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A-24

Salazar explicado ás crianças, jovens e incréus

por A-24, em 13.05.14
-Quem foi Salazar?
-Salazar foi o chefe fascista que governou Portugal durante a longa noite fascista.
-E o que foi isso?
-Foi o período entre 1926 e 1974.
-Foi o Salazar que mandou nessa altura?
-Sim, ele e os esbirros fascistas.
-E como era ele?
-Mau. Era um demónio autêntico.
-E o que é que ele fez?
-Fez o mal, fez muito mal a Portugal e aos portugueses.
-Porquê?
-Porque queria os portugueses na miséria e analfabetos.
-Mas porquê?
-Para ser só ele a mandar.
-Os portugueses gostavam dele?
-Não, ninguém gostava.
-Então como é que esteve tanto tempo a mandar?
-Porque os fascistas apoiavam-no e deixavam-no mandar.
-Mas então tinha amigos.
-Não, os fascistas apoiavam-no por que ele deixava-os roubar o povo.
-Mas não eram os fascistas que o deixavam mandar?
-Não, era ele que mandava e dizia aos fascistas para o apoiarem que assim já podiam roubar.
-Mas se ele era só um porque é que os fascistas precisavam dele para roubarem?
-Ai o caralho, eram todos uns ladrões e pronto.
-Havia muitos fascistas?
-Poucos, eram meia dúzia só. Mas o povo tinha medo.
-E porque é que não se revoltavam?
-Porque na televisão diziam sempre que se os fascistas fossem derrubados vinha lá o comunismo.
-Mas a televisão já existia em 1926?
-Não, mas existia a rádio que dizia a mesma coisa.
-Mas os comunistas não são bons?
-São, mas os fascistas mentirosos diziam que eles oprimiam as pessoas onde mandavam.
-E era mentira?
-Claro. Na Polónia, Hungria, URSS, em todos os países onde os comunistas mandavam, as pessoas viviam felizes e havia fartura.
-E cá?
-Cá havia miséria. E analfabetismo.
-Mas as pessoas não iam à escola?
-Não. O Salazar não deixava. E proibiu que se construíssem escolas.
-Ouvi dizer que havia muito analfabetismo na altura.
-E ouviste muito bem. Pouca gente sabia ler e escrever.
-E que mais patifarias fez o Salazar?
-Muitas. Não deixava construir centros de saúde, nem hospitais, nem estradas.
-E mais?
-Não deixava que houvesse pavilhões e polidesportivos em todas as freguesias. Não havia festivais de verão, autoestradas, fundações, subsídios á cultura, televisão a cores, internet, telemóveis...
-Não havia telemóveis?
-Não.
-Então como é que os jovens viviam?
-Mal, passavam o tempo em acampamentos fascistas, caminhadas no campo e em leituras.
-Mas afinal sabiam ler?
-Não, mas quando havia algum que sabia juntavam-se aos sessenta e setenta para o ouvirem.
-E não havia festas?
-Não. O Salazar não queria festas, nem discotecas, nem casas de alterne, nem nada.
-E os jovens não namoravam?
-Não. Se namorassem vinha logo a PIDE e levava-os.
-E havia música?
-Não. O Salazar só deixava que se ouvissem os hinos fascistas.
-Foram anos horríveis.
-Pois foram, só os ricos é que estavam bem.
-E o Salazar era rico?
-Riquíssimo. Tinha palácios, mansões, vivia no luxo, com contas no estrangeiro e tudo.
-Havia muita corrupção?
-Muita, muito mais do que hoje, mas a censura não deixava que se soubesse.
- O Salazar era do piorio.
-Pois era.
-Mas hoje não é assim.
-Não, hoje vives em democracia.
-O Salazar era contra a democracia.
-Era.
-Porquê?
-Porque na democracia quem manda é o povo.
-Ouvi dizer que o povo é quem mais ordena.
-Sim, é uma frase bonita e que define a democracia.
-Eu gosto de viver em democracia.
-E tens razão. Já viste o que podes ter? facebook, telemóvel, discotecas, aborto, ganza, casamento gay, não tens os padres a chatear, é bom não é?
-Sim, e tudo isso graças a Abril, como vimos no outro dia.
-Sim, vejo que não esqueceste.
-Não, e continuo a dizer: 25 de Abril sempre, Salazar nunca mais!
-Ah, ah, é assim mesmo. Viva Abril!

Via A corte na Aldeia