Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A-24

Doutores a mais

por A-24, em 15.11.14
O Diabo

Aumento do número de emigrantes com curso superior segue em proporção com o número de novos licenciados. Europa insiste que quase metade dos portugueses têm de ter um curso superior. Seremos doutores em terra de agricultores.
Estará o leitor a par da celeuma da última semana sobre declarações alemãs sobre o número de licenciados em Portugal. Mas antes de irmos às palavras da chanceler Merkel, teremos de ser claros: sim, há licenciados a mais no nosso País. E pior: há licenciados mal formados.
No início de 2004 existiam cerca de 81 mil licenciados desempregados há mais de um ano, segundo dados do INE divulgados pelo Ministério da Economia.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística referiam-se ao terceiro trimestre do ano passado e apontavam para um aumento de 11 mil pessoas face ao mesmo período de 2012 e mais cinco mil pessoas face ao segundo trimestre.
Os números do boletim do emprego do Ministério da Economia mostravam “uma realidade bastante adversa para os diplomados no terceiro de trimestre de 2013”.
Neste período, o desemprego de longa duração total parecia “estar a dar a volta”. No entanto, o grupo dos licenciados não acompanhou a tendência geral, juntamente com os desempregados com o 3.º ciclo do ensino básico concluído.
Verificou-se uma melhoria no segundo trimestre, mas depois a situação começou a piorar, tendo-se atingido a segunda marca mais elevada de que há registo.
Já o estudo “Employment and Social Developments in Europe 2013”, elaborado por peritos da Direcção-Geral do Emprego da Comissão Europeia, que refere que “Portugal é dos países europeus com maior índice de sobre-qualificação no emprego”.
Mais qualificação no papel, mas menos conhecimento. Esta é a realidade que chega às empresas portuguesas. Os recém-licenciados, na sua maioria, não estão preparados nem têm as ferramentas adequadas para o mercado de trabalho. O Processo de Bolonha veio agravar essa realidade. “Licenciaturas-expresso” adquiridas em três anos e aumento de vagas para que as universidades possam beneficiar do dinheiro das propinas. Nos cursos “mais a sério”, a exigência é que licenciatura e mestrado fiquem juntos; e os estudantes, nesses casos, têm de frequentar o ensino durante, pelo menos, cinco anos.