Mundial 2014: Dia 7 Brasil empata com México, Bélgica remonta ante Argélia e Coreia do sul e Russia empatam
por A-24, em 18.06.14
Visão de MercadoRússia 1-1 Coreia do Sul (Kherzakov 74'; Keun - Ho 68')
Akinfeev foi o grande protagonista do empate a 1 entre Rússia e Coreia do Sul, que fechou a primeira jornada do Mundial. O jogo estava a ser pouco emocionante - e algo monótono - até ao minuto 68. Lee chutou de fora da área à figura do guarda-redes russo, que deu um autêntico frango (já tinha mostrado insegurança em lances anteriores) e deixou os asiáticos em vantagem. Pouco depois, Kerzhakov, que entrou na segunda parte, aproveitou um ressalto na grande área e tornou-se o melhor marcador de sempre da selecção russa. O empate acaba por se adequar aquilo que foi o encontro. As duas equipas demonstraram pouca criatividade no último terço e só através de remates exteriores ou lances de bola parada é que se aproximaram das balizas. A Coreia, que apostou nas transições e teve Heung-Min Son em destaque, teve mais oportunidades. Quanto à Rússia, confirmou aquilo que o VM previa: é uma equipa com dificuldades em assumir o jogo - o meio campo, exceptuando Shatov, foi uma nulidade - e não tem jogadores que consigam desequilibrar.
Melhor 11 da primeira jornada para o Visão de Mercado - Sirigu (Itália), Aurier (Costa do Marfim), David Luiz (Brasil), Hummels (Alemanha), Blind (Holanda), Beckerman (EUA), Pirlo (Itália), James (Colômbia), Robben (Holanda), Müller (Alemanha) e Joel Campbell (Costa Rica)
É o reforço mais caro de sempre - Jonathan Rodríguez, jovem uruguaio de 20 anos, vai assinar pelo Braga por cinco temporadas. Os minhotos pagaram 5 milhões de euros (superaram a quantia que tinham investido em Rúben Micael) pelo promissor atacante - embora o negócio tenha sido patrocinado por um fundo de investimento - que supostamente também era pretendido pelo Sporting (fez manchetes em Portugal mas fica a dúvida se a imprensa uruguaia confundiu os dois "Sporting's"). VM - Deu nas vistas no campeonato uruguaio (12 golos em 31 jogos pelo Peñarol) e tem imensa margem de progressão, mas parece claro que, a menos que Éder saia, terá dificuldades em se impor de imediato. No entanto, era uma contratação necessária depois da saída de Rusescu e pode ser uma boa alternativa ao internacional português (ainda há Erick Moreno).
Brasil 0-0 México
Brasil não sai do nulo frente ao México; Ochoa foi uma barreira para os anfitriões, Herrera também esteve em destaque nos mexicanos; Conjunto de Scolari continua sem convencer ultrapassar o México e o seu incrível guarda-redes Ochoa. Apesar do nulo, e ao contrário do Irão-Nigéria, não faltou emoção, oportunidades de golo e alguns momentos de bom futebol de parte a parte. A canarinha não fez uma má exibição, mas frente a um adversário modesto (apesar de aguerrido), tinha a obrigação de fazer muito mais. O jogo foi demasiado dividido e os anfitriões, à semelhança do jogo com a Croácia, voltaram a não convencer. Com este resultado, o grupo fica muito equilibrado, contudo, o Brasil, defrontando os Camarões na última jornada, leva vantagem, enquanto Croácia e México vão discutir a 2ª vaga (aos mexicanos basta um empate para avançar na prova).
Os centro-americanos tiveram uma entrada muito intensa no encontro, enquanto o Brasil demorou a responder. A partida seguia com muitas faltas de ambos os conjuntos e só a partir dos 20 minutos é que os guarda-redes foram postos à prova. Primeiro foi Júlio César a defender um remate de Herrera e passado pouco tempo, Ochoa realiza a "parada" do Mundial, em resposta a um cabeceamento de Neymar. Fred ainda assustou a defesa mexicana, num cabeceamento, enquanto Vasquez tentou a sua sorte na outra baliza. Em cima do intervalo, novo momento Ochoa, com nova defesa com Paulinho em situação clara de golo. Bernard entrou para a segunda parte e quase servia Neymar com qualidade, logo a abrir, contudo, o momento era mexicano. Guardado, Vazquez e Herrera tiveram muito espaço para ensaiar remates, mas falharam o alvo. O Brasil passou por dificuldades, com a equipa mexicana a recuperar muitas bolas e a sair com qualidade para o ataque. A 20 minutos do final, Ochoa voltou a dizer presente, desta vez num remate à queima-roupa de Neymar, enquanto Jô, em boa posição, rematou para fora. Os anfitriões pressionaram na fase final e Thiago Silva ficou perto do 1-0, mas Ochoa voltou a fazer milagres, numa defesa por instinto (o central brasileiro cabeceou dentro da pequena área). No período de compensação, Jimenez ainda obrigou Júlio César a defesa apertada.
Brasil - A exibição dos canarinhos foi melhor que na estreia, contudo, ainda muitos furos abaixo de um digno candidato ao título. A equipa voltou a viver de rasgos individuais e lances de bola parada e, durante algumas fases do encontro, passou por grandes dificuldades perante os aguerridos mexicanos. Luiz Gustavo e Júlio César rubricaram excelentes exibições, enquanto Neymar, quando apareceu, criou bastante perigo para a defensiva mexicana. Marcelo e Daniel Alves deram a profundidade habitual pelos seus flancos, embora (excepto uma ou outra ocasião), não tenham criado perigo para Ochoa, enquanto Fred foi, mais uma vez, uma nulidade na frente de ataque. Oscar e Ramires (tal como Bernard) passaram ao lado do encontro e Paulinho não acrescentou qualidade com bola ao meio campo brasileiro.
México - Excelente exibição colectiva dos centro-americanos, com muita qualidade nas movimentações (com e sem bola) e nas transições (defensivas e ofensivas). Uma selecção com grande atitude, espírito de sacrifício e solidariedade, comandada por um treinador que deu outra vida ao futebol mexicano. Ochoa esteve enorme entre os postes, numa exibição nota 10, enquanto Herrera (esteve em todo o lado, distribuiu bem o jogo e ainda tentou o golo) e os três defesas centrais - Marquez, Rodriguez e Moreno - estiveram também num nível elevado. Vazquez e Guardado estiveram em foco no melhor período mexicano, sempre com grande critério na manutenção da posse de bola, Giovani dos Santos tentou desequilibrar com a sua técnica e velocidade, e os dois laterais/médios (Layun e Aguilar) nunca deixaram os seus flancos descompensados.
Bélgica 2-1 Argélia (Fellaini 70' e Mertens 79'); Feghouli 25' g.p.)
Cheirou a surpresa no Grupo H, mas a Bélgica conseguiu a reviravolta (2-1) e entrou a vencer no Mundial 2014. A selecção da moda revelou alguma falta de criatividade, passou por dificuldades (a 1ª parte foi muito pobre), mas quando se tem um elenco de luxo é mais fácil contornar as adversidades e foi isso que aconteceu: o plano A dos "Diabos Vermelhos" não resultou, no entanto com a entrada de Mertens (melhor em campo), Origi (fez muito mais que o "nulo" Lukaku) e Fellaini (decisivo) os belgas melhoraram claramente o rendimento e alcançaram os 3 pontos frente a uma Argélia que tentou sempre fechar a "porta".
Quanto ao encontro, não foi bonito o que se viu em Belo Horizonte. Jogo lento, previsível, praticamente sem lances de ataque. Com a Argélia a chegar ao 1-0 a meio da 1ª parte por intermédio de Feghouli (de penalti castigou uma falta infantil de Vertonghen) e a Bélgica sem soluções para contrariar o resultado (dois/três remates fora da área, quase sempre por Witsel, mas sem uma oportunidade clara de golo). Na 2ª parte, com as alterações (Mertens, Origi e Fellaini substituíram Chadli, Lukaku e Dembelé) os "Diabos Vermelhos" melhoraram (também era dificil fazer pior), mas foi Soudani na sequência de um canto a ficar perto de marcar o 2-0. A Bélgica respondeu por Origi, teve a melhor oportunidade dos belgas em todo o encontro (mas isolado permitiu a defesa de M'Bolhi). E pouco depois aconteceu mesmo o empate, cruzamento de Kevin de Bruyne e Fellaini (que tinha acabado de entrar) com uma cabeçada espectacular a marcar. A Bélgica animou e no melhor lance do jogo, numa transição ofensiva bem conduzida por Hazard consumou mesmo a reviravolta. Mertens, isolado pelo craque do Chelsea, descaído sobre a direita com um tiraço fez o 2-1. Até final, Fellaini ainda esteve perto do 3-1, mas o resultado estava feito.
Bélgica - Esperava-se muito mais dos "Diabos Vermelhos", juntamente com a Argentina, foi a selecção que mais desiludiu nesta 1ª ronda mas por razões diferentes. Os belgas acusaram muito a pressão/ o excesso de expectativas, e principalmente no 1º tempo bloquearam (algo que não surpreende, já que não estavam numa fase final há 12 anos): jogo pobre, sem intensidade, e ainda menos soluções para contrariar a estratégia da Argélia. No entanto, quando se tem um banco de top é mais fácil contornar este tipo de obstáculos, e essa mais-valia acabou por fazer a diferença. Mesmo assim, a Bélgica terá de melhorar muito nos próximos jogos caso queira causar impacto no Brasil. Van Buyten cometeu alguns erros, Verthongen (parece ainda desanimado com a época nos Spurs) ainda fez pior, e Hazard (apesar de ter sido decisivo no 2-1) apareceu pouco. Elementos como Chadli, Dembelé e Lukaku também estiveram francamente mal, mas com tantas soluções, Wilmots conseguiu acrescentar ainda mais qualidade à equipa e Origi (mais em jogo que Lukaku), Fellaini (a sua presença na área foi decisiva) e Mertens (desequilibrou a partida) fizeram a diferença.
"Portugueses" - Halliche (Académica) foi o único titular, e fez uma exibição competente. Slimani (Sporting) e Ghilas (FC Porto) entraram no decorrer da 2ª parte, mas praticamente não tocaram na bola, enquanto que Defour (FC Porto) não saiu do banco.
Argélia - Bloco muito baixo, quase sempre num 4-5-1, com a missão de bloquear o jogo belga, algo que com o golo de Feghouli foi ainda mais evidente. E a táctica quase que resultou. Os argelinos não permitiram praticamente oportunidades de golo à Bélgica, e estiveram perto da surpresa. No entanto, também ficou a ideia que esta postura acabou por condicionar o futebol das mais-valias da equipa, como Feghouli ou Goulham (sem permissão para se envolverem mais no ataque). Veremos qual será a postura nos próximos jogos, mas os africanos vão ter de fazer mais a nível ofensivo se querem passar o grupo (algo que está perfeitamente ao alcance).