Maiorias silenciosas
por A-24, em 09.03.13
Ricardo Lima n'O InsurgenteO CDS, sozinho, teve 653 987 votos por todo o país nas últimas eleições. Vale também a pena recordar que o PSD teve mais de 2 milhões de votos. Julgando pelas últimas sondagens e pelo senso comum, podemos admitir que este número terá descido, mas não significativamente. Ao mesmo tempo vale relembrar que dificilmente os votantes dos partidos do governo – mesmo os descontentes como eu- se identificariam nos slogans e propostas dos movimentos que hoje se manifestaram.
Entretanto, o Terreiro do Paço, onde cabem menos de 200 000 pessoas, não estava cheio. Encheu-se para ver o Papa e estavam lá pouco mais de 100 000. É aí que chegamos à simples conclusão de que, com todo o optimismo do mundo e com toda a fé nos produtos light que os intervalos televisivos nos garantem, o número de pessoas que esteve na manifestação de hoje em Lisboa, será ligeiramnte superior ao número de vontantes do CDS (apenas no Distrito do Porto).
Com tudo isto, apelidar o que se passou neste Sábado de “um cartão vermelho ao governo” (ou à Troika) ou “a expressão de um país” é o mesmo que eu me cortar a aparar a barba e chamar-lhe desfiguramento facial. A história habituou-nos a maiorias barulhentas que se assumem, ao longo dos anos, como representativas de uma classe, de uma ideia ou de um povo. Infelizmente, para os Ché Guevaras do IPad, são as maiorias silenciosas que ganham eleições.