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A-24

Judeus

por A-24, em 22.03.12
«A "questão judaica" é hoje, na Europa, uma mera relíquia daquilo que foi durante séculos. Na verdade, poucos têm coragem de o dizer, mas embora a abominável "decisão final" (Endlösung), urdida pelo regime nazi para as minorias judaicas da Europa ocupada, tenha ficado por metade, tal foi suficiente para privar a Europa desse filão de resiliência, criatividade e inteligência que as minorias judaicas representaram na história das nações europeias. Os sobreviventes do extermínio, na sua maioria, estão hoje em Israel, ou são um dos motores da prosperidade dos EUA.

O ódio "popular" aos judeus é um dos fatores da decadência europeia. Não é preciso ser Antero de Quental para perceber que a decadência peninsular se inicia com a expulsão dos judeus, na altura em que a organização dos impérios marítimos de Portugal e Espanha mais precisaria do seu contributo. Basta olhar para a Alemanha de 2012. Com a mesma população que tinha ao tempo da República de Weimar, mas sem o impulso da sua vibrante comunidade judaica, exterminada ou exilada pelo Holocausto, a cultura alemã de hoje é, na comparação, pobre e sem brilho. Onde estão os filósofos, os escritores, os cientistas, os músicos, os cineastas, de ascendência judaica, que fizeram a grandeza universal da Alemanha até1933? Basta ler a biografia de George Steiner, Errata, para compreender os motivos que levaram Nietzsche a considerar os judeus como uma (malograda) vanguarda cosmopolita da unidade europeia, contra o perigo da autodestruição. As crianças judias assassinadas em França apenas nos recordam que, sob o verniz da tolerância europeia, jaz um virulento génio maligno pronto a despertar. A mediocridade não suporta a diferença e a singularidade de mérito que os judeus deixaram na nossa cultura comum. E que falta isso nos faz agora!»

VIRIATO SOROMENHO-MARQUES [DN]