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A-24

Nokia - Era uma vez um ícone

por A-24, em 27.10.14
Desaparece a marca icónica da primeira grande geração de telemóveis. Os modelos Lumia passam a ter apenas a marca Microsoft.

Luís M. Faria 

Daqui para a frente, a Nokia propriamente dita vai concentrar-se naquilo que não vendeu à Microsoft: redes, infraestrutura / ODD ANDERSEN/AFP/Getty ImagesOs telemóveis Nokia vão acabar. O anúncio foi feito esta quarta-feira pela Microsoft, que há pouco mais de um ano comprou essa parte da companhia finlandesa. Em fevereiro deste ano já tinha sido apresentado o primeiro "smartphone" Nokia com sistema Android - um erro original fora tentar usar um sistema próprio, o Symbian, que nunca pegou - mas já veio tarde. Em julho, quando a Microsoft anunciou o corte de mais de 18 mil empregos, a maioria deles era da divisão Nokia. Sinal mais claro não podia haver.
Os telemóveis que até aqui tinham a designação Nokia Lumia passarão a chamar-se Microsoft Lumia. Desaparece formalmente aquele que foi o nome icónico da primeira geração de telemóveis. Para quem se lembra como era ainda há poucos anos, quando não se podia andar na rua sem ouvir a toda a hora o familiar 'toque da Nokia' (havia músicos que se entretinham a fazer variações sobre ele...), a notícia parece incrível. Mas faz sentido nesta era de constante novidade tecnológica. Hoje em dia, quando se fala em telemóveis fala-se em Galaxys e iPhones, ou então em marcas chinesas recentes e cada vez mais conhecidas, como a Xiaomi. Raramente em Nokia.

Para uma empresa que foi líder mundial durante tanto tempo, tem sido um trauma considerável. Como o é para o seu país, a Finlândia, a quem a Nokia ajudou a sair da recessão nos anos 90 e deu o orgulho de produzir finalmente objetos de consumo que todo o mundo queria - a Suécia, país vizinho, fazia-o há muito. Se a venda da Nokia há um ano indignou muitos finlandeses, o fim dos telemóveis tem pelo menos a atenuante de não ser inesperado. A marca é um assunto nacional e toda a gente sabia dos problemas.
Daqui para a frente, a Nokia propriamente dita vai concentrar-se naquilo que não vendeu à Microsoft: redes, infraestrutura. Era o seu foco há já algum tempo, desde que percebeu que o seu telemóvel característico - sólido, fiável, com bateria duradoura - tinha saído de moda. Os mercados que restam a esse telemóvel encontram-se sobretudo em países africanos e asiáticos, bem como na América Latina. A concorrência é intensa, mas a procura está a crescer.
A Microsoft, pela sua parte, também se encontra em mudança. Quer ser uma cada vez menos empresa de software e cada vez mais de serviços e aplicações. Neste momento, se incluir na contagem "smartphones" e "tablets", o seu sistema operativo Windows corre em menos de 20% dos computadores em todo o mundo. A maioria dos telemóveis Lumia já o usam. Resta saber se ainda vão a tempo.