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A-24

Obama - O Presidente que já entrou na História

por A-24, em 06.11.12
Dado, há um ano, como reeleito, e há três meses como derrotado, Barack Obama regressou da sombra de um mandato difícil. Ao vencer os últimos debates com Mitt Romney, desmentiu a imagem de cansaço que ficara do primeiro. Soma ao otimismo natural, três trunfos de última hora: o "Economist", o "Sandy" e, decisivo, a economia.
A declaração de apoio de "The Economist" pode não lhe valer um voto num eleitorado que tradicionalmente se centra nos seus próprios interesses. Mas a revista criada pelos patrões da indústria têxtil de Manchester tem fama de ser certeira nas apostas, sobretudo quando apoia alguém que foge aos seus estritos padrões conservadores. É um bom sinal para Obama.
Por outro lado, ao interromper a campanha para dirigir o combate às consequências do furacão "Sandy", o Presidente destapou na memória dos americanos o contraste com o pior do seu antecessor. Todos se lembraram da lenta e desordenada reação da Administração Bush à catástrofe do "Katrina".
Faltava a economia. Não bastava a Obama defender-se que herdara uma crise gravíssima da qual os Estados Unidos não podem sair nem sozinhos nem rapidamente. As principais críticas da dupla Romney-Ryan visavam a incapacidade do Presidente para reanimar a atividade económica e estancar a subida do desemprego. Esta semana soube-se que só em outubro tinham sido criados 171 mil postos de trabalho. Foi o 25.º mês em que a criação de empregos subiu. Foi o terceiro bom sinal.
Nascido em Honolulu, a 4 de agosto de 1961 (estava a Presidência Kennedy a dar os primeiros passos), Barack Obama teve um desses percursos de vida que os conservadores da América profunda costumam apresentar como exemplo do sonho americano: do Havai (onde nascera de pai queniano e mãe do Kansas) para a Indonésia (terra do padrasto). Estuda Direito em Harvard, trabalha em Chicago (e é eleito para o Senado do Illinois). Em 2000 falha a eleição para a Câmara dos Representantes, mas quatro anos depois entra no Senado e faz o discurso mais aplaudido na Convenção democrata. Em 2008, este assumido admirador de Bill Clinton vence Hillary nas primárias e John McCain na eleição decisiva, com uma palavra de ordem que varreu o país: "Yes we can".
Em janeiro de 2009 entra na Casa Branca, mas o sonho tem de confrontar-se com a dura realidade. Abdica de algumas propostas de campanha, mas impõe a universalização dos cuidados de saúde (o "Obama care"). Destrói Ben Laden, mas não sabe o que fazer com Guantánamo. Retira as tropas do Iraque, mas o Afeganistão é infindável dor de cabeça.
Sim, o real é sempre mais complexo do que o sonho, mas, seja qual for o desfecho de agora, ninguém retira a Jesse Jackson as lágrimas de alegria de 4 de novembro de 2008 ,no meio da multidão que festejava a eleição de Barack Ussein Obama como primeiro Presidente negro da história dos Estados Unidos.
DN