Holanda: A renovar (sem perder qualidade) desde os anos 70; Revolução trouxe sangue novo e líder premiado
por A-24, em 01.11.12
É sabido que o país das tulipas é um dos grandes formadores do futebol mundial (tudo começou anos 70 com o Ajax, e desde então a Holanda nunca mais parou. Em todas as décadas conseguiram resultados importante ao nível da selecção, e principalmente deram ao Mundo alguns dos melhores praticantes desta modalidade).
Olhando para os jogadores que representam a seleção nacional holandesa atual, observa-se que grande parte destes mesmos atuam no seu país de origem, contrariamente ao que se passou no Europeu de 2012, onde com Van Marwijk a comandar, acumulou 3 derrotas em tantos outros jogos. Existiram ecos de que a falta de profissionalismo de alguns elementos como Van Persie, que parava os treinos para falar ao telemóvel ou que arrogância de outros (Afellay foi para o estágio gabar-se de que jogava no Barcelona, questionando outros colegas onde estes atuariam) foram razões para esta desastrosa prestação. Mas a verdade é que os pupilos não pareciam estar do lado do seu mestre. Mas Holanda de hoje mudou.
Esta ''laranja mecânica'' aparece comandada por Van Gaal (treinador com um currículo que fala por si e Campeão Europeu com o Ajax) e já soma 4 vitórias em 4 jogos. Mas não só o comando técnico mudou (para melhor, diga-se). Esta seleção apresenta um curioso numero de jovens que atuam no seu país de origem e que têm feito parte do 11 inicial nesta fase de qualificação. Falo de jogadores como Van Rhijn (21 anos) e Bruno Indi (defesa nascido no Barreiro de 20 anos), que têm tomado bem conta da defesa, de Clasie (21) que têm comandado o miolo holandês ou de Lens (24 anos e que esta época tem feito vários golos, curiosamente no ano passado foi até meio da temporada suplente de Labyad) e Narsingh (22 anos) que têm revolucionado o ataque. Parece óbvio que existindo confiança e trabalho na área de formação, os resultados podem aparecer e apesar de muitos terem uma idade muito tenra, em 2014 estarão mais experientes.
No entanto, não deixa de ser extraordinário esta capacidade/coragem de, numa fase onde a Holanda podia acusar a pressão do mau Euro 2012, renovar a equipa com jogadores muito jovens (na Holanda não se olha a idades), com pouca experiência, e que pouco ou nada tinham actuado pela selecção principal até à chegada de Van Gaal.
Junto com outros jovens como Zoet, Viergever, Janmaat, Willems, Leroy Fer, Luuk de Jong e Adam Maher, aparecem os já habituais Sneijder, Van Persie, Van der Vaart, Heitinga, Robben, Kuyt, Huntelaar, Nigel de Jong ou Stekelenburg (entre outros que poderão e irão aparecer) e depois do grande Mundial 2010 (onde foi finalista vencido) e do desilusivo Europeu de 2012, onde poderá ir esta Holanda no Mundial 2014 (em condições normais estará presente)? Teremos de novo futebol espetáculo por parte dos holandeses (tal como no Europeu de 2008)? Como se explica esta capacidade da Holanda em renovar a sua selecção (algo que já dura desde os anos 70), conseguindo que a mesma seja sempre competitiva? Seria possível a selecção portuguesa imitar esta política do país das Tulipas?
Ricardo Fonseca