Política e religião
por A-24, em 11.09.13
in A Corte na aldeia
"A política moderna é um capítulo da história da religião. Os maiores levantamentos revolucionários que tanto moldaram a história dos últimos dois séculos foram episódios da história da fé - momentos da prolongada dissolução do cristianismo e da ascensão da moderna religião política. O mundo em que nos encontramos no início do novo milénio está cheio de detritos de projectos utópicos que, embora enquadrados em termos seculares que negavam a verdade da religião, foram, de facto, veículos de mitos religiosos.
"A política moderna é um capítulo da história da religião. Os maiores levantamentos revolucionários que tanto moldaram a história dos últimos dois séculos foram episódios da história da fé - momentos da prolongada dissolução do cristianismo e da ascensão da moderna religião política. O mundo em que nos encontramos no início do novo milénio está cheio de detritos de projectos utópicos que, embora enquadrados em termos seculares que negavam a verdade da religião, foram, de facto, veículos de mitos religiosos.
O comunismo e o nazismo afirmavam que se baseavam na ciência - no caso do comunismo, na falsa ciência do materialismo histórico; no do nazismo, na salgalhada do 'racismo científico'. Estas afirmações eram fraudulentas mas o uso da pseudociência não travou o colapso do totalitarismo que culminou com a dissolução da URSS em 1991. Continuou nas teorias neoconservadoras que afirmavam que o mundo estava a convergir para um tipo único de governo e de sistema económico - a democracia universal, ou um mercado livre global. A despeito de ser apresentada com os arreios das ciências sociais, esta crença de que a humanidade estava à beira de uma nova era foi apenas a versão mais recente das crenças apocalípticas que remontam aos tempos mais antigos." -
John Gray, A morte da utopia, Guerra e Paz, 2008
John Gray, A morte da utopia, Guerra e Paz, 2008