Sarkozy sugere à comissária Reding que receba os ciganos no seu país, o Luxemburgo
por A-24, em 15.09.10
O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, reagiu às críticas da comissária europeia da Justiça sobre a expulsão dos ciganos romenos de França sugerindo que abrisse as fronteiras do seu país, o Luxemburgo, para os receber.
Estas declarações não foram feitas de viva voz, mas relatadas por senadores do partido presidencial, após uma reunião com Sarkozy. “Ele disse que estão a ser aplicadas as leis europeias e francesas e que não há nada a reprovar no comportamento da França nesta matéria, mas que se os luxemburgueses quiserem ficar com eles [os ciganos] não há problema nenhum”, relatou o senador Bruno Sido.
“Disse ainda que a nossa política é correcta e que é escandaloso que a Europa se exprima desta maneira sobre as acções da França. Disse ainda que se explicará melhor amanhã”, em Bruxelas, na reunião do Conselho Europeu, adiantou ainda aos media o senador.
Viviane Reding, comissária para a Justiça e para os Direitos dos Cidadãos, criticara violentamente a política francesa de desmantelamento dos acampamentos ciganos e expulsão dos membros da etnia para os seus países de origem, nomeadamente a Roménia e Bulgária. “Acho que a Europa não quer voltar a ver este tipo de situação similar à da Segunda Guerra Mundial”, afirmou então.
Classificando esta decisão do Eliseu como uma “vergonha” – e especificamente o envio de uma circular pelo Governo francês aos perfeitos assinalando os acampamentos como “alvo prioritário” específico – a comissária ameaçou mesmo processar judicialmente a França por não respeitar a legislação da União Europeia.
Já antes, o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Pierre Lellouche, se insurgira contra os comentários de Reding, avaliando que Bruxelas “não se pode pôr a censurar os Estados”. “Este tipo de perda de controlo não é conveniente. Creio que a paixão se lhe sobrepôs à razão. E a paciência tem limites, não é assim que se fala com um grande país”, afirmou numa entrevista à RTL.
A Comissão Europeia montou uma defesa unânime a Viviane Reding no seu braço-de-ferro com a França, por causa da expulsão dos ciganos – que estão a ser visados como uma comunidade –, mas traçando limites: tanto o presidente da Comissão, Durão Barroso, como outros comissários, distanciaram-se da parte do discurso em que Reding faz a alusão às deportações da Segunda Guerra Mundial.
“Uma ou outra expressões usadas pela senhora Reding ontem no calor do momento podem ter suscitado um mal-entendido”, disse Durão Barroso, tentando apagar o incêndio. “A senhora Reding não quis estabelecer um paralelo entre o que se passou durante a Segunda Guerra Mundial e o que se passa hoje”, garantiu.