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A-24

O renascer de Scolari

por A-24, em 12.07.13
Mal-amado por muitos, limitado em termos técnicos e tácticos, mas com com resultados ao alcance de poucos: treinador com mais sucesso na história da selecção nacional, continua a fazer história no Brasil. Luiz Felipe Scolari pode não ser um treinador de topo, nem mesmo consensual aos olhos dos próprios adeptos, mas a sua carreira está, indubitavelmente, recheada de sucessos. Felipão é visto como um técnico ultrapassado, fora de moda (numa altura em que a aposta em jovens técnicos nunca esteve tão em voga), mas a verdade é que o seu trabalho nas selecções, sobretudo na canarinha, impressiona. Visto como um especialista na motivação, mobilização e no famoso "mata-mata" nos momentos decisivos, o treinador brasileiro, com a conquista da Taça das Confederações, parece não só ter renascido para o futebol, como também recolocado o escrete na rota do hexa, numa altura em que estamos a menos de 1 ano do Campeonato do Mundo.

O seu regresso ao Brasil não deslumbrou. Apesar da conquista da Copa do Brasil em 2012, o seu trabalho ao serviço do Palmeiras não foi, de todo, positivo, tendo o clube de São Paulo inclusivamente descido para a Serie B, já sob o comando de Gilson Kleina. O retorno à selecção brasileira, substituindo Mano Menezes no cargo, não foi propriamente unânime, mas passados alguns meses – e depois de um arranque em falso (desiludiu em alguns amigáveis) – a glória na Taça das Confederações mudou tudo. A selecção brasileira afastou o pessimismo inicial, impressionou pela intensidade e empenho, acabando também por cimentar um 11 base para o Mundial, uma das grandes interrogações da era Scolari. O estatuto do "sargentão", que parecia já esquecido, também saiu reforçado desta conquista. Mesmo depois de ter entregue o pentacampeonato mundial à canarinha, o 2.º round de Scolari à frente do Brasil não inspirou grandes expectativas aos "torcedores", tendo em conta que, nesta altura, estamos perante uma geração que, em termos de qualidade, está longe do sucesso de 2002, em que brilhavam craques como Ronaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho, Cafú, Rivaldo, entre outros. A verdade é que Felipão vai triunfando. Não é, nem nunca foi, um treinador de top mundial, é claramente limitado em termos tácticos e algo ultrapassado em relação à realidade actual, sendo que os recentes falhanços no Chelsea e Palmeiras demonstram que num clube já pouco consegue acrescentar. Mas ao nível de selecções, apresenta sempre resultados. Conseguiu o que ninguém tinha obtido por Portugal (final do Europeu, a que juntou um 4º lugar num Mundial), e no Brasil pela 2ª vez está a recuperar uma selecção e a apresentar resultados. É muitas vezes apontado como um técnico resultadista, com futebol pouco atractivo e, apesar de ter tido sucesso no comando do Criciúma, Grémio e Palmeiras, visto apenas como um líder motivacional para as grandes competições. Mas será assim tão mau, um treinador que consegue todos estes feitos ao serviço das selecções? O que é certo é que Scolari, com o triunfo na Taça das Confederações e ainda por cima pela forma como foi alcançado (superiorizando-se a uma formação com hegemonia em termos mundiais), está em estado de graça no Brasil (uniu o povo numa situação social delicada), conseguindo angariar a moral necessária para receber o Mundial 2014. Resta saber se, neste que parece ser o último grande desafio da carreira, Scolari vai voltar a sair em grande do escrete. Felipão fez deste Brasil um favorito ao Mundial? Como avalia a sua carreira como seleccionador?

Visão do Leitor - Ruben Silva