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A-24

É uma vergonha

por A-24, em 13.04.13
A América Latina é hoje o centro do catolicismo no mundo, que foi para lá levado por portugueses e espanhóis. Em baixo, comparo o nível de vida dos principais países da América Latina com o dos EUA, o seu grande vizinho do norte, fundado sob a influência, na altura, de um calvinismo militantemente anti-católico.
Os números exprimem o nível médio de vida dos cidadãos  da América Latina, em percentagem do nível médio de vida dos cidadãos americanos, já consideradas as diferenças de custo de vida (em termos técnicos, é o PIB per capita ajustado pelas paridades do poder de compra, em percentagem do americano):

Argentina - 34.0

Brasil - 23.8
Chile - 33.5
Colombia - 20.0
Mexico - 30,9
Peru - 20.2
Venezuela - 25.9

(Fonte: The Economist, Pocket World in Figures, 2013 Edition, London)
É uma vergonha.

Pedro Arroja em Portugal contemporâneo

Serão os adeptos do San Lorenzo de Almagro, os melhores do mundo?

por A-24, em 24.03.13
Um vídeo contagiante.

O Rumo da Argentina visto do Brasil

por A-24, em 13.02.13
Ricardo Campelo de Magalhães
Escrevi esse artigo em agosto de 2009 para um jornal local, e ele continua atualizado.

Esta última semana evidenciou-se a crise que vem assolando os produtores de grãos argentinos, os quais sofrem com medidas impostas pelo governo da senhora Cristina Kirchner para conter os preços internos de algumas commodities.

A presidente Argentina decidiu elevar a taxa de exportação vigente de 35 para 40% a fim de conter a alta nos preços de soja, milho, trigo e seus derivados internamente, retendo esses produtos no mercado interno, aumentando assim sua oferta e reduzindo preços.

Os governos atuais na América Latina, em sua grande maioria são de esquerda, com “tendências” sócio populistas e assistencialistas, salvo raras exceções, também são um tanto avessos ao estado de direito e a democracia, apesar de terem chegado ao poder através dela. Costumam apoiar grupos Narco terroristas e ou criminosos como as Farc, o MST e congêneres ligados ao Foro de São Paulo, o qual ligou entidades e partidos afins após a derrocada do comunismo soviético na década de 90.

A questão Argentina revela as praticas evidentes que só pioram a situação em nestes casos, praticas típicas de países com governos sociais comunistas que enterraram seu setor produtivo em nome do socialismo, onde temos como exemplo Cuba, Coreia do Norte e Venezuela, essa ultima, buscam disseminar o caos pela América Latina.

Os produtores Argentinos vêm contornando dificuldades do gênero a tempos, como nos por aqui com as nossas, sendo que em certo ponto, as dificuldades se tornam crises e terminam em “confrontos”.

Esses governos populistas têm seus “currais eleitorais” e precisam manter os programas assistencialistas sob controle para agradar e conter as massas de manobra que os elegeram. Erroneamente e por ignorância de muitos indivíduos que os elegeram, esses governos tomam atitudes que só tendem a piorar as situações.

Convenhamos, há um problema mundial de oferta e demanda de grãos que afetam derivados e outros produtos dependente de grãos como gado, aves e suínos acarretando altas em outros produtos indiretamente ligados, uma reação em cadeia, que é normal, pois vivemos um mercado aberto, livre e global.

Esse desequilíbrio entre oferta e demanda nos se da por motivos climáticos, técnicos, mercadológicos, políticos e econômicos. No caso, os últimos dois fatores são grandes vilões atualmente na região, pois desestimulam o investimento em produção, tecnologia e infraestrutura diminuindo a oferta enquanto a população mundial aumenta e países desenvolvidos e consolidados demandem maiores volumes dos mesmos.

O problema que Argentina passa é um resultado de suas próprias políticas que inibem o setor produtivo em pró de populismos, assim é algo auto destrutivo em médio prazo, principalmente para quem elegeu o governo populista.

Ao invés de estimular a produção com redução de carga tributaria, ou reforma que faça com que esses tributos sejam aplicados na finalidade pelas quais foram criadas, adequação de taxas de juros e ou investimentos e infraestrutura que só tende a trazer beneficies para o local, agem inversamente aumentado taxas e tributos deixando o setor produtivo ainda mais “nervosos”.

A crise por lá, acirrou os ânimos de todos, afinal todos estão sendo afetados, os produtores rurais ganharam apoio com os “panelaços” por parte da classe media e outros produtivos, logo então surgiram os militantes do governo, a tropa de choque, tornando os protestos pacíficos em confrontos violentos.

A senhora Kirchner, a principio como mandam os clichês da “nova esquerda latina” foi truculenta, negou dialogar com uma “classe que andou lucrando muito nos últimos tempos”, como se lucrar fosse um crime abominável e a classe agora seria obrigado a amargar prejuízos em nome do socialismo dos Kirchner.

O monstro foi criado pelo próprio governo, que com medidas absurdas desestimulou os produtores nas devidas proporções, tentando inibir as exportações, fechar o mercado em pleno século 21, mantendo os preços controlados internamente.

A falta de alimentos força os argentinos a fazerem dieta, faltam quase todos os produtos alimentícios nas gôndolas dos mercados, os preços inflacionaram consideravelmente caos se espalha.

Esse é o resultado do populismo… O fracasso das nações que o admitem.

Gostaria de encerrar com uma celebre mensagem de Abraham Lincoln:


Mensagem ao homem do povo

… e aos homens que dirigem o povo, para se viver numa grande nação.

Não criarás a prosperidade, se desestimulares a poupança.

Não fortalecerás os fracos, por enfraqueceres os fortes.

Não ajudarás o assalariado, se arruinares aquele que o paga.

Não estimularás a fraternidade humana, se alimentares o ódio de classes.

Não ajudarás os pobres, se eliminares os ricos.

Não poderás criar estabilidade permanente, baseado em dinheiro emprestado.

Não evitarás dificuldades, se gastares mais do que ganhas.

Não fortalecerás a dignidade e o ânimo, se subtraíres ao homem a iniciativa e a liberdade.

Não poderás ajudar aos homens de maneira permanente, se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.

Entretanto na Argentina

por A-24, em 06.02.13

A Argentina anunciou um congelamento de preços nos próximos dois meses em produtos dos supermercados para tentar combater a inflação que se prevê que chegue a 30% este ano.
Custa-me a crer que quem chegue ao governo de um país perceba tão pouco de economia. Um congelamento de preços onde a inflação ronda os 30% resultará necessariamente em rupturas de stock (os produtores e comerciantes não terão interesse em vender a um preço onde têm sistematicamente prejuízos) e no aparecimento de um mercado negro (onde o preço será necessariamente maior).
Eu diria porquê ficar apenas pelo congelamento de preços? Porque não decretar uma redução de preços?
João Cortez

Acerca desta notícia: FMI censura Argentina por causa das suas estatísticas

Presidente argentina chama "colonialistas" aos britânicos e exige devolução das Malvinas

por A-24, em 10.01.13
A carta de Cristina Kirchner foi publicada, como publicidade, nos jornais britânicos. Londres ganhou a guerra que se travou entre 2 de Abril e 14 de Junho de 1982.
A Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, escreveu uma carta aberta ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, chamando "colonialistas" aos britânicos e exigindo a devolução das ilhas a que os ingleses chamam Falklands.
A carta foi publicada nesta quinta-feira, como publicidade, em dois dos principais jornais do Reino Unido (The Guardian e The Independent) e descreve com grande pormenor a resolução das Nações Unidas de 1960 pedindo "o fim do colonialismo em todas as suas formas e manifestações".
"Em nome do povo argentino, reitero o convite para que seja cumprida a resolução das Nações Unidas", escreveu a Presidente.
Não é a primeira vez que a Presidente, de 59 anos, ataca os britânicos, e o actual primeiro-ministro, o conservador David Cameron, devido à questão Falklands – entre 2 de Abril e 14 de Junho de 1982 a Argentina e o Reino Unido travaram uma guerra pela posse das ilhas, tendo as forças de Londres ganho.
"Os argentinos das ilhas foram expulsos pela Armada Real e, na sequência, o Reino Unido iniciou um repovoamento semelhante ao que fez noutros territórios que colonizou", escreve Kirchner. "Desde então, os britânicos, que são uma potência colonial, recusam devolver o território à República da Argentina, impedindo-a de restabelecer a sua integridade territorial. A questão das Malvinas é uma causa que embaraça a América Latina e a maioria dos governos de todo o mundo que rejeita o colonialismo".
Uma cópia da carta foi enviada para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. E a data da sua publicação é simbólica – foi a 3 de Janeiro de 1833 que as ilhas se tornaram território britânico. O momento foi também escolhido devido à recente decisão do Governo de Londres de baptizar como o nome de Rainha Isabel II uma secção da Antártica (as Falklands situam-se ao largo do extremo Sul da Argentina, na ponta do continente americano), o que Kirchner considerou uma provocação.
Por enquanto, a pressão da Presidente argentina só motivou uma guerra de palavras entre os dois governos. Em Junho de 2012, Kirchner e Cameron encontraram-se na cimeira do G20 que se realizou no México e defrontaram-se sobre o assunto da soberania das ilhas, com o primeiro-ministro britânico a rejeitar a proposta da argentina de negociar o futuro das Falklands.
Cameron anunciou que realizaria, em 2013, um referendo em que os ilhéus escolheriam a que país querem pertencer. E agora o primeiro-ministro britânico veio reafirmar que caberá aos habitantes das Falklands decidirem o seu futuro. O Reino Unido aceitará o resultado dessa votação - marcada para 10 e 11 de Março - e a Argentina deverá fazer o mesmo, sublinhou Cameron. 

A Europa impotente perante o regresso do fascismo argentino

por A-24, em 27.04.12
“princípio da História” de Luciano Amaral (Diário Económico)

Nos anos 90 e princípio do século XXI, a Europa transbordava de optimismo. A vitória sobre o comunismo, o euro, a riqueza, a “sensibilidade social” eram outros tantos sinais de uma superioridade que tinha por inequívoca. A Europa desse tempo era o fim da História. Nem sequer a América tinha lições para dar(…). Toda a gente devia ser como a Europa.(…)
Ouvir a retórica anti-colonial de Kirchner remete-nos para um tempo de que os europeus já não se lembravam. Pouco importa que Kirchner (de origem alemã e espanhola) e a própria Argentina sejam dos melhores exemplos do colonialismo europeu (que massacrou os verdadeiros argentinos originais, os índios de que lá há poucos vestígios actualmente). Importa que o nacionalismo da América do Sul não é apenas anti-americano, é também anti-europeu. E importa mais ainda que a Europa não sabe lidar com isto: porquê atacar quem só quer a paz, quem só quer um mundo de harmonia entre os povos?
Claro que estamos aqui de regresso a uma velha história argentina, a do peronismo, essa espécie de fascismo social e sindical que se afirmou contra os banqueiros, os fazendeiros e os ingleses (nem que fosse apoiando a Alemanha nazi). Cristina Kirchner não perde uma oportunidade para aparecer enquadrada com imagens de Evita Perón. Mas a Europa olha estupefacta. Noutros tempos talvez a Espanha enviasse uma expedição punitiva. Hoje, não consegue garantir um mínimo de protecção dos direitos de propriedade dos seus investidores ou uma condenação efectiva da Europa, essa entidade que pura e simplesmente não sabe o que fazer consigo própria.
Era o fim da História, não era? Afinal parece que está tudo apenas a começar.

A deriva populista da argentina Kirschner

por A-24, em 25.04.12
Público
Só quem esteve distraído durante a campanha eleitoral na Argentina, e não ouviu os discursos da Presidente Cristina Kirchner, reeleita com uma votação histórica, poderá ficar admirado ou surpreendido com a deriva populista, nacionalista e proteccionista do seu Governo. Da campanha para a anexação das ilhas Malvinas – Falkland para os britânicos, que detêm a soberania do território – à confiscação de 51% do capital da petrolífera YTF, expropriada da parcela de 57% da espanhola Repsol, a Presidente tem vindo a assumir um tom de confronto com os seus aliados e parceiros para obter vitórias políticas internas.
A ameaça do isolamento internacional não a demove nem detém: na última cimeira das Américas, na Colômbia, Kirchner foi repetidamente “admoestada” pelos vizinhos e alertada para as possíveis consequências “nefastas” para a Argentina se não mudasse de rumo – especula-se que uma “desqualificação” do G20, grupo das vinte economias mais industrializadas do mundo, poderá estar iminente.
Mas em Buenos Aires, Kirchner interpretou a reprimenda como a prova de que o seu Governo trabalha sem medo de represálias dos “predadores estrangeiros” para defender os interesses dos argentinos. “As Malvinas são da Argentina, tal como a YPF”, dizem as novas T-shirts envergadas pelos seus apoiantes.
A explicação é só parcialmente ideológica. O populismo é a raiz do seu projecto político, uma variante do peronismo das décadas de 1940 e 1950, mas muitas das medidas recentes da Casa Rosada devem-se mais a um “estado de necessidade” do que a uma deliberada promoção da estatização da economia.

A culpa é dos outros
Fragilizada pelo escândalo de corrupção que afecta o vice-presidente, Amado Boudou, e com a popularidade em queda por causa da inflação galopante, Cristina Kirchner precisava de recuperar a iniciativa política. E, lembram todos os observadores internacionais, na Argentina, quando se trata de justificar os falhanços internos, não há nada mais eficaz do que responsabilizar os agentes externos.
Apesar dos resultados catastróficos das últimas re-nacionalizações levadas a cabo pelo Governo de Buenos Aires – casos das companhias de águas e electricidade, dos fundos de pensões ou das Aerolíneas Argentinas –, a esmagadora maioria da população apoia a decisão da Presidente. “Esta foi a melhor notícia que tivemos nos últimos tempos”, disse à Reuters Alicia Muzio, uma apoiante de Kirchner.
“Obrigado, Cristina”, diz o porteño Julio Olaz. “Já era mais do que tempo de recuperarmos o que é nosso. A Argentina pertence à Argentina, não aos estrangeiros”, sublinhava à Reuters, numa récita quase perfeita das palavras da Presidente, que ao anunciar a desapropriação dos títulos da Repsol declarou que “as empresas que operam na Argentina são argentinas, mesmo que os seus accionistas sejam estrangeiros. Ninguém se esqueça disso”.

Como com tudo o que faz, a Presidente creditou o seu falecido marido e ex-Presidente, Nestor Kirchner, pela decisão. “Ele sempre sonhou em recuperar a YPF para o país”, declarou Cristina, uma alegação que os jornais argentinos puseram em causa ao revelar documentos que demonstravam o apoio explícito dos Kirchner à privatização da petrolífera. Mas o volte-face de Cristina não é o único: o actual senador Carlos Menem, que foi o Presidente responsável pelo processo de privatização, será um dos votos a favor, quando hoje o projecto de expropriação da empresa à Repsol for votado no Senado. “As circunstâncias são outras, o cenário é bem diferente”, justificou.

“Tudo feito de improviso”
Como notava o comentador do Wall Street Journal Alen Mattich, a operação que envolve a petrolífera YTF oferece uma sombria conclusão: quando os países não conseguem financiar a sua economia nos mercados internacionais (de crédito), acabam por arranjar vias alternativas para satisfazer as suas necessidades domésticas.
Essa poderá ter sido a lógica da Argentina, que, dez anos depois do default da dívida, continua incapaz de se financiar – embora fontes do Governo citadas na imprensa internacional sob o anonimato tenham criticado a política económica pouco ortodoxa e convencional de Kirchner. “Não há nenhum plano, é tudo feito de improviso”, lamentava um dirigente ao Financial Times.Além da “recuperação da soberania”, Kirchner justificou a nacionalização da YPF com a necessidade de equilibrar a balança comercial argentina. O país, que se debate com uma taxa de inflação que economistas independentes estimam ultrapassa já os 20%, precisa de reduzir a sua factura energética.
Para a analista Graciela Romer, o apoio à nacionalização de empresas nos sectores vitais da economia explica-se pelo “falhanço espectacular” das reformas para a liberalização da economia nos anos 90. “A sociedade argentina pagou essa experiência com maior desigualdade e pobreza. Quando agora se viram outra vez para o Estado, fazem-no por pragmatismo, porque acham que essa será a única maneira de melhorar a qualidade de vida”, disse à Reuters.

Arquivos por Categoria: argentina O Rumo da Argentina visto do Brasil 12/02/2013 – 12:47 Ricardo Campelo de Magalhães Escrevi esse artigo em agosto de 2009 para um jornal local, e ele continua atualizado. Esta última semana evidenciou-se a crise qu

por A-24, em 22.04.12

“Princípio da História” de Luciano Amaral (Diário Económico)

Nos anos 90 e princípio do século XXI, a Europa transbordava de optimismo. A vitória sobre o comunismo, o euro, a riqueza, a \u201csensibilidade social\u201d eram outros tantos sinais de uma superioridade que tinha por inequívoca. A Europa desse tempo era o fim da História. Nem sequer a América tinha lições para dar(\u2026). Toda a gente devia ser como a Europa.(\u2026)
Ouvir a retórica anti-colonial de Kirchner remete-nos para um tempo de que os europeus já não se lembravam. Pouco importa que Kirchner (de origem alemã e espanhola) e a própria Argentina sejam dos melhores exemplos do colonialismo europeu (que massacrou os verdadeiros argentinos originais, os índios de que lá há poucos vestígios actualmente). Importa que o nacionalismo da América do Sul não é apenas anti-americano, é também anti-europeu. E importa mais ainda que a Europa não sabe lidar com isto: porquê atacar quem só quer a paz, quem só quer um mundo de harmonia entre os povos?
Claro que estamos aqui de regresso a uma velha história argentina, a do peronismo, essa espécie de fascismo social e sindical que se afirmou contra os banqueiros, os fazendeiros e os ingleses (nem que fosse apoiando a Alemanha nazi). Cristina Kirchner não perde uma oportunidade para aparecer enquadrada com imagens de Evita Perón. Mas a Europa olha estupefacta. Noutros tempos talvez a Espanha enviasse uma expedição punitiva. Hoje, não consegue garantir um mínimo de protecção dos direitos de propriedade dos seus investidores ou uma condenação efectiva da Europa, essa entidade que pura e simplesmente não sabe o que fazer consigo própria.
Era o fim da História, não era? Afinal parece que está tudo apenas a começar.

Argentina: É proibido permitir

por A-24, em 08.04.12
Alberto Gonçalves in DN 

Nos 30 anos decorridos sobre a guerra nas ilhas Falkland, a senhora que preside à Argentina aproveitou para insistir no “absurdo” da soberania britânica e voltar a reivindicar o território. A pretensão da sra. Kirchner não merece comentários. Já perceber que espécie de gente apoia, hoje como ontem, semelhante pretensão é perceber aquilo que fascina num arquipélago escasso no tamanho e na demografia. 
Desde o início do conflito que, oficial ou oficiosamente, o comunismo internacional se perfilou ao lado dos argentinos, uma naturalidade se tivermos em conta que o invasor de 1982 era uma ditadura, mas uma curiosidade se recordarmos que a referida ditadura roçava o fascismo em teoria tão repugnante à extrema-esquerda. A cartilha da época, que nesta matéria permanece imutável, invertia os factos com o típico atabalhoamento da seita: no que por lá chamam Malvinas, a Argentina apenas procurava garantir o direito de um povo à livre determinação e a Grã-Bretanha não passava de uma malvada potência colonial, para cúmulo sob as ordens de uma afamada nazi chamada Margaret Thatcher.
No mundo real, não vale a pena notar que o povo em causa preferia (e prefere) a nacionalidade britânica, que a sra. Thatcher liderava o Governo eleito de um regime livre e que na trincheira oposta estava, aí sim, um regime autoritário responsável por dezenas de milhares de dissidentes políticos desaparecidos. O pormenor de os dissidentes se identificarem com a esquerda não veio a propósito neste caso (viria noutros).
Uma ocasião, Churchill prometeu elogiar o diabo se Hitler invadisse o inferno. Os comunistas elogiam Hitler ou o sucedâneo mais à mão se isso os ajudar a combater o seu inferno particular: a democracia.

Prisão perpétua para o "Anjo Loiro da Morte"

por A-24, em 31.10.11
O antigo oficial da Marinha Alfredo Astiz foi condenado a prisão perpétua por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-83).
Astiz era conhecido como o “Anjo Loiro da Morte” e foi considerado culpado de tortura, assassínio e sequestros. Entre as suas vítimas estavam duas freiras francesas e fundadores do grupo de direitos humanos Mães da Praça de Maio.
A alcunha de Astiz vem do seu aspecto quase angélico. Mas este antigo capitão da Marinha, agora com 59 anos, foi um dos principais responsáveis pelo desaparecimento de quase cinco mil opositores que foram detidos e torturados na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA). 
Este foi um dos maiore
s processos judiciais de direitos humanos na Argentina, onde se estima que tenham morrido 30 mil pessoas vítimas da ditadura. E foi também a primeira vez que 16 elementos deste centro de torturas compareceram perante a justiça. 
Doze, incluindo Astiz, foram condenados pelo Tribunal Federal número 5, na noite de quarta-feira (madrugada de quinta-feira em Lisboa), a passar o resto da vida na prisão. Entre estes está Jorge Acosta, com a alcunha de “O Tigre”, que argumentou durante o julgamento que “as violações aos direitos humanos são inevitáveis durante uma guerra”. Os outros quatro receberam penas entre os 18 e os 25 anos de cadeia.
Nenhum outro local se tornou tão emblemático da repressão militar argentina como a ESMA, situada em plena capital, recorda o “El País”. Dali saíram largas centenas de pessoas para aviões que depois sobrevoavam o rio da Prata, para onde eram lançadas vivas, num grotesco ritual semanal. Muito poucos – talvez duas centenas – sobreviveram à passagem pela Escola.
Esta era apenas uma das prisões clandestinas da ditadura, mas era a mais conhecida – e em 2007 abriu as portas ao público como memorial dos direitos humanos.
Em 1998, Astiz gabou-se durante uma entrevista que era “o melhor homem da Argentina a matar jornalistas e políticos”. Depois do golpe de estado de 1976, tornou-se rapidamente um dos membros do grupo 3.3.2, responsável por sequestros, torturas e desaparecimentos da ESMA, onde entrara em 1968. “Não lamento nada”, afirmou. 
Infiltrou-se em grupos de direitos humanos cujos membros foram depois sequestrados, como as Mães da Praça de Maio que lutavam por saber o paradeiro de filhos desaparecidos; foi condenado na Europa à revelia pela morte de duas freiras francesas e uma sueca detidas na ESMA por acolherem familiares de desaparecidos.

A justiça foi feita
A sala de audiências estava cheia e centenasde pessoas juntaram-se à porta, na rua, alguns com fotografias das vítimas dos homens que estavam a ser julgados, refere e Reuters. A leitura de cada sentença era aplaudida pela multidão. Quando chegou a vez da decisão sobre Astiz a multidão gritou: “Filho da puta!”. No fim das sentenças, ouviu-se música, houve dança e abraços na rua.
“Podemos finalmente ficar em paz, sabendo que a justiça foi feita”, disse uma mulher à televisão local. “A justiça é a base da democracia”, comentou à AFP Geneviève Jeaningros, sobrinha de uma das freiras, que veio à Argentina para assistir ao veredicto. “Todos os que deram a sua vida não o fizeram em vão”. 
Com o fim da ditadura militar, em 1983, houve processos por crimes contra os direitos humanos contra membros da junta, mas os detidos foram depois amnistiados e postos em liberdade. A amnistia seria depois revista pelo Tribunal Supremo, em 2005, a pedido do então Presidente Nestor Kirchner (marido da actual chefe de Estado, Cristina Fernandez Kirchner), e desde então que os tribunais condenaram várias figuras do regime.
O julgamento da ESMA, como ficou conhecido, durou dois anos e por lá passaram 160 testemunhas, incluindo 79 sobreviventes que relataram as torturas que sofreram, refere ainda o “El País”. No final, formaram-se 86 acusações por crimes contra a humanidade.
Astiz tentou levar uma vida normal e foi fotografado em clubes nocturnos de Buenos Aires ou em locais de férias, adianta a Reuters. Em todo o caso, por várias vezes foi atacado em público e nunca deixou de ser um símbolo dos abusos da ditadura.