Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A-24

As batalhas secretas entre as forças norte-americanas e os terroristas chechenos

por A-24, em 26.02.14

Por James Gordon MEEK via Da Rússia

Durante os últimos 12 anos, as forças de operações especiais dos Estados Unidos envolveram-se repetidamente em ferozes combates no Afeganistão contra os cruéis aliados do Talibãs provenientes da Chechénia, que têm o mesmo pedigree que os seus irmãos terroristas que ameaçam perturbar os Jogos Olímpicos de Inverno na Rússia, segundo relatos de actuais e ex-soldados à ABC News .

"Eu diria que os chechenos constituíam uma apreciável percentagem do total da “população inimigo” no início a Operação “Enduring Freedom", recordou um oficial de alta patente no activo das Operações Especiais, referindo-se ao nome do Pentágono para a guerra do Afeganistão , na qual ele foi um dos primeiros operacionais no terreno.

Desde que começou a guerra dos EUA no Afeganistão, após o 11 de setembro, os combates na zona de fronteira envolvendo tropas de elite norte-americanas e jihadistas chechenos baseados em seguros paraísos tribais no Paquistão têm permanecido, na sua maioria, escondidos nas sombras de um conflito clandestino . As missões de Operações Especiais são normalmente matéria classificada e raramente são divulgadas.

Os chechenos que se juntam aos talibãs e as milícias alinhadas com a Al-Qaeda têm-se destacado pela sua ferocidade e recusa em se render, segundo revelaram, em entrevistas recentes, operacionais com considerável experiência no leste do Afeganistão .

"Os chechenos são uma raça diferente", um soldado das Forças Especiais que lutou contra eles disse à ABC News.

"Eles lutam até a morte. Eles têm mais paixão, mais disciplina e menos respeito pela vida", disse o soldado, que fez dez comissões onde dava caça a alvos de valor acrescentado no Afeganistão. "Alguns deles poderiam ter desistido , mas decidiram que precisavam de morrer."

Tão recentemente como há dois anos , a Força Internacional de Assistência à Segurança da NATO no Afeganistão (ISAF) informou que dezenas de combatentes estrangeiros , incluindo árabes e chechenos, haviam sido mortos num grande combate contra as forças norte-americanas ao longo da fronteira com o Paquistão.

Mesmo algumas das infames " viúvas negras" da Chechénia - com a mesma filiação ideológica daquelas que as forças russas recentemente procuraram em Sochi - podem ter-se reunido no Paquistão no final de 2006 para atentados suicidas planeados em Cabul , de acordo com um relatório de combate da ISAF obtido e divulgado pelo Wikileaks . Não existe, contudo, nenhuma prova de que tais ataques já tenham sido realizadas.

Muitos chechenos , incluindo veteranos da luta afegã, estão lutando agora na Síria contra as tropas de Bashar al Assad, de acordo com especialistas e declarações jihadistas .

Vários relatórios de informações dos EUA divulgados pelo Wikileaks relatavam que os chechenos estavam servindo como instrutores e combatentes, cruzando a fronteira a partir do Paquistão para o Afeganistão para lutar e morrer, segundo avaliações feitas , por vezes, com base em interceptações de rádios dos Taliban e conversas de telemóvel.

Militantes islâmicos de grupos na região do Norte do Cáucaso - como o "Emirado do Cáucaso", cujo líder, Doku Umarov, ameaçou atacar, em Julho passado, os Jogos Olímpicos de Sochi - lutam principalmente contra as forças russas na Chechénia e Daguestão e atacam alvos civis na Rússia através de brutais ataques terroristas desde o início de 1990. A al Qaeda no Paquistão apoiou esses ataques , mas não forneceu mais apoio operacional , disseram especialistas.

Outro operacional altamente condecorado das Forças Especiais, cujas nove comissões no Afeganistão começaram no final de 2001, comparou os jihadistas chechenos com os quais as suas unidades às vezes se confrontavam os guerrilheiros vietcongues contra quem as Forças Especiais norte-americanas lutaram na Guerra do Vietname.

"O que eu sempre gostei foi do seu desapego. Eles iam para qualquer lugar. Eu acho que eles nem sequer comiam ou tinham claras as razões pelas quais lutam, sejam lá quais elas fossem, mas eles lutavam a maior parte do tempo. É como se tivessem um fogo a arder lá dentro. É o que eles fazem" , disse o operacional veterano .

Quando se soube, no início de uma operação de "limpeza ", que combatentes chechenos estavam entrincheirados num vale ao longo da fronteira montanhosa com o Paquistão , "Eu estava pronto para ser fustigado. Nunca tinha visto um combatente estrangeiro andar tão isolado e não se importar mininamente com isso", o soldado acrescentou.

Esta reputação , no entanto, pode ter levado muitos militares e analistas norte-americanos a exagerar os verdadeiros números dos chechenos num palco de guerra que muitas vezes é tão nebuloso quanto o é a real fronteira [entre o Paquistão e o Afeganistão].

O analista Brian Glyn Williams da Universidade do Massachusetts, em Dartmouth, que tem, a serviço dos militares norte-americanos e da CIA, procurado por provas de combatentes estrangeiros chechenos no Afeganistão , disse que não seria surpreendente se alguns se tivessem juntado aos talibãs , mas insiste que tais histórias são, na sua maioria, um "mito jihadista checheno ".

"Eu acho que a falta de provas é reveladora. Há uma ausência total de quaisquer nomes ou qualquer prova tangível ", Williams disse à ABC News esta semana.

Christopher Swift, um analista da Universidade de Georgetown e consultor da ABC News que fez uma pesquisa no Afeganistão e entrevistou dezenas de militantes no Cáucaso do Norte , concordou que há poucas provas de que tantos chechenos tenham lutado no Afeganistão como tem sido depreendido ns relatórios militares e observou que nenhum desses combatentes foi alguma vez detido na prisão de terroristas dos EUA na Baía de Guantánamo , em Cuba.

Mas, Swift acrescentou: "Isso é consistente com o lutar até a morte . Estes combatentes não vão ser capturado ."

Alguns chechenos supostamente terão lutado com a Al Qaeda contra as tropas americanas durante a Operação Anaconda , em 2002 -, mas isso pode ter sido o início do mito.

"Foi um boato difundido na época. Mas eu nunca vi um checheno. Na verdade, acho que nunca ninguém viu", disse à ABC News Brandon Friedman, um comandante de pelotão da 101ª Aerotransportada durante a Operação em Anaconda. Friedman escreveu mais tarde " A War I Always Wanted", sobre as suas experiências.

Williams e Swift dizem que os militantes da Al Qaeda que falavam russo - muitas vezes uma linguagem unificadora para combatentes estrangeiros da antiga União Soviética - e cujos cadáveres pareciam ser caucasianos foram presumidos serem chechenos , ainda que pudessem realmente ser uzbeques, tadjiques ou de outros grupos étnicos .

"Eu não deparei com quaisquer uzbeques , mas recordo-me claramente de vários chechenos a combater no Movimento Islâmico do Uzbequistão ", disse o oficial de alta patente, no activo, de Operações Especiais, lembrando-se d as operações de combate entre 2001-2002.

Um experiente ex- operacional do "tier one" [Delta Force e DEVGRU] do grupo de Operações Especiais, " Delta Force ", confirmou que erros de identificação eram comuns durante o decurso da guerra, mas disse que alguns combatentes estrangeiros eram de facto chechenos . Entravam em combate em grupos extremamente disciplinados e bem equipados, com boa disciplina de tiro e equipamento pessoal caro feito pela The North Face .

"Havia lutadores que tinham vindo para treinar, outros para lutar e apoiar a Jihad, e aqueles que vieram para lutar e aprender tácticas dos EUA para levar de volta para a Chechénia para lutar contra o actual governo russo", disse o operacional veterano, cuja afiliação com "A Unidade" permanece confidencial.

Quaisquer chechenos que tenham sobrevivido a confrontos com os Navy SEAL , os Boinas Verdes ou operacionais da Delta que trabalham para a CIA ou para o Comando Conjunto de Operações Especiais, provavelmente não ira esquecer - ou perdoar - os seus adversários americanos.

"Pode-se dizer que alguém do Cáucaso que tenha deixado a região e se tornado “global” provavelmente irá ver os Estados Unidos - e os civis dos Estados Unidos - como alvos legítimos", disse Swift de Georgetown. " Isso será especialmente verdadade para aqueles que possam ter lutado contra as forças dos EUA em qualquer lugar do Mundo, incluindo o Afeganistão."