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A-24

Corrida aos levantamentos bancários na Grécia

por A-24, em 16.05.12
Os levantamentos de depósitos dos bancos gregos ascenderam a 700 milhões de euros na segunda-feira, um dia antes da reunião de “última oportunidade” para a formação de um governo de coligação, informou nesta terça-feira o portal da presidência grega.



Em declarações reproduzidas no portal, citado pela agência AFP, o presidente grego, Karolos Papoulias, refere que o governador do Banco da Grécia, George Provopoulos, lhe transmitiu telefonicamente que “a situação dos bancos estava muito difícil” e que “o sistema bancário estava actualmente muito débil”.
O chefe de Estado grego acrescenta que “os levantamentos [bancários] atingiram a soma de 700 milhões de euros até às 16h00 (14h00 em Lisboa) de segunda-feira”, vaticinando que “a situação” será “pior nos próximos dois dias”. Segundo Papoulias, o governador do Banco da Grécia disse-lhe ainda que “há uma grande inquietação, que poderá transformar-se em pânico”.
Em Fevereiro, o antigo ministro das Finanças Evangélos Vénizélos estimou em 16.000 milhões de euros o montante depositado no estrangeiro desde 2009, ano em que começou a crise da dívida soberana grega. Quase metade dos depósitos foi canalizada para bancos no Reino Unido e na Suíça.
Com ou sem pânico, a realidade demonstra porém que os gregos não parecem muito confiantes no sector bancário, que poderá mostrar-se o elo mais fraco, diz o mesmo jornal londrino, no esforço que a Grécia está a fazer para ultrapassar uma crise política e sanar as suas contas públicas de modo a evitar uma eventual bancarrota ou o abandono da moeda única europeia.
Nas sondagens, os gregos continuam a dizer que não gostariam de voltar a ter o dracma como divisa, mas, nos terminais de multibanco e nas agências bancárias, estão cada vez mais a mostrar que não acreditam que o país seja capaz de se manter na zona euro.
A revista alemã "Der Spiegel" – cuja última capa dizia "Adeus Acrópole" e, em letras mais pequenas, anunciava ter as razões por que a Grécia deve deixar o euro – relatava na edição online, na quarta-feira, que o valor dos levantamentos rondaria os 900 milhões de euros desde o início desta semana – que fica marcada pela convocação de novas eleições para 17 de Junho, depois de terem falhado as tentativas de formação de um Governo.
De acordo com as minutas da recente conversa entre o Presidente grego, Karolos Papoulias, e o governador do Banco da Grécia, George Provopoulos, registou-se no espaço de 24 horas, na passada segunda-feira, uma queda abrupta de 800 milhões de euros nos depósitos dos bancos gregos. O Presidente avisou depois os partidos que se estava perante "um grande medo que se poderia transformar num pânico".
No país – que nomeou na quarta-feira um juiz, Panagiotis Pikramenos, para primeiro-ministro interino – a corrida aos depósitos continuou, apesar dos alertas presidenciais. Os números relativos aos levantamentos variam conforme as fontes. No jornal Guardian, dados noticiados na quarta-feira à noite diziam que os gregos tiraram 3000 milhões de euros desde 6 de Maio, dia em que se realizaram as eleições legislativas cujo resultado acabou por não permitir a formação de nenhuma maioria estável
O mesmo jornal inglês noticia nesta quinta-feira que, na sequência da sangria de depósitos em Atenas, o Governo britânico está a preparar-se para o cenário mais gravoso – a saída da Grécia do euro –, que custaria qualquer coisa como 1 bilião de dólares (785 mil milhões de euros).
O primeiro-ministro David Cameron irá abordar a gravidade da situação num discurso que vai fazer nesta quinta-feira, em Manchester, antes da partida para os Estados Unidos. Um discurso que será repleto de alertas e de preocupação, um dia depois de o governador do Banco da Inglaterra, Mervyn King, ter declarado que a Europa "esá a desintegrar-se".
Na Grécia, é verdade que, para já, ainda não se vêem grandes filas junto às entradas dos bancos e dos terminais do multibanco. E que a fuga de capitais dos bancos não é sequer uma novidade no país, já que, entre Janeiro de 2010 e Março de 2012, saíram dos bancos gregos cerca de um terço dos depósitos realizados, que ascendem actualmente a aproximadamente 160 mil milhões de euros.