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A-24

Reações ao caso Baptista da Silva

por A-24, em 27.12.12
O “caso” Artur Baptista da Silva diz muito acerca deste país: a crer na cobertura noticiosa do dito, em Portugal importa mais o facto de ele ser ou não ser não sei o quê na ONU, do que a validade ou sua ausência do seu argumento.
Bruno Alves

Desagravo. Por Francisco Seixas da Costa.
A minha pergunta é muito simples: como é possível alguém ter o topete de qualificar o Professor Baptista da Silva como um “impostor” quando, nos últimos meses – eu diria mesmo, nos últimos anos! – muitos dos economistas portugueses, seus eventuais colegas, nos encheram os ouvidos e os dias com coisas bem menos bem articuladas? Não me venham dizer que esses economistas são todos uns impostores! Acredito mais rapidamente no Pai Natal do que nisso, desculpem lá!

Meditação sobre Baptista da Silva. Por António Araújo.
Mas havendo por aí tanto observatório, por que não teria também Baptista, sendo português e da Silva, direito ao seu posto remunerado de contemplação do mundo? Fraude não é o Baptista, mas quem o consente e autoriza. Quem lhe dá voz e palco, a ele e a outros tantos. Em face disso, é absolutamente irrelevante determinar se o senhor é ou não funcionário da ONU. Se fosse realmente consultor do Banco Mundial, o que disse teria mais valia e interesse? Porquê? Calem-se, portanto, os que agora o condenam e apedrejam. Baptista é serviço público. É espelho de nós, síntese do colectivo pátrio. Figura nacional de 2012. Ao contrário do que alguns gritam por esses táxis fora, Portugal não precisa de dois ou três salazares. Necessitamos, isso sim, de mais baptistas da silva. Artur Baptista da Silva, o homem que mostra a verdade dizendo a mentira. Lembremos palavras de outro malogrado líder, o imortal Fitzgerald Kennedy: Ich bin ein Baptister. Baptista, sempre!

André Azevedo Alves

Uma aldrabice que chegou à Reuters

A figura do ano de 2012 - Artur Baptista da Silva

Em Portugal há sempre um potencial "Baptista da Silva" em cada esquina. Este tem o enorme mérito relativamente à consistência do discurso revelado. Quanto ao resto, tem ainda muitíssimo a aprender com João Vale e Azevedo. Juntos, todavia, derrubariam Merkel! Mas, como produto genuinamente nacional, irá seguramente ser acarinhado e sairá mesmo como herói de tudo isto. Desenganem-se os jornalistas que pensam o contrário!
Baptista da Silva personifica, no fundo, o português que anseia dar nas vistas, ir à televisão, afrontar os poderosos, "gozar o prato". Ele é o insconsciente colectivo a funcionar. Se vivesse nos EUA, depois de cumprir pena, o sucesso em Hollywood era garantido.
Depois da fase da condenação, descoberto o logro, surgirá a da (re)aproximação por parte dos media. Este Baptista da Silva ainda vai dar muito que falar... Cuidem-se governantes!
E eis como, a escassos 6 dias do fim de 2012, ARTUR BAPTISTA DA SILVA se transforma, por artes mágicas, na figura do ano luso. Qual Passos Coelho, qual Cavaco, qual Troika. A figura está escolhida. Isto é Portugal.
Pedro Quartin Graça

Artur Baptista da Silva burlou quem? A mim que ouvi a entrevista que concedeu à TSF tudo aquilo que ele disse pareceu-me igualzinho ao que diariamente dizem e escrevem dezenas de pessoas em Portugal. Artur Baptista da Silva só burlou aqueles que pensam como ele e que ficaram horrorizados quando perceberam que o seu guru não era funcionários das Nações Unidas. O alegado burlão (se os assassinos são alegados os burlões tb são gente) dizia aquelas frases redondas com que rádios e televisões nos matraqueiam os ouvidos de manhã à noite. Ele dizia as burlas convenientes. Foram os jornalistas ansiosos por colocar aquilo que pensam na boca de um especialista que lhe fizeram a fama. Como se escreve no 31 da Armada: Os jornalistas «Ávidos de publicarem informação que esteja de acordo com a sua própria narrativa, construída ao longo de editoriais ou de peças mais ou menos politicamente orientadas, embarcam facilmente em qualquer teoria, seja ela esburacada ou não, para fortalecer a sua agenda. Quantas vezes não lemos opiniões nos media, em assuntos que dominamos, que passam completamente ao lado da questão? Eu como não sou especialista neste assunto em particular, fui lendo as tais notícias sobre o responsável da ONU que defendia a tal renegociação da dívida com naturalidade. Afinal de contas, vários colunistas e políticos alinhados à esquerda têm defendido o mesmo. E, como sabemos, as pessoas gostam de se associar alguém com reputação para defender as suas ideias. Neste caso seria um poderoso observatório da ONU e um reputado economista, e por isso, andava meio mundo mediático a citar o especialista. »
Helena Matos