Antiga primeira-ministra britânica morreu esta segunda-feira, aos 87 anos
por A-24, em 08.04.13
Sobreviveu a revoltas de líderes sindicais, atentados do IRA, à guerra das Malvinas e a uma relação conturbada com a União Europeia. Quebrou tabus e consensos, ao desbravar o caminho do neoliberalismo, que preservou o Reino Unido entre as principais potências mundiais. Margaret Thatcher, a primeira mulher chefe de um Governo britânico – cargo que manteve durante o recorde de 11 anos – morreu hoje, vítima de um acidente vascular cerebral. Sofria há longos anos da doença de Alzheimer. A notícia foi avançada pela Sky News e já foi confirmada pela porta-voz da família Thatcher.
“É com grande tristeza que Mark e Carol Thatcher anunciam que a sua mãe, a Baronesa Thatcher, morreu pacificamente, depois de um AVC, esta manhã”, anunciou o porta-voz, Lord Bell, referindo-se aos filhos gémeos da mulher que fica para a História como a "Dama de Ferro", por ter sido a primeira mulher a chefiar um Governo britânico (entre 1979 e 1990) e por ter levado o seu partido Conservador além do conservadorismo, num período díficil e de enorme incerteza, que se seguiu à crise petrolífera, em plena Guerra Fria.
Numa declaração através da rede social Twitter, David Cameron, actual primeiro-ministro britânico e líder conservador, afirmou que foi com “com grande pesar que soube da morte de Thatcher". "Perdemos uma grande líder, uma grande primeira-ministra e uma grande britânica”, refere a BBC.
O porta-voz do Palácio de Buckingham, sede da família real, afirmou que “a Rainha ficou triste ao saber a notícia da morte da Baronesa Thatcher.”
Nascida em outubro de 1925 em Grantham, cidade no leste de Inglaterra, Margareth Hilda Roberts adoptou o apelido do marido, Denis, administrador na área do petróleo, do qual teve dois filhos, os gémeos Carol e Mark. Estudou ciências químicas na Universidade de Oxford antes de entrar no mundo da magistratura e se qualificar como "barrister".
Quatro anos depois de ser eleita líder do Partido Conservador, Margaret Thatcher quebrou um outro tabu ao converter-se também na primeira mulher a liderar um Governo britânico. Fê-lo na viragem para os anos 80, num contexto de confronto latente entre a ordem comunista e o capitalismo, com o rescaldo da crise petrolífera a juntar à inflação elevada que persistia no Ocidente taxas de juro também elevadas e um desemprego sem paralelo que incitava às revoltas sindicalistas. As suas políticas económicas ancoraram na desregulamentação do sector financeiro, na flexibilização do mercado de trabalho e na privatização de empresas estatais.
O seu epíteto deve-se ao "punho de ferro" com o qual domou os sindicatos, afrontou a então União Soviética mas também por ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato em 1984, ano em que foi reeleita, embalada pela popularidade devolvida pela vitória contra a Argentina na guerra pelas Malvinas (Falklands).
Permaneceu no poder até 1990 quando renunciou, cedendo ao desgaste de 11 anos no poder e aos incómodos de uma relação particularmente tensa com a Europa – "I want my money back" foi um grito de ordem que ainda hoje condiciona as relações entre Londres e Bruxelas. A sua saída de cena coincidiu também com a perda de apoio político externo dos EUA após a eleição de George Bush, e em parte devido aos ataques terroristas do grupo IRA (Exército Republicano Irlandês) que atentavam contra sua vida.