O jovem Matthew Miller foi acusado de “actos hostis”, depois de ter rasgado o seu visto de turista quando entrou no país, pedindo a seguir asilo político. A informação foi divulgada pela agência oficial de notícias norte-coreana.
Miller é um dos três norte-americanos que se encontram neste momento detidos na Coreia do Norte. Um deles, Jeffrey Fowle, 56 anos, foi preso em Maio depois de ter deixado em exemplar da Bíblia num local público. E o missionário Kenneth Bae, preso em Novembro de 2012, está a cumprir 15 anos de trabalhos forçados, acusado de fazer parte de um plano para derrubar o Governo norte-coreano.
Os três esperam que os Estados Unidos enviem uma alta personalidade à Coreia do Norte, para negociar a sua libertação. Em 2009, o ex-Presidente Bill Clinton deslocou-se ao país, conseguindo libertar dois jornalistas norte-americanos. Em 2010 foi a vez do também ex-Presidente Jimmy Carter, que trouxe de volta aos EUA o missionário Aijalon Gomes, condenado a oito anos de trabalhos forçados.
Deste vez, os Estados já propuseram enviar ao país o seu representante especial para os assuntos de direitos humanos na Coreia do Norte, Robert King. Mas o Governo de Pyongyang cancelou as visitas.
North Korea have qualified for the World Cup Final in Brazil, where they will face the might of Cristiano Ronaldo and Portugal.
That’s what the state-run North Korean TV station are telling the nation, with this news report including footage of matches that were clearly played years ago in empty stadia. Apparently, North Korea got to the final after beating Japan 7-0, USA 4-0 and China 2-0 in the group stages. Impressive. Enda Kenny should really take note – this would have been one way to take the country’s mind 0ff yer man in the baseball cap.
Uma cantora norte-coreana, conhecida como uma antiga namorada do líder Kim Jong-un, foi executada na semana passada, na Coreia do Norte, juntamente com um grupo de músicos acusados de gravar e vender pornografia, foi hoje noticiado.
O jornal sul-coreano Chosun Ilbo, o de maior tiragem na Coreia do Sul, afirmou que Hyon Song-wol foi detida a 18 de agosto, por violação das leis norte-coreanas contra a pornografia. A cantora foi executada, em público, três dias depois, indicou.
Além de Hyon Song-wol, foram condenadas à morte mais 11 pessoas, alguns que também pertenciam à orquestra Unhasu, e músicos e bailarinos do grupo Wangjaesan Light Music Band, referiu o jornal, citando fontes chinesas.
Todos os executados foram acusados de gravar e vender vídeos pornográficos. De acordo com uma fonte citada pelo jornal, tinham várias bíblias, e, por isso, foram tratados como dissidentes políticos.
Aparentemente, a relação da cantora com Kim Jong-un aconteceu há dez anos. A relação terminou porque não era aprovada por Kim Jong-il, pai do atual líder norte-coreano, de acordo com a agência noticiosa espanhola EFE.
Hyon casou-se com um soldado e Kim Jong-un casou com uma outra cantora, Ri Sol-ju, que também pertenceu à orquestra Unhasu. DN
Países em que o dia 25 de Abril é feriado nacional: Portugal, Itália, Austrália, Nova Zelândia, Ilhas Feroé, Suazilândia e Coreia do Norte. No país da dinastia Kim, assinala a fundação do exército revolucionário por Kim Il-sung contra os japoneses. Esta é a versão oficial, pelo menos. Mas 25 de Abril na República Popular e Democrática da Coreia é também o nome de um clube de futebol, por sinal o maior do país e aquele que mais títulos terá conquistado, a acreditar na pouca informação disponível. O futebol norte-coreano, tal como o país, é um mistério.
Segundo o RSSSF, um site na Internet que recolhe dados estatísticos de vários campeonatos em todo o mundo, o Clube Desportivo 25 de Abril, que é a equipa do Exército norte-coreano, já foi campeão do país por 13 vezes entre 1985 e 2011. Tentar descobrir quem é o actual campeão não é uma tarefa fácil, a não ser que se saiba coreano. Não é uma Liga que seja propriamente acompanhada pela imprensa internacional e a única fonte de informação para o exterior é a agência noticiosa norte-coreana, que fala mais da presença de Kim Jong-un do que dos jogos em si.
Não há qualquer registo da participação de clubes norte-coreanos nas várias competições organizadas pela Confederação Asiática. E é difícil tentar perceber como é o calendário da Liga norte-coreana. A referência mais recente fala de uma I Liga que vai na segunda jornada e que inclui 14 equipas, mas sem referir os nomes.
Há, no entanto, uma janela inesperada para o futebol norte-coreano. Um utilizador do YouTube identificado como valdas199 disponibilizou vídeos de jogos do campeonato norte-coreano, embora com data difícil de precisar. Há vídeos com mais de 80 minutos (jogos quase na íntegra) e resumos alargados com dez a 30 minutos, um deles presenciado por Kim Jong-un, cujo gosto pelo desporto está bem documentado - assistiu recentemente a um jogo de basquetebol ao lado de Dennis Rodman, antigo rei dos ressaltos da NBA.
A face mais visível do futebol norte-coreano são mesmo as suas selecções, sendo a equipa feminina sénior a nona melhor do mundo, segundo o ranking da FIFA. É sobejamente conhecida a história da selecção masculina norte-coreana que participou no Mundial de 1996, em Inglaterra, em que derrotou a poderosa Itália e que chegou a estar em vantagem por 3-0 frente a Portugal, antes de perder por 5-3. Em 2010, a Coreia do Norte voltou a estar no torneio (onde voltou a defrontar a selecção portuguesa), mas voltou a casa com três derrotas em três jogos. O seu mais mediático jogador é o avançado Jong-Tae Se, o "Wayne Rooney da Ásia", nascido no Japão e que já andou pelo futebol alemão, actuando agora pelo Suwon Bluewings, da Coreia do Sul. Mas que nunca jogou na Liga norte-coreana.
La extrema hambruna en Corea del Norte desata el canibalismo: Padres asesinan a sus hijos para comérselos
La acusación no es nueva – ha sido denunciado en el pasado por diarios surcoreanos o por organizaciones como Médicos sin fronteras - pero esta vez las informaciones proceden de los propios norcoreanos.
Testimonios directos publicados por la agencia Asia Press, con sede en Osaka, Japón, y que han sido publicados por The Sunday Times, hablan de casos dramáticos de extrema hambruna entre la población de Corea del Norte. La agencia que publica esta información asegura que la información obtenida es 100% creíble.
Uno de los informantes explica que un hombre ha sido ejecutado por el régimen de Pyongyang después de asesinar a sus hijos para comérselos. Otras informaciones hablan de un varón que desenterró el cadáver de su nieto para comer y de otro que hirvió a su hija para ingerir su carne.
Según el informe publicado, el “hambre oculta” en las provincias agrícolas de Hwanghae ha matado a 10.000 personas y se teme que el canibalismo se extienda por todo el país.
Estas nuevas informaciones llegan en medio de las tensiones entre Corea del Norte y Corea del Sur acerca de las pruebas con misiles. La semana pasada Pyongyang amenazó con tomar “medidas físicas” de respuesta contra Seúl si participaba directamente en las sanciones dictadas por el Consejo de Seguridad de la ONU contra el país comunista por el reciente lanzamiento de un cohete de largo alcance.
Las sanciones “significan una declaración de guerra contra nosotros”, indicó en un comunicado divulgado por la agencia estatal KCNA el Comité para la Reunificación Pacífica de la Patria norcoreano, que acusa al Sur de haber instigado la última resolución de la ONU contra el país vecino.
Anderson Cooper: Did anybody ever explain to you why you were in a camp?
Shin Dong-hyuk: No. Never. Because I was born there I just thought that those people who carry guns were born to carry guns. And prisoners like me were born as prisoners.
Anderson Cooper: Did you know America existed?
Shin Dong-hyuk: Not at all.
Anderson Cooper: Did you know that the world was round?
Shin Dong-hyuk: I had no idea if it was round or square.
Camp 14 was all that Shin Dong-hyuk: says he knew for the first 23 years of his life. These satellite images are the only glimpse outsiders have ever gotten of the place. Fifteen thousand people are believed to be imprisoned here -- forced to live and work in this bleak collection of houses, factories, fields, and mines, surrounded by an electrified fence.
Anderson Cooper: Growing up, did you ever think about escaping?
Shin Dong-hyuk: That never crossed my mind.
Anderson Cooper: It never crossed your mind?
Shin Dong-hyuk: No. Never. What I thought was that the society outside the camp would be similar to that inside the camp.
Anderson Cooper: You thought everybody lived in a prison camp like this?
Shin Dong-hyuk: Yes.
Shin told us that this is the house where he was born. His mother and father were prisoners whose marriage, if you could call it that, was arranged by the guards as a reward for hard work.
Anderson Cooper: Did they live together? Did they see each other every day?
Shin Dong-hyuk: No. You can't live together. My mother and my father were separated and only when they worked hard could they be together.
Anderson Cooper: Did they love each other?
Shin Dong-hyuk: I don't know. In my eyes we were not a family. We were just prisoners.
Anderson Cooper: How do you mean?
Shin Dong-hyuk: You wear what you're given, you eat what you're given, and you only do what you're told to do. So there is nothing that the parents can do for you and there's nothing that the children can do for their parents. (Excertos)
O escritor português José Luís Peixoto, que passou por Macau várias vezes, deu uma entrevista ao Jornal i onde diz que a Coreia do Norte "tem mais de nazismo do que de estalinismo". Isto a propósito do seu novo livro, "Dentro do segredo", inspirado na sua visita ao país mais isolado do mundo.
Percebo muito bem o que o José Luís Peixoto quis dizer, e não vou aqui armar-me em esquisito ou fazer segundas leituras, mas sinceramente, quem dera aos norte-coreanos que aquele país fosse um regime nazi. O nazismo foi um episódio negro da história, um erro que não se deve repetir, um regime diabólico, mas os nazis não deixavam o seu povo passar dificuldades nem morrer de fome.
Conseguiram mesmo implementar políticas que hoje são consideradas positivas; baniram a vivisecção de animais, tinham espécies protegidas, foram pioneiros no combate ao tabagismo (o JLP diz na entrevista que os norte-coreanos "fumam muito, em todo o lado"), tinham um dos maiores sistemas de segurança social de toda a história, criaram uma invejável rede de auto-estradas e investiram na segurança rodoviária, inovaram no cinema e na moda, e contribuíram para muitos avanços na medicina. Os alemães não viviam no isolamento nem na ignorância durante o terceiro reich.
O que acontece na Coreia do Norte é algo de muito original, diferente do estalinismo propriamente dito. Estaline era um louco homicida, enquanto os Kim são apenas uns loucos negligentes e teimosos. Sinceramente a pobre população norte-coreana teria muito mais a ganhar se o regime que vigora no seu país fosse o nazi. Agora que deixei isto claro, recomendo a leitura da entrevista, e ficarei à espera do livro.
Os líderes da China, da Coreia do Norte, do Zimbabwe e de Cuba foram incluídos pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) numa lista dos "Predadores da Liberdade de Imprensa" referente a 2010, por censurarem, prenderem ou torturarem jornalistas.
O Presidente Hu Jintao, secretário-geral do Partido Comunista Chinês, garante a implementação do seu programa de uma "sociedade harmoniosa" fazendo com que a polícia e o departamento de propaganda impeçam o surgimento de qualquer imprensa livre, disse aquele grupo defensor da liberdade dos jornalistas.
Quanto ao "paranóico Querido Líder" norte-coreano, Kim Jong-il, proibiu os meios de comunicação social de debaterem a fome que matou milhões de norte-coreanos durante a década de 1990. E em cada dia que passa as suas actividades iniciam os telejornais e ocupam as primeiras páginas dos jornais, bastando escrever ou pronunciar mal o seu nome para se ir parar a um campo de reeducação.
Do Presidente zimbabweano Robert Mugabe afirma-se que "arrasta os pés, sabotando o Governo de Unidade Nacional e garantindo que a imprensa independente não se expresse livremente", enquanto os seus adjuntos mantêm um rígido controlo da comunicação social estatizada.
No que se refere ao Presidente do Conselho de Estado de Cuba, Raúl Castro, "tem-se comportado pouco melhor do que o irmão (Fidel) no que diz respeito aos direitos humanos, apesar de alguns sinais cautelosos de uma possível abertura". E o chamado período de transição testemunhou a contínua perseguição de jornalistas independentes, com brutalidade policial e rusgas pela Segurança do Estado.
Outro dos "predadores" denunciados pelos RSF é o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, agora muito interessado em ser membro pleno da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na qual o seu país já tem o estatuto de observador. Dele se diz que mantém o controlo absoluto do seu pequeno estado produtor de petróleo, limitando-se a imprensa privada a alguns pequenos jornais. No país não há sindicato de jornalistas nem qualquer organização que defenda a liberdade de imprensa.
No rol das "poderosas pessoas que estão por trás das violações da liberdade de imprensa" surgem de igual modo o chefe da junta militar birmanesa, general Than Shwe, o chefe dos taliban, mullah Mohammad Omar, o Presidente da Bielorússia, Alexandre Lukashenko, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, o rei Abdullah da Arábia Saudita e o Líder Supremo da República Islâmica do Irão, Ali Khamenei, tal como o Presidente desse mesmo país, Mahmoud Ahmadinejad.
Para além do coronel líbio Muammar Kadhafi e do Presidente sírio, Bashar al-Assad, a enorme lista dos "predadores da liberdade de imprensa" refere ainda os cartéis mexicanos de narcotraficantes, o grupo separatista basco ETA e as redes italianas do crime organizado, como a Cosa Nostra, a Camorra, a 'Ndrangheta e a Sacra Corona Unida.
No que diz respeito às terras do Médio Oriente, os retratos elaborados pelos RSF incluem tanto as Forças de Defesa de Israel como a Força Executiva do Hamas e as forças de segurança da Autoridade Palestiniana.
No ano passado houve em todo o mundo pelo menos 676 aplicações da pena de morte e, destas, 360 ocorreram no Irão, segundo o relatório anual que a Amnistia Internacional acaba de divulgar. Houve execuções em menos países, mas os que aplicaram a pena de morte fizeram-no “a um ritmo alarmante”.
Os dados divulgados são aqueles que a Amnistia Internacional conseguiu confirmar, mas ficam muito aquém do verdadeiro número de execuções. De fora fica, por exemplo, a China, que continua a executar “milhares” de condenados à pena de morte apesar de as autoridades continuarem a manter secreta essa informação, sublinha o relatório agora divulgado. A AI também não obteve informações relativas à Síria ou à Malásia, onde é aplicada a pena de morte.
O Irão surge na lista logo após a China, com 360 execuções (mais 108 do que em 2010), seguido da Arábia Saudita, com 82, e do Iraque, com pelo menos 68 aplicações da pena de morte. Os Estados Unidos estão em quarto lugar, com 43 execuções, menos três do que em 2010, logo depois o Iémen com 41 e a Coreia do Norte, com “pelo menos 30” execuções confirmadas.
Os EUA foram o único país do G8 – que inclui também o Japão, Canadá, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Rússia – a aplicar a pena de morte, uma vez que no Japão não houve nenhuma execução, o que aconteceu pela primeira vez em 19 anos.
Apesar de o Irão ser o país onde foram confirmadas mais execuções, a Amnistia Internacional alerta para a probabilidade de o número ser bastante superior e refere ter “informações credíveis” acerca de 274 execuções que não foram oficialmente confirmadas. Segundo a organização, pelo menos três pessoas executadas no Irão tinham menos de 18 anos na altura em que foi cometido o crime de que foram acusadas e condenadas. Entre essas acusações pode estar, por exemplo, o adultério ou a sodomia, no caso do Irão, a “feitiçaria” na Arábia Saudita e os crimes relacionados com o consumo ou tráfico de droga em mais de dez países.
Os métodos escolhidos para as execuções vão desde a decapitação ao enforcamento, fuzilamento ou injecção letal e em todo o mundo há pelo menos 18.750 pessoas condenadas à pena de morte, adianta a AI.
Em 2011 a pena de morte foi aplicada em 20 países, menos do que os 23 onde houve execuções em 2010, mas em menos países houve mais aplicações da pena capital, e no Médio Oriente esse aumento foi de cerca de 50% sobretudo devido às execuções no Irão, Iraque, Arábia Saudita e Iémen.
A Bielorrússia é o único país da Europa ou dos antigos países da União Soviética onde houve aplicação da pena de morte e pelo menos duas pessoas foram executadas. Em grande parte das condenações à pena capital os julgamentos não decorreram de acordo com os padrões internacionais de um julgamento justo, adianta a AI.
“A grande maioria dos países pararam de recorrer à pena de morte”, sublinhou em declarações à AFP o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty. Ao todo, 96 países já aboliram por completo a pena capital, outros nove aboliram-na para crimes de delito comum e 35 são ainda considerados abolicionistas de facto por não procederem a qualquer execução há pelo menos 10 anos.
Luís Braga, coordenador do grupo sobre a pena de morte da Amnistia Internacional em Portugal, destaca sobretudo três situações em relação à pena de morte: os Estados Unidos, “onde há problemas de discriminação relacionados com a origem social e étnica”, a China, “que é o desconhecido”, e o Médio Oriente. Depois, no caso da Europa, há a situação na Bielorrússia, “É um objectivo importante que a Europa seja um território livre da pena de morte”. PÚBLICO
As águas dos poços estão contaminadas. Alguns campos podem estar verdes, mas sem bagos de arroz, que não chegaram a nascer. Só raramente se encontra carne ou peixe. Há hospitais sem ambulâncias, há camas com mais de um paciente. Ainda assim, no orfanato de Haeju, no Sul do país, 28 crianças sentam-se no chão para cantar: "Não temos nada a invejar."
A música faz parte de um hino à juche, a ideologia de independência e auto-subsistência da Coreia do Norte que contribuiu para o seu enclausuramento. Mas aquilo que testemunharam os jornalistas da AlertNet (a agência de notícias humanitária da Thomson Reuters Foundation) foi tudo menos a capacidade de o país responder às necessidades da sua população. E é o próprio Governo norte-coreano quem pede ajuda. A verdade é que "a Coreia do Norte não conseguirá alimentar a sua população num futuro próximo", constatou na segunda-feira a chefe das operações humanitárias da ONU. Valerie Amos avisou a comunidade internacional que está na hora de pôr a política de lado e estender a mão a uma população que corre o risco de não resistir à fome. "Não julgamos as pessoas [que precisam de ajuda] com base no ambiente político em que vivem", declarou em Seul, uma semana depois de ter visitado o país especificamente para avaliar a sua situação alimentar.
Pior que na Somália
Amos foi autorizada a ver tudo o que pediu para ver. Voltou da viagem de cinco dias com vários números: o país tem um "fosso alimentar" de um milhão de toneladas entre os 5,3 milhões de toneladas pedidas nos últimos anos. As estimativas da ONU referem que mais de seis milhões de norte-coreanos necessitam urgentemente de alimentos (na Somália são quatro milhões). Mas os apelos feitos pelo Programa Alimentar Mundial foram satisfeitos em apenas 30%, com a Rússia e a União Europeia a encabeçar a lista dos principais dadores. "Vi que aonde chegava [a ajuda] fazia uma grande diferença", adiantou. Praticamente todos os anos, desde a grande fome da década de 1990, que terá morto cerca de um milhão de pessoas (numa população de 24 milhões), surgem notícias de carências alimentares agudas. A situação parece estar a agravar-se porque em 2008 os Estados Unidos e a Coreia do Sul suspenderam a ajuda alimentar: por um lado, devido à insistência de Pyongyang no programa nuclear, por outro, por falta de controlo na distribuição dos alimentos enviados. Em Junho, um relatório do Congresso americano acrescentava que também a China tinha parado a ajuda. Acontece que estes três países (para além do Japão) contribuíam com mais de 80% da ajuda alimentar destinada à Coreia do Norte entre 1985 e 2009. Foi a redução do seu auxílio que gerou grande parte do défice de um milhão de toneladas. Apesar dos tufões e das inundações, este não foi um ano particularmente mau para as colheitas - correu até ligeiramente melhor do que 2010 (razão pela qual o Programa Alimentar Mundial da ONU afirmou há um mês que a situação não era assim tão grave). Mas este ano simplesmente não aumentou o "fosso alimentar" referido por Amos. O regime é incapaz de alimentar sozinho a sua população, "mesmo nas melhores condições meteorológicas", cita a AFP. O problema tornou-se crónico porque faltam terras aráveis, abundam sementes de má qualidade e a agricultura não está suficientemente mecanizada, explicou a responsável da ONU. Entretanto, os efeitos de duas décadas de malnutrição não param de aumentar. "No Norte [do país], uma em cada duas crianças sofre de malnutrição crónica", adiantou Amos. "Uma enfermeira disse-me que o número de crianças malnutridas no hospital dela aumentou 50% desde o ano passado".
Arroz, couves e milho
No cenário geral, um terço das crianças com menos de cinco anos sofre de malnutrição crónica. A alimentação faz-se à base de arroz, couves, milho e pouco mais; a falta de proteínas e produtos ricos em nutrientes é gritante, com consequências físicas e intelectuais. Os norte-coreanos vivem em média menos 11 anos do que os seus vizinhos do Sul.
"Cada vez mais crianças vão para o hospital com doenças de pele ou outras relacionadas com malnutrição, e agora que o Inverno se aproxima as doenças respiratórias vão tornar-se mais frequentes", continua Amos. Muitas vezes não é no hospital que o problema é resolvido. Faltam medicamentos, meios "e os equipamentos estão completamente obsoletos".Alguns especialistas sustentam que o país sobreviveria melhor às intempéries se adoptasse mais políticas de mercado. Algumas trocas comerciais começaram a ser autorizadas, ou pelo menos toleradas, e várias famílias dependem agora das hortas cultivadas nos seus quintais e mesmo nas varandas, como testemunhou a AlertNet. O regime tem seguido a orientação de "o Exército primeiro" e alguns críticos da ajuda alimentar acusam as autoridades de desviar o auxílio para os quartéis, ou armazená-lo para enfrentar o endurecimento das sanções, diz a Reuters. Mas, mesmo assim, a fome também chegou aos soldados. As fardas começam a ser mais pequenas, ou ficam largas; a altura mínima para ingressar na carreira militar teve de ser reduzida em dois centímetros.