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A-24

As promoções do Pingo Doce

por A-24, em 02.05.12
O timing das promoções foi oportunista e provocador (o que se esperava depois da guerra nos últimos dias entre supermercados e sindicatos). Mas tirando isto, o que justificou tanta algazarra nos media, tanta indignação (São José Almeida falou mesmo em "atentados à dignidade humana"), tantas "manifestações de pesar"? O Pingo Doce ganhou (pelas vendas e pela publicidade). As pessoas ganharam, poupando dezenas de euros. O Estado ganhou milhares de euros em impostos. Os trabalhadores ganharam um dia de salário a triplicar, o direito a gozar uma folga e desconto de 50% em compras. Caramba, até os jornalistas ganharam tema de reportagem num dia soporífero.

O resto é folclore. Folclore da Esquerda-católica, que gosta de apregoar a sua "preocupação pelas pessoas", mas prefere falar do "dumping" e dos atentados a não-sei-o-quê, quando na verdade milhares de pessoas (na maior parte desfavorecidas) tiveram um dia em cheio, com efectivo impacto nas suas difíceis contas. Folclore da Esquerda-caviar, que manda umas bocas ao Pingo Doce e aos coitadinhos manipulados pelo grande capital, porque lhe sobra dinheiro para comprar o que bem entende, ao preço que calhar, no Corte Inglés e nas lojas gourmet. E folclore da Esquerda-socialista, que suplica por políticas de crescimento e desenvolvimento, mas quando vê iniciativas bem-sucedidas com origem em empresas privadas, a que as pessoas aderem por sua livre escolha (e interesse), entra de imediato em pânico, face à necessidade de repensar os seus estereótipos intelectuais.

In Delito de Opinião 

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O segundo post sobre o Pingo Doce

É absolutamente fantástica, no sentido de ser irreal, a forma como a esquerda olha para o "caso Pingo Doce". Uma coisa é certa: o epíteto de esquerda caviar nunca fez tanto sentido.
A título de exemplo, o quanto a esquerda caviar se importa com as pessoas mais pobres (que constituiram a maioria dos que acorreram aos supermercados Pingo Doce para aproveitar a promoção), pode ser visto na forma como o Sérgio, com a educação própria da tradição intelectual em que se insere, os descreve: «a horda de zombies consumistas», que «não chegarão a perceber que parte daquilo que compraram não era absolutamente necessário e por isso viverão felizes na ignorância dos estúpidos
Esta certeza sobre o que é absolutamente necessário aos outros (outros esses que, não sabendo, vivem na "ignorância dos estúpidos") é, de resto, aquilo que define a esquerda em geral, e esta estirpe mimada e arrogante em particular. Mas é triste confirmar a sua cegueira quando ela se traduz tão visivelmente na total ausência de compaixão e decência pelo próximo. No fervor ideológico esquecem-se do fundamental: que não é o desinteresse das massas pelo Dia do Trabalhador, nem são as intenções potencialmente maléficas da empresa, nem o relativo caos que a situação proporcionou. O fundamental é que uns bons milhares de pessoas terão um mês ligeiramente melhor e mais desafogado num ano extremamente difícil.
Nestes momentos percebe-se que é irrelevante dar lições de economia a pessoas assim, porque o que lhes falta é muito mais significativo e não é susceptível de ser aprendido.
PS: De notar também é a ululante imbecilidade dos bovinos que nos pastoreiam, nomeadamente a da ministra Assunção Cristas, sempre na crista da onda estatista, que agora tem «planos para evitar promoções inesperadas». Aqui vemos como a direita se junta à esquerda no desprezo pelos mais pobres.
Rui Botelho Rodrigues in Ordem Natural