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A-24

Banco do Canadá rejeita mulher asiática em nota de 100 dólares

por A-24, em 22.08.12
O projecto inicial de uma nova nota de 100 dólares canadiana continha a figura de uma mulher asiática, mas o Banco do Canadá mudou de ideias depois de alguns cidadãos terem criticado a escolha. Para uns, tratou-se de uma medida racista, mas para outros uma figura asiática no Canadá limitava o multiculturalismo e não representava o povo canadiano.
A figura de uma investigadora de origem asiática inclinada sobre um telescópio e uma garrafa de insulina ia passar de mão em mão no Canadá na nota de 100 dólares posta em circulação em Novembro de 2011 para celebrar a inovação médica. Porem, a opinião de alguns grupos de reflexão – sedeados em Calgary, Toronto, Montreal e Fredericton - sobre o design da nota levou o Banco do Canadá a substitui-la por uma mulher com traços europeus.
Alguns participantes dos grupos de reflexão consideraram que a figura da mulher “representava um grupo étnico particular” e, por isso, o Banco Central “evitou representá-lo”, lê-se no comunicado disponível no site da instituição.
Segundo o diário francês Le Monde, para um grupo de Toronto o projecto inicial reflectia o multiculturalismo do Canadá, sendo, deste modo, uma escolha interessante e positiva. Porém, um grupo de Montreal contestou o facto de “a única pessoa a aparecer na nota ser asiática”.
“Porquê uma mulher? Porquê uma asiática? (…) Os asiáticos são bons em ciências e em matemática. Não me agrada a associação (…) Considero [a nota] arrogante e pretensiosa. Não tem a ver com a nossa cultura de canadianos”, argumentaram alguns participantes deste grupo.
O Banco do Canadá decidiu repensar o design da nota de 100 dólares e, “para evitar representar um indivíduo específico, a imagem representa agora um único grupo étnico”.
O director do Banco do Canadá, Mark Carney, sublinhou que todas as mudanças ocorreram numa fase inicial do design antes de este a ter aprovado e que a nota posta em circulação em Novembro consistia numa imagem editada com base numa fotografia original de uma mulher asiática a olhar através de um microscópio.
Segundo a agência de notícias Canadian Press o Canadá é um país que recebe vários imigrantes, contando com quase um milhão e meio de cidadãos de origem asiática. O Conselho Nacional de Cidadãos Chineses lamentou que o Banco tivesse «cedido face a uma reacção racista» e apelou para que este revisse a sua actuação.
Em comunicado, o Banco pediu desculpa pelo sucedido e afirmou que, a partir deste episódio, vai rever o seu processo de design, embora não tenha esclarecido se vai passar a permitir que as minorias étnicas figurem nas próximas notas. “Peço desculpa a todos os que se sentiram ofendidos. A forma como o banco agiu não corresponde ao que os canadianos esperavam de nós. As nossas notas pertencem a todos os canadianos e o trabalho que fazemos no Banco é para todos eles”, declarou Carney.