Ayrton Senna
por A-24, em 01.05.14
Ayrton Senna morreu há 20 anos. Em Outubro de 1984, Senna, ainda ao volante de um Toleman, encontrava-se em segundo lugar no Grande Prémio de Portugal e foi o último obstáculo que Lauda teve de ultrapassar para se sagrar campeão pela terceira vez. Nesse dia, quando as atenções se centravam no austríaco, olhei para o meu pai e disse-lhe que daquele momento em diante, iria torcer por Senna. Não importava que a equipa fosse fraca. O que ele transmitia, e eu era um miúdo nessa altura, era uma tal vontade de vencer que tudo seria possível. A partir desse dia deixei de apreciar corridas de F1 para passar a ver Senna conduzir um fórmula 1.
A 21 de Abril do ano seguinte, no Estoril, Senna venceu pela primeira vez. Chovia desalmadamente e o brasileiro cilindrou tudo e todos. Nada restou além dele; ele e os saltos de alegria dentro do Lótus preto, feliz como se fosse o culminar de uma carreira quando ainda era o seu princípio. Aqueles pulos, ao mesmo tempo que guiava o carro após cortada a meta, eram a alegria que Senna deixava transparecer no que fazia de melhor. Ayrton tinha uma alegria ingénua e juvenil na vitória que nunca desapareceu. Nem quando já era tri-campeão do mundo, nem quando entrou na sua última curva em Imola. Foi essa ingenuidade, aliada à genialidade que tornava fácil o que fazia, que o fizeram incomparável.
Foi a jovialidade que lhe deu a coragem. ‘Um homem corajoso’ como o definiu o cineasta Arnaldo Jabor. A coragem para enfrentar um sistema de interesses que só podia nascer num espírito simples. A coragem de se superar a si próprio, mesmo quando isso implicava falhar, deixando incrédulos os que puxavam por ele. Como muitos outros, custava-me crer quando Senna não conseguia e deixava de ver as corridas quando ele saía.
