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A-24

O mais procurado dos criminosos nazis vive tranquilamente em Budapeste

por A-24, em 17.07.12
Laszlo Csatary, o criminoso de guerra nazi mais procurado vive tranquilamente em Budapeste há 17 anos, sob a sua verdadeira identidade, apesar de o Centro Simon-Wiesenthal ter informado a justiça húngara sobre o seu passado já há dez meses, denunciou esta organização.
 Num prédio do XII bairro da capital húngara há uma caixa de correio com dois nomes: “Csatary/Smith”. Mas correspondem na verdade à mesma pessoa, diz a AFP: um homem de 97 anos, que foi chefe da polícia do “ghetto” da cidade de Kosice, que hoje fica na Eslováquia mas, na altura da II Guerra, era território húngaro e designava-se Kassa.
Csatary era conhecido pelo sadismo. Usava um chicote à cintura e, segundo a AFP, que cita documentos descobertos pelo Centro Wiesenthal, gostava de o usar nas mulheres do “ghetto” de Kassa, chicoteando-as até fazer sangue, e obrigava-as a cavar trincheiras só com as mãos. Foram assassinados 15.700 judeus de Kassa. A grande maioria foi deportada para o campo de extermínio de Auschwitz, na Polónia, durante a ocupação pela Alemanha nazi do que viria a ser o território da Checoslováquia.
Em 1948, embora estivesse em fuga, Csatary foi condenado à morte na Checoslaváquia. Segundo o Centro Wiesenthal, refugiou-se no Canadá, em Montréal e Toronto, sob uma falsa identidade, onde se tornou negociante de arte. Mas em 1995, as autoridades canadianas descobriram a sua identidade – foi nessa altura que fugiu para a Hungria.
Quem descobriu o paradeiro de Csatary na Hungria foram jornalistas do tablóide britânico “The Sun”, usando informações do Centro Simon Wiesenthal. Tocaram-lhe à campainha e ele veio à porta: “Não fiz nada, vão-se embora”, disse-lhes, antes de lhes bater com a porta na cara.
O procurador adjunto de Budapeste, Jenö Varga, prestou declarações lacónicas à AFP: “Estamos a estudar as informações que nos foram transmitidas, nomeadamente pela imprensa.”
Mas Serge Klarsfeld, presidente da Associação de Filhos e Filhas de Deportados Judeus de França, minimiza o papel desempenhado por Csatary no Holocausto. “Hoje pode encabeçar a lista dos mais procuradso, porque os que restam têm entre 90 e 100 anos. Mas há 30 anos, havia 35 mil pessoas na lista”, disse na rádio Europe 1.
“Restam muito poucos criminosos nazis em fuga. E os que sobram eram jovens na altura, portanto tinham poucas responsabilidades”, sublinha o francês. “É bom que nos empenhemos em perseguir os criminosos até ao seu último fôlego mas, por outro lado, estes não são mais do que comparsas ou figuras subalternas.”
Público