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A-24

Falando em seitas...

por A-24, em 08.12.12

Convém recordar que a palavra, originária do vocábulo latino secta (seguidor), por sua vez de sequire (seguir), foi utilizada pelos romanos para qualificarem (e perseguirem) os cristãos primordiais, vistos como um grupo de fanáticos sectários, que punha em causa a unidade e a pax romana, assegurada pelo Império, pelos Imperadores e pela sua burocracia. Os Imperadores consideravam a "seita" cristã uma ameaça e um obstáculo à concórdia que se vivia genericamente nas fronteiras do Império e com esse argumento fundamentaram vários éditos que determinavam a sua perseguição (Valeriano e Diocleciano, por exemplo na segunda metade do sec. III). A situação manteve-se até aos primeiros anos do século IV, quando ocorreu a conversão de Constantino, e há mesmo historiadores que imputam a esse facto a aceleração da decadência do Império, ocorrida nesse século e no seguinte, que levaria à queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Para eles, o cristianismo seria uma doutrina e uma religião contrárias ao velho espírito romano, que, com o seu paganismo, assegurava a liberdade e a tolerância religiosas dentro das fronteiras do Império aos vários povos que nele habitavam. Por mim, a queda de Roma não se deveu a isso, mas à grave crise económica e social em que o despotismo e a centralização burocrática imperial, desenvolvidos a partir de Octávio César Augusto (27 a.C. - 19) e consagrados, definitivamente, com Diocleciano (284 - 305), lançaram o Império, à revelia do espírito verdadeiramente descentralizador e de liberdade de comércio da velha República. Mais uma vez, é o "mete estado, tira estado"...