Em 1808, quando Dom João VI e sua Corte aportaram no Rio de Janeiro, o Brasil transformava-se na sede de todo o Império Ultra-Marino português. A vinda da Corte trouxe innúmeros benefícios para a ex-colônia que ganhou calçamento, teatros, escolas de arte, ampliação, reforma e construção de várias igrejas; faculdades e a aberturas dos portos.
Nos dias atuais, chineses, brasileiros e angolanos protagonizaram as mais recentes e maiores aquisições de empresas portuguesas. Ficaram para trás os anos da invasão espanhola e, portanto, o receio em relação ao país vizinho. Hoje, a água, a eletricidade e os hospitais portugueses caíram nas mãos de chineses.
A China Three Gorges pagou 2,7 bilhões de euros (8,6 bilhões de reais) por 21,3% da elétrica EDP; o grupo Fosun, do mesmo país, assumiu o controle da Fidelidade, seguradora líder de mercado, pagando 1,01 bilhão de euros (3,2 bilhões de reais) e há um mês deu outro passo, ao desembolsar 480 milhões de euros (1,5 bilhão de reais) pela Espírito Santo Saúde, que administra cerca de 20 centros hospitalares no país.
A State Grid, outra estatal chinesa, comprou 25% da Red Eléctrica Nacional (por 387 milhões de euros, ou 1,2 bilhão de reais) —depois o grupo Fosun adquiriu outros 5%—, e a Beijing Enterprises Water Group, de Pequim, adquiriu por 95 milhões de euros (304 milhões de reais) a Veolia, empresa de abastecimento de água de Portugal. Em três anos, a China gastou 5,38 bilhões de euros (17,2 bilhões de reais) na aquisição de empresas portuguesas; em termos de volume, Portugal é o quarto país europeu com investimentos chineses, mas o primeiro em proporção à sua população.
O Brasil também colocou seu antigo colonizador no radar. A Camargo Corrêa comprou a Cimpor por mais de 5 bilhões de euros; dois anos antes de a operadora Oi usar a PT como moeda de troca para levantar fundos e adquirir a subsidiária brasileira da Telecom Italia, e assim se consolidar em seu país de origem.
Se os investidores chineses se concentraram em serviços básicos, os angolanos preferiram o mundo financeiro e os meios de comunicação. Em Portugal, se consolidaram com sucursais de seus próprios bancos (BIC, Atlântico, BAI, BANC e BNI), mas também entraram como acionistas de instituições locais. Uma parceria da filha do presidente de Angola, Isabel dos Santos, tem uma participação de 10% no BPI; e a Sonagol, petrolífera estatal africana, possui uma fatia de 20% do BCP, além disso controla a petrolífera portuguesa Galp. Dos Santos também tem uma elevada participação na operadora NOS, líder em TV por assinatura, e agora disputa a PT.
No setor de mídia, os fundos angolanos também são donos do grupo Controlinveste (Diario de Noticias, Jornal de Noticias, rádio TSF e o jornal de esportes O Jogo), e já manifestaram interesse pela estatal Rádio e Televisão de Portugal, caso seja privatizada.
Os angolanos, que desembarcam nos fins de semana em Lisboa para fechar as lojas de luxo da avenida Liberdade, os chineses, mais discretos, e os brasileiros são hoje os colonizadores da antiga metrópole. Portugal começa a ver a Espanha com menos receio do que antes, e os espanhóis olham os portugueses com menos arrogância, solidários diante de suas semelhantes dificuldades.
"The languages in Angola are those originally spoken by the different ethnic groups and Portuguese, introduced during the Portuguese colonial era. The indigenous languages with the largest usage are Umbundu, Kimbundu, and Kikongo, in that order. Portuguese is the official language of the country.
Mastery of the official language is probably more extended in Angola than it is elsewhere in Africa, and this certainly applies to its use in everyday life. Moreover, and above all, the proportion of native (or near native) speakers of the language of the former colonizer, turned official after independence, is no doubt considerably higher than in any other African country.[citation needed]
There are three intertwined historical reasons for this situation.
In the Portuguese "bridgeheads" Luanda and Benguela, which existed on the coast of what today is Angola since the 15th and 16th century, respectively, Portuguese was spoken not only by the Portuguese and their mestiço descendents, but—especially in and around Luanda—by a significant number of Africans, although these always remained native speakers of their local African language.
Since the Portuguese conquest of the present territory of Angola, and especially since its "effective occupation" in the mid-1920s, schooling in Portuguese was slowly developed by the colonial state as well as by Catholic and Protestant missions. The rhythm of this expansion was considerably accelerated during the late colonial period, 1961–1974, so that by the end of the colonial period children all over the territory (with relatively few exceptions) had at least some access to the Portuguese language.[75]
In the same late colonial period, the legal discrimination of the black population was abolished, and the state apparatus in fields like health, education, social work, and rural development was enlarged. This entailed a significant increase in jobs for Africans, under the condition that they spoke Portuguese.
As a consequence of all this, the African “lower middle class” which at that stage formed in Luanda and other cities began to often prevent their children from learning the local African language, in order to guarantee that they learned Portuguese as their native language. At the same time, the white and “mestiço” population, where some knowledge of African languages could previously often been found, neglected this aspect more and more, to the point of frequently ignoring it totally. After independence, these tendencies continued, and were even strengthened, under the rule of the MPLA which has its main social roots exactly in those social segments where the mastery of Portuguese as well as the proportion of native Portuguese speakers was highest. This became a political side issue, as FNLA and UNITA, given their regional constituencies, came out in favour of a greater attention to the African languages, and as the FNLA favoured French over Portuguese.
The dynamics of the language situation, as described above, were additionally fostered by the massive migrations triggered by the Civil War. Ovimbundu, the most populous ethnic group and the most affected by the war, appeared in great numbers in urban areas outside their areas, especially in Luanda and surroundings. At the same time, a majority of the Bakongo who had fled to the Democratic Republic of Congo in the early 1960s, or of their children and grandchildren, returned to Angola, but mostly did not settle in their original "habitat", but in the cities—and again above all in Luanda. As a consequence, more than half the population is now living in the cities which, from the linguistic point of view, have become highly heterogeneous. This means, of course, that Portuguese as the overall language of communication is by now of paramount importance, and that the role of the African languages is steadily decreasing among the urban population—a trend which is beginning to spread into rural areas as well.
The exact numbers of those fluent in Portuguese or who speak Portuguese as a first language are unknown, although a census is expected to be carried out in July–August 2013.[76][dated info]Quite a number of voices demand the recognition of "Angolan Portuguese" as a specific variant, comparable to those spoken in Portugal or in Brazil. However, while there exists a certain number of idiomatic particularities in everyday Portuguese, as spoken by Angolans, it remains to be seen whether or not the Angolan government comes to the conclusion that these particularities constitute a configuration that justifies the claim to be a new language variant."
Não consigo compreender o entusiasmo com a OPA de Isabel dos Santos. Será que não entendem que defende os seus interesses, e que os interesses da oligarquia angolana nunca serão os nossos interesses?
Vamos lá ver se percebi bem. A venda da PT Portugal a uma empresa francesa é um crime de lesa-pátria. Já a venda da Portugal Telecom SGPS a uma empresária cuja fortuna é indissociável de ser filha do Presidente de Angola é uma espécie de reedição de defenestração de Miguel de Vasconcelos, de segunda Restauração.
Portugal tem coisas que não se entendem.
Durante anos a fio a existência de uma golden share na PT só teve efeitos perniciosos: proteção da sua posição dominante no mercado, utilização da empresa para fins políticos, aventura da Oi e por aí adiante. Mesmo assim, o professor das noites de domingo da TVI entende agora, três anos depois, que acabar com a golden share foi um erro.
Durante anos a fio não houve cão nem gato que não falasse da importância estratégica do Brasil. No dia em que, num negócio com o Brasil, está em causa o destino de uma empresa portuguesa, passa a ser necessário “enfrentar os brasileiros”, algo que só por si “merece uma saúde”.
Num dia, o destino de Portugal é a Europa. No dia seguinte, o Brasil. Ou talvez não, é antes “a lusofonia” (fica mal dizer que é apenas Angola). Não há apenas desnorte na forma como se saltita de destino estratégico em destino estratégico – há também algum cheiro a ranço. Quando o professor diz que prefere Isabel dos Santos porque “prefere lusófonos a não lusófonos, que eu não sei quem são”, não está a apenas a dizer uma coisa que pensa ser popular: está a apelar ao tipo de sentimentos pós-imperiais que sempre nos impediram de olhar para Angola como uma oligarquia condenável – o mesmo tipo de sentimentos e de estratégia que nos levou, por exemplo, a ceder à chantagem e a aceitar a Guiné Equatorial na CPLP.
Espero sinceramente que a oferta de Isabel dos Santo seja julgada pelas autoridades competentes apenas pelo que é: uma oferta que tem de fazer pela vida no mercado, convencendo accionistas e investidores (e a oferta, pelo valor que hoje tem, é uma má oferta, ficando 30% abaixo da cotação média das acções nos últimos seis meses). Mais nada. Mas temo que isso não suceda.
Ao contrário do que hoje vi sugerido em muitas notícias, não há nenhum altruísmo nesta OPA. Isabel dos Santos já tem interesses no mercado português de telecomunicações, através da NOS, e qualquer movimento de consolidação com a PT não seria bom para a concorrência e, por isso, para os consumidores. Isabel dos Santos também quer influenciar os termos das venda da quota da Oi na Unitel, a empresa de telecomunicações angolana de que também é sócia. Talvez também queira entrar a sério no mercado brasileiro, mas isso exige muito mais músculo financeiro do que 1,2 mil milhões que agora oferece. No meio disto tudo falar de “proteção da PT Portugal” e do seu “centro de inovação” é poeira para os olhos – é dizer o que algumas pessoas querem ouvir, mas não deve levar-nos ao engano.
Mas há mais e mais importante. E esse mais importante é que as posições que Isabel dos Santos já detém em Portugal não nos deixam tranquilos. Uma posição no BPI. Outra posição no BIC, o banco dirigido por Mira Amaral que ficou com os despojos do BPN. Uma quota do ex-BESA, o antigo BES Angola. Uma parceria com a Sonaecom para controlo da NOS. Uma participação indirecta na Galp. E um número desconhecido de propriedades. Pelo menos.
Não foi o génio empresarial de Isabel dos Santos que lhe permitiu ir acumulando todas essas posições – as qualidades próprias da filha do presidente de Angola sempre foram alavancadas pelo poder do pai. Muitas das posições que tem em empresas portuguesas conseguiu-as no quadro de negociações para a entrada de empresas portuguesas em Angola. Mais: é sabido que em Angola só se pode investir tendo sócios locais, e que Isabel dos Santos sempre pode escolher os melhores negócios.
A empresária tem um estilo e uma presença mais sofisticado (mais civilizado?) do que outros investidores angolanos que se distinguem pela forma como exibem as suas fortunas em restaurantes ou adquirindo apartamentos de luxo, mas isso não a distancia do seu tipo de práticas. Isabel dos Santos ainda não tem, que se saiba, investimentos em órgãos de comunicação social portugueses, ao contrário do que sucede com outros oligarcas angolanos, que já têm posições relevantes ou de controlo em jornais como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, i e Sol, até em rádios como a TSF, mas isso não a impediu de passar a controlar a edição da Forbes para os PALOP apenas quatro meses depois daquela revista ter publicado uma reportagem em que denunciava as origens da sua fortuna. Há quem pense que o silêncio se compra.
Isabel dos Santos também não avança nesta OPA apenas com a força dos seus dólares – ela também sabe que continua a contar com o facto de ser filha de quem é. É que na Oi também tem participação o BNDES, o braço financeiro do governo brasileiro, e, como já hoje foi recordado, ninguém em Brasília quererá indispor a família presidencial angolana pois há demasiados negócios brasileiros em Angola.
Quando se está sem dinheiro, como Portugal está, como os empresários portugueses estão, é compreensível que se aceite a entrada de dinheiro de quem o tem. E os oligarcas angolanos, imensamente ricos num país imensamente pobre, têm muito dinheiro. Mas quando se trata de optar entre dinheiro angolano e dinheiro francês, ou mesmo dinheiro brasileiro, a súbita paixão de tantos comentadores e editorialistas por Isabel dos Santos deixa-me perplexo.
Portugal orgulha-se de ter sido o único Império que, um dia, transferiu a sua capital para um das suas colónias, no caso o Rio de Janeiro, para onde foi a corte de D. João VI. Portugal não se orgulhará de, estando na União Europeia, ter deixado uma boa parte da sua capacidade de decisão soberana fugir para Luanda. Aí a única corte conhecida é a de José Eduardo dos Santos, o pai de Isabel.
«They [os angolanos] are investing in luxury apartments at Cascais, a fashionable seaside resort, and buying up companies hastily privatised by the authorities. They – and the Chinese – are the prime beneficiaries of the "golden visas" that the government has promised to anyone investing €500,000 ($650,000) in the country.» (...)
«Angola has invested between €10bn and €15bn, with a wide range of interests: in the media (Impresa), energy (Galp), banking (Banco Comercial Português, Banco Português de Investimento), building and agrifood. Dos Santos and his entourage have played a leading role in these investments (…) Meanwhile, the president's son, José Filomeno de Sousa dos Santos, now heads Fundo Soberano de Angola, controlling assets worth about $15bn.»
«Portugal is locked in a hypocritical silence, says Pedro Rosa Mendes, a former journalist turned writer. It is hard to disregard the fact that Lisbon welcomes with open arms funds from a country with a shaky record on human rights. "Angola is one of the world's most corrupt countries," says João Paulo Batalha of Transparency International. Last year it put Angola in 153rd position, out of 177, for its lack of transparency. But Angolan money is a boon for the Portuguese economy, in desperate need of liquidity. "The crisis has created a climate of fear," Batalha adds, noting that Portugal is by no means the only European country to turn a blind eye when accepting funds of doubtful origin.
"Portugal is in a tricky situation. It needs Angolan money and must also watch out for Portuguese residents in Angola". About 100,000 Portuguese nationals currently live in the former colony. Much as with Brazil in the past, many young Portuguese, dogged by unemployment at home, see their future in Angola.»
Desculpem não me concentrar no que José Eduardo dos Santos disse sobre os negócios com Portugal, Brasil e, seja lá qual for o interesse, Israel. Não tenho negócios em Angola e esse não é o assunto que mais me comove. Prefiro olhar para o que disse o Presidente sobre o seu próprio governo e a vida política e social angolana.
Sobre isto, José Eduardo dos Santos disse três coisas. Que luta contra a pobreza, está a construir um Estado Social e que essa pobreza resulta da herança colonial. Que combate a corrupção. E que os protestos que existem são de umas poucas centenas de jovens que não conseguiram ter sucesso na sua vida profissional e académica.
Sendo verdade que Portugal não deixou, na sua miserável colonização, mais do que pobreza, ressentimento e quase nenhumas infraestruturas, passaram 40 anos. Sim, houve a guerra civil. Mas ela já terminou há algum tempo. Angola é um dos países com mais recursos em África. Teve um crescimento impressionante e dinheiro é coisa que não lhe falta. Apesar de produzir 1,7 milhões de barris de petróleo por dia, estava, em 2010, em 146º lugar, num total de 169 países, no relatório do PNUD. E, apesar deste enorme atraso, gasta mais dinheiro em formação militar do que no ensino básico. O crescimento económico angolano, como todos sabem, resultou em muito pouco para a maioria da população. Ele traduziu-se quase exclusivamente num enriquecimento pornográfico de uma pequeníssima franja da população. Quase toda ligada ao regime.
E isto permite falar do segundo ponto. O combate à corrupção. A não ser que a família de José Eduardo dos Santos tenha fortuna antiga desconhecida, como se explica a concentração de riqueza nos seus próprios filhos se não através do favorecimento descarado do Estado? Como pode o Presidente, sem se rir (por acaso até acho que se riu), dizer que há uma punição de quem fica com o que não lhe pertence quando a sua família é o mais claro exemplo dessa apropriação ilegítima?
Todos sabem que quem queira fazer negócios em Angola tem que dar dinheiro a ganhar à sua filha Isabel dos Santos. Que esta começou, ainda muito jovem, num negócio milionário de saneamento público, em Luanda, e nunca mais parou. Que é dona de meio país. Que este prodígio empresarial tem negócios, em Angola, Portugal e por esse mundo fora, no petróleo, nos cimentos, na banca, na comunicação social, na hotelaria, nos diamantes, nas telecomunicações. Que, com apenas 40 anos, tem uma fortuna de pelo menos dois mil milhões de dólares, é a 736ª pessoa mais rica do mundo, a 31ª de África e a primeira de Angola. Tudo, evidentemente, por talento próprio. Mas é coisa que corre no sangue da família. Os outros dois filhos do Presidente compram órgãos de comunicação como fossem ao mercado e dedicam-se com especial afinco aos investimentos televisivos angolanos, com a preciosa ajuda da TPA.
Não pode, no entanto, dizer-se que a família Dos Santos seja gananciosa. Manuel Vicente, o seu vice, tem uma sociedade com o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente, general Manuel Hélder Vieira Dias "Kopelipa," e o general Leopoldino Fragoso do Nascimento, na empresa Nazaki Oil & Gaz, que detém um terço dos blocos petrolíferos de pré-sal 9 e 21 e que se prepara para vender à Sonangol. Isto, sem esquecer os seus generais mais queridos, que também não se queixam da vida e torram o dinheiro dos angolanos em Portugal, na Europa e nos EUA. Seguramente toda esta gente soube poupar os seus magros salários no funcionalismo público. Este é o Estado Social angolano. Distribui, é verdade, a riqueza. Por familiares, amigos, generais, quadros do MPLA, membros do governo. Se sobrarem umas poucas migalhas talvez fique alguma coisa para Angola.
Para ser mais claro: a corrupção em Angola tem um rosto. É o rosto que ontem vimos na SIC. É esta, e não a péssima herança colonial, a razão da miséria angolana. A não ser, claro, que a herança a que o Presidente se refere seja a do nepotismo e compadrio. Aí sim, teremos de reconhecer a nossa culpa: José Eduardo dos Santos é o legítimo herdeiro do pior da nossa cultura. Mas pode orgulhar-se de ter refinado muito a arte de bem roubar e ter dado, nesta matéria, novos mundos ao Mundo.
Sobre os jovens que não se integraram na vida profissional e académica, talvez esteja a falar dos professores em grevepor causa de salários em atraso, porque o dinheiro que a família Dos Santos e seus amigos gastam não chega para todos. Ou talvez dos camponeses assassinados nas zonas diamantíferas da Lunda Norte, com a conivência das forças policiais. Ou de Emiliano Catumbela, de 22 anos, detido por ter participado numa tentativa da vigília e que entretanto foibarbaramente torturado pela polícia. Uma vigília que recordava Isaías Cassule e António Alves Kamulingue, dois ativistas desaparecidos há um ano depois de terem organizado uma manifestação de guardas presidenciais e veteranos de guerra, devido a queixas de salários e pensões por pagar. Ou dos moradores do bairro da Areia Branca, junto à marginal de Luanda, que foram escorraçados pela polícia e viram as suas cinco mil casas demolidas em três dias, sem saberem qual será o seu próprio destino. Porque com tanto dinheiro para gastar a elite angolana quer as boas vistas para si própria. Note-se que todos os casos referidos não aconteceram nos últimos anos. Não aconteceram nos últimos meses. São um sucinto resumo, apenas com alguns casos, do mês passado. Todos os meses, mês após mês, ano após ano, estes jovens que não singraram na vida profissional sentem o que é a "estabilidade política e social em Angola".
Era sobre tudo isto que eu gostava de ter ouvido José Eduardo dos Santos falar. Essa entrevista não ouvi. E é para falar destas coisas que jornalistas fazem entrevistas. Para incomodar os de dentro e os de fora. Desculpem a minha falta de patriotismo. Por esquecer os importantes negócios que "os portugueses" podem fazer em Angola e que Isabel dos Santos e meia dúzia de protegidos do Presidente podem fazer em Portugal.
N.P. - Em resposta a este artigo do comentadeiro Daniel Oliveira, o jornalista Álvaro Domingos, arrasa-o de maneira simples e eficaz, como até hoje julgo ainda não lhe tinham feito em Portugal. Pena as generalizações que faz do povo português, fruto da sua ignorância ao analisar em colectivo, de um país que certamente não conhece, mas de resto diz imensas verdades relativas ao comentadeiro ex-bloco. Já estava na hora de alguém o chamar à razão.
Com ferros matas, com ferros morres, já dizia o velho ditado, voltou a fazer sentido.
"Alguns portugueses ressabiados são incapazes de olhar para si. São de tal forma infelizes que tocam no ouro e ele transforma-se imediatamente em lata. Estão convencidos de que são gigantes mas para lhes vermos a inteligência e a dimensão, precisamos de um telescópio potente, daqueles que descobrem estrelas e planetas a milhões de anos-luz.
Vivem de expedientes mas quando as coisas dão para o torto avançam para a chantagem e a extorsão. Em alguns órgãos de comunicação social estas actividades criminosas são bem visíveis.
Um desses marginais tem banca no império em ruínas de Pinto Balsemão. O grande capitão merecia melhor sorte. Ele, que foi um príncipe do jornalismo português, hoje tem de sustentar madraços que tratam a Língua Portuguesa como os inquisidores tratavam os hereges. Usam a carteira de jornalista como se fosse uma licença para matar. Pobres diabos sem ofício nem oficina, foram guindados a líderes de opinião. É por isso que os portugueses estão mergulhados na mais humilhante pobreza. Por obra e graça de palhaços, bobos, violadores da gramática e chantagistas, Portugal definha e já perdeu a sua soberania.
Um desses pelintras mentais dá pelo nome de Daniel Oliveira. Filho de ninguém, foi subindo a corda a impulsos de vigarices e sacanices. Hoje diz que é jornalista e a sua opinião conta. Aqueles que o ouvem ficam pobres, os que acreditam nele, indigentes. Um país que tem esta alimária no topo do comentário político, caminha rapidamente para o fim. Para fazer pela vida, decidiu dizer mal de Angola, dos seus dirigentes políticos eleitos democraticamernte, dos seus empresários e até dos jornalistas que, através da escrita, provam à puridade que o rei da “SIC” e do “Expresso” vai em pelota. Nu como o diabo o lançou ao mundo. A ele e outros analfabetos encartados que ganham a vidinha atacando o Presidente José Eduardo dos Santos, os seus familiares e colaboradores. O solípede lazarento enche os bolsos sempre que chama corruptos aos empresários honrados que com a sua iniciativa e inteligência puxam Angola para a frente. E também Portugal. E esse foi o seu pecado. Os racistas portugueses que têm espaço na comunicação social não conseguem engolir o sucesso dos nossos empresários. Morrem de inveja porque os angolanos fazem compras em Portugal. Rebentam de maldade quando eles escolhem o país irmão para fazer os seus investimentos.
Daniel Oliveira ultrapassa todas as linhas vermelhas (o Portas vai despedi-lo!) e arroga-se o direito de espreitar capciosamente para dentro da esfera pessoal de familiares de pessoas que têm o inalienável direito à reserva da intimidade da vida privada. Claro que para o esquerdista fingido, isso não conta. O racismo faz-lhe saltar o verniz de democrata. A inveja mostra o seu verdadeiro ser: um filho de ninguém, sem honra nem princípios. Foram estes nazis de fachada democrática que assassinaram a Revolução dos Cravos e lançaram os portugueses na pobreza, enquanto os seus amigos e mentores banqueiros, esfregam as mãos de contentes. Daniel Oliveira está entre os grandes piratas da política. Montou tenda no Bloco de Esquerda mas acabou por revelar a sua verdadeira face. Agora anda à procura de quem lhe dê cobertura partidária para continuar a facturar à custa da política.
Os 30 dinheiros que recebe desse lado são reforçados com uns restos dos diamantes de sangue e o magano faz uma vida faustosa, enquanto aqueles que engana estão cada vez mais pobres."
A filha mais velha do presidente de Angola, Isabel dos Santos, tornou-se na primeira bilionária africana, de acordo com a revista norte-americana Forbes.
As ações de empresas cotadas em Portugal, caso do BPI e da ZON, juntamente com ativos em Angola, "elevaram o valor líquido [da fortuna de Isabel dos Santos] acima da fasquia de mil milhões de dólares, fazendo da empresária de 40 anos a primeira mulher bilionária africana", segundo a pesquisa da Forbes.
Formada em engenharia no King´s College de Londres, Isabel dos Santos abriu o seu primeiro negócio em 1997 - um restaurante chamado Miami Beach, em Luanda.
A Forbes avalia a participação de 28,8% na ZON em 385 milhões de dólares, os 19,5 por cento do BPI em 465 milhões de dólares e a participação no BIC, de Angola, em 160 milhões de dólares.
Falta de transparência em Angola
Fontes consultadas pela Forbes referem que tem ainda 25% da operadora de telemóveis Unitel, participação que isoladamente vale "no mínimo mil milhões de dólares", de acordo com analistas de telecomunicações.
Peter Lewis, professor da universidade norte-americana Johns Hopkins, afirmou à revista que o círculo presidencial e do MPLA "têm muitos interesses empresariais" e que as origens destes é "muito opaca", havendo "completa falta de transparência" no país.
Uma porta-voz da empresária escusou-se a prestar esclarecimentos sobre as alegadas participações detidas, mas considerou as afirmações de Lewis "especulativas, irrazoáveis e sem valor académico".
Os investimentos de Isabel dos Santos, adiantou, têm sido feitos com máxima transparência, em empresas publicamente cotadas, com base na legislação europeia.
Chegado em 1992, grupo religioso fundado pelo brasileiro Edir Macedo reivindica meio milhão de seguidores no país africano. O acidente que, no último dia de 2012, provocou a morte de 16 pessoas em Luanda, entre as quais três crianças, com idades entre três e quatro anos, chamou a atenção para o crescimento da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD): entrou em Angola há 20 anos e reclama já meio milhão de seguidores num país onde as confissões religiosas se multiplicam.
Chegada a Angola em 1992, a IURD, criada em 1977 no Brasil, tem conjugado a promoção do seu credo com projectos de carácter social. A sua presença na vida angolana é cada vez mais visível. Articula a componente confessional com projectos em áreas como a alfabetização, o combate à toxicodependência ou a promoção rodoviária. A cerimónia de segunda-feira, que ficou marcada pelo desastre, terá sido a sua acção pública mais participada.
O estádio da Cidadela Desportiva de Luanda, onde, junto a um dos portões de acesso, ocorreu o acidente, tem capacidade para 70 mil pessoas. Os números avançados pelo serviço de protecção civil angolano indicam que terão comparecido à Vigília da Virada – Dia do Fim, entre 250 mil e 280 mil. “Estimamos que estiveram na vigília acima de 250 mil pessoas”, disse também o bispo Felner Batalha, citado pela Rádio Nacional de Angola.
Transportados em autocarros alugados, muitos fiéis estavam no local desde manhã. Testemunhas disseram ao Jornal de Angola que todos os portões do estádio foram abertos e, a certa altura, a multidão concentrada junto a uma das entradas terá querido entrar para o espaço já lotado, causando o acidente.
Os médicos que socorreram os sinistrados disseram, citados pela imprensa angolana, que diversas mortes terão sido provocadas por asfixia. O número de feridos rondou os 120, mas a maior parte teve rapidamente alta.
O director do Complexo da Cidadela, Joaquim Muaxinika, afirmou ao diário angolano que a cerimónia foi autorizada depois de verificadas as condições de segurança. “Eles solicitaram o culto há mais de 20 dias, e, pelos documentos apresentados, estava tudo preparado.” Foi aberto um inquérito para apurar o sucedido.
Luanda já antes assistira a iniciativas da IURD, fundada pelo brasileiro Edir Macedo, mas nenhuma com tamanha afluência. Em Fevereiro do ano passado, cerca de 20 mil angolanos foram baptizados numa cerimónia colectiva nas praias do município de Belas, em simultâneo com acções semelhantes noutras províncias de Angola.
Segundo um vídeo disponibilizado no YouTube, em 2009 a IURD tinha em construção doze igrejas, quatro em Luanda, oito em províncias. No início de 2012, organizou uma conferência sobre a situação socioeconómica do país e anunciou a construção de uma universidade em Luanda.
O site Clube-K, não alinhado com o poder político angolano, escreveu há poucas semanas que o crescimento patrimonial da IURD em Luanda “é inquestionável”. “Nenhuma instituição angolana, pública, privada ou mista, acumulou tanto património quanto a igreja do bispo Macedo nos últimos anos.”
Angola tem sido terreno fértil para novos grupos religiosos e o site Maka Angola, do activista Rafael Marques, denunciou no ano passado que a “relação promíscua” entre o MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola, partido no poder, e as seitas religiosas “ganhou um cunho mais público” nos últimos anos.
Presente em numerosos países de vários continentes, a IURD diz ter mais de oito milhões de seguidores em todo o mundo. Público
Artigo de um tal jornalista de nome Rui Ramos escreveu no Jornal de Angola online intitulado Privilegiados contra desesperados:
“Milhares de portugueses desesperados formam diariamente filas intermináveis nos Centros de Emprego e outros largos milhares ainda é noite e lá vão para Alcântara na tentativa esperançosa de conseguir um visto para Angola, a nova Terra da Promissão.
O povo português é tradicionalmente um povo pobre, povo de olhar o chão para ver se encontra centavos, tostões ou cêntimos. Mas de repente votou num poder que lhe abriu as portas do paraíso artificial. Desatou a contrair empréstimos para comprar primeira, segunda e terceira habitação, carros para cada membro da família, computador para cada membro da família, cão para cada membro da família, um telemóvel por cada operadora para cada membro da família.
Os bancos fizeram o seu trabalho de casa, deram empréstimos a cada membro da família, deram cartões de crédito, cinco para cada membro da família, até bebé tem cartão de crédito e empréstimo bancário em Portugal.
Narizes empinados, até pareciam ricos. Parecia que estavam a crescer, a subir. Tinha até motorista de autocarro 463 que não parava na paragem quando trabalhadora cabo-verdiana tocava. Trabalhar para pretos?
Menina mais castanha era chamada de “suja”, vai para a tua terra. Presidente da Câmara de Lisboa apanhou sol desde os tempos dos avós e muitas pessoas chamavam-lhe “o preto da Câmara”. Gostam muito de chamar “pretinho”, gostam mesmo.
De repente acabou a teta da loba, secou, voltou ao que era, como sempre foi: país muito pobre. Quase dois milhões no desemprego para o resto da vida. Prosperam negócios ilegais, nas cervejarias trafica-se droga na cara da polícia, à luz do dia assaltam-se pessoas e supermercados impunemente, a polícia diz que não pode fazer nada.
Então chegam notícias, não de Preste João, mas da teta angolana: tem leite enriquecido.
Chiu, não chama mais preto, eles não gostam e não te dão visto. E então a procissão de nossa senhora da esperança avança para Alcântara, enche o passeio como uma jibóia. Marcam lugar, vão rápido no bar, menina, uma bica bem escura, eu não sou racista. Na bicha só se ouve “eu não sou racista, nunca fui, eu nunca chamei preto a ninguém, acho que me vão dar visto…”
Esses são os desgraçados, arruinados, miseráveis de um país no abismo. Outros vivem desses. Os candongueiros, os fugitivos dos impostos, mas também os intelectualóides que já foram paridos com um livro na mão. Passam lá de madrugada quando voltam para casa e ao verem aquela bicha espumam como cão vadio, põem cara de podre e murmuram “pretos da merda”, passam na bicha e trombeiam “aquilo lá é uma ditadura, os chineses comem pessoas…”
Ninguém liga a esses pereiras gayvotas de rabo gordo. Depois quando acordam a meio da tarde voltam lá – e lá está a bicha – outra bicha interminável, para recolher os vistos, os intelectualóides trombilham de novo, despenteados, casposos e com a boca suja (intelectualóide lusitano não lava os dentes): “ide lá, ide, ide lá fazer filhos mulatos…”
Derrotada em Sintra, à beira da exaustão nervosa, depois de três horas no IC19, Ana Gomes chega a Alcântara e fala de longe aos desesperados de migalhas: “Eu sou amiga de Angola, eu nunca falei mal de Angola, quem falou mal foi o doutor Pacheco Pereira, eu nunca fui à Jamba, eu nunca vi o Savimbi, eu não pus nome de Savimbi no meu filho, quem pôs foi o João…” Os zombies lusitanos não a ouvem, nem a ela nem ao tal Pereira, os ciumentos, os despeitados, os preconceituosos, os vozinhas finas, cheios de raiva por causa daquelas bichas longas, cada pessoa que ali chega desesperada que chega à bicha é mais uma cárie naqueles dentes sujos: “não, não, não estão a chegar mais, doutor, diga-me que não estão a chegar mais…”
Quem chega atrasado à interminável bicha diária e não ouviu, pergunta quem é aquela nervosa com aqueles tiques esquisitos. Um desesperado lhe diz, desinteressado: é uma gaja de Sintra que está bem instalada na Europa e vem aqui cuspir perdigotos gozando connosco, como aquele Pereirinha gorduxoso esquisito que brinca com a nossa miséria.
Então o desesperado alcança a porta e uma luz se abre, chora de alegria pela primeira vez há muito tempo, sai do mundo escuro dos mortos e entra no mundo luminoso da esperança.”
Artigo de um tal jornalista de nome Rui Ramos escreveu no Jornal de Angola online intitulado Privilegiados contra desesperados:
"Milhares de portugueses desesperados formam diariamente filas intermináveis nos Centros de Emprego e outros largos milhares ainda é noite e lá vão para Alcântara na tentativa esperançosa de conseguir um visto para Angola, a nova Terra da Promissão.
O povo português é tradicionalmente um povo pobre, povo de olhar o chão para ver se encontra centavos, tostões ou cêntimos. Mas de repente votou num poder que lhe abriu as portas do paraíso artificial. Desatou a contrair empréstimos para comprar primeira, segunda e terceira habitação, carros para cada membro da família, computador para cada membro da família, cão para cada membro da família, um telemóvel por cada operadora para cada membro da família.
Os bancos fizeram o seu trabalho de casa, deram empréstimos a cada membro da família, deram cartões de crédito, cinco para cada membro da família, até bebé tem cartão de crédito e empréstimo bancário em Portugal.
Narizes empinados, até pareciam ricos. Parecia que estavam a crescer, a subir. Tinha até motorista de autocarro 463 que não parava na paragem quando trabalhadora cabo-verdiana tocava. Trabalhar para pretos?
Menina mais castanha era chamada de “suja”, vai para a tua terra. Presidente da Câmara de Lisboa apanhou sol desde os tempos dos avós e muitas pessoas chamavam-lhe “o preto da Câmara”. Gostam muito de chamar “pretinho”, gostam mesmo.
De repente acabou a teta da loba, secou, voltou ao que era, como sempre foi: país muito pobre. Quase dois milhões no desemprego para o resto da vida. Prosperam negócios ilegais, nas cervejarias trafica-se droga na cara da polícia, à luz do dia assaltam-se pessoas e supermercados impunemente, a polícia diz que não pode fazer nada.
Então chegam notícias, não de Preste João, mas da teta angolana: tem leite enriquecido.
Chiu, não chama mais preto, eles não gostam e não te dão visto. E então a procissão de nossa senhora da esperança avança para Alcântara, enche o passeio como uma jibóia. Marcam lugar, vão rápido no bar, menina, uma bica bem escura, eu não sou racista. Na bicha só se ouve “eu não sou racista, nunca fui, eu nunca chamei preto a ninguém, acho que me vão dar visto…”
Esses são os desgraçados, arruinados, miseráveis de um país no abismo. Outros vivem desses. Os candongueiros, os fugitivos dos impostos, mas também os intelectualóides que já foram paridos com um livro na mão. Passam lá de madrugada quando voltam para casa e ao verem aquela bicha espumam como cão vadio, põem cara de podre e murmuram “pretos da merda”, passam na bicha e trombeiam “aquilo lá é uma ditadura, os chineses comem pessoas…”
Ninguém liga a esses pereiras gayvotas de rabo gordo. Depois quando acordam a meio da tarde voltam lá – e lá está a bicha – outra bicha interminável, para recolher os vistos, os intelectualóides trombilham de novo, despenteados, casposos e com a boca suja (intelectualóide lusitano não lava os dentes): “ide lá, ide, ide lá fazer filhos mulatos…”
Derrotada em Sintra, à beira da exaustão nervosa, depois de três horas no IC19, Ana Gomes chega a Alcântara e fala de longe aos desesperados de migalhas: “Eu sou amiga de Angola, eu nunca falei mal de Angola, quem falou mal foi o doutor Pacheco Pereira, eu nunca fui à Jamba, eu nunca vi o Savimbi, eu não pus nome de Savimbi no meu filho, quem pôs foi o João…” Os zombies lusitanos não a ouvem, nem a ela nem ao tal Pereira, os ciumentos, os despeitados, os preconceituosos, os vozinhas finas, cheios de raiva por causa daquelas bichas longas, cada pessoa que ali chega desesperada que chega à bicha é mais uma cárie naqueles dentes sujos: “não, não, não estão a chegar mais, doutor, diga-me que não estão a chegar mais…”
Quem chega atrasado à interminável bicha diária e não ouviu, pergunta quem é aquela nervosa com aqueles tiques esquisitos. Um desesperado lhe diz, desinteressado: é uma gaja de Sintra que está bem instalada na Europa e vem aqui cuspir perdigotos gozando connosco, como aquele Pereirinha gorduxoso esquisito que brinca com a nossa miséria.
Então o desesperado alcança a porta e uma luz se abre, chora de alegria pela primeira vez há muito tempo, sai do mundo escuro dos mortos e entra no mundo luminoso da esperança."
Em Portugal parece que só o JN abordou este assunto e de forma sucinta. Gostaria de saber o que pensariam os angolanos se algum português se insurgisse contra a imensa comunidade angolana que vive em Portugal desta maneira. Já sabemos, cairiam todos em cima do infeliz que o fizesse, começando pelo governo, o MNE e os tribunais, continuando com a comunicação social, o BE, o SOS Racismo, os Indignados e toda e mais qualquer ralé do politicamente correcto; aqueles que realmente mandam no país, seja na opinião pública seja na lei. Como a mentalidade lusa continua a ser "branda" e "receosa", aspecto que já vem desde os tempos da outra Senhora, prefere-se fazer que não foi nada contra nós... não vá haver tumultos na Linha de Sintra e na margem Sul se alguém se insurgir contra essa comunidade.