"Fora com a Troika"
por A-24, em 17.10.12
O “devolvam-nos as nossas vidas” não faz sentido. Por Henrique Raposo.
A malta grita, em simultâneo, “queremos as nossas vidas de volta” e “que se lixem os mercados e a troika”. Ora, esta boa gente ainda não percebeu ou não ainda quis perceber que isto é uma contradição em termos. Eu sei que contra mitos não há argumentos, mas vale a pena relembrar o óbvio ululante: aquela velha vida que as pessoas querem de volta dependia dos mercados; no sector público e no sector privado, as nossas vidas pré-crise dependiam dos mercados internacionais, dependiam do dinheiro que o nosso Estado e os nossos bancos conseguiam pedir lá fora. Para alcançarem um mínimo de coerência, os profissionais da manif deviam gritar “queremos as nossas vidas de volta, logo, viva a troika”, ou então deviam berrar “não queremos a velha vida de volta, logo, que se lixe a troika”. Mas, como sabemos, a coerência não é muito prezada nestes tempinhos pós-modernos. As pessoas pedem uma coisa e o seu contrário na maior das alegrias.
Leitura complementar: Fora com a Troika.