Doze perguntas e respostas sobre os portugueses na Jihad
por A-24, em 26.09.14
«1. Quantos portugueses lutam atualmente na Síria e no Iraque?
Estão referenciados pelos serviços de informações entre 10 a 15 cidadãos nacionais, a combater na Síria e no Iraque.
2. Quem são estes jihadistas?
Têm entre 19 e 28 anos, instruídos, muitos com frequência universitária. Há licenciados em Gestão, futebolistas, engenheiros de sistemas, estudantes de desporto... A maioria nasceu e cresceu em Portugal e emigrou há poucos anos para outros países da Europa. Em Abril, o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) confirmava que alguns "detinham um estatuto de residência temporária noutros países europeus, embora apresentem conexões sociais e familiares ao território nacional". Há também vários casos de lusodescendentes, em França e na Holanda.
3. São todos muçulmanos?
Sim, mas convertidos na adolescência ou já adultos. A maioria nasceu e cresceu no seio de famílias cristãs, muitos serão até baptizados.
4. Combatem todos nas fileiras do Estado Islâmico (EI)?
Todos os casos identificados lutam pelo EI. A única mulher, Ângela ou Umm , não participa na luta armada - faz a sua Jihad na Internet e é casada com Fábio , do EI.
5. De que locais são originários?
Há grupos distintos e casos isolados. Dois irmãos (um dos quais se chama Celso), de 26 e 30 anos, e Fábio (Abdu), de 22, cresceram em duas localidades diferentes da Linha de Sintra, nos arredores de Lisboa. Conheceram-se em Londres, em Leyton, para onde emigraram com uma década de distância. Ao 'grupo londrino' juntou-se ainda um cidadão algarvio, de 28 anos. Terão ido todos juntos para a Síria. Ângela, filha de pais alentejanos, cresceu na Holanda, nos arredores de Utrecht, e daí fugiu em Agosto para casar com Fábio. Micael, lusodescendente de pais transmontanos, trocou os subúrbios de Paris pela Síria - com ele foi também Santos, outro filho de emigrantes portugueses em França.
6. Onde se radicalizaram?
Tornaram-se muçulmanos e radicalizaram-se fora de Portugal: em Inglaterra, Holanda e França. Há também indivíduos referenciados no Luxemburgo, pelo apoio público e promoção continuada à luta do Estado Islâmico. Na maioria dos casos, os processos de conversão ao Islão e posterior apoio à Jihad foram muitos rápidos - entre um a três anos. Pelo menos quatro dos portugueses que lutam atualmente na Síria foram aliciados para a guerra santa no bairro de Leyton, nos arredores de Londres, onde existe uma mesquita referenciada como radical pelas autoridades britânicas.
7. Tinham experiência militar?
Não. Alguns eram praticantes (ou mesmo atletas federados) de artes marciais, como o judo, Muay Thai ou Jiu Jitsu, mas sem passado militar. A maioria nunca tinha pegado numa arma. Pelos relatos feitos ao Expresso, depois de chegarem à Síria todos passaram alguns meses em campos de treino terrorista antes de irem para a frente de combate.
8. Estão todos na Síria ou também no Iraque?
A maioria vive em Raqqa, a 'capital' informal do Estado Islâmico, ou na província de Aleppo, zonas do norte da Síria, controladas pelos radicais. Na semana passada, pelo menos um dos portugueses esteve a combater no Iraque, em Mossul, tendo entretanto regressado à Síria.
9. Como chegaram à Síria?
Apanharam um voo até à Turquia. E daí, com apoio de redes organizadas ao serviço do Estado Islâmico, foram de carro até à Síria, a maioria até Alepo ou Raqqa.
10. Quantos portugueses já morreram?
Está confirmada a morte de um lusodescendente, filho de um casal de portugueses que emigrara há longos anos de Tondela para Toulouse. Abu Osama Al-Faransi - o nome árabe que adotou após a conversão - morreu no Iraque, num ataque suicida a 22 de maio deste ano. Levou um carro armadilhado até às imediações de um complexo militar do exército iraquiano, em Umm Al-Amad, nos arredores de Bagdade, e aí acionou o dispositivo: morreu ele e dezenas de civis e militares. Há alguns meses, outro jihadista português, algarvio, ficou ferido com gravidade nas pernas - continua na Síria mas não regressou aos combates.
11. Podem ser presos caso decidam regressar a Portugal ou à Europa?
Um dos maiores receios dos países ocidentais é o do regresso a casa de muitos dos seus jovens cidadãos que estão a combater nas fileiras do Estado Islâmico, na Síria e no Iraque. Mas, ao contrário de outros países - onde a polícia pode apreender passaportes ou simplesmente proibir de viajar cidadãos suspeitos, no âmbito da legislação antiterrorista -, em Portugal isso não é legal. Em 2013, um destes jihadistas esteve em Portugal, antes de regressar novamente ao Médio Oriente. O mesmo já se terá passado este ano com um outro combatente. As autoridades nacionais seguem com atenção o rasto destes jovens radicais, mas não têm argumento legal para os deter, para proibir o regresso a Portugal ou impedir que viajem de novo para a Síria ou para o Iraque. Ou seja, quando as autoridades portuguesas identificam algum potencial jihadista, a única coisa que podem fazer é abordá-lo e tentar dissuadi-lo de viajar para os campos de batalha, explicando os riscos que correm, bem como os problemas que podem vir a ter no futuro. O Expresso sabe que isso tem acontecido nos últimos meses.
12. Estão referenciados outros portugueses, a viver na Europa mas que apoiam e promovem a Jihad?
Sim. No Luxemburgo, por exemplo, vive um lusodescendente de 28 anos, convertido numa mesquita de argelina. Surge no Facebook de barba longa e traje muçulmano a apelar ao coração dos jovens islâmicos para as batalhas que se travam na Síria. Ângela, a 'noiva portuguesa da jihad', também estava apenas referenciada por promoção da guerra santa e acabou por viajar da Holanda para a Síria. Várias fontes adiantam que há cada vez mais portugueses interessados nos vídeos difundidos pelo Estado Islâmico e que tem havido um aumento significativo na consulta a sites e blogues de propaganda e recrutamento. As autoridades portuguesas estão a acompanhar esta tendência "na medida dos meios disponíveis".»
Comentário do blogueiro: uma pessoa normal ficaria preocupada ao constatar que os jihadistas "tugas" podem entrar e sair do nosso país quando bem lhes apetecer, sem que as autoridades possam fazer nada. E ficaria ainda mais preocupada ao descobrir que cada vez mais jovens "tugas" se sentem atraídos pela "guerra santa" em nome do Islão. Mas não se preocupem, osnazionaliztaz cá do burgo (não confundir com nacionalistas) asseguram-nos que o Islão não interessa para nada, o que é mesmo importante é combater o "cancro sionista"! Por isso, se houver um atentado terrorista em Portugal e morrerem uns quantos portugueses, a culpa é dos judeus... aliás, se não houvesse judeus os muçulmanos nem sequer estariam na Europa! A sério, é o que os sapientíssimos nazionaliztaz nos asseguram, portanto, o melhor é mesmo acreditarmos neles, porque eles são sobre-humanos e vêem coisas que o comum mortal não vê...