Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A-24

Mundial 2014: dia 12

por A-24, em 23.06.14
Visão de Mercado

Coreia do Sul 2-4 Argélia (Son Heung Min 50´ e Koo Ja-Cheol 72´; Slimani 26´, Halliche 28´, Djabou 38´e Brahimi 62´)

A Argélia conquistou a primeira vitória em Mundiais desde 1982 e subiu ao 2º lugar do grupo H. O argelinos entraram forte na partida e chegaram a uma boa vantagem, mas no segundo tempo ainda acabaram por sofrer perante uma Coreia do Sul bastante frágil no seu sector mais recuado. Slimani foi aposta do seleccionador argelino e não desiludiu, ao inaugurar o marcador e fazer a assistência para o 0-3, enquanto o outro "português", Halliche, marcou o 0-2. Brahimi (associado ao FC Porto) encheu o campo, enquanto a Argélia tornou-se na 1ª selecção africana a marcar por 4 vezes numa partida do Campeonato do Mundo.

O Brasil 2014 não cansa de ter grandes espectáculos e o Coreia do Sul-Argélia não fugiu a muitos outros jogos. Durante 45 minutos assistiu-se a um vendaval argelino, com grande intensidade, fulgor ofensivo e golos. Slimani abriu o activo aos 26 minutos, após passe longo de Medjani, depois de já ter ficado perto de marcar por duas ocasiões. Pouco tempo depois, foi Halliche a saltar mais alto e a fazer o 0-2, na sequência de um pontapé de canto. O 0-3 chegou perto do intervalo, com Slimani a recuperar uma bola mal aliviada pelos centrais asiáticos e a assistir Djabou para o remate certeiro. Quando o resultado parecia feito, apareceu uma outra Coreia do Sul em campo. Os argelinos baixaram as linhas e deixaram de pressionar tanto, facto aproveitado pelos coreanos para começar a criar perigo. Son Heung Min (único coreano acima da média) reduziu para 1-3, mas Brahimi voltou a dar tranquilidade aos argelinos (jogada espectacular com Feghouli). Koo Ja-Cheol fez 2º golo para a Coreia do Sul, mas, pese embora alguns sustos, a Argélia conseguiu aguentar o 2-4 até final.


Coreia do Sul - Depois deste resultado, dificilmente vão chegar aos oitavos-de-final, pois precisam de derrotar a Bélgica e recuperar da diferença de golos para a Argélia (em caso de empate) ou para a Rússia (em caso de vitória dos russos no último jogo). Na partida de abertura, os coreanos até conseguiram aguentar o jogo russo, contudo, hoje não houve capacidade para contrariar a maior intensidade africana. Son Heung Min foi o melhor elemento da Coreia do Sul, único capaz de criar desequilíbrios no ataque e com um futebol acima da média da equipa. Kim Shin-Wook entrou bem na partida e fez uso do seu físico, mas tudo o resto foi péssimo. A defensiva deu enormes ofertas aos argelinos (o 3º golo comprova isso), enquanto o meio campo foi incapaz de equilibrar e aguentar a forte dulpa argelina (Feghouli-Brahimi).

Argélia - Um empate frente à Rússia deve ser suficiente para a selecção africana mais europeia do Mundial (muitos jogadores nasceram em França) alcançar os oitavos-de-final. Os argelinos, que fizeram história ao marcar 4 golos numa partida (algo nunca feito por um país africano num Mundial) impressionaram na 1ª parte, pressionaram alto, foram intensos e além dos 3 golos criaram várias oportunidades para finalizar, e apesar de no 2º tempo terem caído bastante de produção (permitiram à Coreia entrar no jogo...valeu o golo de Brahimi para dar alguma margem de segurança), derrotaram bem a Coreia do Sul. A nível individual destaque para os "portugueses" Slimani (um excelente golo, uma assistência, a atitude habitual e apesar de ter perdoado uma situação fácil de finalização ganhou algum mercado) e Halliche (um golo e foi o defesa mais competente) estiveram em destaque (Ghilas também entrou nos últimos minutos). Feghouli a espaços acrescentou alguma qualidade técnica (decisivo no 4-1), tal como Djabou (excelente 1ª parte). No entanto, a grande figura dos africanos foi Brahimi. O médio ofensivo do Granada, que tem sido associado ao FC Porto, tranquilizou a equipa com o 4-1 e foi sempre o elemento, com a sua velocidade e técnica, a criar mais desequilíbrios, a estar mais em jogo e a definir melhor.

Bélgica 1-0 Rússia (Origi 88')

Quando o colectivo é fraco, as individualidades resolvem. O encontro entre a Bélgica e a Rússia acabou por ter um desfecho semelhante ao do Argentina-Irão: uma jogada individual de Hazard (que esteve desaparecido durante todo o jogo), que assistiu Origi para o único golo do encontro, acabou por dar a segunda vitória e consequente apuramento para os oitavos de final aos Diabos Vermelhos. No entanto, foi mais uma exibição medíocre dos belgas, que para já não estão a corresponder às altas expectativas depositadas à partida para a competição.
Na primeira parte o jogo foi bastante equilibrado e disputado num ritmo elevado, embora não tenha havido grandes ocasiões de golo (apenas um cabeceamento de Kokorin ao lado). Wilmots lançou Fellaini e Mertens, que desequilibraram no último jogo, e o extremo direito foi mesmo o elemento mais perigoso da equipa. Do lado russo, Shatov voltou a estar em bom plano e as melhores jogadas do conjunto de Capello saíram dos seus pés. Na segunda parte, o encontro tornou-se extremamente monótono, com duas equipas mais preocupadas em não perder do que em ganhar. Só nos últimos minutos tivemos lances junto das balizas, com Eschenko a atirar ao lado e, na resposta, a Bélgica a chegar à vitória. Hazard finta um adversário no flanco esquerdo e assiste Origi, que entrou novamente muito bem, para o golo decisivo. Um resultado penalizador para os russos, que, apesar de não terem feito o suficiente para vencer, conseguiram ser ligeiramente superiores aos belgas. 

Bélgica - Inicialmente a equipa até surgiu mais agressiva do que no último encontro, mas foi por pouco tempo. O meio campo voltou a mostrar pouca dinâmica e sobretudo pouca ligação com o ataque, o que, com laterais que não atacam, torna os belgas demasiado dependentes de iniciativas individuais. Nesse capítulo, Mertens foi quem mais se destacou na primeira parte, embora tenha perdido gás no segundo tempo. Hazard fez igual a Messi, não com um golo mas com uma excelente assistência. Já Lukaku (uma nulidade) voltou a perder espaço para Origi, bem mais activo no ataque. Na defesa, Kompany e Van Buyten estiveram impecáveis.

Rússia - A boa organização da equipa acabou por ser prejudicada pela falta de rasgo no ataque. Só Shatov, médio talentoso, foi capaz de desequilibrar, seja através do passe ou da condução de bola. Kannunikov entrou para o 11 mas passou ao lado do jogo, bem como Samedov. Fayzulin também teve pouco impacto, ao contrário de Glushakov, médio mais recuado que esteve eficaz a destruir e que se integrou bem no ataque na recta final. Destaque ainda para o receio de Capello, que mexeu tarde e não teve ambição para querer ganhar o jogo. Kerzhakov só entrou já com a equipa a perder e a saída de Shatov por Dzagoev também não se percebeu. O seleccionador mais bem pago do Mundial corre sérios riscos de ir para casa já nesta fase.