Barça-Real, não vai ser um domingo qualquer
por A-24, em 29.09.12
Não bastava a Catalunha estar a ferro e fogo pela causa independentista, manifestações pelos direitos dos trabalhadores e estar convocada uma greve do metro para o dia do clássico, o clube “blaugrana” terá o soldado israelita Gilad Shalit como figura VIP.
A única coisa pacífica no clássico de domingo, dia 7 de Outubro, entre Barcelona e Real Madrid é a distância de oito pontos favorável aos catalães na classificação, tornando o ambiente mais calmo. Tudo o resto parece uma bomba-relógio pronta a explodir.
A Catalunha está em erupção desde há umas semanas. A causa independentista ganhou uma nova força e levou para a rua centenas de milhares de pessoas. Os trabalhadores, dizendo-se injustiçados, também foram para as ruas de Barcelona para demonstrar o desagrado com as condições precárias de emprego. A juntar a isto, está convocada uma greve de metro para o dia do jogo.
Isto tudo a somar ao jogo mais escaldante da Liga espanhola. Um Barça-Real é sempre um acontecimento em Espanha e envolve medidas de segurança extremas, que agora ganham novo alerta com o convite ao soldado Gilad Shalit.
O israelita sequestrado pelo Hamas durante cinco anos e que, como adepto do Barcelona, perdeu os melhores anos da era-Guardiola. No ano de 2006, um mês depois de o Barcelona de Rijkaard ter ganho a Champions em Paris, começou o cativeiro do então jovem cabo depois de um ataque das Brigadas de Ezzedin al-Qassam, o braço armado do Hamas, à base militar em que se encontrava.
Este convite fez despertar a comunidade pró-palestina, que enviou uma carta ao presidente do Barcelona, Sandro Rosell, conta o site “LibertadDigital”. Nela, solicita que se retire o convite ao sargento israelita. Por outro lado, grupos como “Boicot, Desinversión e Sanciones” estão prontos a manifestar-se durante a presença de Shalit em Barcelona, conta a edição desta quinta-feira do "El País".
A rádio do Hamas em Gaza, segundo o “El Mundo”, decidiu não emitir notícias sobre o Barcelona, em sinal de protesto. “Por que não convidaram o preso e jogador de futebol internacional Mamad Al Sarsak, já libertado depois de ter estado em greve de fome mais de 90 dias?”, perguntava a emissora.
“O Barcelona é um ponto de encontro e não de confronto”, destacou o vice-presidente para a área institucional do Barça, Carles Vilarrubí, responsável pelas negociações junto de Shalid. O dirigente catalão disse, segundo o jornal a “Marca”, que o clube não convidou o militar, mas sim aceitou a petição para este assistir ao encontro.
“Ninguém pode duvidar da posição do Barcelona neste conflito [israelo-palestiniano] que é o de apostar pela paz”, destacou Vilarrubí no programa “'Primer Toc” da televisão “RAC1”.