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A-24

As barbas da Carris: ora aqui está um assunto que vale a pena estudar com profundidade, atenção e sentido de Estado

por A-24, em 17.07.13
Atentado ao pudor

Esta é uma notícia e pêras (salvo seja). Não sei se os estimados leitores sabem, mas “a empresa (a Carris) dispõe nas suas instalações de barbearias apetrechadas para uso exclusivo e privativo dos seus trabalhadores, incluindo reformados”. Eu não sabia. Como os trabalhadores não usam essas barbearias, segundo os sindicatos, estes pedem que as salas sejam encerradas e transformadas em salas de refeição, passando a empresa a pagar 12€ mensais como subsídio de barba e cabelo aos funcionários e funcionárias da Carris (sim, se há subsídio, não acho que se possam discriminar as mulheres). A administração não está disponível para transformar as várias barbearias em salas de refeição porque quer o seu pessoal bem escanhoado e as senhoras de buço rapado — e, portanto, andamos nisto. 

Pensam os caríssimos leitores que isto era coisa do século passado? Não. Dou a palavra à administração da Carris: “Até Dezembro de 2007, a empresa teve barbeiros no seu quadro de pessoal e após esta data as instalações mantiveram-se operacionais, sendo que não se pondera que as mesmas passem a ser salas de refeição.” Nada de mesquinhices, sustento; quanto é que isso custava à empresa? Dou de novo a palavra à administração, e passo a citar: “Não é possível apurar com exactidão quais eram os custos anuais associados a este serviço.” Mas devia ser pouco, pelos meus cálculos.
Ora, por que razão isto vem a lume? Porque a 24 de Maio passado, dois escanhoadíssimos deputados, Miguel Tiago e Bruno Dias, do PCP, alertavam o povo para o facto de “há anos a cláusula 69ª [respeitante aos serviços de barbearia] ter deixado de ser respeitada, tendo a empresa procedido ao encerramento das barbearias.” Estas coisas são preocupantes. As barbearias, foda-se, as barbearias da Carris. Como é que podem acabar com elas, e logo neste momento?