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A-24

Pátria minha gentil que te partiste

por A-24, em 16.07.13
Teresa Ribeiro in Delito de Opinião

Em criança percebi que os adultos nunca usavam a palavra Pátria e que nas raras vezes em que a pronunciavam era com desdém, por isso aprendi a dizê-la apenas em tom de mofa. Mais tarde descobri que era conotada com a direita mais extremista, o que explicava a sua parcimoniosa e peculiar utilização. Noutros países, notei, não provocava o mesmo embaraço, uma diferença que sempre me fascinou. 


Pátria, que é o nome que se dá à terra onde se nasceu, em português só fica bem nos livros de História, nos poemas épicos ou satíricos. Também se usa nos discursos políticos, mas neste caso trata-se de jargão profissional. "Servir a pátria", é uma expressão que soa a ridículo a não ser que seja usada em contexto militar, como eufemismo para "ir para a guerra".

Esta reserva cultural relativa à palavra deve explicar a relação instrumental que os governantes mantêm com o país. Incapazes de o pensar, de passar por uma vez, além da Taprobana, que é como quem diz além dos seus pátrios, sérios e vetustos umbigos.