Lugares-comuns
por A-24, em 05.12.12
As vitórias da Espanha nos campeonatos do Mundo e da Europa de futebol foram vistas como um reforço da unidade espanhola. Catalães, bascos, andaluzes, todos vibraram com a visão de jogo de Iniesta e as defesas de Casillas.
Se assim foi, só não se entende por que motivo, e tão pouco tempo depois, tenham ressurgido os ímpetos independentistas na Catalunha.
O Euro2004 foi apontado como o motor da economia que faria regressar o país aos índices de crescimento dos finais dos anos 80. A realidade, porém, mostrou-se diferente e parte da causa da crise de hoje está no endividamento a que nos obrigaram eventos como aquele.
Em 1998, a França sagrou-se campeã do mundo de futebol e, rapidamente, os mais fervorosos optimistas concluíram que o racismo estava erradicado daquele país. Agora já sabemos que o apoio francês à equipa do argelino Zidane não reflectia nada disso. Apenas a vontade de uma vitória que de outra forma não seria possível.
É impressionante como estamos cercados de lugares- -comuns como estes. A verdade é que a unidade não se impõe de cima. O que une as pessoas, quando não a mesma língua, é o interesse da paz possível. Os catalães sabem que os franceses entraram em Barcelona no curto período de 12 anos em que a Catalunha se libertou de Madrid. De mal a mal, que ficassem com Castela. Ontem como hoje. A poeira dos séculos não desaparece com jogos de bola, tal como os milagres económicos não surgem em estádios de futebol.
André Abrantes Amaral