PSD ganha por nove câmaras, mas PS ganha em votos
por A-24, em 22.01.10
Embora o PSD permaneça o partido com maior número de presidências de câmara - 140 - e, portanto, continue líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses, o PS é o vencedor político das eleições autárquicas: subiu em número de presidências de câmara de 110 para 131 e obteve a maior percentagem de votos, com 37,67 pontos, atingindo mais de dois milhões de votos.
Além disso, o resultado dos socialistas é engrandecido pela manutenção da capital, Lisboa, e de cidades como Évora. E também pelo aumento do número de capitais de distrito: em Leiria elege Raul de Castro contra Isabel Damasceno do PSD e em Beja os socialistas elegem Jorge Pulido Valente, numa câmara que era do PCP desde o 25 de Abril. Nas capitais de distrito, o PS tem, contudo, uma derrota importante: perde Faro para o PSD. Mas conquista ao PSD cidades como Barcelos, Figueira da Foz e Tavira.O PSD obteve 22,91 por cento dos votos nas candidaturas em que se apresentou sozinho às urnas e ainda mais 15,04 por cento nas coligações que fez com o CDS, contra 28,27 por cento dos votos sozinho e 10,28 por cento em coligações há quatro anos.Em número de presidências, o PSD desce de 157 câmaras municipais para 140, mas mantém câmaras importantes como o Porto, onde Rui Rio foi reeleito com maioria absoluta, Sintra, onde Fernando Seara se mantém nos Paços do Concelho pela terceira vez, Gaia com Luís Filipe Menezes a manter a maioria absoluta e Coimbra com Carlos Encarnação a resistir à erosão eleitoral provocada pela candidatura independente do seu antigo número dois, Pina Prata.
O PSD consegue, ainda, conquistar uma capital de distrito emblemática dos socialistas — Faro —, onde Macário Correia ultrapassou nas urnas José Apolinário. Ainda que perca uma cidade emblemática como Leiria.PCP perde BejaO PCP desceu de 32 câmaras há quatro anos para 28 agora, e de uma percentagem de 10,94 por cento dos votos para 9,77 por cento. Ao nível de câmaras, a derrota mais simbólica do PCP foi a perda de Beja, a que os comunistas presidiam desde as primeiras autárquicas da democracia, em 1976, perdendo ainda a maioria na Câmara de Aljustrel e em cidades como Marinha Grande e Sines, aqui para um movimento de independentes que eram ex-autarcas da CDU. Os comunistas mantêm centros importantes como Setúbal, Almada, Barreiro e Palmela, na margem sul do Tejo, recuperando câmaras como Alpiarça, Alvito e Crato, que entretanto tinham perdido para os socialistas.CDS e BE insignificantesJá o CDS mantém o perfil de partido sem grande implantação autárquica, que foi, aliás, perdendo ao longo das últimas décadas. O facto de ter concorrido em coligação com o PSD em inúmeros concelhos dificulta leituras nacionais de votos do CDS. Mas o que é facto é que nos locais em que concorre sozinho, o CDS tem 3,09 por cento contra 3,07 por cento há quatro anos — ou seja, praticamente o mesmo. O CDS manteve a sua única Câmara, Ponte de Lima, agora presidida por Vítor Alves Mendes, em substituição de Daniel Campelo.
O Bloco de Esquerda manteve a sua única câmara, em Salvaterra de Magos, presidida por Ana Ribeiro. E não conseguiu eleger Luís Fazenda como vereador em Lisboa. Tendo obtido 3,02 por cento dos votos a nível nacional contra os 2,9 por cento dos votos.Quanto a presidentes de câmara eleitos em listas de cidadãos sem partido foi a vez de Amares, Alandroal, Sines, Estremoz e do Redondo no Alentejo elegerem os seus representantes de movimentos de independentes.Mas também de Oeiras e de Gondomar, onde os agora independentes Isaltino Morais e Valentim Loureiro foram reeleitos. Relembre-se que Isaltino foi condenado em tribunal por corrupção passiva, abuso de poder, branqueamento de capitais e fraude fiscal, mas aguarda a resposta ao seu recurso para tribunal superior, pelo que a sentença ainda não transitou em julgado, podendo, contudo, vir a perder o mandato para o qual agora foi eleito.Saliente-se ainda que Fátima Felgueiras, que também teve problemas com a justiça, tendo sido condenada por peculato e abuso de poder, perdeu a Câmara de Felgueiras. Também Avelino Ferreira Torres, que foi igualmente condenado em tribunal por peculato e abuso de poder, não conseguiu ganhar a sua recandidatura à Câmara do Marco de Canavezes.Quanto à abstenção, ela atingiu nestas eleições os 41,7 por cento dos eleitores recenseados, ligeiramente acima dos números de 2005. Votaram ontem 5,528 milhões de eleitores. (12-10-2009)