Fórmula 1 - Button campeão 10 meses depois de quase ter abandonado a F1
por A-24, em 18.10.10
Em Dezembro do ano passado, Jenson Button estava no aeroporto de Gatwick (Londres). Aguardava as malas, após uma viagem a Lanzarote, quando recebeu uma chamada telefónica que lhe pareceu o maior pesadelo da vida. Do outro lado, estava o seu agente. “Jenson, tenho más notícias. A Honda desistiu da Fórmula 1”. O piloto britânico ficava sem equipa a poucos meses do início da nova temporada. “Pensei que a minha carreira estava acabada”, contou ao Sunday Times em Junho deste ano.
Dez meses depois da desistência da Honda, Jenson Button sagrou-se neste domingo campeão mundial de Fórmula 1. “Isto é o fim de um conto de fadas”, disse o novo campeão, que já se referiu ao seu percurso desta época como um grande filme que “nem precisava de pozinhos à Hollywood”.
O “filme” de Button (O estranho caso de Jenson Button, como previsivelmente já lhe chamaram) terminou no Brasil, na penúltima prova do ano. O quinto lugar bastou para garantir o título, já que Sebastian Vettel foi quarto e Rubens Barrichello oitavo.
Um quinto lugar pode parecer pouco (tal como Hamilton fizera em 2008 para carimbar o título em Interlagos), mas Button tem razão quando diz que foi uma prova “digna de um campeão do mundo”. “Foi a melhor corrida da minha vida”, argumentou, depois de ter partido de um 14.º posto que até o deixou doente e lhe deu mais uma noite mal dormida, à semelhança de tantas nas últimas semanas.
Great Button ao ataque
O piloto da Brawn beneficiou de alguns acidentes nas primeiras voltas para ganhar lugares e protagonizou uma prova ao ataque, realizando várias ultrapassagens, algumas delas bastante arriscadas. “O Kobayashi é absolutamente louco”, clamou Button, referindo-se ao estreante da Toyota, que durante algum tempo lhe barrou o caminho.
Barrichello partiu da pole position mas a sorte não esteve do lado do brasileiro. A entrada do safety car, logo no início, impediu-o de ganhar vantagem quando tinha o carro mais leve e nas paragens nas boxes foi perdendo terreno para Mark Webber (Red Bull), Robert Kubica (BMW) e Lewis Hamilton (McLaren), que preencheram o pódio no dia da consagração de Button. Barrichello acabou mesmo atrás do colega de equipa, porque nas voltas finais teve um furo.
O dia era, pois, de Button. “Mereço o título após esta corrida. Há 21 anos, entrei num carro pela primeira vez e adorei ganhar. Nunca esperei ser campeão do mundo de F1, mas consegui-o hoje ”, disse o inglês, citado pelas agências internacionais, que falavam de um homem feliz com uma bandeira a dizer “Great Button”.
Mas nem foi preciso esperar que Button saísse do carro para se perceber o que lhe ia na alma. Mal cortou a meta, o divertido piloto começou a cantar o tema dos Queen. “Somos campeões! Campeões do mundo!”
Brawn, Ross Brawn
Jenson Button é o décimo britânico a vencer o título mundial de F1 e muito se discutirá se merece estar ao lado de nomes como Nigel Mansell, James Hunt ou Jackie Stewart. E se é certo que Button só tem sete vitórias em Grandes Prémios (seis delas nesta época), também é inegável que o britânico foi o que menos erros cometeu entre aqueles que este ano tiveram um carro em condições para lutar pelo título. Ganhou seis das primeiras sete corridas, quando a Brawn era imbatível. E na segunda metade da temporada — quando a Red Bull se afirmou e a Ferrari e a McLaren subiram de rendimento — manteve a regularidade. Pontuou em todas as provas, exceptuando na Bélgica, onde desistiu.
O mérito do inglês tem de ser, em boa parte, partilhado com um compatriota: Ross Brawn. Foi ele que salvou a equipa, quando a comprou três semanas antes do início do campeonato, e foi ele que transformou numa máquina vencedora um carro branco, quase sem patrocinadores, e em que ninguém apostava um cêntimo.
Ross Brawn deixou cair lágrimas assim que Button garantiu o título de pilotos e de construtores. O britânico confessou não compreender o tamanho da façanha que acabara de conseguir. “Ainda tenho de o absorver. Vai demorar algum tempo, mas é especial, muito especial”, disse o ideólogo da equipa que se tornou a primeira a vencer o Mundial de construtores na época de estreia. E a título pessoal, Brawn também fez história. Ganhou o Mundial pela oitava vez (uma na Benetton, seis na Ferrari e uma na Brawn), além de ver um piloto seu ganhar o título pela oitava vez. Depois de ajudar Schumacher a conseguir o heptacampeonato, Ross descobriu a fórmula (com sagazes opções técnicas) para levar Button ao triunfo, numa equipa que há um ano era última e agora é a primeira.
Classificação do GP do Brasil
1. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), 1h32:23.081
2. Robert Kubica (POL/BMW-Sauber), a 7.626s
3. Lewis Hamilton (GBR/McLaren-Mercedes), a 18.944s
4. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 19.652s
5. Jenson Button (GBR/Brawn-Mercedes), a 29.005s
6. Kimi Räikkönen (FIN/Ferrari), a 33.340s
7. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 35.991s
8. Rubens Barrichello (BRA/Brawn-Mercedes), a 45.454s
9. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren-Mercedes), a 48.499s
10. Kamui Kobayashi (JPN/Toyota), a 1:03.324s
11. Giancarlo Fisichella (ITA/Ferrari), a 1:10.665s
12. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India-Mercedes), a 1:11.388s
13. Romain Grosjean (FRA/Renault), a uma volta
14. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a uma volta
Nota: Os outros pilotos não se classificaram.
Mundial de pilotos
1. Jenson Button (GBR) 89 pts CAMPEÃO
2. Sebastian Vettel (ALE) 74
3. Rubens Barrichello (BRA) 72
4. Mark Webber (AUS) 61,5
5. Lewis Hamilton (GBR) 49
6. Kimi Räikkönen (FIN) 48
7. Nico Rosberg (ALE) 34,5
8. Jarno Trulli (ITA) 30,5
9. Fernando Alonso (ESP) 26
10. Timo Glock (ALE) 24
11. Felipe Massa (BRA) 22
12. Heikki Kovalainen (FIN) 22
13. Robert Kubica (POL) 17
14. Nick Heidfeld (ALE) 15
15. Giancarlo Fisichella (ITA) 8
16. Adrian Sutil (ALE) 5
17. Sébastien Buemi (SUI) 5
18. Sébastien Bourdais (FRA) 2
Mundial de construtores
1. Brawn 161,0 pts CAMPEÃ
2. Red Bull 135,5
3. McLaren 71
4. Ferrari 70
5. Toyota 54,5
6. Williams 34,5
7. BMW 32
8. Renault 26
9. Force India 13
10. Toro Rosso 7
(Outubro/2009)
O “filme” de Button (O estranho caso de Jenson Button, como previsivelmente já lhe chamaram) terminou no Brasil, na penúltima prova do ano. O quinto lugar bastou para garantir o título, já que Sebastian Vettel foi quarto e Rubens Barrichello oitavo.
Um quinto lugar pode parecer pouco (tal como Hamilton fizera em 2008 para carimbar o título em Interlagos), mas Button tem razão quando diz que foi uma prova “digna de um campeão do mundo”. “Foi a melhor corrida da minha vida”, argumentou, depois de ter partido de um 14.º posto que até o deixou doente e lhe deu mais uma noite mal dormida, à semelhança de tantas nas últimas semanas.
Great Button ao ataque
O piloto da Brawn beneficiou de alguns acidentes nas primeiras voltas para ganhar lugares e protagonizou uma prova ao ataque, realizando várias ultrapassagens, algumas delas bastante arriscadas. “O Kobayashi é absolutamente louco”, clamou Button, referindo-se ao estreante da Toyota, que durante algum tempo lhe barrou o caminho.
Barrichello partiu da pole position mas a sorte não esteve do lado do brasileiro. A entrada do safety car, logo no início, impediu-o de ganhar vantagem quando tinha o carro mais leve e nas paragens nas boxes foi perdendo terreno para Mark Webber (Red Bull), Robert Kubica (BMW) e Lewis Hamilton (McLaren), que preencheram o pódio no dia da consagração de Button. Barrichello acabou mesmo atrás do colega de equipa, porque nas voltas finais teve um furo.
O dia era, pois, de Button. “Mereço o título após esta corrida. Há 21 anos, entrei num carro pela primeira vez e adorei ganhar. Nunca esperei ser campeão do mundo de F1, mas consegui-o hoje ”, disse o inglês, citado pelas agências internacionais, que falavam de um homem feliz com uma bandeira a dizer “Great Button”.
Mas nem foi preciso esperar que Button saísse do carro para se perceber o que lhe ia na alma. Mal cortou a meta, o divertido piloto começou a cantar o tema dos Queen. “Somos campeões! Campeões do mundo!”
Brawn, Ross Brawn
Jenson Button é o décimo britânico a vencer o título mundial de F1 e muito se discutirá se merece estar ao lado de nomes como Nigel Mansell, James Hunt ou Jackie Stewart. E se é certo que Button só tem sete vitórias em Grandes Prémios (seis delas nesta época), também é inegável que o britânico foi o que menos erros cometeu entre aqueles que este ano tiveram um carro em condições para lutar pelo título. Ganhou seis das primeiras sete corridas, quando a Brawn era imbatível. E na segunda metade da temporada — quando a Red Bull se afirmou e a Ferrari e a McLaren subiram de rendimento — manteve a regularidade. Pontuou em todas as provas, exceptuando na Bélgica, onde desistiu.
O mérito do inglês tem de ser, em boa parte, partilhado com um compatriota: Ross Brawn. Foi ele que salvou a equipa, quando a comprou três semanas antes do início do campeonato, e foi ele que transformou numa máquina vencedora um carro branco, quase sem patrocinadores, e em que ninguém apostava um cêntimo.
Ross Brawn deixou cair lágrimas assim que Button garantiu o título de pilotos e de construtores. O britânico confessou não compreender o tamanho da façanha que acabara de conseguir. “Ainda tenho de o absorver. Vai demorar algum tempo, mas é especial, muito especial”, disse o ideólogo da equipa que se tornou a primeira a vencer o Mundial de construtores na época de estreia. E a título pessoal, Brawn também fez história. Ganhou o Mundial pela oitava vez (uma na Benetton, seis na Ferrari e uma na Brawn), além de ver um piloto seu ganhar o título pela oitava vez. Depois de ajudar Schumacher a conseguir o heptacampeonato, Ross descobriu a fórmula (com sagazes opções técnicas) para levar Button ao triunfo, numa equipa que há um ano era última e agora é a primeira.
Classificação do GP do Brasil
1. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), 1h32:23.081
2. Robert Kubica (POL/BMW-Sauber), a 7.626s
3. Lewis Hamilton (GBR/McLaren-Mercedes), a 18.944s
4. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 19.652s
5. Jenson Button (GBR/Brawn-Mercedes), a 29.005s
6. Kimi Räikkönen (FIN/Ferrari), a 33.340s
7. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 35.991s
8. Rubens Barrichello (BRA/Brawn-Mercedes), a 45.454s
9. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren-Mercedes), a 48.499s
10. Kamui Kobayashi (JPN/Toyota), a 1:03.324s
11. Giancarlo Fisichella (ITA/Ferrari), a 1:10.665s
12. Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India-Mercedes), a 1:11.388s
13. Romain Grosjean (FRA/Renault), a uma volta
14. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a uma volta
Nota: Os outros pilotos não se classificaram.
Mundial de pilotos
1. Jenson Button (GBR) 89 pts CAMPEÃO
2. Sebastian Vettel (ALE) 74
3. Rubens Barrichello (BRA) 72
4. Mark Webber (AUS) 61,5
5. Lewis Hamilton (GBR) 49
6. Kimi Räikkönen (FIN) 48
7. Nico Rosberg (ALE) 34,5
8. Jarno Trulli (ITA) 30,5
9. Fernando Alonso (ESP) 26
10. Timo Glock (ALE) 24
11. Felipe Massa (BRA) 22
12. Heikki Kovalainen (FIN) 22
13. Robert Kubica (POL) 17
14. Nick Heidfeld (ALE) 15
15. Giancarlo Fisichella (ITA) 8
16. Adrian Sutil (ALE) 5
17. Sébastien Buemi (SUI) 5
18. Sébastien Bourdais (FRA) 2
Mundial de construtores
1. Brawn 161,0 pts CAMPEÃ
2. Red Bull 135,5
3. McLaren 71
4. Ferrari 70
5. Toyota 54,5
6. Williams 34,5
7. BMW 32
8. Renault 26
9. Force India 13
10. Toro Rosso 7
(Outubro/2009)