Brilhante poesia sobre a Lisboa contemporânea
por A-24, em 03.11.14
Rodrigo Moita de DeusEstou farto.
Farto de turistas nas ruas de lisboa.
Farto das esplanadas giras e dos chapéus-de-sol coloridos.
Farto da alegria noturna no cais do Sodré.
Farto da animação que os tuk-tuk dão às ruas.
Farto de ter gente nos passeios e dos passeios que aquela gente faz no meu passeio.
Farto dos homens estátua mais das motinhas laranja.
Farto das ruinas feitas Hoteis.
Farto do dinheiro que aquilo me traz e a vida que devolve à minha cidade.
Quero que arrumem as esplanadas que deixaram abrir.
Quero que acabem os espetáculos e os jantares até às tantas.
Quero que fechem os restaurantes de moda e as lojinhas vintage também.
Quero putas no cais do Sodré, outra vez.
Quero os prédios devolutos outra vez.
Quero a baixa ao abandono, outra vez.
Quero os taxistas malcriados, outra vez.
Quero a cidade deserta outra vez e o terreiro do paço para estacionamento…
Quero a merda da minha cidade de volta
e vou fazer um regulamento só para isso.