Espanha: ilegais com HIV sem direito a medicação
por A-24, em 26.07.12
Lê-se e não é fácil acreditar: em Espanha, a partir de 1 de Setembro, entre muitos outros doentes, alguns milhares com HIV (entre 2.700 e 4.600, segundo as estimativas) deixarão de ter direito a medicação adequada, por serem estrangeiros em situação ilegal.
Os médicos falam de «condenação à morte» dessas pessoas (consequência mais ou menos imediata da falta de medicação), de aumento do número de casos resultantes da aplicação da medida, de crescimento de doenças associadas e de transmissão materno-fetal.
Sublinham que a poupança prevista não será real pelos custos associadas às consequências inevitáveis e recusam também, liminarmente, a extraordinária proposta do ministério da Saúde no sentido de serem as ONG (sem competência) a ocuparem-se do tratamento destas pessoas.
Antes de ler a notícia, ao ouvi-la na rádio, tentei imaginar como teríamos reagido se nos fizessem ver este filme, por antecipação, há uns dez ou mesmo cinco anos. Esta espécie de regresso da magnânima Europa do Estado Social a um comportamento digno da Idade Média em tempos de peste negra, quando eram perseguidas ou desprezadas algumas minorias. Esta frieza guiada por números de deficits, mercados e especulações, sem fim à vista.
A etapa que se segue é pôr estes imigrantes ilegais (certamente não europeus na sua esmagadora maioria) de quarentena para não nos contagiarem? Algum espanto?
(Fonte)
Joana Lopes in Entre as Brumas da memória