Opinião sobre o Egito e a primavera árabe
por A-24, em 12.07.12
No Egipto, o presidente Mohammed Morsi promulgou um decreto que restabelece o Parlamento dissolvido pelo Supremo Tribunal Administrativo antes das eleições presidenciais. É um desafio à Junta militar, que concentrou em si os principais poderes executivos na véspera das eleições, e um claro sinal de que a Irmandade Islâmica não vai tolerar durante muito mais tempo a tutela das Forças Armadas. Como os generais também chamaram a si a escolha dos nomes para a comissão que vai redigir o novo texto constitucional, verdadeira chave da revolução, o mínimo que se pode dizer é que os islamistas escolheram a via do confronto institucional.
A grande questão agora é saber como vai reagir a Junta, que reuniu de urgência para responder a Morsi. É pouco provável, no entanto, que a resposta seja a violência em larga escala ou mesmo um golpe de Estado. A Irmandade Islâmica tem a maioria do seu lado, como se viu nas duas eleições já realizadas, e o exército aceitou a situação ao reconhecer a vitória de Morsi nas presidenciais. Se quisesse afogar a Primavera local em sangue, já o teria feito há muito tempo. Além disso, o anúncio de uma próxima visita oficial de Hillary Clinton ao Cairo, seguida por outra do presidente egípcio a Washington, significa o reconhecimento do novo status quo por Barack Obama. Um reconhecimento que de certeza não escapou à tropa.
Graças a Alá, o Egipto não é a Síria. A democracia egípcia tem provavelmente mais a temer dos islamistas do que dos militares.
in Cachimbo de Magritte