Sobre a Carbonária
por A-24, em 19.08.10
A Carbonária era uma sociedade secreta e revolucionária que actuou na Itália, França, Portugal e Espanha nos séculos XIX e XX. Fundada na Itália por volta de 1810, a sua ideologia assentava em valores libertacionais e fazia-se notar por um marcado anticlericalismo. Participou nas revoluções de 1820, 1830-1831 e 1848. Embora não tendo unidade política, já que reunia monarquistas e republicanos, nem linha e acção definida, os carbonários (da italiano carbonaro, "carvoeiro") actuavam em toda a Itália. Reuniam-se secretamente nas cabanas dos carvoeiros, derivando daí seu nome. Foi sugerido que o esparguete à carbonara foi por eles inventado. Inventaram uma escrita codificada, para uso em correspondência, utilizando um alfabeto carbonário.
Durante o domínio napoleónico, formou-se em Itália uma resistência que contou com membros de uma organização secreta – a Carbonária. A carbonária tinha uma organização interna semelhante à da Maçonaria, com a qual, aliás, tinha algumas afinidades ideológicas (combater a intolerância religiosa, o absolutismo e defender os ideais liberais) e esteve aliada em certos momentos, havendo mesmo elementos que pertenciam às duas organizações. Surgiu em Nápoles, dominada pelo general francês Joaquim Murat, cunhado de Napoleão Bonaparte. Lutava contra os franceses, porque as tropas de Napoleão haviam iniciado uma espoliação da Itália, embora defendessem os mesmos princípios de Bonaparte.
Com a expulsão dos franceses, a Carbonária queria unificar a Itália através de uma revolução espontânea da classe trabalhadora, comandada por universitários e intelectuais, e implantar os ideais liberais.
Os membros da Carbonária, principalmente da pequena e média burguesia, tratavam-se por primos. As associações da Carbonária tinham uma relação hierárquica. Chamavam-se choças (de menor importância), barracas e vendas , sendo estas as mais importantes. As vendas, cada uma contendo vinte membros, desconheciam os grandes chefes. Todas as orientações eram transmitidas por elas. Havia uma venda central, composta por sete membros, que chefiava o trabalho das demais. A Carbonária não tinha nenhuma ligação popular, pois como sociedade secreta, não anunciavam suas actividades. Além disso, a Itália era uma região agrícola e extremamente católica, com camponeses analfabetos e religiosos, que tradicionalmente se identificavam com ideias e chefes conservadores.
Silvio Pellico (1788–1854) e Pietro Maroncelli (1795–1846) foram membros proeminentes da Carbonária. Ambos foram presos pelos austríacos por anos, muitos dos quais na fortaleza Spielberg, emBrno, no sul da Morávia. Depois de solto, Pellico escreveu o livro Le mie prigioni, descrevendo seus dez anos na prisão. Maroncelli perdeu uma perna na prisão e ajudou na tradução e edição do livro de Pellico em Paris (1833). Outros proeminentes membros da sociedade foram Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini, que posteriormente saiu da sociedade e passou a criticá-la.
As revoluções foram sufocadas pela França de Luís Napoleão e pelos Habsburgos austríacos, que procuravam manter seu significante poder na Itália (Veneza e Milão eram parte do Reino Lombardo-Veneziano governado pelo Império Austro-Húngaro e o Reino das Duas Sicílias era governado por um monarca Bourbon, muito influenciado pelo governo francês). O fracasso das revoluções mostrou que a unificação não seria alcançada por idealismo. A unificação italiana foi realizada posteriormente entre 1860-1870 pela diplomacia e guerra sob a égide do Reino da Sardenha-Piemonte.
Em Portugal, a Carbonária foi estabelecida por volta de 1822. Nas suas primeiras décadas, teve um âmbito restrito e, sobretudo, localizado: surgiram várias associações independentes, sem ligação orgânica entre si e com pouca capacidade de intervenção social. De uma maneira geral, estas associações não duraram muito tempo nem tiveram realce histórico. A Carbonária que teve importância na vida política nacional portuguesa foi fundada em 1896 por Luz de Almeida. Desenvolveu alguma actividade no domínio da educação popular e esteve envolvida em diversas conspirações antimonárquicas. Merece destaque óbvio a sua participação no assassínio do Rei D.Carlos I e do Príncipe Herdeiro Luís Filipe, e na revolução de 5 de Outubro de 1910, em que esteve associada a elementos da Maçonaria e do Partido Republicano.
Após longo período inativa, a Sociedade Carbonária foi restaurada no ano de 1983, inicialmente no Brasil, disseminando-se então para Paraguai, Portugal e Itália. Ao contrário de que muitos pensam e afirmam, a Carbonária é na verdade uma instituição Maçônica, sendo conhecida também pelo nome de Maçonaria Florestal. No reinício de seus trabalhos, em 1983, adotava em suas assembléias oRito Escocês Antigo e Aceito, sendo que na Década de 1990, graças aos esforços de pesquisa de Walmir Ferreira Battu, os antigos rituais carbonários que se praticavam na Europa foram redescobertos e a Carbonária passou a praticar novamente o Rito Florestal. Acredita-se que a origem real das Sociedades Maçônicas como instituições - incluíndo a Carbonária - data de 1248 e está registrado na chamada "Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis” ou “Carta de Bolonha”.
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Após longo período inativa, a Sociedade Carbonária foi restaurada no ano de 1983, inicialmente no Brasil, disseminando-se então para Paraguai, Portugal e Itália. Ao contrário de que muitos pensam e afirmam, a Carbonária é na verdade uma instituição Maçônica, sendo conhecida também pelo nome de Maçonaria Florestal. No reinício de seus trabalhos, em 1983, adotava em suas assembléias oRito Escocês Antigo e Aceito, sendo que na Década de 1990, graças aos esforços de pesquisa de Walmir Ferreira Battu, os antigos rituais carbonários que se praticavam na Europa foram redescobertos e a Carbonária passou a praticar novamente o Rito Florestal. Acredita-se que a origem real das Sociedades Maçônicas como instituições - incluíndo a Carbonária - data de 1248 e está registrado na chamada "Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis” ou “Carta de Bolonha”.