e Antoine Griezmann. Mas gostaria de destacar dois jogadores: Raphaël Varane e Paul Pogba. Ambos são dois jogadores de classe mundial com ... 21 anos. É um prazer ver Pogba a jogar na Juventus e tenho pena que Varane não jogue mais no Real Madrid mas a competição é de facto (ainda) muito dura.
Como podemos ver pelo enorme talento à disposição do treinador Didier Deschamps (outro grande jogador) a renovação da selecção parece garantida. Eu vou continuar a admirar o futebol e os seus jogadores pelo seu mérito e talento. E esta selecção continuará a dar muitas dores de cabeça à Frente Nacional.
Como diria Lilian Thuram vive la France, la vraie!

A saga dos Mehra

por A-24, em 25.09.14
Depois do turismo, o regresso.
Three Frenchmen, including the brother-in-law of a Toulouse-based al Qaeda-inspired gunman who killed seven people in 2012, were arrested on Tuesday at a Paris airport suspected of having joined Islamic militants in Syria, a French official said.
Around 150 militants who fought with rebel groups in Syria and Iraq have returned to France, requiring “massive” resources for surveillance and other security measures to prevent attacks.(…)
The three men including the husband of Souad Merah, whose brother Mohamed killed seven people including three Jewish children in March 2012, were arrested at Orly airport in Paris. (…)

Via Insurgente

Como a Revolução Francesa influenciou o Nacional Socialismo e o Comunismo

por A-24, em 15.09.14
"Bliss was it in that dawn to be alive 
But to be young was very heaven!"William Wordsworth
(A sua perspectiva no início da Revolução Francesa; este espírito de entusiasmo não durou muito tempo)

Por Richard Geib

A Revolução Francesa é claramente um dos eventos centrais da Civilização Ocidental - um período da história cujos personagens e eventos sempre me fascinaram. Em comparação, a muito mais moderada Revolução Americana foi muito menos influente no mundo de então - embora tenha sido mais bem sucedida e menos sangrenta. Posso dizer que a Revolução Americana foi mais bem sucedida porque foi mais moderada e menos assassina que a Revolução Francesa.
Mas ironicamente, a Revolução Francesa foi uma revolução fracassada: A Liberté, Egalité,e a Fraternitérapidamente evoluíram para a imponente figura de Robespierre e para o seu Reinado de Terror à medida que a revolução ficou fora de controle e começou a matar-se a si mesma. Inicialmente, os monarquistas foram decapitados, a seguir os Girondinos moderados, e por essa altura a violência e a suspeita estava totalmente fora de controle à medida que a revolução se devorava a ela mesma. Na minha opinião, depois deles terem começado a decapitar os Girondinos moderados, era uma questão de tempo até todosacabarem na guilhotina.
Vinte e seis anos depois da "Declaração dos Direitos do Homem" ter sido escrita, um Bourbon encontrava-se mais uma vez no trono como Rei de França - isto é que eu tenho em mente quando digo que a Revolução falhou. Começando em 1793, a França já teve nada menos que 11 constituições subsequentes ao mesmo tempo que os Estados Unidos ainda usam a sua primeira constituição. Isto é o que eu qualifico de moderação e estabilidade política. O legado destas revoluções é totalmente distinto em estilo, substância e em legado.

Durante um voraz e irracional trecho de paranóia revolucionária, 1,376 indivíduos foram guilhotinados em apenas 47 dias. As últimas palavras da Girondina moderada Mme. Jeanne Roland de la Platiereantes da morte na guilhotina foram:


Ó liberdade! Quanto que eles fizeram pouco de ti!

Na minha opinião, ela colocou as coisas da forma certa. Ou ainda Camille Desmoulins, a escrever da prisão para a sua esposa:
Eu sonhei com uma república que todo mundo iria adorar. Eu não podia acreditar que os homens eram tão ferozes e tão injustos.
Sempre preferi os moderados Montesqieue Lafayetteno lugar de Robespierre e dos seus radicais colegas. Sem surpresa alguma, eles não se deram assim tão bem na Revolução Francesa, o que é um exemplo perfeito da lei de Gresham da moralidade política: o mal expulsa o bem à medida que todos se tornam corruptos ao mesmo tempo que a vida política se torna não muito diferente da guerra Hobbesiana de todos contra todos num "desejo perpétuo e incansável de poder, que só termina com a morte."


Domestic carnage, now filled the whole year
With feast-days, old men from the chimney-nook,
The maiden from the busom of her love,
The mother from the cradle of her babe,
The warrior from the field - all perished, all 
Friends, enemies, of all parties, ages, ranks,
Head after head, and never heads enough
For those that bade them fall. - William Wordsworth

Wordsworth veio a sofrer a desilusão dos jovens revolucionários de todas as eras que descobrem que, ao derramarem um oceano de sangue, eles mais frequentemente causaram males maiores. Se a Revolução Francesa foi o fim dos privilégios monárquicos e aristocráticos e a emergência dos direitos democráticos comuns, ela foi também o início do moderno governo totalitário e da execução em larga-escala dos "inimigos do Povo" por parte de entidades governamentais impessoais (o "Comité da Segurança Pública" de Robespierre). Este legado atingiu o seu ponto mais elevado com a trágica chegada dos Nazis Alemães e dos Comunistas Soviéticos e Chineses do século 20.

De facto, Rousseau foi chamado de o precursor dos pseudo-democratas modernos tais como Estaline e Hitler e as "democracias do povo". O seu apelo para que, se for necessário, os "soberanos" forcem os homens a serem livres no interesse da "Vontade Geral", soa mais como Licurgo de Esparta e não como o pluralismo de Atenas; o legado de Rousseau é Robespierre bem como os radicais Jacobinos (do Terror que se seguiu) e que o adoraram de modo apaixonado. Durante o século 20, a sua influência fez-se sentir através da acção dos tiranos que iriam fomentar as paixões igualitárias das massas não no interesse da justiça social mas sim do controle social.

Olhemos para Rousseau como o génio literário que foi e apreciar a sua contribuição para a história; olhemos para a sua filosofia política com grande cepticismo.

Será que se pode forçar uma pessoa a ser livre? Será que uma pessoa - ou um pequeno grupo de pessoas - pode claramente discernir o que é a "Vontade Geral" que representa todas as pessoas? Não é isto, na práctica, um apelo à ditadura? Será que podemos ler "O Contrato Social" e encontrar nele algum do espírito de Atenas e da democracia parlamentar? Eu não consigo. Tudo isto parece-me mais ao estilo de Esparta bem como ao estilo do igualitarismo austero da sociedade colectivista e das justificações ideológicas dos regimes de pesadelo do totalitarismo moderno.
Rousseau pressagia a ascenção do movimento Romântico nas artes e causou a sensação entre os aristocratas de França dos Bourbons. Alegadamente Napoleão disse mais tarde:
Se não tivesse existido um Rousseau, a Revolução não teria ocorrido, e sem a Revolução, eu teria sido impossível.
Estaline e Hitler poderiam dizer o mesmo ao reconhecerem a sua dívida pelo conceito de "o Soberano" a Rousseau e à sua identificação mística com as pessoas. Duzentos anos mais tarde nós só temos milhões e milhões de inocentes assassinados em "nome do povo", etc.ad nauseam. Robespierre olhou para Rousseau como um pai espiritual. Se eu pudesse escolher o menor de dois males, eu teria escolhido os diplomatas oportunistas tais como Maurice de Talleyrand de França, Clemens Metternich da Áustria, Czar Alexandre da Rússia, ou o Lord Castlereagh da Inglaterra e não Napoleão e a França Revolucionária, visto que Napoleão foi apenas a semente que iria florescer no século 20 nas pessoas de ditadores dinâmicos tais como Adolf Hitler e José Estaline. 

"Ninguém pode governar sem culpa," alegou São Justo. Isto pode ser verdade, mas a violência política é o pior dos males deste século, repleto de crimes espectaculares, e que eu saiba, Robespierre foi o primeiro intelectual Europeu a avançar com a ideia absurda de que o terror é a melhor e a mais eficaz forma de estabelecer a "justiça".

A Revolução Francesa foi a morte merecida do antigo sistema monárquico Europeu. Infelizmente, em demasiados locais os governos que tomaram o lugar dos regimes antigos foram tão maus ou piores que aqueles que os haviam precedidos (Desde Napoleão, a Lenine até aos fascistas). O caos e a violência que Napoleão ajudou a materializar só nos últimos 50 anos (esperemos nós) é que foi removida do sistema Europeu. Que nós possamos aprender com o passado de modo a que não façamos os mesmos erros. Que o século 20 (e o terror Jacobino) seja um aviso! (...)
O que aprendemos com o estudo da Grande Revolução [Francesa] é que ela foi a fonte de todas as actuais concepções comunistas, anarquistas e socialistas.

“Marine Le Pen é a Joana D’Arc do séc. XXI”

por A-24, em 31.08.14
Observador

À beira dos 80 anos, Brigitte Bardot, um dos maiores ícones sexuais do séc. XX, voltou a mostrar o seu apoio à Frente Nacional, especialmente à sua líder, Marine Le Pen. A atriz deseja que a eurodeputada, conotada com a extrema-direita, assuma responsabilidades governativas e “salve a França”.

“A Marine não precisa dos meus conselhos. Eu desejo que ela salve a França, ela é a Joana d’Arc do século XXI”, sublinhou Bardot em entrevista à Paris Match, publicada esta semana. A atriz já tinha anteriormente dado o seu apoio à Frente Nacional pela oposição de Le Pen à carne halal – carne produzida especialmente para a comunidade muçulmana, onde os animais são sangrados até à morte – em França.

Há décadas que Bardot desenvolve através da sua fundação a defesa dos direitos dos animais em França e no mundo. “Eu vou continuar a chocar os simples de espírito, os medíocres e os sectários. Vou dizer toda a minha vida o que penso, quer gostem, quer não”, afirmou Bardot que vai completar oito décadas de vida em setembro.

Como prendas de aniversário, a atriz diz que vai “exigir” a François Hollande que se mude estatuto do cavalo de animal de trabalho para animal de companhia, evitando assim o seu abate, e o fim do consumo da carne de cavalo em França. Bardot diz que se vai continuar a bater contra a morte dos animais por sangria.

França, primeiro país do mundo a proibir protestos pró-Palestina

por A-24, em 20.07.14
CNN retira repórter de Gaza por tweet a criticar israelitas.

Têm sido dezenas as manifestações em todo o mundo de apoio à população de Gaza desde o início da ofensiva militar Barreira de Protecção, que já vitimou mais de 270 palestinianos, 80% deles civis, classificados por Israel como "danos colaterais" mas que as ONG dizem estar a ser alvos do exército em clara violação da lei internacional.
Uma dessas, no domingo passado em Paris, culminou em confrontos que as autoridades francesas disseram terem sido provocados por "anti-semitas" mas que na realidade foram resultado de confrontos entre pró-palestianianos e a Liga de Defesa Judaica, lóbi francês que, segundo testemunhas e jornalistas no local, provocou os milhares de manifestantes que apoiam Gaza.
Perante a violência gerada na capital francesa, ontem o governo de François Hollande tornou França o primeiro país do mundo a proibir manifestações de apoio à Palestina, cancelando a autorização para um protesto convocado para este fim-de- -semana. Existe uma "ameaça à ordem pública", declarou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Quem participar em "protestos proibidos" no país enfrenta até um ano de prisão e até 15 mil euros de multa; para quem esconder a cara a pena pode ir até três anos e a multa até 45 mil euros.
A par desta notícia, os media avançaram ontem que o canal televisivo norte-americano CNN removeu a sua correspondente em Gaza, após Diana Magnay ter publicado no Twitter uma mensagem a classificar de "escumalha" os cidadãos israelitas que aplaudem os bombardeamentos a Gaza de um monte em Sderot, na fronteira com o enclave, e que, segundo a jornalista, ameaçaram destruir-lhe o carro se ela "dissesse coisas erradas" na cobertura da crise. iOnline

A eleição de extremistas na Europa e o angustiante ocaso da sociedade aberta

por A-24, em 03.06.14
Via Inst. Ludvig Von Mises

O cerne do discurso das agremiações antiliberais que ascenderam com força em quase toda a Europa é idêntico: a total aversão à sociedade aberta e aos seus valores de tolerância, diversidade e voluntariedade. Desde a Frente Nacional da França incitando o ódio aos imigrantes à Syriza da Grécia estimulando o ódio aos capitais estrangeiros, passando por todos os distintos grupos de extrema-esquerda que surgiram na Espanha e pelos neonazistas que ressurgiram na Alemanha e que são proeminentes na Grécia, todos têm o objetivo de asfixiar e reprimir radicalmente os poucos resquícios de liberdade que não foram destruídos pelo consenso social-democrata que governa a Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. 


A maioria dos europeus não pensa hoje de maneira substantivamente distinta de como pensava há dez anos; o cerne de suas ideias segue sendo o mesmo. O que mudou é que, há dez anos, todos estavam bem assistidos por um estado provedor que dizia não haver limites para suas benesses; hoje as benesses se exauriram e a inevitável realidade econômica se impôs. O fato de que os recursos são escassos e não podem ser criados por meras palavras de políticos e burocratas é algo que está sendo sentido na pele pelos europeus. E essa realidade bastou para que eles optassem por diminuir seu apoio à tecnocracia dominante e abraçar partidos ideologicamente mais radicais.

Immigration in France: No need for 'Mr Ebola'

por A-24, em 02.06.14
Via  The Local

As the National Front's Jean-Marie Le Pen courts trouble by suggesting the Ebola virus could solve the immigration problem in France, the author of a new OECD report on immigration in Europe says it's no longer even a significant phenomenon in France.
As expected, given that he is vying for re-election as a member of the European parliament on Sunday, Jean-Marie Le Pen, the controversial honorary president of France’s anti-EU National Front party voiced his opinions on immigration this week.
Le Pen, who has been convicted of hate speech on numerous occasions, could be up in court again after suggesting the deadly Ebola virus could solve the global “population explosion” and thus Europe’s “immigration problem”.
“Mr Ebola could sort it out in three months,” he told journalists at a cocktail party before an election rally in Marseille. His words were later condemned by the government.
Le Pen went on to tell supporters his concerns that the French population risked being “replaced by immigrants”.
“In our country and in Europe we have known a cataclysmic phenomenon – a migratory invasion that we are only seeing the beginning of today.
“This massive immigration risks producing a real replacement of populations,” Le Pen said.
Le Pen’s words may strike a chord with his National Front supporters who are expected to help see the party gain a record score in this week’s European Elections, but they come as a new report revealed the number of immigrants heading into France represents only 0.4 percent of the population.
The Paris-based OECD think tank published a report that looked into whether migration really is increasing in Europe and while it revealed the permanent migration into France reached “a historical high” in 2012 it’s “no longer a significant phenomenon”, especially when compared with other OECD countries.
“Contrary to what most people believe migration to France is fairly low,” Jean-Christophe Dumont, from the OECD’s International Migration Division told The Local. “Immigrants coming to France in 2012 represented only 0.4 percent of the population, which is much lower than the OECD average of around 0.8 percent.
Some 241, 900 permanent immigrants arrived in France in 2012, compared to 399, 900 in Germany and 282, 600 in the UK, according to the OECD.
“There’s a gap between the perception and reality when it comes to the importance of migration - 200,000 to 250,000 might sound like a lot of people but as a percentage of the population it's not,” he said.
The study also revealed that in 2012 a total of 925 000 EU citizens emigrated to another EU country, up 12% over the previous year. For its part France saw an 11 percent rise in EU citizens settling in the country.
Dumont says one of the reasons why immigration to France remains low is the country’s policies, which means it is harder to for people to settle here.
“It’s not like in Sweden where pretty much anyone with a job can get a work permit, bring their spouse over and then be nationalised within a few years,” he said.
“Migration also responds to opportunities and the economic profile of a country, which explains why more people headed to Germany than France,” Dumont said.
Dumont added that France still has a need for migrants to come in order to fill jobs in certain sectors like construction and care.
With far right parties like Pen’s calling for borders to go back up across Europe, the subject of immigration has once again become a political football in the run up to the EU elections.
But Dumont, says the studies show that France still benefits from its immigrant population.
“No study has ever shown that migration was not beneficial for France,” he said. “In certain sectors like hotels, construction, and the care industry, immigrants are needed to fill vacant jobs because there is an employment gap,” he said.
He says many people make judgements about the number of immigrants in France by wrongly including second generation migrants, who were actually born here.
“That’s why certain people find it very easy to make these negative, populist statements,” Dumont said.
Jean Marie Le Pen however is unlikely to take note of any of this as he hopes to take his seat in Strasbourg once again.

Autarca francês de extrema direita recusa comemorar abolição da escravatura

por A-24, em 11.05.14
O presidente da câmara de Villers-Cotterêts, Franck Biffaut, que pertence à Frente Nacional (FN), de extrema-direita, recusou-se hoje a comemorar oficialmente a abolição da escravatura em França. "Creio que está na moda [esta comemoração], no âmbito de uma autoculpabilização permanente, de uma culpabilização sistemática, enquanto a escravatura, lamentavelmente, continua a existir no mundo", afirmou o autarca francês para justificar a sua postura.
A França aboliu a escravatura em abril de 1848, mas a efeméride é celebrada a 10 de maio, data da entrada em vigor da lei, que ficou conhecida como lei Taubira, que em 2001 considerou a escravatura como crime contra a humanidade. Em 2006, foi emitido em França um decreto que prevê que esta data seja assinalada anualmente em todas as autarquias com uma cerimónia de evocação. Em Paris a cerimónia será hoje presidida pelo presidente francês, François Hollande.
A FN tem criticado este tipo de comemorações e lançou uma petição em 2012, que continua ativa, onde considera que o "masoquismo nacional e o ódio contra a própria história não é a maneira de dar um futuro ao país e à sua juventude".

...

por A-24, em 17.04.14
João Quadros (Excertos)

«Diz Luís Canedo de Gaia: "A nossa cidade (Perpignan) está a ser invadida por árabes. Em certas cidades francesas, há mais mesquitas do que igrejas." (...)

O que o Canedo não sabe, nem desconfia, é que ao mesmo tempo, o candidato Mohamed Gairban da FN (prometeram-lhe que não ia cumprir a promessa de retirar voto a cidadãos não nascidos em França) diz: "Isto está cheio de tugas. Gente que nem de ex-províncias francesas veio. O meu avô nasceu na Argélia e diz que qualquer dia temos portugueses na selecção francesa. Imagine que, em certas cidades francesas, há mais camisolas do CR7 que do Karim Benzema."»

"Nobody expects the spanish inquisition"

por A-24, em 31.03.14
João Quadros

Segundo uma reportagem do "Expresso", Luís da Silva Canedo, português de 53 anos, emigrante em França há mais de 30, é candidato à autarquia de Perpignan, pela Frente Nacional de Marine Le Pen. Isto é como a história do judeu neo-nazi ou dos deputados homossexuais que votam contra a co-adopção.



Segundo uma reportagem do "Expresso", Luís da Silva Canedo, português de 53 anos, emigrante em França há mais de 30, é candidato à autarquia de Perpignan, pela Frente Nacional de Marine Le Pen. Isto é como a história do judeu neo-nazi ou dos deputados homossexuais que votam contra a co-adopção.

O candidato português da FN diz que não vê qualquer inconveniente em concorrer por um partido que é contra os direitos de voto de cidadãos europeus nas eleições francesas. "Eu falei-lhes nisso quando as listas foram elaboradas, mas tudo na FN está em mudança e essa posição vai mudar", diz Luís Canedo, que está em França a trabalhar como anjinho, presumo eu. Portanto, o Luís vai fazer campanha, e votar, num partido que, se ganhar, prometeu que lhe tirava o direito de votar, mas não tem importância porque eles lhe disseram que não vão cumprir o que prometeram. É isso, Luís. Na pior das hipóteses, vai haver uma votação em que ele já não participa. E, neste caso, não podemos levar a mal que isso aconteça. Lembrem-me de gritar - Canedo! - três vezes sempre que alguém falar da problemática da emigração e da fuga de cérebros.

Luís, que nunca pediu a nacionalidade francesa (sabia lá que vinham aí esses malucos do Le Pen), diz que aceitou participar na lista "porque a cidade está a ser invadida por árabes, o islamismo está a destruir as nossas convicções católicas." Está visto que o Senhor Canedo é facilmente influenciável. Os da Le Pen convencem-no a votar contra si próprio. E agora, o islamismo, só por si, está a destruir as "convicções católicas" do pobre Luís: "Vê-se que eles rezam muito mais que nós, estamos em clara desvantagem. Aquilo das setenta e tal virgens, em vez de um paraíso com almas, que eu nunca percebi bem o que era, não sei, não." Não lhe mostrem o hinduísmo que ele passa-se.

Diz Luís Canedo de Gaia: "A nossa cidade (Perpignan) está a ser invadida por árabes. Em certas cidades francesas, há mais mesquitas do que igrejas." Isto é a Gaiola Dourada em versão Leni Riefenstahl.

O que o Canedo não sabe, nem desconfia, é que ao mesmo tempo, o candidato Mohamed Gairban da FN (prometeram-lhe que não ia cumprir a promessa de retirar voto a cidadãos não nascidos em França) diz: "Isto está cheio de tugas. Gente que nem de ex-províncias francesas veio. O meu avô nasceu na Argélia e diz que qualquer dia temos portugueses na selecção francesa. Imagine que, em certas cidades francesas, há mais camisolas do CR7 que do Karim Benzema."

Luís está convencido de que Marine Le Pen é uma moderada. "Ela não tem nada que ver com o pai, esse sim é contra a presença de europeus nas listas da Frente Nacional" - esse racista! E acrescenta: "Eu já fui socialista, mas eles desiludiram-me..."... foram incapazes de apostar na xenofobia.

Luís termina dizendo : "É preciso um grande sobressalto em França e na Europa, é preciso que a FN ganhe pelo menos uma vez em França para toda a gente se dar conta que tudo tem de mudar." Aqui o Luís é capaz de ter razão. Se a FN tiver um grande resultado nas eleições europeias, isto é capaz de abanar. Homem para homem não deu, vai ser uma mulher a assustar a Merkel.