Sobre a privatização da RTP
por A-24, em 23.05.12
Vamos à questão. O Samuel e o André dizem que concordam com as medidas do ministro para a comunicação social. Nomeadamente a privatização da RTP. Mas não acreditam que ele seja capaz de o fazer. Muito bem. Um ponto de partida.
Primeiro. Este não seria o meu modelo de privatização. Já escrevi e disse que o modelo é, para mim, excessivamente conservador. A RTP tem sete canais de televisão. A RDP tem cinco rádios. A obrigação de serviço público está na promoção da língua. E se está na promoção da língua precisamos de um canal de rádio (RDPi) e numa grande televisão internacional com emissões locais (RTPi). Não precisamos de produção própria (porque não faz sentido o estado concorrer com quem faz mais barato e melhor) mas precisamos de um orçamento reforçado nestes dois canais. Tudo o resto não faz sentido numa lógica de política de estado. O cinco para a meia noite faz sentido? Faz. Transmitido através de uma antena internacional para milhões de espectadores espalhados pelo mundo. Inclusive os portugueses.
Segundo. Ao contrário do desejo (legítimo) dos meus correligionários regionais, também resolveria a RTPAçores e a RTPMadeira. Mas de outra maneira. Autonomizava. Regionalizava.
Terceiro. A extinção de canais não prejudicaria o mercado publicitário e logo não prejudicaria os restantes media. Mais. Estas medidas fariam da RTPI o principal cliente de produtores e canais. A RTPI só tem de comprar conteúdos de qualidade e de interesse e emiti-los para o mundo. Mais nada. É que entretanto o mundo mudou.
Mas isto sou eu. E este seria o meu modelo. O governo quer avançar de maneira diferente. Muito diferente. Mas pela primeira vez desde o 25 de abril temos um Ministro da tutela que não acha que o estado precisa de ser dono da RTP. É um bom princípio. E a forma pode levar mais tempo mas é um princípio.
Dito isto, e como falamos de princípios, sempre fiquei à espera das entusiásticas palavras de apoio do Insurgente ao programa do governo nesta matéria. Ou da defesa intransigente do Samuel ao Ministro que quer finalmente não controlar a RTP e a Lusa. Nunca o fizeram. Nem tinham que o fazer. É uma opção. Legítima. Eu nunca gostei de ser governado. Nunca gostei de não intervir. Até porque rapidamente percebi que a dormência me tira capital de queixa em relação ao país onde vivo. É outra opção.
Rodrigo Moita de Deus in 31 da Armada