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A-24

Como chegar à reforma com um milhão de euros

por A-24, em 11.12.14
Diário Económico


Utilize o novo simulador do Económico para descobrir o que tem de fazer para chegar aos 65 anos com um milhão de euros para gastar.
Descubra como chegar à reforma com um milhão de euros
Chegar aos 65 anos com um pé-de-meia no valor de um milhão de euros é possível. Mas para isso terá de começar a poupar muito cedo, estar disposto a correr alguma dose de risco e fazer poupanças mensais consideráveis. O Diário Económico apresenta-lhe oito cenários para conseguir ser milionário.

Confortavelmente deitado numa espreguiçadeira de lona à sombra de uma palmeira, numa praia de areia branca, virado para um mar azul turquesa, num paraíso terreno e uma conta bancária com um saldo milionário. É desta forma que muitos portugueses gostariam de se ver a gozar uma reforma confortável. O que muitas vezes desconhecem é o valor que terão de colocar de parte ao longo da vida para conseguir concretizar esse sonho, sobretudo tendo em conta que cada vez é mais difícil poupar. Mas, segundo cálculos efectuados através da nova "Calculadora Milionária" do site do Diário Económico (www.economico.pt) que estará disponível a partir de hoje, fique a saber que se colocar de parte todos os meses pouco mais de oito euros poderá chegar à idade da reforma com um milhão de euros de poupança.

Mas como seria de imaginar também aqui "não há almoços grátis". Para lhe ser suficiente poupar esse montante terá de ter um determinado perfil. Nesse caso, um dos requisitos necessários era já ter uma poupança inicial de 40 mil euros mas ao mesmo tempo estabelecer uma poupança mensal de oito euros desde os 25 anos. Como explica Gonçalo Gomes da direcção de marketing do Activobank, "quanto mais cedo começarmos a poupar para a reforma, maior será o potencial de valorização do investimento realizado, fruto do efeito capitalização: é realmente diferente começar a poup
ar aos 30 ou aos 35 anos". O poder da capitalização de juros (juros sobre juros) pode ver-se no seguinte exemplo. O investimento de 10 mil euros a cinco anos com uma taxa de juro líquida de 3% e pagamento de juros anuais, permite alcançar no final do prazo 1.613,14 euros em juros. Sem capitalização de juros, esse valor baixa para 1.500 euros. Num horizonte temporal mais alargado maior será o impacto.

Também associada à idade em que começamos a poupar é a estrutura dos investimentos. Quanto mais novos começarmos a poupar, maior será a apetência para o risco, uma vez que este se dilui no longo prazo e mais atractivas também se tornam as taxas de rendibilidade. Como explica Gonçalo Gomes, "não existindo uma fórmula que funcione da mesma forma para todos [...] quanto mais longe estivermos do momento da reforma, maior risco podemos assumir e com o aproximar dessa data poderemos começar a trocar activos de maior risco por activos de menor risco, reduzindo o eventual impacto que grandes alterações de curto prazo no mercado possam ter na carteira de investimentos". Com base numa análise histórica, no longo prazo o investimento em produtos financeiros mais arriscados como as acções permitem alcançar retornos reais médios anuais próximos dos 6%. Activos menos arriscados como as obrigações oferecem remunerações reais muito mais baixas.

Numa das simulações, alguém que começasse a poupar aos 35 anos e já tivesse um pé-de-meia de 10 mil euros, se apostasse em activos com um retorno médio anual de 8%, teria que colocar de parte todos os meses 594 euros para chegar à idade de reforma com um milhão de euros. Se a remuneração fosse de apenas 2%, a poupança mensal subiria para 1.989 euros.

Independentemente da estratégia que escolher, um dado é certo: reunir um milhão de euros através da poupança não é facilmente concretizável para a maior parte das pessoas. Até porque as famílias portuguesas estão entre as mais conservadoras, no que diz respeito aos investimentos. Segundo um estudo da CMVM sobre o perfil do investidor português, apenas 9,2% de todas as famílias consideradas estão dispostas a correr os riscos inerentes ao investimento na bolsa. Mas também existe outra certeza: quanto mais tarde definir a sua estratégia de poupança menos dinheiro conseguirá amealhar. Ou pode apostar numa reforma milionária para o seu filho. Saiba que para tal bastará colocar 56 euros por mês no mealheiro do seu filho de cinco anos para que, pelo menos ele, consiga chegar aos 65 anos com um milhão de euros.
Oito formas para atingir a meta de 1 milhão de euros

Começar cedo

Idade: 25 anos
Horizonte de poupança: 40 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Mesmo quem esteja a começar a sua vida profissional e tenha já 10.000 euros de parte terá de poupar mensalmente cerca de 520 euros para conseguir chegar aos 65 anos com um milhão de euros. E para isso terá de apostar em activos que rendam em média 5,5% por ano.

Começar tarde

Idade: 45 anos
Horizonte de poupança: 20 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Para quem começar a apostar no conforto da sua reforma apenas aos 45 anos de idade irá enfrentar um cenário de poupança "hercúleo". Todos os meses terá que colocar no mealheiro 2.217 euros dos seus rendimentos bem como investir em activos que lhe permitam um retorno médio anual de 5,5%.

Menor risco

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 2%
Apostar em activos conservadores tem a vantagem de lhes estar associado um reduzido nível de risco. Contudo, os retornos também serão modestos. Ao escolher aplicações com uma taxa de juro anual média de 2% teria que poupar quase 2.000 euros por mês para ao fim de 30 anos atingir um milhão de euros.

Maior risco

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 8%
Mesmo escolhendo produtos financeiros remunerados a taxas elevadas e com um horizonte de investimento alargado é muito difícil chegar a milionário. Assumindo uma remuneração média anual de 8% e um horizonte de investimento de 30 anos, mensalmente teria de juntar ao pé-de-meia 594 euros.

Poupança inicial baixa

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 10.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Criar hábitos de poupança é uma das máximas das finanças pessoais. Se já existir um pé-de-meia inicial melhor ainda. Alguém que já tenha no mealheiro 10.000 euros terá que poupar todos os meses mais de 1.000 euros durante 30 anos, assumindo um retorno médio anual de 5,5%, para ser milionário aos 65 anos.

Poupança inicial alta

Idade: 35 anos
Horizonte de poupança: 30 anos
Poupança Inicial: 50.000 euros
Retorno anual: 5,5%
Tendo em conta o cenário anterior mas assumindo a existência de um pé-de-meia inicial de 50.000 euros, a poupança mensal necessária para atingir a meta de um milhão de euros aos 65 anos é mais baixa. Ainda assim terá de colocar de parte um valor substancial: 807 euros por mês.

Menor poupança mensal

Idade: 25 anos
Horizonte de poupança: 40 anos
Poupança Inicial: 40.000 euros
Retorno anual: 8%
Poupar todos os meses apenas oito euros e chegar à idade de reforma milionário é o sonho de grande parte das pessoas. Para conseguir concretizar esse sonho teria que ter uma poupança inicial de 40.000 euros, ter hábitos mensais de poupança desde os 25 anos e investir em activos com uma remuneração média anual de 8%.

De pequenino...

Idade: 5 anos
Horizonte de poupança: 60 anos
Poupança Inicial: 0 euros
Retorno anual: 8%
... Se torce o pepino. Esta será a melhor forma para conseguir chegar à idade de reforma com um mealheiro abastecido com um milhão de euros. O largo horizonte temporal não só minimiza o risco de perdas como exige um nível de poupança mensal bastante acessível. Bastaria colocar todos os meses no mealheiro do seu filho cerca de 56 euros para que, pelo menos ele conseguisse uma reforma milionária.


Vistos gold, turismo e ajustamento

por A-24, em 03.12.14
Carlos Guimarães Pinto

Voltemos ao princípio das história: Portugal entrou no Euro, os bancos ganharam acesso a financiamento mais barato que passaram aos seus clientes sob a forma de taxas de juro baixas. O estado também aproveitou a benesse para se endividar a um ritmo nunca antes visto. Com tanto dinheiro barato a entrar, a economia virou-se para dentro, focando-se na produção de bens não transaccionáveis, perdendo competitividade nas exportações.

Chegamos a 2009: financiamento externo começa a secar. Em 2011 seca quase por completo, obrigando o estado a recorrer à Troika. O crédito que antes alimentava os sectores da economia não transaccionável deixou de estar disponível. A economia entrou num processo duro de ajustamento em que pessoas, infraestruturas e capital precisam de ser redireccionadas para a produção de bens de exportação. Este processo é doloroso por um motivo simples: pessoas, infraestrutura e capital não alteram as suas valências de um dia para o outro. Neste processo longo, haverá pessoas desempregadas, infraestruturas desaproveitadas e capital indisponível.

O processo será tão mais longo e doloroso quanto mais as valências dos sectores exportadores estiverem distantes das valências dos sectores não transaccionáveis. Na maior parte dos casos, estão bastante distantes. Mas há um caso específico em que não estão: o turismo, na sua forma de lazer e residencial.

Os turistas usam a mesma infraestrutura (lojas, serviços e habitações) que se alimentaram da procura interna no passado. Com pequenas modificações, a estrutura que servia a procura interna pode servir o turismo. O mesmo acontece com turismo residencial: uma empresa construtora que vivia à custa de obras públicas, pode construir casas de luxo para estrangeiros passando apenas por um pequeno período de ajustamento. Claro que para conseguir vender casas de luxo a estrangeiros, é preciso que os estrangeiros possam viver nelas. Os vistos gold (um péssimo nome para uma política sensata) facilitavam precisamente esse percurso. Permitiam que cidadãos fora da União Europeia não tivessem que passar pelo longo processo de obtenção de visto cada vez que quisessem visitar. Não foi uma medida estatista, antes pelo contrário. Foi uma medida que eliminou alguns obstáculos burocráticos que se colocavam a quem, sendo não-europeu, quisesse viver numa casa em Portugal. Ao fazê-lo não veio distorcer um mercado, veio torná-lo mais líquido, eliminando obstáculos à entrada de compradores.

Depois há a questão moral ligada aos vistos gold, relacionada com a atribuição de residência a pessoas apenas por terem dinheiro. Com aqueles para quem cada estrangeiro que entra em Portugal é um estrangeiro a mais, não há muito por onde discutir. Com os que acham que não deveria haver fronteiras, também não. Mas para a maioria das pessoas que aceitem que Portugal não se deve fechar completamente à entrada de estrangeiros, mas que ao mesmo tempo compreendem que não pode ter uma política de portas abertas, a necessidade de critérios à entrada parece fundamental. Um dos principais critérios será inevitavelmente económico. Pessoas com emprego são preferíveis a pessoas sem emprego e pessoas com capacidade para se sustentarem são preferidas a pessoas sem essa capacidade. Os vistos gold aplicam precisamente este último critério.

Salário mínimo e pensões dos venezuelanos aumentaram 15%

por A-24, em 02.12.14
DN

O salário mínimo e as pensões de reforma dos venezuelanos aumentaram hoje 15% para o equivalente a 776,04 dólares (625,83 euros), segundo um comunicado do Ministério de Comunicação e Informação da Venezuela (MCI), envido à agência Lusa.
O documento salienta que o aumento do salário mínimo também se aplica aos cerca de 2,6 milhões de pensionistas do sistema de seguro social.
Segundo o MCI, foram ajustados em alta os níveis mínimo e máximo de cálculo para o subsídio de alimentação, que passou a ser de 0,50 e 0,75 unidades tributárias diárias, equivalente a 63,50 e 95,25 bolívares respetivamente, (8,12 e 12,19 euros respetivamente).
Desde 2003 vigora na Venezuela um rígido sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país e que conta atualmente com três tipos de câmbio oficiais para cada dólar norte-americano: 6,30, 12,00 e 50 bolívares, aplicados a bens prioritários, turismo e outros.
Existe ainda um mercado paralelo em que o custo da moeda norte-americana triplica a cotação oficial mais alta, mas cujo valor é proibido divulgar localmente.
Alguns dos produtos chegam ao mercado venezuelano a preços preferenciais, importados com divisas outorgadas pelo Executivo, no entanto, com frequência os venezuelanos queixam-se do elevado nível do custo de vida, num país onde, por exemplo, um café custa 35 bolívares (4,48 euros).
Dados divulgados pelo Banco Central de Venezuela revelam que a Venezuela acumulou 63,4% de inflação em 12 meses.

O fim do chocolate

por A-24, em 01.12.14
Via Insurgente


Enquanto a malta se distrai com minudências como a prisão preventiva do ex-PM, os pérfidos banqueiros do Espírito Santo ou os vistos manhosos a chineses duvidosos, a sua atenção é desviada de coisas realmente importantes. Nomeadamente o anunciado fim do chocolate, tragédia maior da sociedade moderna, fim dos tempos e trombeta do apocalipse.

Ou talvez não. Se calhar a malta está a ignorar a notícia porque se trata de um enorme disparate de quem não sabe fazer contas e/ou não percebe nada de como funciona a economia. Ou ainda, parafraseando Adam Smith, de pessoas do mesmo negócio a conspirar uma invenção para subir preços. Como se pode ver na figura, a produção de cacau parece tudo menos em declínio. Nem se pode tecer uma teoria do género “peak cocoa”, pois o cacau não é um recurso finito, ao contrário do que os títulos sensacionalistas sugerem. Tem também piada a sugestão de que os preços em Portugal já estão a aumentar por causa disso, na medida em que a matéria-prima paga no produtor representa em média 3 a 5% do preço final. Por fim, é hilariante a ideia de que o vírus ébola e o aquecimento global estão a afectar a produção. Os países do presente surto de ébola representam 0,7% da produção mundial de cacau. Quanto ao aquecimento global, nem vale a pena comentar.

Como já se vê Portugal, desde o Brasil "Colonizadores colonizados"

por A-24, em 27.11.14
Via Ao sul do Capital

Em 1808, quando Dom João VI e sua Corte aportaram no Rio de Janeiro, o Brasil transformava-se na sede de todo o Império Ultra-Marino português. A vinda da Corte trouxe innúmeros benefícios para a ex-colônia que ganhou calçamento, teatros, escolas de arte, ampliação, reforma e construção de várias igrejas; faculdades e a aberturas dos portos. 
Nos dias atuais, chineses, brasileiros e angolanos protagonizaram as mais recentes e maiores aquisições de empresas portuguesas. Ficaram para trás os anos da invasão espanhola e, portanto, o receio em relação ao país vizinho. Hoje, a água, a eletricidade e os hospitais portugueses caíram nas mãos de chineses.
A China Three Gorges pagou 2,7 bilhões de euros (8,6 bilhões de reais) por 21,3% da elétrica EDP; o grupo Fosun, do mesmo país, assumiu o controle da Fidelidade, seguradora líder de mercado, pagando 1,01 bilhão de euros (3,2 bilhões de reais) e há um mês deu outro passo, ao desembolsar 480 milhões de euros (1,5 bilhão de reais) pela Espírito Santo Saúde, que administra cerca de 20 centros hospitalares no país.
A State Grid, outra estatal chinesa, comprou 25% da Red Eléctrica Nacional (por 387 milhões de euros, ou 1,2 bilhão de reais) —depois o grupo Fosun adquiriu outros 5%—, e a Beijing Enterprises Water Group, de Pequim, adquiriu por 95 milhões de euros (304 milhões de reais) a Veolia, empresa de abastecimento de água de Portugal. Em três anos, a China gastou 5,38 bilhões de euros (17,2 bilhões de reais) na aquisição de empresas portuguesas; em termos de volume, Portugal é o quarto país europeu com investimentos chineses, mas o primeiro em proporção à sua população.
O Brasil também colocou seu antigo colonizador no radar. A Camargo Corrêa comprou a Cimpor por mais de 5 bilhões de euros; dois anos antes de a operadora Oi usar a PT como moeda de troca para levantar fundos e adquirir a subsidiária brasileira da Telecom Italia, e assim se consolidar em seu país de origem.
Se os investidores chineses se concentraram em serviços básicos, os angolanos preferiram o mundo financeiro e os meios de comunicação. Em Portugal, se consolidaram com sucursais de seus próprios bancos (BIC, Atlântico, BAI, BANC e BNI), mas também entraram como acionistas de instituições locais. Uma parceria da filha do presidente de Angola, Isabel dos Santos, tem uma participação de 10% no BPI; e a Sonagol, petrolífera estatal africana, possui uma fatia de 20% do BCP, além disso controla a petrolífera portuguesa Galp. Dos Santos também tem uma elevada participação na operadora NOS, líder em TV por assinatura, e agora disputa a PT.
No setor de mídia, os fundos angolanos também são donos do grupo Controlinveste (Diario de Noticias, Jornal de Noticias, rádio TSF e o jornal de esportes O Jogo), e já manifestaram interesse pela estatal Rádio e Televisão de Portugal, caso seja privatizada.
Os angolanos, que desembarcam nos fins de semana em Lisboa para fechar as lojas de luxo da avenida Liberdade, os chineses, mais discretos, e os brasileiros são hoje os colonizadores da antiga metrópole. Portugal começa a ver a Espanha com menos receio do que antes, e os espanhóis olham os portugueses com menos arrogância, solidários diante de suas semelhantes dificuldades.

Pib per capita e o crescimento dos BRICS

por A-24, em 21.11.14
Instituto Ludwig Von Mises

O PIB é o número que os mercados financeiros e os analistas econômicos esperam com mais ansiedade do que qualquer outro. Trata-se daquela que é tida como a mais importante medida do sucesso de uma economia. O mercado de ações, o mercado de câmbio e o mercado de títulos dependem desse número, assim como presidentes e primeiros-ministros.
O PIB é a régua com a qual mensuramos as economias. 
O problema é que, por si só, ele é inútil.

Os problemas
Este ano, o PIB fez um importante aniversário: são 80 anos sendo o principal mensurador de sucesso econômico. A medição do PIB foi criada a pedido do então presidente americano Franklin Delano Roosevelt na década de 1930, quando ele decidiu que, como todo intervencionista, necessitava saber em mais detalhes o que estava ocorrendo com a economia americana para que pudesse intervir mais decididamente. 
O PIB é uma mera tentativa de somar todas as atividades que ocorrem dentro de um país para então colocar um número preciso no valor total da produção. Mas esse cálculo possui vários críticos e detratores. 
Por exemplo, o PIB não mensura trabalhos domésticos. Gastos governamentais — algo que destrói riqueza emvez de criar — estimulam os números do PIB. A mera reconstrução de estruturas destruídas por terremotos, furacões ou enchentes, algo que simplesmente leva o país de volta para o ponto em que ele estava antes do desastre, é tomado como parte do crescimento do PIB. O desperdício do dinheiro arrancado à força do setor produtivo da sociedade com o pagamento de inúteis operações e burocracias governamentais, algo que em nada contribui para o bem-estar da população, também contribui para o crescimento do PIB.
Ainda assim, o PIB vem sendo encarado como a melhor ferramenta disponível para mensurar como está indo a população de um país. Se o PIB sobe, a população está enriquecendo. Se o PIB cai, a população está empobrecendo.

O número que realmente importa

Mesmo desconsiderando os problemas listados acima, e aceitando — para o bem do debate — que o PIB é a melhor ferramenta de que dispomos para mensurar as economias, o fato é que, por si só, o PIB é um número inútil.
E é inútil simplesmente porque ele não leva em consideração as mudanças demográficas. O PIB desconsidera alterações na quantidade de pessoas que estão vivendo dentro de um determinado país. E o número de pessoas que vive dentro de um país — ou, mais ainda, a alteração do número de pessoas que vive dentro de um país — é o mais importante determinante do seu crescimento econômico.
Com efeito, o indicador que realmente importa é o PIB per capita. É ele quem indica se os indivíduos — em vez do "país", que é um conceito totalmente abstrato — estão enriquecendo ou empobrecendo. Se um país estiver vivenciando rápidas mudanças em seus níveis populacionais, um eventual aumento do PIB pode não ser tão bom quanto aparenta. 
Matematicamente, o PIB de um país representa o valor total de tudo aquilo que foi produzido por todos os seus habitantes. Sendo assim, se o número de habitantes de um país estiver crescendo, o número de pessoas trabalhando, produzindo e consumindo também irá crescer. Logo, o PIB terá naturalmente de crescer. 

É aí que surgem alguns detalhe que o PIB, por si só, não captura. Por exemplo, é possível que um rápido aumento populacional eleve o PIB total e, ainda assim, deixe a população geral mais pobre. Inversamente, uma diminuição na população pode reduzir o PIB total e, ainda assim, deixar as pessoas mais ricas.

Daí a importância do PIB per capita: ele mensura a evolução da riqueza de cada indivíduo do país, o que o torna um indicador mais acurado da real situação da economia de cada nação.

Tão logo você passa a considerar o PIB per capita — e o Banco Mundial fornece os números de todos os países desde a década de 1980 —, grande parte daquilo que você imaginava saber sobre a economia global se comprova incorreto. 

Por exemplo, o Japão — cuja demografia está estagnada — vem apresentando um desempenho bastante decente ao longo das últimas décadas. Já o Reino Unido, que vem apresentando PIBs auspiciosos, está bem pior do que os números indicam, e ainda não recuperou seus níveis de riqueza vigentes antes da crise financeira.
Durante muito tempo, os países desenvolvidos apresentavam comportamentos demográficos muito similares, de modo que apenas o PIB já era suficiente para indicar quem estava indo melhor e quem estava indo pior. Hoje, no entanto, as demografias desses países divergem dramaticamente. 
Japão, Alemanha e Itália possuem populações que estão ou encolhendo ou prestes a começar a encolher. Já Estados Unidos, Reino Unido e França têm populações em crescimento. À medida que essas divergências forem se tornando mais pronunciadas, os PIBs de cada um desses países se tornarão cada vez mais inúteis — e o PIB per capita será a única medida relevante.
O gráfico a seguir mostra a taxa de crescimento do PIB per capita, desde 2005, para Japão (cinza escuro), Reino Unido (cinza claro), Estados Unidos (laranja), China (azul), Brasil (roxo), e para o mundo (vermelho).


O Japão é o exemplo mais significativo porque é o país que apresenta as mais dramáticas tendências demográficas. Após chegar ao ápice de 128 milhões de pessoas alguns anos atrás, a população japonesa está hoje encolhendo, e rapidamente começará a encolher a um ritmo de um milhão de pessoas por ano.
Por isso, seu desempenho em termos de PIB per capita não é nada mau — ainda mais quando se considera todas as notícias de jornal dizendo que o PIB do país está estagnado há décadas.
Agora, vejamos a evolução do PIB per capita dos países dos BRICS. Brasil (vermelho), China (cinza escuro), Índia (cinza claro), Rússia (laranja), África do Sul (azul). 


A China cresce robustamente mesmo em termos per capita. A Índia também consegue se manter. É também possível entender o recente desânimo com o Brasil.
Agora, vejamos a evolução do PIB per capita dos cinco países economicamente mais livres do mundo de acordo com a Heritage Foundation: Hong Kong (vermelho), Cingapura (cinza escuro), Austrália (cinza claro), Nova Zelândia (laranja), Suíça (azul).



Austrália e Nova Zelândia são os países que apresentam os desempenhos mais estáveis e consistentes. Destaque também para a Suíça, que, mesmo já sendo um país extremamente rico, ainda consegue manter uma decente taxa de crescimento da riqueza per capita.
Por fim, vejamos agora um gráfico contendo países ricos e de comportamento demográfico divergentes: Estados Unidos (vermelho), Japão (cinza escuro), Alemanha (cinza claro)m Itália (laranja), França (azul), Reino Unido (roxo).



Ou seja, se analisarmos o crescimento do PIB per capita de cada país — em vez de olharmos apenas os tradicionais números do crescimento do PIB —, o desempenho do Japão está longe de ser o pior do G7. De acordo com os dados do Banco Mundial, essa dúbia honra cabe à Itália. O país está ainda pior do que os números do PIB indicam. A França também não faz inveja a ninguém.
Já a Alemanha apresentou um incrível fôlego até o ano passado.
O Reino Unido, por sua vez, vivencia uma situação interessante. Seus recém-divulgados números do PIB foram surpreendentemente fortes, e este ano o país apresenta uma das mais aceleradas economias do G-7. Segundo os números do PIB, em julho deste ano, o Reino Unido finalmente retornou aos níveis vigentes em 2008, antes da crise. 
Mas a situação em termos per capita é outra. A população do Reino Unido é uma das que mais cresce em toda a Europa, majoritariamente por causa de seus altos níveis de imigração. Atualmente, o país tem 2,7 milhões a mais de pessoas do que tinha há seis anos. Sendo assim, é compreensível que seu PIB tenha crescido, e também é compreensível que seu PIB per capita ainda esteja significativamente abaixo de onde estava em 2008. 
E, como mostra o gráfico, o crescimento do PIB per capita tem sido bem menos extasiante do que os números do PIB sugerem.

Conclusão

No mundo atual, países com economias similares estão em caminhos fragorosamente divergentes em termos demográficos. O Japão é o exemplo mais extremo, com sua população em rápido declínio. Em um futuro próximo, Alemanha, Itália e Espanha também estarão no mesmo barco. A Alemanha apresentou um ótimo desempenho nos últimos anos, mas sua população já chegou ao ápice e já se estima que, ao final desta década, entrará em declínio (a população da Alemanha cairá para 50 milhões até 2050, menor do que a Reino Unido).
Consequentemente, é de se esperar que o PIB da Alemanha comece a sofrer. A China se juntará a esses países no devido tempo. A Rússia também. E, assim como o Japão, o PIB, por si só, fará a situação parecer pior do que realmente é.
Outros países apresentarão uma situação oposta. O Reino Unido, como vimos, deverá apresentar bons números de PIB por causa de seu crescimento demográfico. O mesmo deverá ocorrer com a França. E com ainda mais intensidade com os EUA.
Por que isso é extremamente importante? Porque investidores estão olhando para um número grande e importante que, na realidade, não reflete o verdadeiro estado de uma economia. Minha sugestão: ignore os números do PIB e concentre-se no PIB per capita. Esse indicador diz com muito mais acurácia qual país está realmente indo bem.


Na Hungria foi assim

por A-24, em 14.11.14
Carlos Guimarães Pinto


É inevitável: se uma indústria mexe, o estado sente a necessidade de taxar. As tecnologias da informação mexem e atentação de taxar é mais forte. Na Hungria, o auto-denominado governo iliberal de Viktor Órban propôs uma taxa sobre o consumo de dados. Ao contrário de outras medidas do passado que criaram mais controvérsia fora da Hungria do que dentro dela, esta foi mal recebida. Milhares sairam à rua, levantando os seus telemóveis em protesto, gerando imagens fantásticas e criando uma onda de descontentamento no país.


Venceram. Viktor Orban recuou na taxa dizendo algo surpreendentemente sensível: “Se as pessoas não só não gostam, como consideram que não é razoável, então não faz sentido lançar a medida”.

Portugal tem imensas taxas estúpidas, mas nenhuma será tão estúpida como a taxa da cópia privada. Em tudo semelhante à taxa proposta por Orban, mas recaindo sobre a armazenagem em vez do consumo de dados. Pior ainda, porque se destina directamente a alimentar uma máquina burocrática e a subsidiar pessoas com meios para se sustentarem confortavelmente. No entanto, a taxa prepara-se para passar, com um acordo político alargado. Um governo tantas vezes acusado, e com alguma razão, de ser autoritário, recuou na aplicação da taxa. No muito socialista e democrático Portugal, ela avança. Não vale a pena fingirmo-nos surpreendidos

Deflação à vista – «Japanização» da Europa?

por A-24, em 13.11.14
Paul Krugman compara a crise actual europeia àquela que atingiu o Japão entre 1990 e 2012 e acusa os países da zona euro de nada terem aprendido com a experiência que lançou os nipónicos numa grave crise de deflação, a partir do fim da década de 90. 


Afirma que, com as actuais políticas de austeridade, «o Ocidente mergulhou num marasmo semelhante ao do Japão, mas pior», pergunta «por que é que o Ocidente, com todos os seus reputados economistas (...) chega a uma situação caótica, ainda pior do que a que o Japão viveu» e acrescenta: «O banco central japonês nunca fez nada tão aberrante como o banco central europeu que aumentou as taxas em 2011, contribuindo para lançar a Europa na recessão». 

Paul Krugman nada optimista, portanto, acerca do perigo deflacionista que espreita em várias esquinas deste velho continente.

A nossa capital já é Luanda?

por A-24, em 12.11.14
José Manuel Fernandes

Não consigo compreender o entusiasmo com a OPA de Isabel dos Santos. Será que não entendem que defende os seus interesses, e que os interesses da oligarquia angolana nunca serão os nossos interesses?

Vamos lá ver se percebi bem. A venda da PT Portugal a uma empresa francesa é um crime de lesa-pátria. Já a venda da Portugal Telecom SGPS a uma empresária cuja fortuna é indissociável de ser filha do Presidente de Angola é uma espécie de reedição de defenestração de Miguel de Vasconcelos, de segunda Restauração.
Portugal tem coisas que não se entendem.
Durante anos a fio a existência de uma golden share na PT só teve efeitos perniciosos: proteção da sua posição dominante no mercado, utilização da empresa para fins políticos, aventura da Oi e por aí adiante. Mesmo assim, o professor das noites de domingo da TVI entende agora, três anos depois, que acabar com a golden share foi um erro.
Durante anos a fio não houve cão nem gato que não falasse da importância estratégica do Brasil. No dia em que, num negócio com o Brasil, está em causa o destino de uma empresa portuguesa, passa a ser necessário “enfrentar os brasileiros”, algo que só por si “merece uma saúde”.
Num dia, o destino de Portugal é a Europa. No dia seguinte, o Brasil. Ou talvez não, é antes “a lusofonia” (fica mal dizer que é apenas Angola). Não há apenas desnorte na forma como se saltita de destino estratégico em destino estratégico – há também algum cheiro a ranço. Quando o professor diz que prefere Isabel dos Santos porque “prefere lusófonos a não lusófonos, que eu não sei quem são”, não está a apenas a dizer uma coisa que pensa ser popular: está a apelar ao tipo de sentimentos pós-imperiais que sempre nos impediram de olhar para Angola como uma oligarquia condenável – o mesmo tipo de sentimentos e de estratégia que nos levou, por exemplo, a ceder à chantagem e a aceitar a Guiné Equatorial na CPLP.
Espero sinceramente que a oferta de Isabel dos Santo seja julgada pelas autoridades competentes apenas pelo que é: uma oferta que tem de fazer pela vida no mercado, convencendo accionistas e investidores (e a oferta, pelo valor que hoje tem, é uma má oferta, ficando 30% abaixo da cotação média das acções nos últimos seis meses). Mais nada. Mas temo que isso não suceda.
Ao contrário do que hoje vi sugerido em muitas notícias, não há nenhum altruísmo nesta OPA. Isabel dos Santos já tem interesses no mercado português de telecomunicações, através da NOS, e qualquer movimento de consolidação com a PT não seria bom para a concorrência e, por isso, para os consumidores. Isabel dos Santos também quer influenciar os termos das venda da quota da Oi na Unitel, a empresa de telecomunicações angolana de que também é sócia. Talvez também queira entrar a sério no mercado brasileiro, mas isso exige muito mais músculo financeiro do que 1,2 mil milhões que agora oferece. No meio disto tudo falar de “proteção da PT Portugal” e do seu “centro de inovação” é poeira para os olhos – é dizer o que algumas pessoas querem ouvir, mas não deve levar-nos ao engano.
Mas há mais e mais importante. E esse mais importante é que as posições que Isabel dos Santos já detém em Portugal não nos deixam tranquilos. Uma posição no BPI. Outra posição no BIC, o banco dirigido por Mira Amaral que ficou com os despojos do BPN. Uma quota do ex-BESA, o antigo BES Angola. Uma parceria com a Sonaecom para controlo da NOS. Uma participação indirecta na Galp. E um número desconhecido de propriedades. Pelo menos.
Não foi o génio empresarial de Isabel dos Santos que lhe permitiu ir acumulando todas essas posições – as qualidades próprias da filha do presidente de Angola sempre foram alavancadas pelo poder do pai. Muitas das posições que tem em empresas portuguesas conseguiu-as no quadro de negociações para a entrada de empresas portuguesas em Angola. Mais: é sabido que em Angola só se pode investir tendo sócios locais, e que Isabel dos Santos sempre pode escolher os melhores negócios.
A empresária tem um estilo e uma presença mais sofisticado (mais civilizado?) do que outros investidores angolanos que se distinguem pela forma como exibem as suas fortunas em restaurantes ou adquirindo apartamentos de luxo, mas isso não a distancia do seu tipo de práticas. Isabel dos Santos ainda não tem, que se saiba, investimentos em órgãos de comunicação social portugueses, ao contrário do que sucede com outros oligarcas angolanos, que já têm posições relevantes ou de controlo em jornais como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, i e Sol, até em rádios como a TSF, mas isso não a impediu de passar a controlar a edição da Forbes para os PALOP apenas quatro meses depois daquela revista ter publicado uma reportagem em que denunciava as origens da sua fortuna. Há quem pense que o silêncio se compra.
Isabel dos Santos também não avança nesta OPA apenas com a força dos seus dólares – ela também sabe que continua a contar com o facto de ser filha de quem é. É que na Oi também tem participação o BNDES, o braço financeiro do governo brasileiro, e, como já hoje foi recordado, ninguém em Brasília quererá indispor a família presidencial angolana pois há demasiados negócios brasileiros em Angola.
Quando se está sem dinheiro, como Portugal está, como os empresários portugueses estão, é compreensível que se aceite a entrada de dinheiro de quem o tem. E os oligarcas angolanos, imensamente ricos num país imensamente pobre, têm muito dinheiro. Mas quando se trata de optar entre dinheiro angolano e dinheiro francês, ou mesmo dinheiro brasileiro, a súbita paixão de tantos comentadores e editorialistas por Isabel dos Santos deixa-me perplexo.


Portugal orgulha-se de ter sido o único Império que, um dia, transferiu a sua capital para um das suas colónias, no caso o Rio de Janeiro, para onde foi a corte de D. João VI. Portugal não se orgulhará de, estando na União Europeia, ter deixado uma boa parte da sua capacidade de decisão soberana fugir para Luanda. Aí a única corte conhecida é a de José Eduardo dos Santos, o pai de Isabel.

O que nos aguarda para as Olimpíadas

por A-24, em 08.11.14
Instituto Ludwig Von Mises

Restaram apenas dois países interessados em sediar os jogos olímpicos de inverno de 2022: China e Cazaquistão. 
Sobraram apenas estes dois porque a Noruega desistiu da disputa após seus cidadãos pagadores de impostos se rebelarem e dizerem que não estão a fim de dar o dinheiro necessário para fazer dos jogos olímpicos um mero parque de diversões para os empresários corporativistas, políticos e burocratas mais ricos do mundo.
Em teoria, as Olimpíadas são uma organização privada. Na prática, trata-se de uma organização corporativista gerida por plutocratas cuja única missão é extrair dos pagadores de impostos do país-sede o máximo possível de receitas. Em todas as Olimpíadas, os vencedores são sempre os mesmos: as empreiteiras que fazem obras superfaturadas, os políticos que recebem propinas dessas empreiteiras, as redes de hotéis e a própria mídia. 
Um dos motivos de a Noruega ter se retirado é que seu governo pelo menos ainda é obrigado a prestar contas aos seus cidadãos pagadores de impostos, ao passo que os governos de Cazaquistão e China não são. A retirada da Noruega ocorre após as retiradas de Suécia, Polônia e Ucrânia.